Caminhos Cruzados. escrita por Little Owl


Capítulo 4
Um começo.




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Fui arrastada até o prédio que ficavam as salas de aula.


– Você já visitou a parte inferior? - Daniely me puxava pelos corredores, me fazendo quase correr para acompanha-la.


– Não eu acabei de chegar. - eu tentava acompanhar o ritmo dela. - Parte inferior?


– Em baixo da escola tem tipo outra escola. E os dormitórios são mais 7 andares para baixo.


Descemos 3 lances de escadas e saímos em um grande salão com o tamanho de umas 10 quadras esportivas juntas.


Era uma bagunça organizada. Prateleiras e mais prateleiras de livros se espalhavam na parte oeste; sofás, poltronas, mesas com notebooks, tablets e livros se espalhavam pela parte oeste. O murmúrio baixo de conversas e o cheiro de café se espalhava pelo ambiente.


– Welcome to the inferior World. - Disse Daniely de modo teatral apresentando o lugar. (que, pra quem não sabe, "bem-vindo ao mundo inferior). - Nossa eu sempre quis dizer isso! Enfim, aqui é o salão principal. Aqui, pode encontrar qualquer um, gatinhos, badboys, playboys, maloqueiros, traficantes, fofoqueiras, a escola toda tem acesso a primeira ala do salão principal. Não posso dizer quais são as outras, porque eu teria que te matar. Sem mais apresentações, eu estou com certa pressa de chegar a um certo lugar, ou serei achada.


Agarrando à minha mão, ela me puxou por entre as mesas e sofás. Troquei olhares com alguns alunos. Uma menina de uns 15 anos, de cabelos vermelhos, cortados de um jeito emo, usava roupas pretas e maquiagem ao redor dos olhos exageradamente preto. Um menino de uns 17 anos com cabelos castanhos enrolados, grandes olhos verdes e um sorriso torto, usava uma camiseta xadrez verde e conversava com um menino de cabelo raspado, porte físico grande, parecia ter 18 anos, ele estava de costas pra mim, mas deu pra ver os músculos do braço dele. Um menino que usava uma toca escondendo o cabelo, tirava um pacote embalado pra uma menina de uns 16 anos, ela vestia uma blusa da GAP preta e um short branco, seu cabelo estava preso em uma trança.


Antes que eu pudesse ficar ali observando, Daniely me puxou para uma das portas na parede esquerda do salão. Entramos, quase que correndo em um corredor - legal, corredor ~ correr, só eu ri? ta, continuando. - nesse corredor, várias portas dos dois lados, distanciadas por 4 metros um da outra. Daniely parou de repente e abriu uma das portas do lado esquerdo. Quase me empurrou pra dentro.


– Acho que ele não vai me achar aqui. - ela disse mais pra si mesma.


– Ele? ele quem?


– Ah, eu meio que to fugindo do meu ex-namorado. - Acendeu a luz e atravessou o quarto.


Olhando em volta percebi que estava em um dos dormitórios. Era igual ao meu, mas estava decorado, um vaso de rosas descansava na mesinha, um notebook estava na mesa, um tapete rosa , algumas roupas jogadas, adesivos colados por toda parede.

– Gostou do meu cafofo? - Ela tirou o casaco e jogou em uma cadeira depois desabou na cama. - pode ficar aqui por uns 20 minutos? eu to evitando uma pessoa. Senta aí - Ela apontou pra uma poltrona roxa atrás de mim. - E aí? como veio parar aqui? - Ela entrelaçou as mãos atrás da cabeça enquanto eu me sentava.

O que eu poderia dizer? não poderia dizer nada sobre Mike e Dillan, acho que desabaria na frente dessa garota que eu nem conhecia direito.

– Eu fui pega em um dos meus, hã... assaltos - Falei tímida.

– Ah, ainda bem que eu não trouxe nenhuma xarope pro meu quarto, só não passe a mão em nada meu.

– Ah, eu não sou esses que roubam pequenas coisas.

– Sabe, eu tenho um amigo que gostaria muito de te conhecer, ele também veio porque arranjou confusão enquanto roubava, mas pra ele é meio que natural roubar.

Ela se sentou e pegou duas garrafas de refrigerante no frigobar, jogou uma pra mim e abriu a outra.

– Olha, dos alunos daqui tem os que vieram pra cá por causa das besteiras que fizeram, tem os que são xaropes e os psiquiátricos os mandam pra cá, e os que acham que o ensino daqui é superior.

– Acho melhor não ficar questionando minha sanidade, acho que não é das melhores. Ainda tenho esperanças de que foi tudo um grande pesadelo.

– Tem uns caras que é melhor ficar longe, não são gente boa. Eles são realmente maus. Você vai ver, eles tem tipo uma aura de maldade, fica longe deles.

Ela se inclinou em minha direção e fez uma careta.

– Lembrei de uma coisa que eu preciso fazer. Será que esse tempo em que ficamos aqui deu pra Flávia pegar? - ela perguntou pra ela mesma. Depois se levantou num salto. - Quer conhecer algumas pessoas?

– Claro, porque não?

.

Daniely me levou corredores afora, por um caminho diferente de antes, depois da terceira curva eu perdi a conta. Passamos por algumas portas abertas, uma menina punk pintando a porta de seu quarto de preto, um menino loiro tocando guitarra. Duas meninas de cabelo preto, uma de óculos e outra de aparelho, uma trocavam insultos. Um garoto de uns 19 anos parecendo um armário estava ouvindo rock no ultimo volume e pichando sua porta com spray vermelho.

Depois de descer mais 3 lances de escada e virar em mais uns 10 corredores de portas de dormitórios, Daniely parou em uma porta cheia de pôsteres do AC/DC. Bateu na porta e uma menina de uns 16 anos com um sorriso torto, cabelos pretos e olhos verdes. Usava uma blusa preta com vários pequenos raios espalhados.

– Dany, quem é essa? - Ela me examinou. - Dany, o que você ta aprontando?

– Calma, essa aqui é a Rafaela. Rafa, essa aqui é a Flávia. - Ela nos apresentou apontando, depois se virou para Flávia. - Ela é nova na escola, preciso rouba-la antes que a Karol a conheça.

Com uma gargalhada, Flávia abriu a porta.

– Antes com você do que com aquela bitch. Danilo disse pra gente se encontrar com Max, Carlos, Vitória e Samanta no salão principal em 10 minutos.

Daniely entrou como se fosse o quarto dela e se sentou na cama, depois apontou para um puff preto onde me sentei. Flávia fechou a porta e se sentou no chão onde quase 10 almofadas vermelhas, pretas e brancas estavam espalhadas pelo tapete.

– Rafaela, você é do tipo patricinha, maluca, ou problemática.

– Ela é tipo o Max. - Disse Dany.

– Mas ela é... tipo como o Max? - Flávia estreitou os olhos.

– Não né, ela só veio aqui como ele.

– Gente eu to aqui. - elas falavam como se estivesses falando de uma pessoa a quilômetros de distância.

– Foi mal, é que esse Max é meio diferente.

– Hum, que reuniãozinha é essa? - Olhei para a porta e um menino e um menino de uns 16 anos estava com a cabeça para dentro do quarto, sem abrir muito a porta. Ele tinha cabelos castanhos curtos e covinhas no rosto.

– Quem te deixou entrar Carlos? - Flávia jogou uma almofada nele.

– Então não quer ouvir o que eu tenho a dizer? - Ele fingiu estar ofendido. - Então eu vo embora. Até nunca mais.

– Volta aqui seu bobo. - Dany gritou antes quando ele fingiu fechar a porta.

– Eu sei que vocês me amam. - Disse ele enquanto entrava. Depois reparou que eu estava ali. - Oi, acho que não fomos apresentados. Me chamo Carlos.

– Rafaela.

– Não te aconselho a andar com essas duas, são completamente insanas.

– O Max e os outros estão esperando vocês. Já é quase hora do almoço. - disse Carlos enquanto olhava no relógio.

– Carlos leva a Rafaela lá pra cima porque eu tenho serias coisas pra falar com a Daniely. - Flávia dizia enquanto ria junto com Dany.

– Vamos embora antes que a gente pegue a doença delas. - Carlos me chamou. Segui ele depois que dei um tímido tchau as duas. Ele foi por um caminho mais curto, foi até o final do corredor, virou para a direita e no final desse entrou em uma porta que era a escada, subimos 3 lances de escada e saímos no outro canto do salão principal.

– A Dany ou a Flávia te mostrou a escola?

– Foi a Dany, ela tava com pressa. Não tive tempo pra ficar admirando cada detalhe, mas deu pra ver o básico.

Olhei para o grande salão, de onde eu estou agora tudo está invertido, ao longe pude ver as mesas e sofás à esquerda e as estantes de livros na direita, eu estava do outro lado do salão. As estantes e os sofás terminavam mais ou menos na metade do caminho entre onde eu estava e começava - onde ficavam as estantes - uma sala cheia de computadores com paredes de vidro, haviam mais ou menos 50 mesas com computadores. E - onde estavam as mesas e sofás - uma loja que aparentemente se vendiam tudo.

– Max deve estar em uma mesa por aqui. - Carlos me conduziu por entre os sofás.

– Carlos! quem essa sua nova namorada? Samanta vai gostar de conhecê-la. - alguém atrás de nós gritou para ele.

– É linda minha nova namorada, né? cadê a sua? ah é verdade, você não tem. - Com isso quem quer que tenha gritado ficou quieto.

Mais uns metros a frente mais alguém chamou por Carlos. Dessa vez Carlos sorriu e desabou em um dos sofás.

Nele estava sentado uma menina de cabelos loiros e grandes cachos bem definidos, com uma blusa escrito: keep calm and kill Kenny. Um menino de cabelos enrolados e grandes olhos castanhos estava esparramado no sofá ao lado, usava uma touca preta e uma blusa vermelha. E uma menina de cabelos lisos loiros com mexas roxas no cabelo e uma blusa preta folgada.

– Gente, essa aqui é a Rafaela, a Dany sequestrou ela e a levou pro quarto da Flávia. Senta ali Rafa. - Carlos apontou pro lugar ao lado do menino de touca. - Rafa, esse aí do seu lado é o Max, ao lado dele é a Vitória, e essa linda aqui é a Samanta. - Ele apresentou enquanto dava um beijo em seu rosto.

Cumprimentei todo mundo.

– É nova na escola? - Max me perguntou.

– Sou, eu cheguei hoje.

– A pergunta que não quer calar: – Vitória disse fazendo todo mundo parar pra escutar. - você tem namorado? - todo mundo riu. Sei lá porque.

– Não, eu não tenho namorado. - eu disse meio sem graça.

– Aprontou alguma pra vim pra cá? - Samanta perguntou ainda rindo.

– Eu, hã.. fui pega enquanto eu roubava. - nem eu quase não escutei minha própria voz.

Max se aproximou e segurou meu colar, quando me afastei ele disse.

– Ah, me desculpa, onde arranjou isso?

– Foi um presente da minha psiquiatra. Ela sabia o que eu fazia nas horas vagas.

– Curte passar a mão nas coisas dos outros? - Vitória disse. - Olha só Max, ela é perfeita pra você.

Reparei que Max estava usando um colar também, quando ele tirou de dentro da blusa prendi a respiração.

Era igual ao meu.

Não fui só eu que reparei nisso.




















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