Se Eu Morrer Jovem... escrita por Isabell Grace


Capítulo 6
Capítulo Cinco - Clove


Notas iniciais do capítulo

Se vocês acharam os pais do cato ruins, apresento-lhes os pais da Clove...



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Voltei pra casa depois de encontrar Emily. Meus pais estavam sentados na sala esperando impacientes. Quando fechei a porta eles se levantaram de imediato.

- Onde estava até a essa hora, Clove? – minha mãe dizia nervosa – Será que você não sabe que amanhã é dia de Colheita? O que você tem na cabeça?

- Mãe, eu vou repetir pra você de novo: Eu não vou me voluntariar na Colheita de amanhã, nem na próxima, nem na próxima. Eu nunca vou me voluntariar. Tá entendendo?

- QUE TIPO DE FUTURO VOCÊ QUER PRA VOCÊ ENTÃO, GAROTA? – meu pai dizia com agressividade.

- EXISTEM COISAS MAIS IMPORTANTES DO QUE OS JOGOS VORAZES, MAS VOCÊS NÃO DEVEM SABER, PORQUE NÃO SE IMPORTAM. SABE QUE TIPO DE FUTURO EU QUERO? QUALQUER UM LONGE DE VOCÊS. EU TENHO NOJO DE VOCÊS. VOCÊS PARECEM AQUELES HABITANTES IDIOTAS DA CAPITAL QUE SÓ SE IMPORTAM EM VER ADOLESCENTES MORRENDO PARA SUA PRÓPRIA DIVERSÃO. EU ODEIO VOCÊS!

- CLOVE! – meu pai gritou novamente, mas foi inútil porque eu já estava subindo as escadas até o meu quarto e batendo a porta com força.

- MAS QUE DROGA! – eu chutei com força um dos meus sapatos que estavam espalhados pelo chão.

Deitei na cama e enterrei a cabeça no travesseiro a fim de dormir e acordar em qualquer outro lugar, longe daqui.

Qual é o critério para se viver no Distrito 2? Ter pais ruins? Que se importam apenas com eles mesmos?

É claro que não. O critério para se viver aqui é ser um orgulho, não só para o Distrito, mas para Panem inteira. E eu não sei fazer isso, Cato sabe.  Hoje cedo, quando eu disse pra ele que talvez tenha medo de ir para os Jogos Vorazes, não é exatamente verdade.  Eu não tenho medo. Não tenho medo de matar, não tenho medo de morrer, não tenho medo de nada. Eu só queria que as coisas fossem diferentes. Queria que vivêssemos da forma como quiséssemos, com quem quiséssemos, aonde quiséssemos, mas não é assim. Infelizmente as coisas não são como queremos e de algum jeito ou de outro eu tinha que aceitar isso.

Virei-me na cama, enterrando a cabeça ainda mais no travesseiro.

Não, é claro que eu não ia chorar. A última vez que eu me lembro de ter chorado foi quando era bem mais nova e cai de uma árvore e ralei todo o joelho e os dois cotovelos. Eu devia ter uns nove anos de idade. Desde então não chorei nunca mais. E eu ria poucas vezes também.

É como se eu tivesse um bloqueio a todo e qualquer tipo de sentimento: medo, dor, felicidade e tristeza também. Eu deveria estar me tornando uma pessoa fria aos poucos.  Sem compaixão, sem sentimentos.

Mas tinha um único sentimento que estava ali, me rondando já havia um tempo bastante razoável. Amor. E esse insistia em não sair. E se manifestava toda vez que aquele garoto dos olhos azuis e cabelos loiros gritava meu nome da janela pela manhã. Me atormentava a ideia de que talvez ele não sentisse o mesmo por mim. Mas pelo menos éramos amigos. E isso talvez valesse alguma coisa.

Virei-me novamente por mais alguns minutos e por fim cai no sono profundo.


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Notas finais do capítulo

Eu sei que esse capítulo ficou pequeno, então pra compensar hoje mais tarde eu posto outro. Não se esqueçam de comentar, adoro ouvir a opinião de vocês. Beijos.