Ácmon

Dia 24 de Novembro- Inverno.

Meu nome é Ácmon Tailleur, nasci em 1745 na França exatamente na cidade de Marseille. Era herdeiro de grandes riquezas, aos oito anos fui para Lyon aprimorar meus estudos, passei minha infância e adolescência por lá. Me tornei um amante das ciências e por grandes influências principalmente da parte de minha família acabei seguindo pela carreira militar. Me tornei capitão um ano antes do termino da guerra dos sete anos. Foi uma lástima já que só cheguei a participar de cinco operações. Não sou o melhor lutador mas consigo muito bem manipular as pessoas com minha barganha infalível, isto também é usado para mulheres, que são as maiores riquezas que existem neste mundo logo após o dinheiro e poder. A cerca de dois meses fui mandado para os Estados Unidos com o propósito de ajuda-los em uma guerra contra a Inglaterra, que parece ser algo realmente grave. Este lugar é cheio de bárbaros e animais sujos, me refiro aos seres repugnantes que habitam aqui. Vim junto a três navios franceses, no total eram cerca de duzentos homens, agora somos cem, e o número vai caindo mais e mais, já enviei uma mensagem para o rei pedindo por mais homens, já se passaram duas semanas e nada. Mesmo sendo aliado dos americanos sinto que eles não gostam muito de nossa presença, deve ser por causa da grande guerra dos sete anos. Ou talvez porque somos melhores do que eles. Nosso acampamento fica perto da cidade de Boston. E recentemente estamos tentando resgatar cinco de nossos homens que foram raptados pelos ingleses que conseguirão conquistar nosso antigo acampamento. Lá foi onde perdemos mais uma boa quantia de homens.

Capitulo 1

O acampamento francês fica aos arredores de Boston, todo coberto pela neve e cercada por animais, lebres, lobos e até ursos. Todos estão famintos pois o inverno os impede de conseguir alimentos com tanta facilidade. As coisas mudam nesta estação do ano, e não é uma boa época para lutar. As laminas que perfuram e cortam causam mais dor e as doenças vem em grande escala, gripe, varíola, febre.

A bandeira da França está erguida bem no centro do acampamento. Várias barracas todos amontoadas e fogueiras acesas com homens se aquecendo, contando histórias e comendo. Ácmon sai de sua barraca, é a maior do acampamento todo. De cor azulada e com uma pequena bandeira que simboliza todo seu amor a patriotismo por sua querida França. Ele tem em cerca de trinta anos, cabelos loiros não muito compridos divididos, a barba também loira enfeita seu rosto tomando posse de quase todo ele, os homens não tem muito tempo para seus afazeres de antes. O capitão está vestindo seu uniforme de cor azul e vermelho, típicas de um capitão francês. Na cintura fica sua espada, uma alfanje prateada com o cabo dourado. Seu coldre está preenchido com uma pistola arcabuz no qual ele não utiliza muito ultimamente devido a suas falhas ao tentar disparar, são frustrantes para Ácmon.

Ele caminha pela neve passando pelas barracas de seus homens, o frio é muito forte mas ele já está se acostumando com tal. Em torno de uma enorme fogueira está seu companheiro e fiel escudeiro Arthos. Um homem de cabelos castanhos escuros longos e presos, olhos azuis e rosto jovial com sua barba rasa castanha. Veste o uniforme de soldado mas com um brasão estampado no ombro. Ao notar a presença de Ácmon ele se levanta do tronco de arvore que se sentara enquanto os outros se degustam de um cervo que acabaram de caçar. Ele cumprimenta o capitão com uma continência e diz na língua francesa.

– Bom dia capitão.

– Bom dia Arthos. Vejo que a caçada foi de grande mérito hoje. – Ele diz com as mãos nas costas e observando o cervo sendo degolado por um de seus homens.

– Sim. Aquele ali foi Piercy que pegou, ele é um ótimo atirador, acho que devia colocá-lo como um de seus guardas.

– Vou pensar nisso. – Ácmon vai caminhando para longe de Arthos que segue o capitão ajeitando seu coldre na cintura. Alguns homens os cumprimentam.

– Capitão você recebeu a carta de Ned hoje de manhã?

– Sim, e a minha resposta ele receberá agora. – Ned é um capitão de uma tropa inglesa da qual raptou alguns dos homens de Ácmon e usa isto como provocação, mesmo que ele saiba que seus homens estão destinados a morrer o capitão francês ainda tem um enorme ego que fala mais alto. O que ele quer é vingança, ele quer a cabeça de Ned em um espeto e Arthos sabe disso.

– O que pretende fazer capitão?

– Hoje á noite iremos atacar o acampamento daqueles ingleses de merda. – Ácmon entra em sua barraca e permiti a entrada de Arthos que entra em seguida e já reparando nas duas cortesãs deitadas em sua cama com os seios expostos e dormindo. O capitão é bem exigente em respeito a mulheres e sempre fica com as mais bonitas. Neste ponto Arthos o inveja.

– Você vai participar do ataque? – O capitão se senta na cama e acende um charuto que guardará sobre um pequeno criado mudo onde ficam seus pertences. Ele o acende e responde a pergunta de Arthos.

– Sim. São quantos casacos vermelhos que residem naquele acampamento?

– Pelas informações de nosso espião são em torno de quarenta. Armados com mosquetes e bacamartes.

– Eles ainda usam bacamartes? Que insolentes.

– Sim, dizem que eles saquearam um navio que carregava várias cargas com bacamartes e substituíram as arcabuz por elas devido à falta de munição. – Bacamarte é uma pistola que era usada nas épocas mais antigas, cerca de quarenta anos ou menos. São pistolas com o cano largo e os tiros não são precisos, podem ser chamadas de garruchas também. – Como vamos fazer para ataca-los capitão? Nossa munição está acabando e não podemos mandar todos homens de uma vez.

– Você está certo Arthos. Também não podemos usar os canhões, iria demorar muito tempo para leva-los até lá. Então enquanto todos dormem nós atacamos e matamos um por um, principalmente Ned.

– Entendido. Devo avisar os outros?

– Sim, vá Arthos. Quero trinta homens somente. – Arthos assenti com a ordem do capitão e deixa a barraca. Ácmon agora fica a sós com suas belas cortesãs de pele branca e cabelos ruivos, ele sempre escolhe mulheres com a mesma cor de cabelo, acha isso mais excitante. Ele tem preferência por mulheres inteligentes e bonitas, mas como as opções são poucas fica somente com as prostitutas americanas.

Ele acaricia os cabelos da que está a sua esquerda já acordada. Ela se chama Nazareth, Ácmon nem se deu o trabalho de perguntar o nome da prostituta com a qual fizera sexo noite anterior. A que dorme a sua esquerda se chama Renny. Uma mulher de vinte e quatro anos casada, como o marido não ganha dinheiro suficiente para mantê-los ela se prostitui pelos arredores de Boston para arrecadar dinheiro e alimentar os filhos, mas não é o suficiente já que seu filho menor pegou varíola e está prestes a morrer já que a família não consegue dinheiro suficiente para pagar o médico.

– Pode ir embora, quando eu precisar de seus serviços novamente vou lhes mandar um de meus homens. – Ele retira do bolso da jaqueta azul escuro um saco enrolado com uma fita dourada e abre. Dentro estão algumas moedas equivalentes a cem dólares americanos, ele entrega cinquenta para cada uma que se vestem já deixando a barraca. Ele fica a sós com seu charuto e um livro para estudos de origem americano no qual ele comprou em Boston a duas semanas atrás.

Ácmon está aguardando ansiosamente para perfurar o coração de Ned com sua alfanje. Ele ferira seu orgulho e enquanto ele não o matar ele não conseguirá dormir.

Durante e noite- Floresta perto da fronteira. – Acampamento inglês de Neddson Hicky.

Arthos fez como seu capitão disse, reuniu cerca de trinta homens montados em cavalos e os levou até os arredores do acampamento de Ned. Ácmon está montado em seu cavalo branco nomeado “Dart”. Agora ele carrega além de seus pertences um mosquete com a baioneta bem afiada. Todos seus homens estão armados e esperando o sinal de seu capitão. O acampamento é todo enfeitado com a cor vermelha e iluminado com poucas fogueiras acesas. São poucos homens acordados fazendo a guarda do acampamento. Os homens de Ácmon estão escondidos atrás de arvores na espreita.

– Capitão. – Arthos diz bem baixinho descendo de seu cavalo e o amarrando em uma arvore com folhas secas e cobertas por neve.

– O que foi Arthos? Agora não é uma boa hora para falar. – Ele também desce de seu cavalo e ordena que um homem o amarre. Empunha seu mosquete e vai até a beira da colina pequena no qual acabara de subir, suas botas se enchem de neve. Lá de cima ele e Arthos conseguem ver todo acampamento.

– Não parece que todos estão ai.

– Eu sei Arthos. Eu sei. – Os ingleses estão em menor número no acampamento, não se sabe o porquê, mas cabe as mãos de Ácmon decidir o que fazer diante disso.