Na Velocidade Do Amor escrita por Firefly Anne


Capítulo 2
Capítulo 1




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Na velocidade do amor

Capítulo 1

~*~

Desde muito novo Edward aprendeu que a melhor forma de ignorar os problemas, era adicionando um pouco de adrenalina a seu corpo. Endorfina. A endorfina que o fazia esquecer-se por completo o caos que a sua vida estava nos últimos três anos. A cidade de Barnes, situada a milhas de distância da parte central de São Francisco, Califórnia, não podia imaginar que, àquele horário da madrugada, seis jovens se reuniam em suas motos para uma corrida inebriante.

Ouviu o ronco de um motor e encarou o retrovisor da Yamaha, observando os cabelos negros e esvoaçantes de seu melhor amigo, Jacob Black, afastar uma das mãos do guidão e lhe mostrar o dedo médio. Edward aumentou a velocidade da moto, os números no velocímetro mudando de 60 para 80, de 80 para 100, de 100 para 120 até chegar aos 140 km/h. A sensação que tinha ao receber a brisa daquela madrugada de outono ricocheteando a sua face era única. E, sobre a sua moto, não conseguia nem mais se lembrar de seus problemas familiares. Apenas a adrenalina. E aquela nem era a corrida de verdade; apenas ele e seu melhor amigo, Jacob Black, em cima de suas motos, fazendo uma aposta inocente.

A autoestrada estava deserta a não ser por alguns carros e as várias e diferentes cores e modelos de motocicletas que estavam espalhadas próximas ao acostamento. Edward desligou a Yamaha, pegou as chaves e colocou o molho dentro do bolso da jaqueta de couro. Faltavam trinta minutos para o início da “corrida oficial”.

Caminhou confiante até uma rodinha formada por homens com os mesmos trajes que o seu: botas, calças jeans rasgada e uma camiseta por baixo de uma jaqueta. No centro daquele círculo estava Emmett, o líder das corridas.

— O único que faltava acabou de chegar! — anunciou Peter, um rapaz de Santa Mônica.

— Estão falando de mim? — perguntou Edward, sem nenhum traço de humor em sua voz.

— Pô, cara, você está atrasado! — brincou Demetri, socando levemente o ombro de Ed.

Não estava atrasado. Demetri sabia, Edward também.

— E desde quando há um horário predeterminado? — replicou, erguendo as sobrancelhas.

— Ed...

— Calma aí, pessoal! — interferiu Emmett, percebendo a tensão. — Já estão todos aqui, podemos começar, sem nenhum conflito.

Os outros rapazes se animaram com o decreto de Emmett. Edward, todavia, mantinha-se indiferente a respeito de tudo.

— Está preparado para perder, Masen? — debochou Nico, de Oakland.

Nicolas Law, o Nico, era um homem com a cabeça raspada e dono de um perfil severo e o rival de Edward desde que começara a participar dos rachas organizados por Emmett.

Ignorou a provocação de Nico.

Antes de Edward ser convidado por Emmett para participar de suas corridas ilegais que aconteciam mensalmente em pontos variados da Califórnia, Nico era o atual vencedor. Bom, até Edward aparecer e a sua popularidade desmoronar e ele entregar, contra a sua vontade, o posto de campeão ao Ed.

Os rachas para Edward Masen significava apenas uma coisa: adrenalina. Não estava ali por causa do prêmio, e muito dinheiro sempre estava envolvido!

— Relaxa, Ed! — disse Peter, aproximando-se. — O Nico adora te provocar, mas nós sabemos quem é o vencedor e o perdedor aqui.

Edward sorriu enigmaticamente.

— Olha só se não é o Edward Masen! — Uma voz esganiçada caminhava em sua direção. Abaixou a cabeça e coçou a nuca, querendo não ser notado, mas falhando miseravelmente. Em menos de dois minutos Jane estava à sua frente. — Está fugindo de mim, Eddy?

— Jane.

— Quanto entusiasmo, lindinho. Pensei que ficaria mais animado ao me vir.

Quando a corrida chegasse a seu fim, ia se lembrar de agradecer a Emmett pela inconsciente ajuda, pois quando se preparava para tecer uma resposta mal-educada à Jane, a voz do amigo saíra de um megafone, anunciando aos motoqueiros que se preparassem, porque a corrida começaria em poucos minutos.

— Vai lá e arrebenta, Eddy! — O grito esganiçado de Jane ao invés de incentivá-lo obteve o resultado inverso.

Edward tentou ao máximo não atentar à mulher desnuda quase em cima de sua Yamaha, que alisava o seu peito, tentando passar a sua “vibe” positiva para ele ganhar aquela corrida. Era uma boa quantia em jogo, mas não estava ali, aquela noite, visando o prêmio.

— Quando você vencer esta corrida de merda, nós vamos àquele motel que inaugurou semana passada na Avenida Silver, lindinho?

Edward suspirou. Começava a acreditar que a aparição de Jane era algum tipo de armação de Nico para distraí-lo. Ô mulherzinha irritante! Precisou controlar-se para não chutar a bunda de Jane, se possível, em direção ao Pacífico.

— Não enche, Jane. Não vamos a lugar algum — respondeu Edward, deixando a garota com os olhos arregalados e lacrimejantes enquanto seguia em direção ao amigo, Jacob Black.

Jacob estava montado em sua Kawasaki discutindo um assunto qualquer com Zane e acenou. Edward, procurando se afastar de toda aquela tensão pré-corrida, dirigiu-se para a beira da estrada a fim de fumar o seu cigarro em paz, sem correr o risco de ser perturbado por Jane e seus cabelos queimados do sol, tipo os de uma surfista.

A estrada que escolheram havia sido interditada há três semanas para a construção de um viaduto. Havia cerca de quinze carros estacionados, algumas com o porta-malas aberto em que a voz de Wiz Khalifa e em seguida Lil Wayne saiam de um alto-falante, e inúmeras motocicletas. Encostados ao capô do carro estavam alguns “casais” se beijando lascivamente. Outros aproveitavam para fumar a cannabis entre outras drogas. Aquela noite Edward dispensou as bolinhas e optou relaxar por meio da nicotina.

Não percebera que Zane e Jacob caminhavam em sua direção.

— Ei, Ed! Sozinho, hein, cara — zombou Zane, socando seu ombro. — E você e a Jane... quem diria! Pensei que o famoso deus Masen não aceitasse produtos de segunda mão, e, principalmente, sem algum “selo de qualidade”.

Jane não era uma desconhecida aos rapazes. Era uma verdadeira “Maria Gasolina” e já tinha passado pela cama de todos aqueles homens que ali se encontravam.

Edward deu uma última tragada em seu cigarro, ignorando o comentário do amigo. Ele e Jane não estavam juntos — no sentido romântico, muito menos em outros — nem nunca estiveram. Estivera dormindo com ela nas últimas duas semanas, mas toda a fantasia de estar com uma ex-animadora de torcida já havia chegado ao fim.

Emmett encarou o relógio: três horas da manhã. O horário ideal para acontecer às corridas. Cada um dos participantes seguiu para as suas respectivas motos, aquecendo o motor para o início. Edward montou na Yamaha, sendo logo surpreendido ao ter dedos longos e unhas afiadas o tocando na nuca, puxando-o de encontro a Jane e sendo beijado. Os outros rapazes nas motos ao lado, principalmente Zane, assobiaram com a ousadia e o exibicionismo de Jane.

Emmett estava em pé, no meio de uma linha demarcada como “largada” com óleo. Ao seu lado havia duas mulheres, seminuas, usando apenas shorts e tops. Pareciam que estavam em um ringue e não às vésperas de um racha. A morena ao lado esquerdo de Emmett abaixou-se e jogou um fósforo aceso em cima do óleo, fazendo com que a linha começasse a pegar fogo. Houve o estampido de um tiro — algo que Emmett não abria mão — indicando que a corrida havia começado.

Todas as motos, uma a uma, praticamente voaram. E lá estava ele, Edward Masen, curvado para frente em cima da Yamaha e recebendo o vento forte em seu rosto, fazendo com que seus cabelos cor de bronze voassem com o vento. Houve uma curva e seus joelhos quase rasparam o asfalto. Não havia palavras para descrever a sensação magnífica de estar sobre a sua moto, recebendo toda aquela adrenalina misturada ao perigo de estar a 220 km/h. A linha demarcada para a chegada estava ficando cada vez mais perto. Nico estava a alguns metros à sua frente. Edward aumentou a velocidade e passou por Nico, os pneus da Yamaha tocaram a linha de chegada. Fez um cavalo de pau ousado e desligou a moto.

Seus amigos correram a seu encontro, erguendo-o no ar. Outros começavam a fazer o pagamento de suas apostas. Não importava.

Ele era o vencedor.

[...]

Isabella havia acabado de desligar a chamada; Luna ficaria bem na casa da Sra. Clearwater. Enquanto caminhava até o ponto de ônibus, a jovem estudante de enfermagem tentava acalentar o coração. Assim que acordara na manhã daquele dia, percebera que Luna, sua irmã indefesa de nove anos, estava um pouco febril. Ao deixá-la na casa de Sue Clearwater a senhora lhe garantiu que, caso a febre avançasse para algo mais sério, iria levar a criança ao posto de saúde mais próximo. O ônibus chegou cerca de quinze minutos depois de Isabella chegar ao ponto. Sentou-se nas cadeiras ao fundo e ficou a observar as ruas da cidade — ritual que fazia há dois anos.

A noite estava agradável naquela sexta feira: céu estrelado, calçadas cheias de pessoas circulando por Little Sunset em busca de um restaurante, bar, boate ou qualquer outro estabelecimento que oferecesse distração noturna em São Francisco.

Isabella sempre gostara de observar as pessoas, da janela do ônibus. Por exemplo, naquele momento em que o transporte público estava parado em uma estação, para deixar e buscar passageiros, ela encarava uma mulher falando ao telefone. Ela gesticulava muito, mexendo nervosamente o corpo em todas as direções — como se estivesse à procura de alguém. Mesmo com a janela fechada, Isabella quase podia ouvir os gritos da mulher dirigidos à pessoa do outro lado da linha. Ela podia lançar o palpite de que a observada estava discutindo com alguém; talvez até mesmo não fosse de São Francisco, estivesse na cidade a passeio e a pessoa com quem ela marcou de se encontrar estivesse atrasada. A conclusão de Isabella devia-se ao fato de a mulher ostentar um conjunto de malas de viagens a seus pés e uma frasqueira com estampa de onça, na mão.

Poderia parecer loucura, mas ela gostava de fazê-lo. Isabella às vezes chegava a pensar que devia seguir os frequentes conselhos de sua única amiga e colega de trabalho, Nilley, e mudar o curso de Enfermagem para Psicologia. Não que ela não gostasse do curso, ao contrário; no entanto, Enfermagem não era o número um na lista de “possíveis carreiras para o futuro” que ela fizera antes de concluir o ensino médio. Todavia, os custos para Psicologia eram absurdos em comparação à enfermagem. E, no momento, acrescentar mais dívidas era o que ela menos queria. Já bastava o débito de quase nove mil dólares que precisaria pagar após a formatura.

O ônibus voltou a seguir o seu destino e a mulher ao telefone se afastava cada vez mais. Os olhos dela se fecharam sem a sua permissão, ela se obrigou a abri-los. Ao recostar a cabeça contra o vidro da janela, rapidamente se afastou; ter um encosto se tornava impossível à medida que o ônibus começava a sacolejar. Quando voltou a abrir os olhos, ela reconheceu aquela rua e se preparou para desembarcar.

Desceu em uma parada a cinco minutos de distância da boate Roxy e fez o restante do percurso até lá a pé. A Roxy era localizada na Fortune Street. Como eram 22h00 a rua ainda estava movimentada e havia alguns carros estacionados em frente ao prédio. A fachada da Roxy era bem discreta; com apenas uma placa de letras cursivas e brilhantes com o nome da boate e uma mulher em um pole dance — a peculiaridade da casa que contava com shows de strip tease.

Assim que Isabella chegou em frente à entrada, ela observou várias pessoas em uma fila tentando conseguir a entrada. As sextas sempre eram lotadas; os homens compareciam ao Roxy para apreciar o show de strip tease de Alicia, a stripper mais famosa da casa. Isabella não seguiu para aquela fila, ao contrário, seguiu em direção a uma portinha aos fundos da boate — a entrada dos funcionários.

Ao chegar ao vestiário, ela encontrou Kitty, que também trabalhava na boate, mas como bartender. Kitty não era o seu nome verdadeiro. A mexicana de vinte e cinco anos, pele bronzeada e olhos e cabelos pretos se chamava Guadalupe.

Isabella trocou a calça jeans e o suéter de caxemira por um shortinho de tecido e uma camiseta que deixava a barriga à mostra. Em comparação às outras garotas, estava vestida demais. Nilley poderia confirmar isso, aliás...

— Onde está Nilley? — perguntou Isabella a Kitty, que estava passando uma camada de gloss cor de cereja nos lábios carnudos.

Nilley tem sido a única e melhor amiga de Isabella há dois anos. Conhecera-a quando precisara tirar cópias de uma apostila da universidade, e Nilley trabalhava na copiadora. Encontravam-se no horário do almoço e iam ao Burger King ali próximo. E devia a Nilley seu atual emprego! Isabella precisava encontrar a amiga, do contrário, não conseguiria aguentar trabalhar até às três horas da manhã, sem as milagrosas bolinhas que lhe tiravam o sono.

— Nilley está doente — respondeu Kitty, tirando o excesso do gloss no canto dos lábios. — Você não sabia?

— Hum... não, eu não sabia.

— Rosalie lhe deu o dia de folga, mas... — Isabella a interrompeu abruptamente.

— Você sabe o que ela tem? Nilley está bem?

— Não sei. Me desculpe, Bella.

Kitty concluiu a sua maquiagem e saiu do vestiário deixando Isabella sozinha. Nilley era a sua única amiga no Roxy e a única em quem ela podia confiar. Preocupada com a saúde da companheira de trabalho, Isabella pegou o celular dentro da bolsa para discar uma rápida mensagem para a amiga. Esperou por alguns minutos que uma resposta chegasse, mas não havia nada. A gerente, Rosalie, surgiu no vestiário naquele instante para arrastá-la para fora do banheiro alegando que:

— O salão está cheio e você aqui, brincando de enviar torpedos? Vá trabalhar, Isabella!

Imediatamente Isabella fez o que Rosalie lhe mandou: ir trabalhar. Mas, primeiramente, ela guardou a bolsa dentro do armário e colocou a chave dentro do bolso. Ao sair do banheiro, ela finalmente entendeu por que Rosalie estava tão agitada mandando-a ir exercer as funções presentes em seu contrato de trabalho: a boate não estava apenas cheia, mas lotada. Acreditava que, nos dois anos que trabalhava ali, era a primeira vez que estava tão apinhada.

A boate Roxy era grande, uma das maiores de São Francisco. E era realmente uma sorte ela ter conseguido um emprego ali, como garçonete, às vezes atendente no bar. A sua função variava de acordo ao humor de Rosalie e, se a patroa estivesse em um péssimo dia — como quando o dono, Carson, lhe repreendia — mandava Isabella ir limpar os banheiros.

A música que tocava era comandada por um DJ, um imigrante espanhol muito bonito, mas casado e com três filhas, e o espaço dele era no primeiro andar — próximo à área vip. No térreo era onde ficavam os banheiros ao lado da saída de emergência. Logo aos fundos havia um palco onde as meninas faziam o show de striptease e no centro era lotado de mesas altas com quatro cadeiras.

Nas primeiras duas horas, Isabella estava servindo as mesas no salão — geralmente quem atendia aos clientes da área vip era Nilley.

— Um Dry Martini, por favor, boneca — pediu um cliente no balcão.

Isabella se preparava para fazer o pedido do rapaz, um homem alto, magro e de cabelos e olhos castanhos, quando Rosalie interceptou o seu caminho.

— O que você está fazendo? — perguntou Rosalie.

— O cliente está pedindo um...

— Esqueça — disse Rosalie, interrompendo-a. — Chegaram quatro rapazes na área vip, eles eram sempre atendidos por Nilley, mas aquela vadiazinha adoeceu justamente hoje! Eles são exigentes, Isabella, e você é a única que está... — Rosalie parou abruptamente, percebendo que estava falando demais. Uma das coisas que ela aprendera naquele ramo era nunca elogiar um funcionário mais que o necessário. — Vá logo, atenda aqueles garotos e garanta uma boa gorjeta!

Isabella respirou fundo, tentando organizar os pensamentos.

— Agora! — Rosalie gritou.

Ela estava completamente nervosa; Nilley era quem atendia os clientes mais exigentes da área vip. O temor de Isabella era que o seu atendimento, aos olhos dos rapazes, não fosse satisfatório e, no final, não receber nem mesmo cinco por cento de gorjeta. Isabella caminhou até a área vip e, a cada passo, seu coração batia mais acelerado. No entanto, quando os quatro garotos sentados a uma mesa aos fundos — na área dos fumantes — entraram em seu campo de visão, ela precisou conter um suspiro de alívio.

Os clientes eram Edward Masen, Alec e Paul (ela não sabia o sobrenome deles) e Jacob Black. Ela seguiu até a mesa deles sem demora.

— Boa noite, meninos! — disse Isabella, com o seu melhor sorriso, que se alargou ainda mais ao ver o garoto que estudara no ensino médio e mantinha contato até os dias atuais, sendo sua tutora de Economia. — Jacob. Oi!

Jacob era um rapaz de vinte e dois anos, cabelos e olhos pretos que brilharam ao reconhecê-la.

— Não posso acreditar! Isabella? — disse ele, com surpresa. — O que você está fazendo aqui?

Ele franziu a testa, enquanto a admirava de cima a baixo, estranhando a pouca roupa de Isabella. Na universidade ela não costumava ir com nada menos que uma camiseta ou um suéter e calça jeans, dependendo da estação.

— Eu trabalho aqui — respondeu.

Jacob virou-se a tempo de vislumbrar uma pole dancer no palco, se esfregando sensualmente na barra.

— Não esse tipo de trabalho — explicou, percebendo a confusão de Jacob.

Percebendo a interação entre o amigo e a moça, Alec perguntou:

— Você a conhece?

Jacob virou-se para o amigo e em seguida os apresentou.

Alec, esta é Isabella Swan, nós estudamos juntos, no ensino médio. E é ela quem me dá tutoria de Economia — disse para Alec. — Bella, este bundão aqui é o Alec Dudley. É um imprestável, e está me devendo 50 dólares!

Alec se levantou para apertar a mão de Isabella, e disseram quase ao mesmo tempo:

— Prazer!

— É um prazer conhecê-lo, Alec.

Os três ficaram em silêncio após as apresentações, até que o outro garoto, Paul, sentindo-se excluído, deu um soco no ombro de Jacob.

— Ah, sim, e o idiota ali é o Paul. E aquele outro, com cara de bunda, é o Edward Masen.

Ao contrário de Edward, Paul se levantou para cumprimentar educadamente Isabella. Ela tentou não demonstrar a sua decepção com a indiferença do outro garoto, Edward.

Os quatro garotos não eram totalmente desconhecidos. Conhecia-os da universidade, e, principalmente, a fama de Alec e Edward. O primeiro era conhecido pelas “brigas de ruas” e por ser um imã para confusão, que certa feita resultou a passar duas noites na cadeia, no entanto, por causa da influência de seu pai — um famoso empresário na Califórnia — e por ser réu primário, fora liberado sob a pena de fazer trabalhos comunitários aos sábados durante três meses.

Edward, em contrapartida, mesmo sendo “durão” a sua fama não era a de socar a cara das pessoas; ele e outros rapazes de cidades próximas a São Francisco costumavam, três vezes ao mês, participar de corridas ilegais de moto em áreas isoladas da cidade.

Isabella estava tão absorta em seus pensamentos que quase pulara de susto ao ouvir a voz dura e sensual de Edward lhe questionar:

— Onde está Nilley?

Ela se virou para ele, os olhares se encontrando por uma fração de segundo, e respondeu:

— Nilley não pôde vir hoje. Eu serei a atendente de vocês, se não se importarem.

— Claro que não! — disse Jacob.

Tão gentil... Uma pena que essa qualidade não aplicasse a Edward Masen.

— Certo — respondeu Isabella. — O que vocês vão beber hoje?

Os rapazes fizeram os pedidos, com exceção de Edward. Com a recusa dele, ela já tinha certeza de que não receberia uma boa gorjeta ao final. Jacob tentou puxar assunto, mas Isabella precisava partir.

— É melhor eu ir buscar logo as bebidas, antes que Rosalie venha me questionar a razão de eu estar demorando tanto.

E com aquela justificativa, ela se afastou indo em direção ao balcão para preparar as bebidas, mesmo com as mãos trêmulas. Enquanto fazia o caminho até o bar, pensava em Edward Masen. Todo o campus da universidade de São Francisco conhecia a fama de Masen e, mesmo não fazendo parte do fã clube das meninas que o adoravam como se ele fosse o próprio Colton Haynes, o ator que fora eleito o homem mais sexy do mundo pela revista Glamour. Edward fazia muito sucesso com as mulheres, mas também era seletivo com as garotas as quais ele levava para a cama — ou garupa da moto ou o banco de trás do carro.

Naquele momento tudo o que Isabella mais gostaria era de buscar a mochila no almoxarifado e ir para casa. Mas, ao encarar o relógio dentro da adega quando fora buscar as bebidas, constatou que faltavam exatamente quatro horas para o expediente terminar. Todas as sextas, sábados e domingos ela trabalhava em uma casa noturna no centro de São Francisco. Não era o seu emprego dos sonhos, mas recebia o suficiente para conseguir sustentar um pai alcoólatra e uma irmã de nove anos.

Os homens fedendo a cerveja barata e maconha a deixavam constantemente enjoada, sempre que esbarrava em algum deles. E quando acontecia, Isabella prendia a respiração para não sentir o odor insuportável da mistura entre droga e álcool.

— Olá, gatinha — disse o Bêbado Número Um que cruzou o seu caminho.

— Com licença — pediu Isabella, educadamente, prendendo a respiração. Ao tentar afastá-lo, o bêbado a segurou pelo antebraço, forçando Isabella a voltar e colidir seu corpo com o dele.

Mesmo trabalhando há dois anos naquela casa noturna, tendo que lidar com homens bêbados e excitados, ela já deveria estar acostumada àquela tensão sexual que permeava o ar. No entanto, Isabella não estava acostumada e nem gostaria de estar. Nunca.

— Não torne isso mais difícil, gatinha. — Ele voltou a dizer, segurando-a fortemente na cintura e fazendo-a sentir seu membro em sua barriga. Isabella sentiu vontade de vomitar todo o almoço naquele instante.

Estava preparada para pisar em seu pé ou acertar o joelho contra o membro dele, mas nada disso foi preciso. Em um momento ela estava presa entre os braços do Bêbado Número Um, e no outro, ele estava caído ao chão e com o nariz sangrando. Ela se afastou dele o máximo que pôde e, só então, percebeu que a música não estava tocando mais; estavam todos em silêncio e chocados com a cena do Bêbado Número Um gemendo e tentando limpar o sangue do nariz, enquanto Edward Masen chutava a cara do bêbado e se afastava, como se nada tivesse acontecido.

Ele não perguntou se Isabella estava bem; apenas se afastou.

Continua...


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Notas finais do capítulo

Olá!
Se você leu até aqui, por favor, deixe-me saber se gostou ou não.
Sua opinião é muito importante para mim!

Beijos!



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