Os Últimos. - Interativa. escrita por Guilherme Lopes


Capítulo 36
Capítulo 35- Fim da primeira temporada.


Notas iniciais do capítulo

Iae galera, vim aqui anunciar o fim da primeira "temporada". Este é o capítulo final e em breve vai se iniciar a segunda. Prometo não demorar MUUUITO, espero que gostem, aqui é retratado o ponto de vista de vários personagens. Até mais.



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Final do primeiro arco.

                A ponte que atravessa o grande abismo de pedras pontiagudas e leva a estrada rumo a grande mansão de Harry. É uma ponte larga de madeira negra, bem resistente. Já é noite, madrugada para ser mais preciso, noite de lua cheia, pequenos flocos de neve caem do céu enfeitando toda floresta. Alba se posiciona a frente, empunhando suas facas ao lado de Luccius com seu sabre. Eles conseguiram, alcançaram sombras, mas acabaram sendo detectados. O assassino está parado sorrindo com seu meio rosto queimado. Ele veste um capuz negro, quase se camufla na sombra da noite.

- Vocês vieram, tiveram a astucia de tentar me impedir. Corajosos. – Alba não demonstra muita emoção, sabe que pode ser mais um ponto para o inimigo. Luccius ajusta seu chapéu azulado evitando os flocos de neve.

- Não vou deixar que mate Harry. – Impõe Luccius estendendo seu sabre.

- E porque não? Se ele morrer irá nos enriquecer, o clã mudará de estatura, suas estatísticas se elevarão ao infinito. Infinito não, é exagero, mas subirá bastante. Isso significa dinheiro, armas, mais fortes, canhões, navios e tudo que temos direito para começar uma grande busca.

- Busca? A palavra não é guerra? – Indaga Alba em tom de incompreensão.

- Não, a palavra certa é busca. – Ele levanta um livro de anotações negro. Bate com seus dedos na capa de couro, sorri e o guarda. – Por isso não vão me impedir. Vocês já estão relativamente mortos. Não vou perder muito tempo. – Sombras saca de trás de seu capuz duas espadas curvadas, são armas árabes, afiadas como uma foice, mortais cobras venenosas. Elas respingam veneno de naja, Alba alerta Luccius do inconveniente. Ambos se preparam para o combate que pode resultar em suas mortes.

        O forte Kingston ainda está em guerra dos Salvadores e os ingleses. Carlie se desespera ao ver tantas balas de canhão atingindo o local. Ela se locomove pela muralha evitando ser vista. Está atrás de uma parede de uma cabine de pedra no topo da alta muralha. Lá estão vários corpos ensanguentados dos soldados. Alguns ainda estão vivos. Ela olha pela pequena janela e vê um homem em chamas caindo sobre o solo em meio a tanta briga. Mais duas balas de canhão atingem o solo o destruindo. A garota se propõe a atingir a próxima cabine, ela sabe que sua irmã ainda está lá.

        Ao alcançar a outra cabine ela se ajoelha atrás da outra parede. Observa de canto, dois homens lutam com espadas na muralha. Um é parecido com um índio e o outro um inglês.

        O índio é bruto, dá vários golpes seguidos no inglês não o deixando se movimentar. Carlie prepara seu arco e acerta uma flechada no peito do inglês, o índio aproveita e corta a garganta do homem. Ele vê Carlie, acena e desce a muralha saltando no telhado de um edifício próximo. Ela leva seu corpo até o cadáver do inglês e o examina procurando por balas.

- Eu estava te procurando. – Seus olhos se levantam, ela olha lentamente para trás, reconhece esta voz. Um brilho de vingança surge no momento que ela visualiza sua irmã. Veste uma saia curta de couro marrom. Um espartilho decotado coberto por um manto azul. Os cabelos até os ombros ganham destaque pela manhã ensolarada. Seus olhos bicolores e seu corpo definido. Rapidamente Carlie se levanta e tenta apunhalar a irmã. Ela é dominada e lançada em direção as pedras que ficam no topo de muralha. Royal segura a faca de Carlie, ela a larga no chão e pede calma.

- Eu vou te matar! Você matou meus pais! Meus! – Ela grita chorando sacando seu sabre. Royal chuta o pulso de Carlie o derrubando e gira seu corpo fazendo com que a jovem caia de costas no chão.

- Deixe eu te explicar Carlie! Deixe eu te explicar! – Carlie chora muito, está descontrolada. Sua irmã não tentou matá-la e sim controla-la.

- Você matou meus pais! – A garota chora histericamente. Royal não consegue evitar e derruba algumas lágrimas.

- Não. Eu não matei Carlie, eu não sou uma traidora. Pelo contrário, o clã é. – Carlie tenta parara de chorar, Royal à solta e se afasta com alguns passos para evitar a fúria da irmã.

- Você está mentindo! – Diz Carlie limpando suas lágrimas e seu rosto inchado pelo choro.

- Não. Tudo o que você viveu até hoje foi uma mentira. Eu não sou uma Brantiana, nossos pais não eram, você não é.

- O que quer dizer com isso? Explique-se! – Ordena Carlie impaciente.

- Eu deixei o clã após a morte de nossos pais. Nosso pai era um espião.

- Espião de quem?!

- Da ordem dos Cavaleiros da Luz. – A jovem se impressiona, derruba algumas lagrimas e permanece boquiaberta. Ela sempre achou que esta ordem fora extinta, e mal desconfiava que seu pai era membro de tal.

- Impossível... E porque só está me contando isto agora? Porque escondeu isso de mim todo este tempo?! Porque?! – Ela volta a gritar chorando histericamente. Royal levanta suas mãos tentando acalma-la.

- Eu queria que você ficasse longe de todo esse problema. Tantos morreram, tantos vão morrer.

- Está mentindo! – Ela diz chorando.

- Não, não estou, e você sabe disso. – as duas se encaram com seus olhos bicolores. Royal continua. – os Brantianos são traidores, são manipuladores, cegos por poder e dinheiro. Eles querem despertar a mais poderosa arma de guerra e devastar todo o resto que se opor contra o clã. – Carlie cai de joelhos no chão. Não consegue acreditar, são tantas revelações em tão pouco tempo. Ela fita Royal.

- E... O que faremos para impedir? Eu... Me desculpe...

- É só me seguir. Você é minha irmã, eu a amo. Somos sangue do mesmo sangue. – Royal se abaixa frente a irmã. Estende seu queixo. – Vamos lutar, nós duas. Vamos lutar por nossos pais, pelo bem do povo.

- Sim. Nós vamos.

        A jovem dos cachos ruivos está ajoelhada, as lágrimas pararam de pairar de seu rosto belo e esbranquiçado. Seu braço fora totalmente queimado, está incapacitada. Acabará de ver seu novo “amigo” morrer queimado, mas ela reconhece o ato como heroico, ele morreu para salvar sua vida.

        A guerra continua a seu lado, soldados caem mortos com tiros, laminas perfuradas e destroços de balas de canhão. Eleanor une suas últimas forças e se levanta, ela está sendo ignorada pelos homens ao redor. Até perdeu de vista a mulher de dois metros. Ela caminha lentamente se apoiando com seu único braço até chegar a entrada das masmorras. Está aberta, a garota pega um tocha e desce as escadas escuras, sabe que seu irmão está lá, ele é sua única razão de continuar viva.

        Ela ilumina todas celas, estão abertas, vários corpos enfeitam o chão, ensanguentados e com marcas de tiros. Lágrimas voltam a cair do rosto da garota, os soldados receberam ordens de executar todos prisioneiros enquanto recebiam o ataque. Crianças, mulheres, adolescentes e idosos.

        Um dos corpos ela reconhece, estirado no chão no meio das dezenas de corpos. É de seu irmã, fora baleado três vezes, no queixo, no olho esquerdo e em seu peito. Ela se curva chorando ao ver o cadáver de seu irmã. Sua única esperança de vida. Não consegue imaginar até que elevação chegar a insanidade e crueldade do ser humano. Enquanto se debulha em lágrimas seu anel brilha fortemente. Com sua única mão restante ela puxa sua pistola, verifica a munição e em soluços a coloca em sua cabeça.

        Antes de puxar o gatilho ela sente como se seu braço queimado tivesse sido congelado, olha para ele e o vê totalmente renovado, suas lágrimas continuam a cair mas sua expressão muda totalmente. Ela o movimenta e o sente novo como nunca. Abaixa a arma aos poucos, olho para o corpo do irmão e se lembra de Ácmon em chamas.

        Um machado passa raspando pelo rosto de Leon, ele se esquiva com muito agilidade. Malcolm se prepara para mais um ataque mas é empurrado pelo galanteador. Ele faz movimentos rápidos com a espada e corte o braço direito de Malcolm. Leon sente suas costas formigando e é lançado para longe com um chute vindo do irmão do Salvador. Ele ajuda seu irmão a levantar, agora são dois contra um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete Leon’s.

- O desgraçado tem uma relíquia! – Exclama Malcolm se espantando, os homens a volta também se distraem com as ilusões de Leon. Enquanto eles se distraem com os clones ilusórios o galanteador escapa ferido.

        Leon passa pelo portão semiaberto do forte. Ele caminha pela estrada de terra com a mão segurando o resto da flecha que ainda reside em seu peito. Não chegou a atingir em cheio um órgão vital, porem ele sente muita dor. Se ajoelha perto de uma arvore e respira bem fundo. Tem que sair dali, tem que encontrar Carlie.

- Ali está ele. – Ele ouve a voz de Carlie, ela se aproxima junto a irmã. Leon abre um sorriso ao ver as duas.

- Eu estava te procurando. – Diz Leon com a voz fraca e escorado na arvore. Carlie nota que ele está bem ferido, ela olha para a irmã que balança sua cabeça negativamente.

- Eu já sei de toda verdade. – Disse Carlie impondo um tom de mistério. Leon levanta seu rosto confuso. – Vocês mataram minha família. Você sabia não é? Não tente negar.

- Eu sabia do que? Não foi essa vadia que matou seus pais? – Royal se irrita com a audácia de Leon. Carlie saca sua espada.

- Não fale assim da minha irmã.

- Sua irmã? A gente fodeu, não se lembra? Você gemeu como uma louca e agora está ameaçando me matar depois de tudo que eu fiz por você? Está brincando! – Royal se impressiona, olha para a irmã esperando por uma resposta. Ela não diz uma palavra.

- Foi só uma noite, eu estava insegura e...

- E louca pra foder comigo! Eu estou morrendo! Te ajudei a encontrar sua irmã para que você pudesse a matar, e agora quer matar a mim!

- Eu descobri toda verdade. Você, todos Brantianos tem que morrer. São traidores, desonestos. Você nunca veio aqui para me ajudar, eu sempre soube que você planejava algo maior, e estava certa. O tesouro que residia aqui não é? Dinheiro, relíquias, informações. Você é um desgraçado de um manipulador. – Leon balança sua cabeça indignado, ele sabe que no fundo fez tudo isso por Carlie, essa garota mexeu com ele.

- Eu pensei que estava despertando algum sentimento por você, mas no final deduzi que eu só queria te foder, assim como fiz com todas as outras. Inclusive sua irmã vadia. – Carlie olha para Royal surpresa, ela confirma com um sorriso e diz.

- Foi a muito tempo, ele tinha me enganado, assim como fez com você. – Seu coração sente um aperto, Carlie se encabula. Leon sorri deixando algumas gotas de sangue escapar por seus lábios.

- Duas vadias idiotas.

- Você já falou demais.

- Então me mate logo. Mas faça isso como um homem, perfure meu coração com sua espada e olhe em meus olhos. – Sua mão que empunha a espada está tremendo, Leon se levanta com muito esforço escorando na arvore. Fica frente a frente com Carlie. Ele sabe que não tem força alguma para usar o anel agora, tem de encarar a morte. Royal acena com sua cabeça.

- Só você pode fazer isto. – Carlie encara Leon nos olhos, ele está sério, o rosto todo sujo de terra e sangue seco. Ela não pensa muito e perfura o coração do galanteador, ele solta um gemido baixo e cai de joelhos cuspindo sangue.

- Me... – Ela hesita em falar o resto e se vira para evitar ver o sofrimento do homem que um dia despertou algum sentimento em seu coração. Aos poucos Leon vai morrendo, agonizando, estremecendo seu corpo. Ele sorri vendo as irmãs sumindo no horizonte, seu sorriso permanece e aos poucos seus olhos vão se fechando. Por fim eles se abrem novamente ainda com o sorriso, em segundos eles se fecham, estão semiabertos agora.

- Vadias...

        Sombras apara o golpe de sabre de Luccius, Alba passa por baixo de sua lamina e tenta atingir sua estomago. O assassino se desvia com rapidez e tenta atingir suas costas, a lamina do italiano defende a albina. A outra cimitarra vem em sua direção, o jovem apara a segunda espada e move-a para aparar mais um golpe da primeira.

        Alba é sorrateira, ela passa pelos dois e tenta atingir o assassino, ele sem olhar bloqueia seu golpe enquanto troca golpes de espada com Luccius.

- Grande habilidade italiano! – Ele grita em meio ao combate bloqueando todos golpes de Luccius e Alba.

        Alba em uma brecha consegue atingir a lateral do peito do assassino, ela enfia sua faca por completo parando no cabo. Como reação o assassino gira sua espada em tentativa de corta-la, a garota vira uma pirueta para trás. Luccius aproveita mais um descuido do assassino e atingi seu peito, tem uma excelente mira e atingi seu coração. O assassino agora muda de alvo, mas é falho novamente, Luccius se afasta puxando sua espada. Sombras é esfaqueado pelas costas mais uma vez por Alba, ele se vira e recebe dois cortes de Luccius nas pernas, se vira e é apunhalado mais três vezes. A lamina de Luccius atravessa seu estomago e as faces de Alba suas costas. Em meio a tantos golpes ele sessa seus ataques e deixa que suas espadas encontrem o chão.

- Filhos... da... mãe... – Sombra cai na beira da ponte. Os dois estão ofegantes e arrepiados, pensavam que morreriam nesta batalha contra o poderoso assassino. Alba pega seu livro de couro negro e se levanta. Sombras ainda respira. Luccius pisa em suas costas.

- O que diz ai? – Ele indaga ofegante. Alba lê as anotações de Sombras e começa a se assustar a cada página que folheia rapidamente.

        “Ele não morreu, vive em uma ilha localizada perto das Bahamas. Na terrível área onde desaparecem as tripulações misteriosamente, é uma região perigosa, poucos conseguem alcança-la, seu covil é bem escondido, ele se tornou um insano, vendeu sua alma para os deuses maus. Agora quer viver lá para sempre, junto a seu reino de criaturas demoníacas e armas poderosas, só tem uma maneira de alcança-lo sem correr riscos de morte. Se for guiado por seu dragão que perambula pelos céus. E assim chegará a ilha secreta onde vive o temido capitão Hampshire.”

        Ela lê em voz alta, Sombras já está morto. Luccius respira bem fundo e permanece sério.

- Não pode ser... – Ele diz com a voz calma.

- Não vou mata-los, prendam-nos! – Ordena Evangeline com um sorriso estampado em seu rosto. Leonardo saca seu estilingue e se afasta, Elazul observa tudo lá de cima.

- A gente tá ferrado! – Ele grita lá do alto da escadaria notando a confusão que se meteram. Leonardo assente mentalmente apontando seu estilingue enquanto os outros riem.

       

        De repente a porta da entrada do templo é lançada e metros de distância. Leonardo se espanta e se frustra por nunca ter usado seu estilingue. Elazul salta em direção a escadaria com o susto. Evangeline está assustada, ela ordena para que seus homens parem de marchar e observa a poeira que se ergueu.

- Que merda é essa?! – Exclama Leonardo com a mão protegendo seu rosto da poeira.

       

        Aos poucos ela se vai e revela o destruidor. Um homem com cerca de três metros, veste somente um tanga e empunha uma espada enorme enferrujada de quase dois metros de altura e cinquenta centímetros de largura. A criatura é esverdeada parecida com um morto vivo, os olhos são azulados e sua cabeça é enfeitada com uma coroa de ouro. Evangeline arregala seus olhos e se afasta com alguns passos.

- Você estava certo Elazul, estamos ferrados, muito ferrados, insanamente ferrados, puta merda, a gente vai morrer! – Ele exclama fitando Elazul. Ele assente com sua cabeça.

        A criatura solta um grito enorme e bem agudo penetrando as entranhas de todos ali presentes. Enquanto isto, do lado de dentro do templo se encontram Vanh, Julie, Cole, Coniglio e o corpo de Heather partido ao meio, despertaram um demônio. Vanh está espantado escondido atrás de um pilar com os outros. Por pouco não foram mortos. Mas ele conseguiu o que queria, em sua mão brilha a chave dourada em forma de bússola, ele já sabe onde encontrar a última.

        Estes são os últimos, os últimos que encontrarão as chaves, pois depois que tudo passar, se passar, elas nunca mais vão ser vistas.

        Malcolm conseguiu, dominou o forte, isso lhe custou metade de seus homens, foi uma batalha em vão. Ele se arrepende, todos prisioneiros foram executados, inclusive as crianças, mesmo com o consolo de seu irmão ele não consegue, se sente culpado. Ácmon morreu, Eleanor não pode salva-lo, mesmo com o anel, foi tarde demais. Ela já parou de chorar. O que aconteceu fazia parte de uma vida antiga, pois agora... Ela é outra pessoa, outra mulher.

        A poça de sangue ainda permanece em frente a arvore onde Leon fora morto, porém, seu corpo não está lá. Somente um rastro de sangue. O mesmo aconteceu com Oamri, fora levado para um navio e está sendo transportado rumo a pior viagem de sua vida, sim, ele viveu. Mas por quanto tempo? Por quanto tempo eles vão viver?

                                                       Fim do primeiro ato. 


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Notas finais do capítulo

Iae, gostaram? O que acharam do fim deste ato? O que acharam do ato em si? Emocionante? c: Não haha, então, deixem suas opiniões, na segunda temporada vou abrir espaço para os personagens que ainda não foram incluidos e para novos leitores também.

Espero que tenham gostado pois essa historia ainda vai se prolongar muito mais. Até mais, flw, vejo vocês na outra temporada.