Não Olhe Para Trás escrita por Mnndys


Capítulo 41
Confissões noturnas




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- Parabéns baby! – Ele fala descontraído.

Meu coração acelera só de ouvir a voz dele. É incrível que ele ainda tenha esse efeito sob mim.

- Obrigada. – Digo sem muita firmeza na voz.

- Teve uma grande festa? – Ele pergunta.

Então era isso que íamos fazer. Conversar sobre assuntos banais como dois amigos.

- Foi uma grande surpresa. – Digo. – Que horas é ai? Você devia estar dormindo.

- São sete, perdi o sono e pensei em te ligar. Eu te acordei?

- Não. Estou sem sono também. – Conto. – Kate e Paul estão bravos com você. – Falo querendo puxar assunto.

- E você sabe por quê? – Pergunta.

- Não.

- Quer saber?

Penso bem antes de responder. É melhor deixar os problemas para daqui a pouco quando eu estiver de volta.

- Eu não quero. – Digo.

- Ótimo então você não vai ficar com raiva de mim ao menos por enquanto. – Fala com certo alivio.

- E nem depois, entenda que eu nunca consigo ficar com raiva de você. – Falo.

- Você ficou com raiva de mim quando te convenci a ir. – Ele lembra.

- Só por alguns dias. – Falo. – Eu te prometo que quando eu voltar seja lá o que for eu não vou te odiar. – Digo. - Vou ser uma boa amiga e estar ao seu lado para o que precisar e tentar colocar juízo na sua cabeça.

- Juízo? Desde quando você sabe o que é? – Pergunta zombando.

- Cala a boca. – Retruco. Escuto ele rir do outro lado da linha. Ethan rindo é tão maravilhoso. Mas me sinto tentada a perguntar algo. – Eu sei que eu disse que não quero saber, mas isso tem a ver com você ter conhecido alguém?

- Mais ou menos. – Ele é evasivo. – E você está saindo com alguém?

Engulo seco antes de conseguir responder isso. Olho para a pulseira no meu pulso, balançando os flocos de neve.

- Acho que sim. – Digo e soa meio bobo.

- Acho? – Questiona.

- Não é nada sério, tem data para acabar. – Explico. – Mas e ela? Você gosta dela?

Por algum motivo idiota eu quero saber mais.

- Os sentimentos mudam, eu não sei bem. – Ele continua sendo evasivo.

- Seus sentimentos por mim mudaram? – Investigo.

- Não, nesse caso é impossível. – Ele diz.

Sinto borboletas revirarem no meu estômago. Se os sentimentos não mudaram quer dizer que ele me ama, tenho vontade de gritar para o mundo ouvir isso. O meu jeito bobo frente a essa frase dele é algo absurdo, e só deixa claro algo que tento esconder a meses, eu também o amo ainda.

Mas de repente um pensamento passa pela minha mente e se ele amar também essa outra mulher.

- O que você sente por ela é maior do que o que sente por mim? – Pergunto.

- Não, são diferentes. – Ele fala. Droga, porque ele não pode ser mais objetivo nas respostas dele. – Mas Mia você também está com outra pessoa. – Lembra.

- Alguém que não amo. – Digo. – Daqui um mês e três semanas eu vou estar sem ninguém de novo, voltando para Seattle. Tudo que eu preciso saber é se você ainda me ama. – Desabafo.

- Por que?

- Droga Ethan, porque se você disser que sim eu não me importo se você estiver com alguém, mesmo que eu tenha um por cento de chance de ter você de volta eu vou tentar. – Meu tom de voz é mais alto.

- Você não vai ouvir isso Mia. – Ele diz. – Não seria justo com você, nem com ela, eu não posso dizer isso para você estando com outra pessoa.

É claro que ele podia, eram apenas três palavras, se os sentimentos não mudaram ele podia dizer.

- Então termina com ela. – Digo.

- Eu não posso. – Ele fala.

- Não pode isso, não pode aquilo, esse é o problema você nunca pode nada. – Reclamo.

- Quando você estiver aqui falamos sobre isso, ok? – Ele diz. – Sei que você vai me odiar de qualquer maneira, mas o quanto eu puder adiar isso eu vou adiar.

Como ele era capaz de pensar que eu poderia o odiar? Isso é absurdo. Respiro fundo algumas vezes antes de voltar a falar.

- Nem longe a gente consegue parar de discutir. – Brinco.

- Eu sinto muito a sua falta. – Ethan fala.

- Eu também. Sinto falta de você contar o que fez, sobre o curso, o trabalho, de falar pra você as coisas que quero, que penso, meus medos e até meus sonhos bobos. – Digo.

- Sei que estive ausente, mas a partir de agora quero fazer um trato com você. – Começa a dizer. – Sempre que precisar contar algo é só ligar, nem que seja no meio da noite pra contar um sonho bobo. E eu tenho o direito de fazer o mesmo. – Propõe.

- Trato aceito. – Eu falo e em seguida solto um bocejo.

- Você precisa dormir. – Diz.

- Você não está aqui para mexer no meu cabelo e me deixar com sono. – Falo, recordando a mania dele.

- De longe eu só posso cantar. – Fala. Eu não levo a sério. – Ta deitada? – pergunta.

Percebo que ele não está brincando. Deito-me no sofá.

- Agora estou. – Falo.

- Fecha o olho. – Manda.

- Eu vou dormir ou fazer uma sessão de psicanálise? – Pergunto.

- Mia! – Reclama ele. – Fecha o olho de uma vez e fica quieta.

Obedeço a ordem dele, como se ele estivesse na minha frente dizendo essas palavras.

A voz de Ethan começa a sair ao som de uma canção de ninar de criança, solto um risinho quando ele começa, mas me contenho para não levar bronca.

Me sinto com quatro anos.

Ele canta “Twinkle, twinkle little star”, depois “Rock-a-bye, baby” e em seguida já nem me dou mais conta de que músicas são, me deixo levar pela melodia preguiçosa e adormeço.

Turbilhão de sensações (POV ETHAN)

- Mia. – Eu chamo.

Ela não responde, deve ter adormecido. São mais de sete e meia, perdi o sono.

Ainda estou tentando entender o que foi isso que acabei de fazer. Reflito se foi certo eu ligar para Mia, acho que não foi justo, mas por outro lado eu não iria deixar de falar com ela justo em seu aniversário.

Tenho saudade da energia dela. Todos os dias sem ela são um tormento, que eu gerei quando a fiz ir para Nova York. Não posso me arrepender disto, foi o melhor para ela.

Ela me disse que está saindo com alguém, mas não quis se aprofundar no assunto eu também não perguntei. Confesso que não gostei de saber.

A verdade é que eu não tenho o direito de gostar ou não, afinal, também tenho alguém agora. Uma mulher linda, inteligente e extremamente sagaz, a quem eu prometi que ia tentar. E é isso que estou fazendo, tentando, todos os dias.

Não é que eu não goste de estar com ela, pelo contrário, é uma companhia agradável, mas é como se eu não pudesse me entregar totalmente a ela. Sempre haveria algo entre nós, e não era só a Mia, eram coisas mais difíceis de superar.

Então eu tentava suprir essa falta de amor por ela fazendo as coisas que ela gostava, e estando o máximo de tempo juntos, saídas de moto, academia juntos, festas com os amigos dela e até trabalhar juntos. Mas talvez isso não fosse suficiente, principalmente quando Mia voltasse.

Houve um momento no telefone que eu queria dizer que a amava, que a queria mais do que nunca, mas eu não podia, não podia dar esperanças a Mia e nem desrespeitar a casa da mulher com quem estou agora. Eu liguei para a Mia estando na casa dela e isso já está me fazendo sentir suficientemente culpado.

- Bom dia querido! – Sou surpreendido. – Caiu da cama? – Ela pergunta.

- Perdi o sono. – Digo.

Ela vai até o sofá onde estou e coloca a cabeça em meu colo.

Com certeza é uma mulher que muitos homens sonhavam em ter, não nego que me sentia atraído por ela, mas faltava algo. O problema é que por melhor que ela fosse nunca seria Mia.


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