Saio dos braços de Ethan com cuidado para não acordá-lo e vou tomar um banho.

A água quentinha caindo sobre mim me faz relaxar finalmente e também faz com que eu me sinta limpa por toda sujeira de ter ficado algumas horas no mesmo ambiente que Jack Hyde.

Quando deixo o banho e passo a pentear os cabelos em frente ao espelho do quarto vejo pelo reflexo Ethan se mover na cama.

- Bom dia. – Falo continuando o que estou fazendo.

- Bom dia. – Ele retribui enquanto esfrega os olhos.

- Estava cansada de dormir, acho que fiz isso muito tempo. – Justifico antes que ele me pergunte.

Ele se senta na cama.

- Por que não me acordou? – Ele pergunta com a voz preguiçosa típica de quando ele acorda.

- Primeiro, porque você estava cansado. Segundo, porque gosto de te ver dormir e terceiro, é bom ver você dormir no meu quarto. – Digo ainda em frente ao espelho.

Ethan anda até mim e me abraça por trás. Olho para o espelho e fico admirando nós dois juntos. Sorrindo. Mas me lembro da tarde anterior, as cartas e a foto, e então o sorriso se desfaz em uma linha séria.

- Hora de conversa séria. – Ethan diz já sabendo o que eu estou pensando.

Ele puxa minha mão e me leva até a cama.

- Eu te devo uma explicação. – Começa a dizer. Eu não falo nada, nesse momento só quero ouvir, eu preciso ouvir o que ele tem a dizer. – Aquelas cartas e aquela foto estavam ali há tanto tempo, por muitas vezes eu tirava elas da caixa e lia. Talvez para sentir pena de mim mesmo ou para me lembrar da magoa e do porque eu não querer me envolver com ninguém. – Conta.

- Ou talvez porque você goste dela ainda. – Falo.

- Não. – Ele nega. – Pode ser que eu gostasse até te conhecer, mas depois que te conheci eu nunca mais tinha tocado naquilo. Eu não tinha vontade de ler, de ver, tinha ficado esquecido ali.

- Mas você se lembrou ontem. – Digo com a decepção aparente.

- Eu precisava. – Diz. – Precisava saber se aquilo significava alguma coisa pra mim ainda.

- E? – Pergunto.

- E eu estou aqui agora. – Ethan diz. – E as cartas e a foto viraram cinzas porque não significam mais nada.

- Mesmo? – Pergunto para me certificar.

- Aham.

Dou um sorriso para ele. Ainda estou tentando absorver, eu tinha que escolher entre confiar ou não.

Ethan me puxa para o colo dele.

- O que significa muito para mim agora é minha namorada. – Ele diz.

Olho para Ethan, estou confusa.

- Sua namorada? – Pergunto.

- Sim. – Ela fala. – Uma mulher linda, com olhos pretos hipnotizantes, uma mania de fazer beicinho e muito, mas muito mesmo, teimosa.

Antes que eu possa dizer qualquer coisa Ethan vira comigo na cama e me beija.

- Você esqueceu de dizer algo sobre a sua namorada. – Falo para ele. – Ela te ama muito.

- Sim ela me ama. – Ethan fala feliz. – Eu sou um homem de sorte por isso.

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 -Ana, Ana, querida Ana. – Mamãe murmura. - Salvando dois dos meus filhos. Como eu poderei algum dia agradecê-la?

Nos últimos dois dias tenho me sentido culpada por ter exposto tanto Ana, é difícil estar na frente dela agora sem sentir alguma vergonha. Ana ruboriza, embaraçada por suas palavras. Papai também a abraça e beija sua testa.

Quando eles a soltam é a minha oportunidade de agradecê-la, a abraço.

- Obrigada por me salvar daqueles idiotas. – Falo.

Christian me repreende.

- Mia! Cuidado, ela está com dor.

 - Oh, desculpe. – Digo, só então percebendo que a estou apertando

- Eu estou bem. – Ela murmura.

Ela está com uma aparência cansada, mas está linda usando um confortável vestido longo e sandálias. Em seguida vou até Christian e o abraço pela cintura.

Ele entrega uma foto que papai e mamãe examinam com atenção, emocionados.

Taylor aparece.

- Sr. Grey? Sra. Kavanagh, o irmão dela e o seu irmão estão vindo Sr. – Diz.

Christian franze a sobrancelha.

 - Obrigado Taylor. – Ele murmura confuso.

- Eu liguei para Elliot e disse a ele que nós estávamos vindo. – Explico. - É uma festa de boas vindas.

Christian me olha em reprovação, Ana sorri para ele tentando amenizar as coisas e meus pais me olham certamente irritados.

- Seria bom nós comermos algo juntos. – Ana diz. - Mia, você me dá uma mão?

- Eu adoraria. – Digo.

Enquanto vamos para a cozinha Christian leva nossos pais para seu escritório.

- O que você estava pensando? – Kate diz para Ana assim que entra na cozinha.

Baixo meu olhar outra vez. Deixo-as na cozinha e vou me juntar a Ethan na sala.

- Tudo bem? – Ele me pergunta enquanto me dá a mão.

- Vai ficar. – Digo. Ethan melhor do que ninguém tem me ajudado. É meu psicólogo particular. – Provavelmente eu vou me sentir uma idiota pelo resto da minha vida. – Desabafo.

- Você não é. – Ele diz.

Mamãe se junta a nós dois.

- Mia sempre dá um jeito de fazer festa. – Ela fala.

- É o jeito Mia de encarar a vida. – Digo.

De certa forma sempre senti necessidade de estar rodeada de pessoas, de me sentir querida e amada e parte de algo. Ethan coloca seus braços ao meu redor.

É estranho, mas quando estou com ele me sinto segura. O mundo inteiro poderia abrir mão de mim, mas se ele estivesse lá sempre seria o suficiente.

Olho ao redor.

Os homens conversam sobre as ultimas dos Mariners e nós só estamos todas aconchegadas neles enquanto a comida não fica pronta. É confortante saber que sempre vamos ter um ao outro e tudo isso graças a Carrick e Grace que nos tornaram uma família.

Ana está olhando para mim e para Ethan com curiosidade. Dou um sorriso duplamente agradecido a ela, por ter me salvado e por ter me apresentado Ethan. Ela retribui entendendo o que quero dizer.

Eu ainda preciso conversar sozinha com ela. Ana não é uma amiga ainda, mas sinto uma necessidade enorme de desabafar sobre Hyde com ela, pois sei que entenderia. Mas isso fica para outra hora.