Ela ficou chocada como eu pensei que ficaria, Pablo tentou se explicar mas ela o ignorou e saiu da sala.

- O que pensa que está fazendo? – trincou o maxilar

- Mostrando uma de suas várias faces.

Sua pupíla estava dilatada de tanto ódio, ele veio em minha direção mas hesitou. Mas esse momento durou pouco, ele avançou e me segurou pelo os ombros.

- Isso é tudo culpa sua, se tivesse me escolhido nada disso teria acontecido.

- Se eu tivesse te escolhido? Como posso querer ficar com alguém que abusou de mim? – perguntei alterando o tom de voz

Ele apertou as mãos e meu braço e eu soltei um gemido de dor, ele sorriu com a minha reação, o que aconteceu depois foi ainda mais estranho, ele tentou me beijar mas eu virei o rosto e seus lábios foram de encontro com o meu pescoço. Um arrepio subiu pela minha espinha e minha mente ficou confusa.

Era pra mim ter odiado mas o toque dele era gostoso, ele subiu os lábios até minha orelha e sussurrou.

- Eu sei que você me deseja!

Bastou aquilo pra mim acordar, sai de seus braços e fui para o outro lado da sala. Ele tinha um sorriso convencido no rosto e eu estava meio perdida com tudo aquilo.

- O que pensa que esta fazendo? – perguntou

- Dando a você o que mais deseja.

Ele avançou contra mim mais uma vez e eu passei para o outro lado da sala. Ele dizia para mim não resistir, uma parte de mim concondarva com aquilo e a outra parte me mandava resistir me trazendo lembranças do dia em que ele abusou de mim.

- Pare com isso, Pablo. Você nunca teve e nunca vai ter o meu amor e nada além do desprezo. – falei

- Você ainda vai me procurar.

- Nem nos seus maiores sonhos. Eu vim aqui para dizer que você vai ser pai.

Bastou isso para para-lo, ele ficou paralisado e caiu sentado no sofá. Ele ficou me escarando por um tempo sem dizer uma única palavra, sentei a sua frente e comecei a falar.

- Acho melhor você se preparar, porque ela não vai abortar. E Pablo, como eu posso amar uma pessoa como você, que só faz o mal para as pessoas.

- Eu... Eu não... Eu não queria que isso acontecesse. – ele não parava de gaguejar.

- Eu sei que não, mas aconteceu. E você precisa ser homem o bastante para assumir seus atos. Tentar se acalmar pensando no que vai fazer e depois me liga, eu serei sua ponte de comunicação com a Roberta.

Ele apenas balançou a cabeça concordando, peguei minha mochila e sai. Estava passando pelo portão quando vi Pedro se aproximando, ele me olhou nos olhos mas não disse nada, apenas desviou o olhar e entrou em sua casa.

(...)

Eu estava deitada com a cabeça no colo de Jessica enquanto olhavamos o catálago de convites para o casamento. Minha mãe estava na cozinha preparando um lanche e Felipe tinha saído com Miguel e outros amigos para jogarem futebol.

- Jessica, preciso de sua ajuda de novo – falei

- Conte me sua história – falou sorrindo

Contei a ela o que tinha acontecido na casa de Pablo, e de como eu tinha me sentido quando ele beijou meu pescoço. Ela ficou em silêncio por um tempo mas depois me falou o que achava da aquilo.

“Talvez você tenho gostado do toque dele só não quer admitir.” Será que de algum modo eu gostei do que Pablo fez comigo? Aquilo era difícil de acreditar, mas também não poderia ser impossivél. Já vi alguns casos parecidos. Mas de uma coisa eu tenho certeza, não vou ceder a ele.

Miguel me tirou de meus devaneios quando entrou no quarto, sorri ao ve-lo todo desarrumado por causa do jogo. Levantei para abraça-lo mas ele me impediu.

- Não, eu estou todo suado.

- Para de ser bobo.

Pulei em seu colo entrelaçando minhas pernas em sua cintura, sorri vitoriosa e ele me beijou. Ele se sentou na cama sem interromper o beijo e me mantendo em seu colo. Aos poucos fomos nos deitando.

- Esse seu cheiro suado é tão excitante – falei

- A melhor namorada que um cara gostaria de ter.

As vezes eu ignoro o que ele fala mas aquilo me fez se sentir melhor, eu já estava no camando da brincadeira iria renovar, tentar coisas novas.

- Sinto cheiro de sexo selvagem – ouvi a voz de Gabs na porta

Eu ri e sai de cima de Miguel.

- Onde você vai? – perguntou

- Eu não vou transar enquanto esses caras estiverem na minha casa.

Ele fez uma careta e foi para o banheiro, arrumei a cama e dei um jeito no meu cabelo. Miguel saiu do banheiro enrolado em uma toalha.

- Nossa senhora, que delicia!

Ele riu do meu comentário e se trocou, descemos para sala e todos ainda estavam lá, pelo menos já tinham tomado banho em suas casas antes de vir para a minha. Gabs me zuou um pouquinho mas como eu também não sou flor que se cheire comecei a zua-lo também.

Deixamos os garotos jogando cartas e fomos para casa de Miguel. Assim que chegamos vimos Roberto e Fernanda na piscina. Subimos para quarto, a idéia era ficar assistindo filme mas eu queria fazer uma coisa diferente.

- E o que você tem em mente? – perguntou

- Não sei, mas não quero ficar dentro de casa.

Ele estalou os dedos como sempre faz quando tem uma idéia, saiu do quarto e eu o segui, ele me levou até um quartinho no fundo casa onde havia várias coisas. Ele pegou dois pares de patins de falou.

- Eram dos meus pais, mas acho que vão servir.

Ele pediu para um dos empregados limpar os patins enquanto trocavamos de roupa, eu apenas troquei de camiseta e amarrei o cabelo mas ele colocou uma bermuda e trocou a camiseta. Pegamos os patins e saímos.

Fomos até uma rampa, tinha vários skatistas fazendo manobras para impressionar as garotas que olhavam. Miguel me contou que já tinha participado de uma competição de patins e que treinara ali.

Quando pequena aprendi andar de patins mas não era nada exagerado, eu consegui ficar na vertical e isso já era muito bom pra mim. Ficamos andando lado a lado e as vezes Miguel fazia uma manobra ou outra pra chamar minha atenção.

Minha noite estava sendo bem divertida, Miguel tentou me ensinar algumas manobras que resultou em vários tombos engraçados.