Se Eu Morrer Jovem... escrita por Isabell Grace
– Clove! – eu ouvia ele me chamar lá de baixo do quintal – Clove! – me levantei da cama e fui até a janela.
– Bom dia Cato! Eu já desço, só um minuto.
Troquei a roupa, depois fui até o banheiro lavar o rosto e escovar os dentes. Peguei minha mochila e me despedi dos meus pais.
Era assim que eu acordava praticamente todas as manhãs: Cato me gritava da janela pra irmos juntos andando para o centro de treinamento, não era tão longe de casa. Pelo caminho íamos comendo alguma coisa qualquer que tínhamos na mochila e conversávamos sobre todas as coisas, principalmente os jogos.
Naquela manhã estávamos um pouco adiantados então, resolvemos sentar embaixo de uma árvore para descansarmos e termos tempo de conversar mais um pouco.
– Eu nunca vou me voluntariar na Colheita. – eu disse, quebrando o silêncio de alguns segundos.
Ele sorriu, sem mostrar os dentes, como se estivesse aprovando o que eu dissera, e então finalmente perguntou:
– Mas por que não? Você é esperta Clove, e muito boa com as facas.
– Eu sei, obrigada. Mas... Não sei... – eu dizia meio confusa – Talvez devam existir coisas mais importantes do que apenas ser um tributo. Quer dizer... – eu parei ao perceber meu erro – Me desculpe, eu sei que é importante pra você. É que... Talvez eu tenha um pouco de medo mesmo.
– Não, tudo bem. – ele disse ainda com aquele mesmo leve sorriso que não mostrava os dentes – Talvez você esteja certa, mas eu vou ganhar Clove. – ele dizia confiante – Eu treinei a vida toda pra isso.
–Cato, você não tem medo pela sua irmã? Você sabe que os irmãos mais novos dos vitoriosos têm grandes tendências a serem selecionados.
– Eu sei, eu já pensei nisso. Eu vou ensinar pra ela tudo o que eu sei e ai ela também vai sair vitoriosa de lá. Mas eu nunca vou deixar ela se voluntariar.
Cato tinha recém-feito 17 anos de idade, há 10 ele treinava para participar dos Jogos Vorazes. Ele pretendia se voluntariar na edição anual número 75, ou também conhecido como o 3° Massacre Quaternário, que seria uma edição especial dos jogos. Emily, sua irmãzinha mais nova, tinha apenas 7 anos e o via como um herói. Ela também acreditava fielmente que o irmão um dia iria ganhar os jogos.
– Ei, menina das facas, vamos. – ele disse se levantando – Acho que não seria legal se nos atrasássemos, não é? – Ele estica as mãos para me ajudar a levantar.
– Ainda não quero ir, estou um pouco cansada. Você me acordou muito cedo hoje.
Ele se abaixa e me pega nos braços, me colocando em suas costas. Depois pega minha mochila e começa a andar.
– Cato, me põe no chão. Agora! – eu dizia alto e firme.
– Está cansada, não é? Eu levo você. Para uma garota com 16 anos, você é tão pequena que nem pesa pra mim. – eu dei um tapa forte nas costas dele.
– Tá querendo ir andando, é? – ele dizia em meio a risos. Eu acabei resistindo e deixei ele me levar.
Ficamos mais alguns segundos em silêncio enquanto ele andava comigo nas costas.
– Quando eu ganhar e me mudar pra aldeia dos vitoriosos, você, como minha melhor amiga, vai ganhar um quarto lá na minha casa. Vai poder ir pra lá quando quiser.
– Obrigada Cato. – eu dizia com um sorriso sincero.
Pena ele não saber que eu queria ser mais que sua melhor amiga.
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