Miguel espalhava beijos em meu pescoço enquanto acariciava minhas costas, fiquei parada fingindo ainda dormir mas não aguentei e abri um sorriso.

- Ta bom já acordei – murmurei

Ele sorriu contra minha pele e me puxou para seu colo, ele me encarava enquanto suas mãos passeavam pelo meu corpo. Entrelacei as mãos em seu pescoço e depositei um beijo em sua testa e fui descendo até encontrar seus lábios iniciando um beijo calmo.

- Eu estou morrendo de fome – falei separando nossos lábios.

Ele riu e se levantou, coloquei sua camisa e um short e desci para cozinha, Miguel veio logo atrás. Roberto e Fernando tinham saído logo cedo então a casa era toda nossa, nosso café já estava posto à mesa, Fernanda chegou enquanto ainda comiamos.

- Olha só pra vocês parecem até recém casados – falou rindo

- Eles estão na fase do acomodamento, logo passa – falou uma das empregadas

Ri do comentário das duas e continuei comendo. Fiquei conversando com Fernanda enquanto Miguel tomava banho, ela disse que tinha sáido logo cedo com Roberto para comprar o presente de casamento de Felipe, fiquei feliz por saber que ela não tinha nenhuma discriminação sobre minha família. Depois que começamos a namorar fiz questão de que os pais de Miguel soubessem a verdade sobre meu pai, felizmente Fernanda não estava tendo problemas com isso.

Depois de tomar banho arrumei minhas coisas para voltar pra casa, faltava exatamente um mês para o casamento e Jessica estava ficando louca e queria me enlouquecer também. Miguel tinha suas tarefas a cumprir então peguei um táxi e fui direto pra casa, como imaginei Jessica estava correndo pela casa falando ao telefone terminando de ajustar os últimos detalhes.

- Bom dia pra você também – falei quando ela passou por mim pela terceira vez

Ele fez um sinal para que eu esperasse e voltou pra cozinha procurando algo. Fiquei o resto do dia tentando acalmar Jessica mas ela fazia exatamente o oposto, ficava cada vez mais estérica. Checamos mais de uma vez se tudo estava certo até ela cair na real e ver que não tinha mais nada a ser feito, quando ela se acalmou tomou um banho e foi buscar Felipe.

Fiquei sozinha em casa era a primeira vez em meses que isso acontecia então resolvi aproveitar o silêncio para ler um pouco. Estava tão concentrada no livro que quase cai do sofá quando a campainha tocou, corri até a porta e dei de cara com Pablo.

- Oi

- O que ta fazendo aqui? – perguntei incrédula

- Eu preciso conversar com alguém, eu estou ficando louco. – falou quase choramingando

Deixei ele entrar e fomos até a varanda, ele sentou em uma das cadeiras e eu fiquei apoiada na grade. Ele começou a falar de como os pais dele haviam ficado furiosos quando discubriram a verdade e que ele estava procurando um emprego pois iria assumir a criança, pois segundo seu pai se ele era homem o suficiente para abordar garotas indefesas, era homem o suficiente para cuidar de um filho.

Por mais canalha que Pablo fosse ele precisava de um amigo para enfrentar isso e eu seria essa amiga, ele começou a se desculpar pelo que tinha feito comigo e que me amava que não surportava me ver com outro, ele veio pra cima de mim e me segurou pelo os braços tive medo de que ele fizesse algo pois estavamos sozinhos e ninguém poderia me ajudar, quando suas mãos me apertaram um pouco mais meu celular começou a tocar.

- É melhor atender – falou me soltando

Olhei no visor e vi a foto de Miguel, atendi e ficamos conversando por uns minutos também contei sobre Pablo e percebi que ele tinha ficado nervoso mas o acalmei dizendo que só estava ajudando ele passar por uma fase difícil. Ele pareci mais tranquilo e disse que a noite iria ir me ver. Quando voltei Pablo estava encostando na parede, fumando.

- Desde quando você fuma? – perguntei

- Desde que você começou a namorar o riquinho – respondeu fazendo uma careta

- Posso? – apontei pro cigarro

Ele deu pra mim e eu dei um trago, a principio parecia que eu ia sufocar mas depois foi melhorando. Ele acendeu outro e continuou fumando, fiquei pensando que se eu tivesse pensado no cigarro teria poupado muitas cicatrizes em meus braços.

- Ei pra que mundo você foi? – perguntou

- Ah nada, o que tinha me perguntado? – falei balançando a cabeça

- Se você me perdoaria se eu mudar.

- Posso pensar no assunto.

(...)

- Miguel você esta ouvindo o que esta falando? – perguntei

- É claro que estou, Carol agora me responde. Porque esta ajudando ele? – falou furioso

- E porque não ajudaria, não importa o que ele fez, eles esta disposto a assumir os próprios erros. E porque estamos discutindo por causa disso?

Eu já estava perdendo a paciência, Miguel e eu estavamos discutindo a quase meia hora e nossa discussão não fazia sentido. Ele tinha várias meninas correndo atrás dele no colégio e nem por isso eu fico tendo crises de ciumes. Ele ficou quieto depois da minha pergunta, talvez tenha percebido que nada daquilo fazia sentido, ele tinha direito de sentir ciúmes mas naquele caso ele estava duvidando do meu amor por ele, eu jamais o largaria pra ficar com Pablo, isso seria loucura.

- Desculpa, eu perdi a cabeça. Não quero que pense que duvido de você, eu te amo e sei que o sentimento é reciproco – falou finalmente

Apenas afirmei com a cabeça e corri para abraça-lo, ficamos no silêncio apenas desfrutando da companhia um do outro. Desde o momento em que enfrentamos nossas dificuldades para ficarmos juntos e depois que provamos que nosso amor não é somente coisa da adolescencia jamais passou pela minha cabeça deixar Miguel, nascemos para ficar juntos e era isso que fariamos até que a morte viesse buscar um de nós.

A noite se passou rapidamente e nenhum de nós consegiu dormir, conversamos o tempo todo, antes do sol nascer passamos na cozinha pegamos algo para comer e fomos andando até a praia. Sentamos em cima da pedras mais distante e ficamos observando o sol nascer.

- Poderiamos ir viajar depois do natal, só nós dois – falou quebrando o silêncio

- E pra onde iriamos exatamente?

- Qualquer lugar desde que fiquemos juntos.

Miguel era o tipo de garoto que é romântico na medida certa, não tem como enjoar pois ele sempre esta inovando e eu sou totalmente o oposto, não demonstro muito bem os meus sentimentos mas ele entende isso perfeitamente e nós nos completamos de uma forma diferente.

- Vamos! Já devem estar nos procurando.