Coming Home escrita por belli123


Capítulo 2
Capítulo II - Surpresas as vezes são assustadoras




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Capítulo II - Surpresas as vezes são assustadoras

"Acabei de ser atacado por dementadores e poderei ser expulso de Hogwarts. Quero saber o que está acontecendo e quando vou sair daqui."

Harry copiou essas palavras em três folhas de pergaminho separadas, no instante em que chegou à escrivaninha de seu quarto às escuras. Endereçou a primeira a Sirius, a segunda a Rony e a terceira a Hermione. Sua coruja, Edwiges, estava fora caçando; a gaiola sobre a escrivaninha estava vazia. O garoto ficou andando para lá e para cá esperando a ave voltar, a cabeça latejando, o cérebro acelerado demais para adormecer, mesmo que seus olhos ardessem e cocassem de cansaço. Suas costas doíam do esforço de carregar Duda para casa, e os dois galos em sua cabeça, onde a janela e o primo haviam batido, estavam latejando com muita intensidade.

Ele andava para frente e para trás, roído de raiva e frustração, rilhando os dentes e fechando os punhos, lançando olhares furiosos para o céu vazio, exceto pelas estrelas, todas as vezes que passava pela janela. Os dementadores enviados para apanhá-lo, a Sra. Figg e Mundungo Fletcher seguindo-o em segredo, depois a suspensão de Hogwarts e a audiência do Ministério da Magia — e ainda assim ninguém lhe contava o que estava acontecendo.

E o quê, o que queria dizer aquele berrador? Que voz horrível era aquela que ecoou, de forma tão ameaçadora, pela cozinha? Por que ele continuava preso ali sem informações? Por que todos o estavam tratando como uma criança malcomportada? Não faça mais mágicas, não saia de casa...

Deu um pontapé no malão da escola ao passar, mas, ao invés de aliviar a raiva, ele ficou pior, pois agora sentia uma dor aguda no dedão, para somar às outras no resto do corpo.

Ao passar mancando pela janela, Edwiges entrou farfalhando suavemente as asas, como um fantasminha.

— Já não era sem tempo! — rosnou Harry, quando a ave pousou com leveza em cima da gaiola. — Pode largar isso aí, tenho trabalho para você!

Os grandes olhos redondos e âmbar da coruja o miraram, com uma expressão de censura, por cima do sapo morto que trazia ao bico.

— Vem cá — disse-lhe o dono, apanhando os três rolinhos de pergaminho e uma correia de couro para amarrá-los à perna escamosa da ave. — Leve estas mensagens diretamente a Sirius, Rony e Hermione e não volte aqui sem respostas longas e completas. Se for preciso, não pare de dar bicadas neles até escreverem respostas de tamanho decente. Entendeu?

Edwiges soltou um pio abafado, seu bico ainda cheio de sapo.

— Então vai andando — falou Harry.
Ela partiu imediatamente. No momento em que se foi, Harry se atirou na cama sem se despir e ficou olhando para o teto. Além de todos os outros sentimentos infelizes, ele agora sentia remorso por ter sido tão rabugento com Edwiges; era a única amiga que tinha no número quatro da rua dos Alfeneiros. Mas ele a compensaria quando voltasse com respostas de Sirius, Rony e Hermione.

Seus amigos com certeza iriam responder depressa; não podiam ignorar um ataque de dementadores. Ele provavelmente acordaria no dia seguinte e encontraria três grossas cartas recheadas de solidariedade e planos para sua imediata remoção para A Toca. E com essa idéia reconfortante, o sono o venceu, sufocando outros pensamentos.

Mas Edwiges não regressou na manhã seguinte. Harry passou o dia no quarto, saindo apenas para ir ao banheiro. Três vezes naquele dia, tia Petúnia empurrou comida para dentro do quarto pela aba que tio Valter instalara três verões passados. Todas as vezes que Harry a ouvia se aproximar, tentava interrogá-la sobre o berrador, mas teria sido melhor interrogar a maçaneta, porque não obtinha resposta alguma. Afora isso, os Dursley se mantiveram bem longe do seu quarto. Harry não via sentido em impor a eles sua companhia; mais uma briga não resolveria nada, exceto, talvez, deixá-lo tão aborrecido que acabaria apelando para a magia proibida.

As coisas continuaram nesse ritmo durante três dias inteiros. Harry sentia-se invadido por uma energia excessiva que o impedia de se concentrar em qualquer coisa, momentos em que caminhava pelo quarto furioso com todo o mundo, por deixarem-no remoendo seus problemas sozinho; essa energia se alternava com uma letargia tão absoluta que era capaz de ficar deitado na cama uma hora inteira, olhando atordoado para o teto, sofrendo só de pensar, apavorado, na audiência no Ministério.

E se o condenassem? E se ele fosse expulso e sua varinha partida ao meio? Que iria fazer, aonde iria? Não poderia voltar a viver o tempo todo com os Dursley, não agora que conhecia o outro mundo, aquele ao qual pertencia. Será que poderia ir morar com Sirius, como o padrinho oferecera havia um ano, antes de ser forçado a fugir do Ministério? Será que dariam permissão a Harry para morar sozinho, sendo ainda menor de idade? Ou será que decidiriam por ele o local aonde ir? Será que sua infração do Estatuto Internacional de Sigilo fora suficientemente grave para mandá-lo a uma cela em Azkaban? Sempre que tal pensamento lhe ocorria, Harry invariavelmente se levantava da cama e recomeçava a caminhar.

Na quarta noite depois da partida de Edwiges, o garoto estava deitado em uma de suas fases de apatia, mirando o teto, a mente exausta e vazia, quando seu tio entrou no quarto. Harry virou lentamente a cabeça e olhou para ele.
Valter estava usando seu melhor terno e tinha uma expressão de enorme presunção.

— Vamos sair — anunciou.

— Como disse?

— Nós, isto é, sua tia, Duda e eu, vamos sair.

— Ótimo — respondeu Harry inexpressivamente, voltando a mirar o teto.

— Você não deverá sair do seu quarto enquanto estivermos fora.

— O.K.

— Você não deverá ligar a televisão, nem o som, nem nada que nos pertence.

— Certo.

— Você não deverá roubar comida da geladeira.

— O.k.

— Vou trancar sua porta.

— Pode trancar.

Tio Valter encarou Harry, abertamente desconfiado dessa falta de oposição, em seguida saiu pisando forte e fechou a porta ao passar. Harry ouviu a chave girar na fechadura e os passos do tio descerem pesadamente a escada. Alguns minutos depois, ouviu as portas do carro baterem, o ruído de um motor e o som inconfundível de um carro deixando rapidamente a entrada da garagem.

Harry ficou indiferente à saída dos Dursley. Tanto fazia os tios estarem ou não em casa. Não conseguia sequer dirigir suas energias para se levantar e acender a luz. O quarto ia escurecendo depressa, mas ele continuava deitado, apurando os ouvidos para escutar os ruídos da noite pela janela que mantinha o tempo todo aberta, esperando o momento abençoado em que Edwiges voltaria.

A casa vazia rangia por inteiro. Os canos de água gargarejavam.

Harry permaneceu nessa espécie de estupor, sem pensar em nada, imerso em infelicidade.

Então, com toda a clareza, ele ouviu um estrondo lá embaixo, na cozinha. Sentou-se imediatamente, escutando com atenção. Os Dursley não poderiam ter voltado, era cedo demais, e, de todo o jeito, ele não ouvira barulho de carro. Fez-se silêncio por alguns segundos, em seguida passos.

Ladrões, pensou, deslizando para fora da cama e ficando em pé — mas, uma fração de segundo depois, lhe ocorreu que ladrões andariam sorrateiramente, e quem estava andando pela cozinha certamente não estava preocupado com isso.

Ele apanhou a varinha sobre a mesa-de-cabeceira e ficou de frente para a porta do quarto, escutando com a máxima atenção. No momento seguinte, Harry se sobressaltou ao ouvir um forte estalo e ver sua porta se escancarar.

O garoto ficou parado, imóvel, olhando através da porta aberta para o patamar escuro, fazendo força para ouvir, mas não houve nenhum outro som. Ele hesitou um instante, depois saiu do quarto e foi até a escada.

Seu coração parecia ter disparado para a garganta. A porta do hall estava completamente escancarada contra o breu escuro que se localizava lá embaixo. Ouve um outro estralo estranho pela casa. Desta vez soara no andar de cima e o garoto tentou não se sentir nervoso apesar de já conseguia sentir sua varinha escapar por entre seus dedos.

Ele hesitou por alguns minutos, indeciso e, por fim, recomeçou a fazer seu caminho pelas as escadas de maneira silenciosa.

Quando chegou novamente a porta escancarada de seu quarto ele jurava poder sentir o chão desaparecer sobre seus pés. Ali, no meio de seu quarto, iluminado apenas pela luz da lua que entrava pela janela aberta, estava um jovem 5 ou 6 anos mais velho que Harry, ele possuía cabelos negros e bagunçados que apontavam todas as direções, como se tivesse acabado de pousar de um passeio de vassoura. Como os cabelos de Harry. Seu corpo, vários centímetros mais alto e musculoso que o garoto, estava adornado com uma jaqueta preta de couro de dragão e grandes botas de combate que só poderiam ser comparadas as botas que já vira Gui - irmão de Rony - usar no dia de sua ida a Hogwarts no quarto ano.

Se o garoto pudesse chutar do que as botas eram feitas apostaria todos os seus galeões que o material era o mesmo couro preto da jaqueta, que encarava fixamente com medo de fitar do estranho que o encarava fixamente em silêncio.

Harry hesitou, mantendo um aperto firme em sua varinha localizada frente a seu corpo porém, quando olhou para cima sentiu sua respiração ficar presa em sua própria garganta.

Aquele homem era ele, era ele olhando para si mesmo parado no chão de seu quarto.

A última coisa que se lembrava antes de apagar foi a imagem de dois olhos olhando para si preocupados antes de tudo escurecer.

— Eu não acredito que você está realmente aqui - foi a primeira coisa que Harry ouviu ao recobrar a consciência alguns minutos depois de seu desmaio. As vozes estavam baixas, como se quem quer que estivesse conversando por ali não estivesse por perto. E ainda deitado no que esperava ser sua cama, Harry não abriu seus olhos.

— Eu sei, também é estranho para mim, você sabe, estar de volta depois de tanto tempo - respondeu a outra voz em tom baixo e, tomado por sua curiosidade, Harry subitamente teve o impulso de abrir seus olhos para conhecer a identidade do dono da voz -, acho que me precipitei - falou novamente e Harry notou um certo tom de insegurança em suas palavras – mas não sabia mais o que fazer.

— Não pense muito nisso - respondeu a voz que agora Harry reconhecia como Remus Lupin mas, por que estava aqui? Viera por suas cartas? -, não há como mudar o que já foi feito e tenho certeza que Harry ficará muito feliz em te conhecer independente de qualquer coisa que tenha acontecido, só, de a ele um tempo okay? Moody e Tonks podem cuidar da situação e assim que estivermos em um lugar seguro podemos pensar no que fazer a seguir. - Terminou e sua porta fez um pequeno rangido antes de passos soarem próximos a sua cama.

Houve uma pausa breve, onde tudo o que se podia ouvir eram sussurros e, em seguida, uma pausa e um delicado toque em sua testa. Tudo havia ficado claro em sua mente.

— Harry? - perguntou uma voz feminina ao lado de seu ouvido direito - Está me ouvindo garoto? - Continuou a mesma voz cutucando uma parte pequena de seu ombro direito.

Os olhos de Harry tremeram e finalmente o garoto tomou conhecimento da claridade que se espalhava pelo quarto. Ele então abriu os olhos e sua primeira visão foi o de uma jovem mulher com o rosto em forma de coração e cabelos roxos berrantes em um corte de cabelo curto.

— Ei garoto - Disse Moody, também próximo a si. Sua voz com ríspida e clara enquanto seu olho girava loucamente em sua cavidade ocular. - Você nos deu um belo susto a um tempo atrás ein, achamos que você havia batido a bota de susto, não muito preparado para encontrar estranhos passeando pela sua casa no meio da noite não?

Os olhos de Harry se arregalaram lentamente enquanto ele olhava para o rosto redondo de Moody. Se arregalaram ainda mais quando finalmente percebeu que tudo o que acontecera realmente não fora um sonho, mas se aquele cara que andara por seu quarto não era fruto de sua cabeça, quem diabos era ele?

— Professor Moody - Iniciou Harry com a voz baixa enquanto sentava ereto no colchão meio mole de sua cama. - Quem era aquele cara no meu quarto? Por que ele se parecia tanto comigo ? – Continuou com expectativa.

Moody sorriu, fazendo as cicatrizes em seu rosto se acentuarem ainda mais. Quando falou, sua voz parecia ter se tornado quase alegre, um adjetivo que com certeza não parecia ser associado muito ao mesmo

— Bem garoto, creio que você acabou de conhecer seu tio Henry. Devo me desculpar com você adiantadamente nome dele, ele nunca foi uma pessoa muito discreta quando nervoso.


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