Durante os próximos dias, até entrarmos na arena, ficaríamos hospedados, juntamente com Sophie, Enobaria, Brutus, Cap e Joanie no segundo andar, referente ao Distrito 2, no edifício. 

A sala de estar era muito grande e luxuosa, melhor do que o que tínhamos em casa. De um lado, na parede, ficava a enorme TV de tela plana e tinha um sofá que dava para toda a equipe se sentar confortavelmente. Do outro lado ficava a mesa de jantar. Tinham vários objetos artesanais espalhados por toda a sala. A arquitetura e alvenaria do lugar devem ter vindo de nosso distrito.

Próximo à mesa de jantar havia duas pessoas paradas que mal se moviam, apenas olhavam e às vezes fechavam os olhos e abaixavam a cabeça.

- Quem são eles? – Clove perguntou a Brutus em um tom de sussurro.

- São chamados de Avox. – ele respondeu – Quando alguém, de algum distrito, trai a Capital é capturado, tem sua língua cortada e são obrigados a servirem os tributos antes dos jogos.

- Então, eles não falam? – perguntei.

- Não, vocês só devem falar com eles se quiserem alguma coisa.

- Então, devemos servir o jantar? – Joanie perguntou.

- Eu não estou com muita fome, vou tomar banho e deitar. – Clove falou indo para o quarto.

- É, jantem vocês ai. Também vou descansar. – eu disse seguindo a mesma direção de Clove.

- Cato, seu quarto é no outro corredor – Falou Sophie – Ai é só o de Clove e Enobaria.

- Tudo bem – Enobaria disse dando uma piscadela para mim – Eu troco com ele – sorri e continuei meu caminho até o quarto.

Era enorme, como tudo por ali. A cama dava para até quase três pessoas de estatura mediana dormirem. Do lado tinha um criado-mudo com um abajur bem moderno. A parede da esquerda reproduzia imagens quase reais de paisagens do Distrito 2, com apenas um toque no botão do controle eu podia troca-las. Escolhi deixar na visão que tinha do alto da montanha que levei Clove na manhã de hoje, antes da Colheita.

Tomei um banho e coloquei um pijama que o próprio closet escolheu para mim. Tínhamos algum pouco tipo de tecnologia lá em casa, mas nada que se comparasse a isso. É claro, estávamos na Capital.

Sentei-me na cama observando a paisagem na parede. A ideia de Clove de fugir pela floresta, se esconder, parecia tão maluca hoje de manhã, mas agora eu daria tudo pra poder pegar na mão dela e correr pra longe de tudo isso.

Sai do meu quarto e bati na porta dela. Como ninguém respondeu, resolvi entrar.

- Clove? Você está ai? – eu disse entrando devagar – Sou eu.

O quarto estava vazio, ouvi um barulho vindo de dentro do banheiro, então presumo que ela esteja lá. Parei encarando a imagem de sua parede, era a mesma do meu quarto.

- Ah, oi. Não sabia que estava ai. – ela disse saindo do banheiro. Esfregava uma toalha nos cabelos molhados. Estava vestindo uma camisola curta com alças finas, num tom de prata – Não gostei muito dessa camisola – ela dizia enquanto jogava a toalha em uma cadeira no canto – Sei lá, preferia uma camiseta e short. O que acha?

- Eu acho que você vai me matar antes de entrarmos na arena. – eu sorri maliciosamente e ela corou. – Vem aqui. – eu disse me sentando na cama. Ela se juntou a mim. Coloquei-a sentada em meio as minhas pernas e a abracei por trás, fazendo-a se encostar em meu peito.

- O que achou deles? – ela perguntou – Distrito 1?

- Parecem bons. – respondi – Marvel tem cara de meio bobo, mas gente boa e deve ser bom com as lanças, eles treinam igual a nós. E Glimmer é meio metidinha, né? Mas faz um trabalho bom com as flechas.

- Parece que com os olhos também, né? Não gostei do jeito que ela te olhou. – eu solto uma gargalhada – Que foi?

- Você com ciúmes. Eu nunca pensei que ia ver essa cena na minha vida.

- Não é engraçado. – ela diz com cara fechada – E eu não estou com ciúmes. Só acho que pra quem acabou de conhecer você, essa garota tá muito oferecida.

- Pois então saiba princesa das facas, que mesmo que eu a conhecesse por mil anos, eu sempre irei preferir você.