- Você tem uma terrível mania de não me dizer onde estamos indo. – Reclamo para Ethan que está dirigindo despreocupadamente.

- Para de ser curiosa. – Ele diz sem tirar o olho da estrada. – Seus pais sabem onde estamos indo, isso basta.

Ele tinha conversado com meus pais na noite anterior, os convenceu a me deixar sair e sem o Carter. Era incrível a capacidade de convencimento dele.

São quase quatro horas dirigindo até que Ethan pega uma entrada para a pequena cidade de Cannon Beach e só para quando estamos em frente a uma casa de madeira bonita e sofisticada.

- Quem mora aqui? – Pergunto.

Ethan se prepara para responder quando saem duas pessoas de dentro da casa.

- Filho! – A mulher grita e Ethan corre para abraçá-la.

Ah. Meu. Deus. Ele estava me levando para conhecer os pais dele, pelo menos deveria ter me dito, eu teria me preparado para o momento.

Ele solta sua mãe e vai para o abraço de seu pai. Estão trocando palavras de carinho e eu estou parada feito uma boba os observando. De repente Ethan se vira para mim.

- Vem aqui. – Ele diz estendendo a mão.

Sorrio para ele e vou. Acho que estou segurando a mão dele forte demais, me sinto estranhamente nervosa.

- Essa é Mia Grey. – Ele apresenta educadamente. – Minha namorada. – Acrescenta. – E Mia esses são John e Lauren, meus pais.

O sorriso da Sra. Kavanagh está indo de orelha a orelha. John Kavanagh me puxa para um abraço muito paternal.

- Seja bem vinda querida. – Ele me diz.

- Obrigada senhor Kavanagh. – Agradeço.

- Me chame John. – Ele diz.

Sra. Kavanagh me dá um beijo no rosto, seguido de um abraço.

- Ethan nem nos avisou. – Ela diz enquanto está me puxando para dentro da casa. Olho para Ethan me sentindo perdida e ele dá de ombros. – Grey? Você é a irmã do Elliot? – Lauren me pergunta quando estamos dentro da casa.

- Sim. E de Christian marido da Ana. – Digo.

- Kate, Ethan e Ana estão querendo toda a beleza do mundo para eles. – Ela brinca.

Eu coro.

- Quem pode nos culpar? – Ethan diz jogando as nossas malas no chão da sala. Ele se senta ao lado da mãe a abraça. – O que tem para comer? – Pergunta.

- Não sabia que você ia vir acompanhado então não fiz almoço, mas podemos pedir pizza. Tudo bem? – Sugere Lauren.

Ethan olha para mim e eu concordo.

Fico pensando se a mãe dele é melhor do que Kate na cozinha ou se o mau jeito de Kate com afazeres domésticos é herdado.

O almoço é repleto de perguntas, hora para Ethan, hora para mim.

- Nós vimos no jornal quando você foi seqüestrada e o que aconteceu com Ana. – Lauren comenta em certo momento.

Droga. Eu estava evitando esses pensamentos ultimamente.

- Foi um grande susto. – Ethan diz. – Mas ficou para trás, não é amor?

- Sim.

A tarde passa depressa.

Ethan passa a maior parte do tempo conversando com o pai, e eu fico entretida com o trabalho de Lauren, ela é realmente uma ótima estilista.

A noite cai e os pais dele nos chamam para jantar fora.

- Você me surpreendeu. – Digo para Ethan quando estamos a sós no quarto.

- Essa era a intenção. – Fala rindo.

- Seus pais sempre viveram aqui? – Pergunto.

- Não, nós vivíamos em New Port. Mas logo que deixei a casa dos meus pais para ir a faculdade, eles se mudaram com Kate para cá. Depois ela foi embora também. – Explica.

Tem um telescópio perto da janela, me chama a atenção e vou até lá.

- É seu? – Pergunto para ele.

- É. – Ele anda até lá também. – Me deixa ver aqui. - Ele mexe um pouco o telescópio e para quando acha algo. – Olha.

Coloco o olho e vejo algumas estrelas. Ethan vai mexendo e me mostra muitas constelações e a lua. Está tão empolgado.

- Pelo jeito é algo que você gosta muito. – Digo.

- Que garoto não sonha em estar acima das nuvens. – Ele diz.

- Se serve de consolo, você me faz sentir acima das nuvens com freqüência. – Falo.

Ethan me puxa em seus braços e me dá um beijo. Depois continuo explorando o quarto. Tem duas prateleiras com miniaturas de carrinhos e aviões. Na cômoda tem um porta retrato com uma foto dele e de Kate mais novos.

- O que você está fazendo? – Ele pergunta.

- Só olhando. E tentando imaginar como era o Ethan adolescente. – Falo.

Ele franze a testa.

- Acho que você não gostaria dele. – Diz. – O seu Ethan é muito melhor.

- Meu Ethan? – Pergunto.

- Seu. – Ele diz me puxando novamente para seus braços.

Jantamos em um restaurante de comida italiana.

- Kate e Elliot já escolheram uma data? – Lauren me pergunta sobre o casamento da filha.

- Não marcaram ainda, mas planejam para o fim de maio. – Digo.

- O tempo passa tão rápido. – Fala ela. – Veja só eu já estou tendo que fazer o vestido de casamento da minha filha.

- Por falar em vestido o da Ana foi maravilhoso. – Digo.

- Obrigada. – Ela fala com um sorriso. – Foi tão em cima da hora, quem imaginaria que Anastásia se casaria logo. Para falar a verdade eu achava que um dia ela namoraria Ethan. – Diz sem medir as palavras.

Ethan olha para ela em pânico. Eu não me incomodo.

- Para falar a verdade quando conheci Ethan eu tive a impressão dele ter uma queda pela Ana. – Falo. Ele me olha sério. – Não me olhe com essa cara, estou sendo sincera.

Ele solta os talheres no prato antes de começar a falar.

- Ana é linda e era solteira, além disso, eu a adoro. Não vou negar que se ela tivesse me dado uma chance antes poderia ter acontecido. – Ele fala. – Mas depois que eu te conheci senhorita, eu só tive olhos para você. – Diz virando-se para mim. – A Steele é como uma irmã agora, me preocupo com ela, e isso é tudo.

- Não está mais aqui quem falou. – Digo levantando as mãos. – Não precisa se aborrecer.

- Ethan sempre fica chateado muito fácil. – John diz e em seguida muda de assunto. – Então Mia, seus pais concordam com a profissão que escolheu?

- Minha mãe me apóia em tudo, mas meu pai acha que é só um capricho e logo vou mudar de idéia. – Conto.

- Eu esperava o mesmo quando Ethan começou psicologia, achava que um dia ele fosse assumir os meus negócios. – Diz ele com certo ressentimento.

Noto que Ethan está se mexendo na cadeira e tem a boca moldada em uma linha séria. Seguro sua mão por baixo da mesa.

- Pai, por favor. – Ethan pede querendo encerrar o assunto.

- Ethan é um ótimo psicanalista, está se aperfeiçoando, tem um bom emprego. Você tem um filho maravilhoso, ele com certeza merece que você se orgulhe dele. – Digo, sem querer parecer intrometida. – Eu me orgulho.

A mão de Ethan aperta minha embaixo da mesa.

- É o que ele escolheu, e apesar de todo o trabalho que ele deu durante o percurso, eu me orgulho dele sim. – John admite.

O trabalho que Ethan deu durante o percurso provavelmente foi na fase ruim.

- Você não ficou chateado com seu pai, não é? – Pergunto no carro.

- Não é muito bom ficar ouvindo alguém te criticar. – Ethan responde.

Ethan está sério demais. Passo a mão pelo seu cabelo e ele sorri, movendo a cabeça ao toque dos meus dedos.

- Quem pode culpá-lo por querer um sucessor. – Falo. – Tenha paciência com ele.

- Olha só quem fala. A impaciência em pessoa. – Ele está zombando de mim.

- Eu sou impaciente, mas você não é doutor Kavanagh. – Falo. – Só comigo às vezes.

Ele faz uma careta.

- Isso porque você é impossível. – Diz. – Nem se eu fosse seu psicanalista eu teria paciência com você.

Faço beicinho para ele e ele estala um beijo rápido em minha boca e volta sua atenção para a direção. Está descontraído de novo.