Criminal escrita por Maiara T


Capítulo 8
Detetive Robins




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August esperava que Allison acabasse de tomar banho enquanto fazia omeletes para o jantar. Tirou uma jarra do armário e preparou um suco para acompanhar a comida, e estava pegando dois copos quando ouviu um som vindo de longe.

Quase deixou os copos caírem. Parecia um chiado, um som abafado difícil de distinguir. Ouviu-o novamente. Agudo, distante, cortando a noite. Desta vez, conseguiu identificá-lo. Não era um chiado.

Era um grito.

Ah, não, pensou. Outra vez não.

Desligou rapidamente os botões do fogão, pegou a arma, o distintivo e um par de algemas que estavam em cima do balcão da cozinha e saiu correndo em direção ao parque, o mais depressa que sua idade e suas limitações físicas lhe permitiam.

Quando chegou lá, o local estava sombriamente silencioso. Olhava freneticamente para todas as direções, tentando captar qualquer sinal do assassino, procurando-o caso ainda estivesse por ali, escondido. Não havia nada. A única movimentação no parque além das folhas das árvores balançando-se ao vento era a dele, e mais adiante, a de um corpo inerte, mas cujo sangue ainda jorrava.

August correu até lá, ajoelhando-se ao lado da vítima. Era uma garota. A quinta a ser atacada. Ela tinha um corte profundo no pescoço e um hematoma na têmpora, que pela força com que havia sido causado, formara um corte de mais ou menos três centímetros, que sangrava lentamente, escorrendo e encharcando seu rosto. Ela arquejava, respirando com dificuldade enquanto seus últimos resquícios de vida se esgotavam. August segurou sua mão trêmula e, com a que estava livre, pegou o telefone que estava no bolso e ligou para a central de polícia. Ele sabia que não haveria como salvá-la; o corte atingira a artéria do coração, que não podia ser remendada, e ela perdera muito sangue. Mesmo assim, queria a equipe por perto, para vasculhar o local em busca de pistas, ajudar a fazer a perícia e remover o corpo. Mais que tudo, não queria estar sozinho enquanto aquela jovem morria em seus braços.

Quando os policiais chegaram, a garota já estava praticamente sem vida. A pulsação estava quase imperceptível. O detetive levantou-se, se sentindo ligeiramente desnorteado, e foi até a equipe.

- Smith, pode ir até lá e recolher o corpo? Não sei se aguento mais isso.

O policial percebeu a situação e assentiu, retirando-se para fazer o que August pedira, junto com mais alguns oficiais. Enquanto eles cercavam a área, o detetive percebeu algo que não havia visto logo que chegara ao parque: do local onde o corpo jazia, um rastro de sangue seguia em direção a uma das laterais do parque, e acabava dois metros antes da linha de árvores que separava a área verde da calçada.

Como não havia visto aquilo? Pensou August. Tratou de considerar como resposta para essa pergunta o fato de que estava preocupado demais em consolar a garota e procurar algum suposto assassino escondido para perceber este detalhe, mas procurou não perder tempo dando respostas a si mesmo e pegou uma câmera para registrar aquilo. Seguiu o rastro até onde ele começava, e tentou imaginar como tudo teria ocorrido para levar àquela cena final:

Lá estava ela, a garota, em sua mente. Ainda viva e sem qualquer ferimento. Imaginou-a andando para casa depois do jogo de futebol, usando o parque como atalho. Um vulto a abordando e batendo em sua cabeça, talvez devido à sua relutância. Batendo com... uma pedra? Poderia ser, se fosse uma daquelas que tivesse as laterais afiadas ou pontiagudas. Uma pedra ou qualquer outro objeto que fosse muito arredondado certamente causaria um hematoma, até mesmo um traumatismo, mas não um corte daquela espessura. Depois de atingir a cabeça, o criminoso percorreu o pescoço com uma lâmina e arrastou-a até o meio do parque, para que ficasse mais escondida, o que causou aquela trilha de sangue.

Depois de registrar aquilo, o detetive foi ao encontro do resto da equipe. Mais uma vez, o crime fora perfeito. Não havia falhas, não havia pistas deixadas para trás.

Enquanto parte dos policiais e legistas levavam o corpo, August aproximou-se do chefe de polícia.

- Foram nove mortes, Smith. E nenhum indício de quem as causou. Acho que está na hora de mudarmos o rumo das investigações, ou isso continuará ocorrendo.

- Mudar as investigações? Você está falando do Plano B?

- Sim. Se o assassino realmente se esconde entre os moradores da cidade, acho que está na hora de começarmos a investigar um por um. Todos são suspeitos agora. Qualquer atitude minimamente fora do comum que alguém demonstrar, chamaremos para interrogatório.

O policial Smith assentiu. August olhou ao redor, e viu Allison chegando ao parque, ligeiramente confusa devido a toda aquela movimentação. Naquele momento, praticamente a cidade inteira se reunia em volta do parque, curiosos sobre o acontecido. Pessoas cochichando, horrorizadas, famílias destruídas por causa daqueles ataques. Então August reparou: famílias. Havia pessoas de todas as idades ali. Jovens, idosos, qualquer pessoa estaria vulnerável andando sozinha à noite. Outra ideia lhe ocorreu. Algo que, enquanto o Plano B ajudaria a encontrar suspeitos, manteria a população segura.

- Smith, preciso fazer um comunicado. – disse August, apontando um pequeno megafone preso à cintura do chefe de polícia.

Smith lhe entregou o objeto, e o detetive chamou a atenção das pessoas que, gradativamente, foram ficando em silêncio para escutá-lo.

- População de Breaken Valley, quero comunicar que, a partir de hoje, haverá um toque de recolher na cidade. A partir das seis da tarde, não será mais permitida a circulação de pessoas nas ruas e estabelecimentos. Um alarme será soado indicando o horário. Apenas policiais terão permissão para sair depois dessa hora. Espero não pegar ninguém descumprindo essa regra.

Ele fez uma pausa, respirou fundo e dirigiu um olhar sério para a população que o encarava com expressões de desagrado nos rostos.

- Quero acrescentar, - continuou – que isso é para o bem e a segurança de todos vocês.

Abriu a boca para dizer uma última sentença, mas repensou e acabou por dar as costas e devolver o megafone ao policial Smith.

Vocês não têm ideia do quanto esse assassino pode ser escorregadio e perigoso. A frase não dita continuava ecoando em sua mente enquanto caminhava em direção à sua filha.


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Notas finais do capítulo

Depois de muito tempo, eu finalmente voltei a postar. o/ o/
Mais uma vez, desculpa a demora, gente. Eu queria poder escrever mais rápido, mas não tenho muito tempo livre agora, e quando tenho, acabo fazendo outras coisas. :P
Espero que vocês tenham gostado desse capítulo (MUAHAHAHAHA Eu não revelei o que a Allison ouviu o Carter dizer), mas no próximo eu revelo, ok? Bjs.



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