Caminhos Cruzados. escrita por Little Owl


Capítulo 3
Definitivamente, não posso mais voltar atrás




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Ao som de Adele, eu assistia as gotas de chuva escorregando na janela do carro. Na paisagem não havia muitas coisas para ver, o céu estava cinza, e uma chuva monótona caia na floresta densa dos dois lados da estrada. Tudo muito chato. Eu odiava andar longas distancias de carro, eu me enjoava muito fácil, e sem muita coisa pra observar nada podia me distrair, em muitos momentos me peguei pensando em Mike e Dillan, então coloquei uma música do Linkin Park e aumentei o volume até o máximo.


Não percebi que eu dormi até meu pai me cutucar.


– Rafaela, chegamos.


Ainda grogue, peguei minha bolsa e sai do carro, nós estávamos estacionados em frente a um terreno com muros altos e cerca elétrica. Meu pai tirou as malas do porta malas e um segurança que estava em frente ao portão veio ajuda-lo. Ele nos guiou portão adentro, por um estacionamento quase vazio e nos levou para dentro do primeiro prédio, para a recepção.


Um sofá não muito confortável, um vaso de plantas, um relógio, um balcão eram as únicas decorações da recepção. Uma mulher de não mais de 30 anos saiu de uma porta atrás do balcão, ela estava vestindo um terninho feminino vermelho e uma saia até os joelhos e um salto alto preto, seu rosto maquiado e o cabelo preso em uma trança.


– Você deve ser o sr. Martins. - disse ela estendendo a mão para meu pai. - Eu sou a sr. Kramer, coordenadora da Wyoming Boarding. Preciso que o sr. assine alguns papeis. - Ela pegou uma pasta em uma das gavetas do balcão e entregou 4 folhas, indicando onde ele devia assinar. - E isso é para a senhorita.


Ela me entregou um envelope, dentro dele estava uma folha com as regras da escola, um mapa da escola, duas chaves, uma pequena e uma grande. Presa na chave pequena estava escrito "armário 118" e na maior estava "quarto 593". E um mapa da escola, que parecia ter sido feito ás pressas no paint.

Quando terminou de assinar, meu pai se virou para a sr. Kramer que já estava falando sobre as visitas.


– As visitas são autorizadas em feriados ou por um motivo sério. Dependendo do histórico do aluno, ele poderá ou não ser dispensado nas férias. Reuniões anuais serão convocadas. Os alunos estão sempre vigiados por nossos olhos ou câmeras. Agora a srt. Rafaela está sob nossa responsabilidade. - Terminou o pequeno discurso e foi organizar os papéis, para nos dar um ultimo momento sozinhos.


E é claro que meu pai não o aproveitou, ele nem me olhou no rosto. Percebendo isso, a sr. Kramer disse:


– bom, agora é por minha conta, prazer em conhece-lo sr. Martins.


– Igualmente. Tchau Rafaela.


Ele se inclinou e beijou minha testa, com minha reação espantada se endireitou, virou as costas e foi embora.


Nesse momento, um homem de meia idade chegou por outra porta arrastando um garoto pela nuca. Ele o jogou no sofá nem um pouco confortável no canto da sala.


– o que foi agora? - a sr. Kramer perguntou em uma voz estressada.


– Zack ali foi pego pichando o muro do ginásio. - o homem lançou mais um olhar desprezivo ao garoto.


– sr. Filinger, pegue um pote de tinta e um rolo no armário do zelador. - disse ela em um olhar cansado para Zack.


Assim que o sr. Filinger saiu ela disse a Zack:


– Tenho muitas coisas pra fazer, quero que você mostre a escola a srt. Martins e quando eu passar pelo ginásio no pôr do sol, quero ver as paredes tão limpas quanto estavam até ontem. - E então entrou na porta atrás do balcão, me deixando sozinha com Zack.


Ele se levantou e estendeu a mão.


– Eu sou Zack Buzzi. - Ele tinha cabelos pretos grandes (pra um menino, pelo menos) pele clara e olhos verdes. Tinha um sorriso debochado, com seus dentes perfeitos aparecendo. Ele usava uma blusa preta e calças militares.


– Rafaela Martins.


– você acabou de chegar, né? - ele se abaixou e pegou minhas 2 malas. - não tinha ninguém melhor pra te mostrar a escola do que eu. Qual é o número do seu quarto e armário?


Olhei novamente pro papel em minha mão.


– quarto 593 e armário 118.


– Certo, vamos passar no seu quarto e deixar suas coisas antes de tudo. Preste atenção ao caminho.


Pela porta que ele chegou sendo arrastado, ele me levou por um corredor, onde no fim, uma porta grande dava direto ao pátio a céu aberto. Metade dele era pontilhado por mesas de lanche, outra metade era um gramado onde vários alunos estavam espalhados.


O pário era cercado por cinco prédios. Um com 20 andares, outro mais largo com 4 andares, um parecendo um grande galpão, um menor com apenas um andar, e o quarto era o que eu acabei de sair, ele era extenso e com 2 andares.


– Aquele alto ali são os dormitórios - Zack apontou. - aquele largo ali são as salas de aula, aquele grande é o ginásio, ali é o refeitório e aqui é a secretaria. Na parte da secretaria próxima ao refeitório fica a enfermaria.


A pintura dos prédios era azul branco e cinza, as portas eram de ferro e as janelas com grades, câmeras espalhadas e seguranças vigiavam os alunos. Sob o céu nublado, alunos passavam o tempo conversando.

Zack arrastou minhas malas para o prédio dos dormitorios.

– Seu quarto fica no andar 5 - e então sorriu. - você vai ficar no meu andar.

Subindo todos os 5 andares de escada, exauta, chegamos ao meu quarto.

– Você vai precisar se acostumar com essas escadas, eles não confiam em nós para ficar alguns segundos sozinhos dentro de uma caixinha de fósforos. Não sei como ainda não tem câmeras em nossos quartos.

Peguei a chave e destranquei a porta.

O quarto era pelo menos 3 vezes menor do que meu quarto, uma cama, um pequeno guarda-roupa, uma mesinha e uma cadeira, um espelho uma porta, que eu acho que dava para o banheiro, e uma janela disputavam espaço pelos 3 m².

– Não é nenhum hotel 5 estrelas, mas é melhor do que muitos outros reformatórios em que já estive. - Zack suspirou.

– melhor que outros? - não consigui imaginar quartos menores.

Zack riu alto quando viu minha expressão.

– Você não viu nada ainda. Deixe suas coisas aqui, depois pode arrumar do seu geito, mas eu preciso mostrar logo, porque ainda tenho uma obra de arte pra fazer até o pôr do sol.

– Certo. - Deixei minha bolsa em cima da cama e fiquei só com o celular e o mapa da escola.

– O café da manhã é as 7:00 AM. São 3 aulas de manhã e 6 de tarde. A primeira aula é as 8 hr. da manhã, o almoço 12:20, depois a aula começa 13:00 até 18:20. O intervalo da tarde é 15:30. E a janta é as 20:00. - isso tudo ele disse enquanto descíamos as escadas.

Chegando no fim da escada, Zack me conduziu pelo pátio até o próximo prédio.

– Esse é o refeitório, se você quiser os melhores pratos, é melhor chegar mais cedo, ou vai ficar com o que os outros não querem. Depois, é o ginásio. E ali são as salas de aula.

Ele olhou no relógio de pulso.

– Eu realmente gostaria de te mostrar a escola, mas eu preciso fazer uma coisa super urgente antes de fazer minha obra de arte ali atrás. - Ele apontou para o prédio as suas costas, o ginásio.

Nesse momento uma menina de uns 15 anos, cabelo ruivo e longo, com sardas e olhos verdes, se apoiou no ombro de Zack.

– Quem é sua nova amiga?

– Porque não pergunta pra ela? - Ele disse numa voz nervosa, ele claramente não gostava dessa garota. E ela percebendo isso sorriu.

– Não vai nem fingir que é legal perto da garota nova?

Com um revirar de olhos ele saiu apressado.

– Homens... - A garota suspirou. - Enfim, qual seu nome?

– Rafaela Martins.

– Meu nome é Daniely Ribeiro, olha, eu não mostraria um lugarzinho especial pra qualquer um, mas eu gostei de você.

E então ela me puxou pelo pulso pátio afora.








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