Os outros se assustaram, mas foi Leo quem gritou como uma garota quando algo, ou melhor, alguém pulou do alto de uma árvore e aterrissou ao seu lado. Tinham acabado de descobrir que estavam em outra ilha, vizinha à de Polifemo e invisível para quem tentasse vê-la de lá, porém era possível ver perfeitamente a ilha de Polifemo de onde estavam. Todos já estavam em posição de ataque quando Percy o reconheceu.

—Kevin? – ele perguntou hesitante. O rapaz sorriu.

—Ainda bem que se lembrou de mim cara, já estava pensando que iria morrer! – ele disse aliviado. Ok, vamos ao que interessa, graças ao deuses vocês chegaram, já estava começando a ficar seriamente preocupado, não temos muito tempo, então acho melhor vocês me seguirem!

—E porque nós confiaríamos em você? – perguntou Thalia.

O garoto estreitou os olhos para a menina de aparentemente 15 anos à sua frente e levantou uma sobrancelha.

—Vocês tem outra opção? A propósito, caso você não saiba, sem mim, vocês nem estariam aqui para começo de conversa, pergunte ao Percy.

—Ele tem razão Thalia, agora vamos seguir em frente, tudo que eu menos quero é ter que atravessar aquela floresta durante a noite.

E assim seguiram em fila indiana andando cautelosamente para não serem descobertos, Kevin estava a frente indicando a trilha e os outros um pouco mais atrás parando de vez em quando para escutar e garantir que nada suspeito os seguia.

Devia ser cerca de meio dia quando chegaram enfim ao castelo e deram de cara com diversos monstros guardando a entrada.

—E agora o que nós vamos fazer?

—Primeiro nós temos que entrar sem sermos vistos, depois decidimos o resto – afirmou Kevin.

—Grande ideia gênio, exceto pelo pequeno detalhe de que esse lugar está cheio de monstros – sussurrou Leo ironicamente.

Assim que ele fechou a boca um lestrigão saiu afobado de dentro do castelo.

—PAUSA PARA O ALMOÇO PESSOAL!

Assim começou um alvoroço de monstros se espremendo na porta tentando entrar todos de uma vez, até que não restava ninguém do lado de fora. Eu não queria nem saber qual seria o prato do dia. Kevin sorriu ironicamente.

—Eu sei que sou um gênio, obrigado.

—Palhaço.

Annabeth bufou, saiu lentamente de trás dos arbustos, fez um sinal com a mão para que esperássemos e colocou seu boné dos Yankees na cabeça ficando invisível em seguida.

Uma Dracaena apareceu correndo no exato momento que Annabeth desapareceu, no segundo seguinte o monstro já virava pó.

Aguardamos em silêncio olhando ansiosamente para a porta, cerca de cinco minutos se passaram e eu já começava a me desesperar quando o ar tremulou ao lado da enorme porta e Annie surgiu fazendo sinal para que a seguíssemos. Saímos de trás dos arbustos, armas em punho, adentramos o castelo e logo reconheci a entrada do meu sonho, Kevin assumiu mais uma vez à frente.

—Não toquem em nada – ele disse quando passávamos por um corredor cheio de tapetes, espadas e escudos pendurados nas paredes.

No segundo seguinte o estrondo ecoou pelas paredes, Leo derrubara um escudo. Sete pares de olhos o olharam mortalmente.

—Opa.

—ALI! – gritou um telquine aparecendo no começo do corredor, logo outros cinco chegaram ao seu lado e correram em nossa direção.

—E agora? Vamos ficar aqui parados?

—Ok, ok, não entrem em pânico, AI MEUS DEUSES! O que nós vamos fazer?

—PERCY! Não entre VOCÊ em pânico! Eu, Jason, Piper e Thalia cuidamos deles, você, Annabeth, Leo e Nico vão atrás do Tiago, AGORA! – Ordenou Kevin.

—Mas, mas... Você conhece esse castelo melhor do que eu!

—Lembre-se do sonho, você saberá o caminho, depois nós encontramos vocês, agora vai!

Os quatro correram assim que os monstros alcançaram os outros, Percy tentava ao máximo lembrar o caminho que seguira no sonho, mas estava difícil. Viraram à esquerda e seguiram por um corredor cheio de portas até chegar a uma encruzilhada.

—E agora, direita, esquerda ou em frente? – indagou Nico.

—É... Eu, eu – O Jackson gaguejou e enfiou as mãos nos cabelos tentando se acalmar, ele não lembrava, simplesmente não lembrava, não tinha tempo, Tiago precisava dele o mais rápido possível.

—Direita! – ele arriscou.

Seria ótimo ele poder dizer que estava certo, mas não estava, o corredor da direita não tinha saída, ele bufou, passou mais uma vez a mão pelos cabelos e esmurrou a parede, Percy queria poder gritar de frustração, se conteve porque sabia que isso denunciaria sua localização.

—Acho melhor a gente voltar, ficar aqui não vai ajudar em nada – sugeriu Nico.

Ninguém discordou então voltaram até a encruzilhada e tomaram suas posições iniciais.

—A direita já foi descartada o que vocês acham de seguirmos em frente desta vez?

—Mas e se você estiver errado?

—É a melhor chance que temos Percy, agora vamos antes que sejamos descobertos!

POV PERCY:

E eles estavam certos, desde o momento em que embarcamos no navio eu venho me preparando psicologicamente para o momento em que encontrasse Tiago, mas eu nunca estaria preparado para vê-lo naquele estado, meu coração falhou uma batida ao perceber o quão ferido meu filho estava, inconsciente, preso à parede como um objeto.

Senti uma mão se entrelaçar à minha e apertá-la com força, nem precisei olhar para o lado para saber que era Annabeth, retribui o aperto e finalmente a olhei, ela chorava.

—Seja bem-vindo Perseu Jackson! – disse Polibotes sentado em sua poltrona gigantesca no meio do salão.

—Porque o meu filho? Se você queria se vingar dos olimpianos porque não fez algo que chamasse a atenção somente deles? O que eu tenho a ver com isso? – Perguntei me controlando.

O gigante teve a audácia de gargalhar.

—Simplesmente tudo, os olimpianos não me importam mais, não por enquanto, há tempos que o meu principal alvo tem sido VOCÊ! O moleque insolente que vem estragando todos os planos de derrubar os deuses, primeiro Cronos, depois Gaia, percebi que com você eliminado, a derrota dos olimpianos só estará à um passo, aí o pirralho apareceu, a oportunidade perfeita, quem melhor para chamar sua atenção? E vejamos, aqui está você, e desta vez irá perder.

—Como você acabou de dizer, é a mim que você quer, não ele, então... Eu sugiro uma troca, você solta Tiago e o deixa ir embora junto com meus amigos e eu ficarei aqui.