- Obrigada Mia. – Christian diz enquanto estou mexendo na panela. – É folga da Sra. Jones e ela não queria sair para jantar. E também está enjoando muito enquanto cozinha. – Justifica.

- Não por isso. – Falo. – Eu devo muito a Ana e nós também precisamos alimentar o bebê. – Digo contente com a idéia de que vou ser tia.

Christian sorri e sei que ele está muito feliz também. Elliot está na porta da cozinha observando de longe Ethan, Kate e Ana conversarem.

- No que está pensando? – Christian pergunta.

- Em como as coisas mudaram em tão pouco tempo. – Ele responde sem retirar os olhos de Kate.

- Uma hora tinham que mudar. – Christian diz.

- Sim. E quem diria que seria tão bom. – Elliot fala.

- Nossa que momento profundo. – Digo zombeteira atrapalhando o momento sentimental dos dois.

Elliot finalmente desvia seu olhar em direção a mim. Ele pega um pano em cima da mesa e joga em mim.

- Cala a boca Mia! – Ele grita. É claro brincando.

Busco alhos na geladeira e enquanto isso Christian pega uma colher e experimenta o molho.

- Tira a mão daí. – Falo e ele ri.

Christian rindo é, sinceramente, algo lindo. Ele tem feito isso muitas vezes nos últimos tempos e eu tenho adorado esse novo jeito do meu irmão.

Depois de Christian é a vez de Elliot experimentar o molho.

- Ana! Kate! – Grito. Em pouco tempo as duas aparecem na porta da cozinha. – Por favor tirem seus homens daqui. – Peço.

- O que eles estão fazendo? – Kate pergunta.

- Basicamente, me atrapalhando. – Falo.

- Vamos deixem a Mia em paz. – Ana fala.

Ethan também chega a cozinha.

- Então eu faço companhia a chef. – Diz.

- Não! – Christian fala parecendo um garoto birrento. – Se nós não podemos Ethan também não.

- Sim, ele pode. – Afirmo. – Agora saiam.

Ana e Kate puxam Christian e Elliot e fico a sós com Ethan. Ele tem uma expressão de divertimento.

- O que foi? – Pergunto.

- Você é mandona. – Ele fala.

Faço uma careta para ele.

Jantamos os seis juntos. Mamãe e papai não estão porque foram jantar na casa dos nossos avos.

Kate e Elliot se oferecem para lavar a louça quando terminamos. Christian puxa papo com Ethan. Aproveito para levar Ana até o escritório.

- Aconteceu alguma coisa? – Ela pergunta preocupada.

- Como você está? – Pergunto antes de lhe responder.

- Bem. Eu não sinto mais dor. – Ana responde, enquanto se senta.

Dou uma olhada para ela. Aparentemente está bem mesmo.

- Obrigada mais uma vez. – Falo. – Eu ainda não me perdôo por ter colocado a sua vida e do seu filho em risco.

Estou andando pelo escritório.

- Mia você tem que parar de me agradecer. – Ela diz docemente. – Todo o envolvimento com Jack só começou por minha causa.

- Ainda assim, obrigada. – Volto a dizer.

- Agora sente-se e me conte o que houve. – Ela pede.

Faço isso. Puxo uma das cadeiras próxima a ela.

- Você é só um ano mais velha do que eu e parece tão adulta. – Digo.

- Acho que já nasci velha. – Fala. – Mas vamos Mia está me deixando nervosa.

Solto a respiração fundo.

- Eu não consigo superar o que aconteceu. – Confesso.

- Você não é culpada. – Ana diz.

- Sou culpada por ser tola. – Falo. – E tem o Hyde também.

Ana se move na cadeira, desencostando-se.

- O que tem o Jack? – Ela pergunta.

- Eu nunca senti ódio de ninguém na minha vida, mas o Hyde é um maldito filho da puta. – Falo. – Tenho tanta raiva dele que não consigo tirar a lembrança dele de minha mente. É como se eu me forçasse a lembrar só para odiá-lo mais.

Ana está me olhando séria e preocupada.

- Mia eu sei que não é fácil, mas você tem que esquecer. – Me orienta. – Jack está preso pagando pelas coisas que fez. – Ela fala não tão segura quanto gostaria, acho eu.

Jack estava preso antes também, mas fez aquilo há duas semanas.

- Sei que tenho. – Afirmo. – Mas só de lembrar do que ele falava eu sinto nojo. – Falo exasperada.

- Jack tentou alguma coisa com você? – Ana pergunta.

- Ele só falou coisas. – Falo e ela está me olhando com atenção. – Ele passava a mão pelo meu corpo algumas vezes, eu estava amarrada, queria impedir, mas não podia. – Conto.

Ana está aparentemente agitada.

- Mais alguma coisa? – Pergunta.

- Ele tentou me beijar. – Falo com vergonha. Ela está branca como cera, tenho medo de ela desmaiar ou algo assim, Christian me mataria. – Ana, tudo bem? – Pergunto.

- Está. – Ela diz sem convicção. – Ele tentou?

- Bem eu mordi a boca dele, era a única coisa que eu poderia fazer. – Falo. Ela me olha incrédula. – Era o que você teria feito não é? – Pergunto.

- Acho que sim. – Fala.

- Quando eu o fiz ele disse que eu era tão rebelde quanto você. – Digo a ela. – Mas mesmo tendo o impedido eu me sinto imunda só de saber que ele me tocou e encostou sua boca na minha. – Falo.

Ela se ajoelha no chão a minha frente toma minhas mãos, ela fica um momento em silêncio, acredito que pensando bem no que irá dizer.

- Você não é. Não deixe Hyde te fazer sentir assim. – Ela começa. – Quando Jack tentou algo comigo ele me disse que eu o provocava e eu fiquei pensando se realmente eu tinha feito algo que o pudesse ter estimulado, mas percebi que eu não fiz nada, Jack é um maldito e ninguém pode ser culpado por isso. – Fala.

- Você superou isso? – Pergunto.

- É claro que as vezes tenho medo e que algumas noites tenho pesadelos com o que houve. – Confessa. – Mas tento me apegar as coisas boas. Christian, o bebê, a melhora de Ray, você estar bem.

- Me apegar as coisas boas. Talvez eu deva tentar. – Falo.

- Mia você contou a mais alguém sobre isso? – Ela me pergunta.

- Não. – Digo. – Se Christian soubesse ele mataria Hyde.

- Com toda certeza.

- A única pessoa com quem eu conversei um pouco foi Ethan, mas não sobre isso, eu acho que não conseguiria.

Eu e Ana ainda temos nossas mãos presas uma a outra.

A porta se abre de repente e Christian entra com Ethan.

- Vocês estão aqui. – Ele fala. – O que estão escondendo? – Pergunta.

Ana se levanta e estala um beijo nele.

- Assunto de mulher. – Ela diz. – Não acho que isso seja um segredo.

Sorrio para Christian e Ethan como que confirmando a história de Ana.

Christian e Ana deixam o escritório. Me levanto para fazer o mesmo, mas Ethan me puxa para seu colo em uma das poltronas.

Me apegar a coisas boas. Lembro.

Definitivamente eu tinha muitas coisas boas na vida, e uma delas estava bem ali na minha frente, eu não ia deixar lembranças ruins estragarem isso de jeito nenhum.