Acordo com a luz do sol ofuscando meus olhos. Definitivamente essa não era minha forma favorita de acordar, preferia quando Cato gritava meu nome da janela. Mas ele não estava lá. Eu devo ter dormido nos braços dele na noite passada e depois ele deve ter voltado pro seu quarto.

- Quantas horas? – pergunto a uma Avox que estava parada próxima as cortinas. Ela me aponta um relógio digital do lado da cama. Nove horas. Eu não costumava nunca, nem em dias nem em dias que não treinava, acordar a essa hora. Cato deve ser meu despertador –pensei – exceto em dias de Colheita, quando meus pais me acordavam cedo, se ele não me gritasse, eu não me levantava.

Fui até o banheiro, lavei o rosto e prendi o cabelo em um rabo-de-cavalo. Troquei a camisola por um conjunto de calça e blusa que me fazia sentir mais confortável. Sai do quarto e encontrei Brutus, Enobaria e Sophie sentados na mesa tomando café. A televisão estava ligada transmitindo a chegada dos tributos do Distrito 12 na Capital.

- Bom dia Clove! – Sophie disse com entusiasmo – Sente-se conosco.

- Onde está Cato? – perguntei – E Cap e Joanie?

- Cato desceu com Joanie para começarem os preparativos para o desfile dos tributos dessa noite e Cap já está lá te esperando.

- Acordei muito tarde? – perguntei enquanto dava a primeira mordida no pão com geleia de amora.

- Acordou na hora certa, querida. – Sophie disse sorrindo pra mim.

Terminei de tomar o café e fui encaminhada por Sophie até o térreo do edifício onde ficava a sala de Cap. Jostel, Fannie e Leslie começaram a trabalhar na minha aparência.

- Pelo menos vocês do 2, são melhores que dos outros distritos – dizia Jostel enquanto escovava meu cabelo – No nosso primeiro ano, pegamos o Distrito 12, a garota era tão suja, cheia de pelos e mal arrumada que gastamos horas tentando no mínimo deixa-la apresentável. Morreu na cornucópia coitada. – ele disse dando uma leve risada.

- Então Clove, o que você acha? – Cap disse se levantando de uma cadeira no canto da sala e mostrando-me um desenho em seu caderno – Esse vai ser o traje que você e Cato usarão no desfile hoje. Joanie e eu pensamos nele juntos. Como vocês são carreiristas, a armadura dá a ideia de que são invencíveis, indestrutíveis e a cor dourada reflete a riqueza do distrito de vocês. Achamos que o chapéu deu um toque complementar bem legal.

- É perfeito – eu disse – Vocês são os melhores estilistas que eu já vi.

- Obrigada querida – ele disse virando a página – E que tal o vestido da entrevista? – era um tomara-que-caia, em tons claros de laranja que tinha o comprimento até o joelho. Meu cabelo ficaria preso em um coque alto.

- É realmente maravilhoso. – eu lhe disse dando um pequeno sorriso.

- Quer ver a roupa do Cato? – minha expressão muda no mesmo instante.

- E por que eu ia querer? – eu disse com arrogância.

- Clove, eu sei o que está acontecendo entre vocês. Eu sou da equipe, pode confiar em mim.

Ele não me pareceu passar toda a confiança que dizia ter, mas cedi.

- Tudo bem, me deixe ver – ele virou outra folha de caderno, me mostrando o traje que Cato usaria na entrevista com Ceasar Flickerman na noite anterior aos jogos. Um conjunto formal de calças e camisa preta e o casaco numa espécie de cinza claro.

- Esse casaco tem um efeito que parece brilhar – Cap disse.

- Cato já viu? – perguntei.

- Acho que sim. Provavelmente Joanie já mostrou pra ele. – balancei a cabeça em concordância – Tudo bem Clove, vocês precisam impressionar o público o máximo possível no desfile dessa noite, principalmente os patrocinadores. Sorriem, acenem para eles, façam o que puderem. Isso não vai ser muito difícil pra vocês, afinal sempre são os favoritos.

- Pode deixar – eu disse – Tenho certeza de que vou conseguir fazê-los manterem os olhos em nós.