Ele enganou Leon, fugiu da masmorra e escalou a colina para confrontar Robert e mata-lo. A tarefa não será fácil. A forte névoa cercou toda ilha e o forte Kingston. Oamri não tem muitas opções no momento, nem tempo. Jeremy desapareceu, isso o preocupa. Ele sabe que pode morrer, mas ama tanto seu país que não perderá sua garra de jeito algum.

        Sua mão agarra uma rocha no meio da pequena montanha, no topo se localiza a mansão de Sillas, cercada por guardas armados até os dentes, uma muralha também foi erguida ao redor dificultando mais ainda a vida dos invasores. Mas Oamri confia em suas habilidades, não é à toa que ele era um dos melhores assassinos dos Arkansan, mesmo se ferindo muito ele lutará até sua última gota de sangue.

        Em questão de minutos ele consegue chegar ao topo da pequena montanha, faz muito frio e o jovem somente veste um short curto com alguns rasgos. A espada estava sendo levada nos dentes, ele mordeu o cabo com força e a escalou toda assim. Seus músculos estão inchados, o rosto ferido de tanto apanhar e ainda sente muita dor do tiro que levará de Leon oito dias atrás e do corte que recebeu do Ned que não era Ned.

        Oamri se esconde atrás de uma rocha não muito grande e visualiza a mansão de Sillas. Não é muito grande, porém é bem protegida. Ele consegue ver as silhuetas dos guardas entre a névoa. Percebe que eles estão se movendo, evacuando a mansão. Ele tem de ser rápido.

        Sillas recolhe suas joias e dinheiro, os guarda em uma mala grande que será carregada por uma mulher que o serve como cortesã. Ele é um homem alto, bem magro, cabelos louros presos por um rabo de cavalo, olhos verdes e pele bem clara, barba rasa clara também, quase se esconde em sua pele. Traja um casaco vermelho até os joelhos, calças justas acinzentadas. Em sua mesa fica sua arcabuz dourada com detalhes prateados e seu sabre preferido.

        Um homem se adentra do quarto, ele tem o rosto todo enfaixado, como uma múmia.

- Os rebeldes já tomaram o forte neste momento, é melhor se apressar senhor. – Diz o homem coberto por um capuz azulado. Somente seu olho direito fica exposto.

- Malditos americanos! Eles vão pagar por tudo que fizeram! Maria, mande um mensageiro avisando a realeza sobre o ataque. Acontecerá daqui a três dias. – A cortesã deixa o escritório de Sillas. O homem enfaixado permanece lá o encarando. – O que foi?

- Sua arma secreta. Tem certeza que vai funcionar?

- Tenho toda certeza do mundo.

- E onde está?

- Minha arma?

- Sim.

- Nos céus. – O homem enfaixado se mostra confuso mexendo sua cabeça.

- É uma bomba aérea? – Sillas sorri.

- Não, eu o batizei de dragão.

        As carroças estão deixando a mansão, carregando as armas, pertences, alguns moveis e roupas de Sillas. São cerca de trinta homens.

        Oamri ainda está escondido atrás da mesma rocha esperando pelo momento certo. Seus olhos caçam por Sillas em meio a tantas pessoas, e ele se surpreende ao notar algo que alegra seu coração. É Jeremy, ele empunha um mosquete e está parado na entrada da mansão ao lado de mais quatro homens. Um sorriso no canto da boca de Oamri surge.

        Ele escala uma arvore próxima com muita agilidade, corre até a ponta do galho e salta na muralha que cerca a mansão, rapidamente se abaixa detrás das estacas de madeira para evitar ser visto. As muralhas já foram deixadas pelos guardas.

        Sillas é visto pela janela do segundo andar. O coração do jovem bate forte, ele está preparado, sabe que esta pode ser sua única chance. Ele se levanta e se prepara para o momento que pode mudar sua vida, ele morre ou vive.

        Sem pensar ele acelera seus passos e começa uma corrida pelo corredor da muralha. A velocidade é imensa e neste momento já fora notado por metade dos guardas que ainda não deixaram a mansão. Sillas se olha no espelho neste exato momento, o espelho reflete a janela por qual Oamri acabou de se adentrar a destruindo toda e quebrando a madeira da parede. Com muita brutalidade e Sillas sem conseguir reagir acaba por receber um golpe certeiro em perfurando suas costas e atravessando seu abdômen, Oamri puxa a espada com tudo, chuta as costas de Sillas e crava a espada em seu peito mais duas vezes. O homem enfaixado chuta a porta e vê as venezianas da outra janela se movendo, está aberta. No chão está Sillas morto com três perfurações, muito sangue e os olhos revirados. O homem olha pela janela e vê Oamri correndo em direção a floresta. Ele salta do segundo andar e começa uma perseguição.

        O homem é bem rápido e alcança Oamri sem nenhum esforço, ele lança em suas costas um gancho preso em um corda. A ponta perfura sua pele e ele puxa com tudo fazendo com que o jovem assassino caia de costas na neve.

- Fisguei o peixe. – Diz o homem enfaixado. Oamri puxa a corda com tudo se levantando. O homem vem de encontro e ele tenta golpeá-lo com sua espada. O movimento é aparado por uma faca curta retirada da cintura do enfaixado.

- Quem é você?! – Grita Oamri dando um chute no peito do homem, em seguida ele gira seu corpo e faz um corte horizontal no peito do inimigo. Ele responde desviando com muita rapidez do golpe. Segura o braço de Oamri e o derruba de costas no chão. Puxa mais uma faca a segurando na outra mão e salta para crava-las no peito do assassino.

        Os dois pés de Oamri atingem a boca do estomago do oponente, ele o levanta no ar e o joga de cabeça na neve. Utiliza o impulso de suas costas e para de pé pronto para mais uma rodada. Suas costas estão sangrando ainda com o gancho preso. Ele sente um puxão, o homem se levanta esticando a corda e arranca um pedaço de carne do jovem. Ele grita de dor e recebe três chutes rápidos no rosto e um soco no estomago. Sua espada é lançada para longe com o impacto dos golpes. Agora está desarmado.

- Você é bom. Acha mesmo que matar Sillas vai mudar alguma coisa? Sempre tem outro que fica em seu lugar.

- Então matarei todos vocês! – Ele tenta acertar um soco no homem mas acaba levando dois como resposta, um atingi seu nariz em cheio e o outro sua testa. Mas Oamri é persistente, ele chuta o joelho direito do homem o envergando e com a outra perna atingi seu queixo em cheio. Ele tenta acertar mais um chute mas é derrubado novamente com uma rasteira.

        Ambos se levantam devagar agora. O homem saca duas novas facas de suas mangas. Oamri procura por uma arma e encontra uma tora de madeira jogada na neve. Ele tenta acertar a cabeça do homem que abaixa e faz um corte bem de leve na lateral da barriga do jovem. O corte arde muito mais que o normal. Oamri se vira para evitar outro golpe e acerta a garganta do homem o derrubando novamente e ainda o faz perder a respiração. Ele levanta a tora e atingi sua cabeça duas, três quatro vezes. Na quinta ele ouve um disparo. Sua visão vai desaparecendo aos poucos. Ele se ajoelha ao perceber que fora envenenado. Encima de um tronco de arvore se encontra uma mulher, seios enormes, roupas provocantes e cabelos ondulados. É a assassina espanhola.

        Ela se aproxima de Oamri que perde todos seus sentidos e movimentos e vai se apagando aos poucos.

- Mestre Almuir vai gostar muito do novo convidado. – E ele apaga por completo, não sabe se morreu ou se desmaiou com a força do veneno.