o pavor tomou conta de mim, meu olhos estavam arregalados e minhas mãos começaram a tremer. Busquei meu celular em meus bolsos até acha-lo, Miguel me perguntava o que havia de errado mas eu o ignorei.

- Alo? – ouvi a voz de Gabriel

- Gabs, me passa o número da casa da Roberta – falei roendo as unhas

- Passo mas por quê? Algum problema? – respondeu

- Só me passa o número depois falo com você – retruquei desesperada

Ele me passou o numero e eu desliguei na cara dele, Miguel me olhava com uma cara estranha.

- Chama um taxi, o motorista da sua mãe, qualquer um. Precisamos ir na casa da Roberta agora – falei rapidamente

Ele não disse nada, só pegou o telefone e chamou o motorista, rapidamente ele chegou e nesse meio tempo falei com Silvia, mãe da Roberta, e peguei o endereço. Assim que entramos no carro Miguel me segurou pelos ombros e falou.

- Pelo amor de deus, me conta o que esta acontecendo.

- O Pablo fez de novo – falei começando a chorar

- Calma, respira, agora me fala o que ele fez de novo? – perguntou me abraçando

- Ele abusou da Roberta, ele disse com todas as letras – repondi

Ainda bem que não tinha trânsito, rapidamente chegamos a casa dela, toquei a compainha e sua mãe me atendeu com um sorriso. Nos apresentamos, e ela nos ofereceu algo para comer.

- Não obrigada – respondi – Como ela está?

- Roberta? Bom, eu não sei faz dois dias que ela está trancada no quarto, não fala comigo e nem atende as ligações do Gabriel. – respondeu tristemente

Então ela não sabe de nada, provavelmente Roberta está se sentindo suja e está com vergonha da própria mãe.

- Posso falar com ela? – perguntei

- Claro, vou preparar algo para ela comer e já levo – falou

Olhei para Miguel e eu acho que ele entendeu o recado, porque falou.

- Silvia, vou te ajudar. As meninas precisam de privacidade.

Bati na porta varias vezes mas não obtive resposta, chamei por ela e nada, então mexi na maçaneta e por sorte a porta estava destrancada.

- Posso falar com você? – perguntei

Apesar de ter sido uma pergunta ela não respondeu,ela estava sentada em uma cadeira de frente para um mural de fotos. Parei em sua frente mas ela não olhou pra mim, ela estava com um olhar vazio, seus cabelos estavam bagunçados e seu olhos bem inchados.

- Roberta, fala comigo por favor – ajoelhei a sua frente

Ela olhou pra mim e uma lagrima rolou por sua face, coloquei minhas mãos nas suas e ela as apertou.

- Eu sei, coloca pra fora – falei

- Foi horrivél – sua voz era rouca e aspera

Eu apenas balancei a cabeça afirmando e deixei ela chorar. Sentei em sua cama e ela deitou em meu colo, depois de uns minutos Miguel apareceu com uma bandeija com lanches e sucos.

- Ro me da uns minutinhos e eu já volto – ela apenas assentiu com a cabeça

Fui até a cozinha com Miguel, onde deixamos a bandeija e Silvia pareceu bem confusa.

- Silvia, poderia se sentar – ela afirmou – Tenho uma má noticia para te dar.

Miguel sentou ao lado dela para dar qualquer tipo de ajuda que ela fosse precisar. Ela disse para mim continuar e eu respirei fundo.

- Sei que não vai ser fácil, mas eu preciso de você. Eu não, a Roberta precisa – corrigi – Silvia, abusaram da Roberta, nós sabemos quem foi mas só faremos a denuncia se ela quiser.

Quando terminei de falar Silvia quase caiu da cadeira, mas Miguel a segurou.

- Isso não pode ser verdade, ela teria me contado – falou começando a chorar

- Talvez ela só esteja com medo da sua reação – comecei – Você disse que ela não fala com você a dias mas ela me permitiu conforta-la, porque ela sabe que eu também passei por isso.

Silvia não disse nada apenas começou a soluçar.

- Eu também fui abusada, sei exatamente pelo o que ela está passando. Deixe me conversar com ela, assim poderemos ajuda-la a passar por isso. – falei

(...)

Depois que Silvia se acalmou combinei com Miguel para ir buscar minha mãe, pois achei que seria bom as duas conversarem, afinal elas estavam passando pela mesma situação a diferença é que minha mãe já tinha digamos certa experiencia nesse assunto.

Minha mãe estava fazendo companhia a Silvia,eu estava com Roberta e Miguel tinha voltado para sua casa. Eu sei que ele vai ser comprieensível, afinal ele sabe pelo o que minha amiga esta passando, e também sabe que a companhia de alguém vai fazer bem a ela.

- Ro? – chamei e ela mexeu a cabeça indicando que estava acordada – Não precisa me contar o que aconteceu, mas precisamos te levar no médico.

- Não vou passar em um psicólogo – falou baixinho

- Não, um psicólogo não. Você precisa ir no ginecologista – retruquei

Ela sentou de frente pra mim e ficou me encarando por um bom tempo.

- Ok eu vou, mas só você e nossas mães podem ficar sabendo disso – falou séria

- Sem problemas – respondi

Passei a noite na casa dela e ela resolveu me contar tudo que tinha acontecido. Pelo que eu entendi Pablo a abordou na saída da escola e cometeu o ato em um beco perto da mesma.

No dia seguinte Roberta acordou melhor e resolveu passar um tempo com a mãe, eu voltei pra casa e depois fui encontrar com Miguel.

(...)

Segunda a tarde acompanhei Roberta e Silvia na consulta com o ginecologista, aparentemente estava tudo bem mas o doutor pediu alguns exames.

1 semana depois...

Estavamos a caminho do consultório, Roberta tinha consulta com Dr. Nelson. Fiquei na sala de espera enquanto ela estava falando com ele. Depois de muita espera  elas sairam do consultório, Roberta chorando e Silvia tentando consola-la.

- O que houve? – perguntei

- Vamos para casa, lá eu te conto tudo – respondeu Silvia

Roberta não parou de chorar por um segundo mas também não pronunciou uma palavra, assim que chegamos Silvia lhe deu um calmante e ela foi descansar.

- Vamos para cozinha, vou fazer um chá – falou Silvia

Ela preparou o chá, estvamos sentadas à mesa. Silvia respirou fundo e olhou no fundo dos meus olhos.

- Roberta está grávida.

Foi a única coisa que ela disse, eu estava sem reação, não sabia o que falar, a raiva começou a crescer dentro de mim. Eu queria socar a cara do Pablo, e nada me empedia de fazer isso.

- Amanha eu volto para ve-la – falei e sai

A casa dela não era tão longe da minha, mas eu não estava indo para casa.

Bati na porta e uma moça, que deveria ter a mesma idade da minha mãe, me atendeu.

- No que posso ajuda-la? – perguntou

- O Pablo está? – perguntei calmamente

- Vou chama-lo, entre.

Ela subiu as escadas e eu fiquei esperando na sala, logo ela voltou sendo seguida por Pablo.

- Olha só, o que devo a honra de sua visita, Carol? – falou

- Qual é o seu problema? Que tipo de maluco é você?

Ele me olhava confuso e a mulher, que deveria ser sua mãe, apenas observava.

- Do que você está falando, garota? – perguntou

- Não seja sinico – ri debochada – Por que você faz isso? Você tem noção de como a Roberta está?

- Mãe pode nos dar licença?

- Não,Pablo. Deixa sua mãe ouvir a conversa. Ela tem que conhecer melhor o filho que ela tem. – falei

- Posso saber o que esta acontecendo? – perguntou ela

Pablo se prontificou a falar mas eu fui mais rápida.

- Seu filho é um maníaco que abusa de garotas do colégio!