Find Me and Stay [Hiato] escrita por soulsbee


Capítulo 21
Em busca da felicidade - I


Notas iniciais do capítulo

"Tudo o que precisamos é de um minuto de loucura para fazer tudo aquilo que tinhamos medo de realizar... "

Esse capítulo é razoavelmente grande, pois estamos chegando na reta final da história, agora, trazendo um pouco mais sobre o "ritual" da cidade e colocando ideias na cabecinha de vocês, entretanto, antes de se preocuparem com toda essa loucura, Dean está prestes à se reencontrar Claire após muito tempo e prometo compensar toda a saudades do casal oferecendo um capítulo digno!
#Notas finais



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Ellie não dormiu, por nenhum segundo sequer ela me deu paz e parou para descansar. Ela estava decidida a ir ver Sidney no final da tarde como uma outra despedida antes de irmos para bem longe daqui. Não entendia o porquê ela não vinha junto e acaba logo com esse drama, mas, tudo bem, ninguém daqui é compreensível, nem mesmo Derek. Ele era terrivelmente confuso, estranho e vivia pelas aparências, era frustrante a sociedade da atualidade.

Pelo fato de não termos dormido, ela e eu arrumamos nossas malas para poupar o trabalho no dia seguinte e passar o tempo. Ellie colocou roupas o suficiente para passar poucos dias no Oklahoma enquanto eu descarregava o guarda-roupas dentro da mala, afinal, pretendia ficar por tempo indeterminado lá, reorganizara matricula para outro colégio, terminar os estudos, fazer literatura e exercer a profissão que eu mais gostava sem ninguém falar o que eu devia ou não fazer. Vocês não pensaram que eu realmente queria ir para lá por culpa de Claire, pensaram?

O Sol já surgia no horizonte, lindo e resplandecente, anunciando o inicio de mais um dia, entretanto, ainda era possível ver a lua minguante no céu, desaparecendo conforme amanhecia. Uma leve brisa batia contra as arvores da casa e balançavam o sino da varanda fazendo um som calmo. Era uma típica manha de outono que, por sinal, estava prestes a acabar dentro de pouquíssimos dias.

– Você acha que vai dar tudo certo...? – Perguntou Ellie deitada na cama, com os braços atrás de sua cabeça a apoiando enquanto ela olhava para mim.

– Se não der, temos o plano B... – Eu estava olhando pela janela, observando o jardim seco, com folhas secas cobrindo o chão e outras sendo carregadas pelo vento.

– Qual seria esse plano? – Precisava me esforçar para prestar atenção no que ela falava, pois estava exausto e concentrado demais em meu mundo que não dava atenção direito para esse mundo.

– Correr, se esconder, fugir... Coisas do gênero – Dei de ombros. Se algo der errado, tente de novo, mas sem ser capturado, é claro.

– Ótima saída... – Debochou ironicamente. Apenas a ignorei, mantendo-me focado na paisagem a minha frente, deixando algumas emoções fluírem pelos meus poros e uma tristeza momentânea tocar o canto mais profundo do meu coração.

Peguei meu caderno de anotações em cima da mesinha de trabalho, ao lado da janela, uma caneta e o abri, em uma página qualquer, escrevendo algumas coisas que surgiam em minha mente, rapidamente e precisamente.

Pobre coração amedrontado que foges da realidade por medo de se surpreender. Não suporta sinceridade nem o duro fardo de tudo ter mudado, apenas crê no seu mundo particular e perfeito onde ninguém sofre e o impossível é alcançado.

Não adianta tentar mudar o que aconteceu, tampouco implorar pelo passado. Tudo acabou no momento em que você se recusou a seguir em frente e aceitar o mundo horripilante no qual fomos introduzidos.

Tanto desejou crescer e ser livre, mas nunca pensou que tais maravilhas exigiriam muito em troca. A inocência de não saber o certo e o errado, a liberdade de não amar e sofrer por alguém. A única dor que sentia era de ter uma parte do corpo machucado e de nunca ter que dizer adeus ou fazer escolhas difíceis... Pobre humanidade que almeja poder fazer tudo e no final não ter nada.

Olhei para aquele papel, relendo o que havia escrito com certa admiração por ter feito algo tão expressivo quanto aquilo. Meu talento estava melhorando aos poucos e escrever com o coração sempre me revelou os melhores textos, era isso o que eu queria fazer. Escrever. No fundo da minha alma sentia que, em algum lugar por ai, alguém precisava ouvir ou ler algo que o ajudasse a seguir em frente e eu queria poder ajudar essa pessoa, pois sabia como é ficar perdido em um mundo próprio sem saber com quem contar, pois sabia como doía se frustrar por poucas coisas e desistir pelo medo de arriscar.

Meu pai, um dia, encontrou esse caderno e leu os textos, ele quase me matou me dando cintadas, falando que era coisa de gay ou de quem fumava maconha. Ele nunca levou a serio a literatura, apenas respeitava os grandes escritores da idade média, pois eles, eles eram os fodas e ninguém mais poderia ser como eles. Ou seja, eu era um babaca com um sonho ainda mais ridículo de tentar expor minha opinião, pelo meu ponto de vista, e sonhar em ajudar alguém. Egoísmo, isso o definia.

– Eles estão saindo! – Ellie disse ao ouvir o som do carro de seu pai – Mais alguns minutos e Derek vai sair para buscar sua “ficante” – Ela estava saltitando de ansiedade e medo, chegava a ser hilário, pois ela parecia uma criancinha de sete anos aprontando.

– Calma... Vamos aguardar mais uns minutos... – Resmunguei ainda focado em meu caderno, escrevendo mais algumas palavras aleatórias que surgiam em minha mente.

– Já são 13h00min! – Respondeu inconformada. Fiquei tão imerso naquilo que não me dei conta de como as horas passaram voando diante de meus olhos. Esse era o bom de se dedicar a algo... Não sentir o tempo passar...

– Vamos esperar ele ir pegar a namorada dele e, logo em seguida, saímos! – Inconscientemente, a resposta saiu mais rude que o necessário. Detestava estar no meio de algum pensamento e alguém me atrapalhasse.

– Eu estou indo! – Deu de ombros, irritada, pegou sua mala e saiu do quarto batendo a porta.

– Apressada. – Bufei jogando meu caderno dentro da mochila de mão que carregaria no aeroporto, peguei minha mala e segui para fora do quarto, andando sorrateiramente pelas escadas. – Onde pensa que vai sem mim? – Perguntei olhando-a jogar suas coisas no porta-malas do carro de sua mãe.

– Atrás da Sidney! – Afirmou com toda certeza possível. Ela tinha atitude e era uma ótima qualidade.

– Vamos, eu dirijo... – Murmurei jogando minha única mala junto das suas e entrando no veículo, atrás do volante. Aguardei-a sentar-se em seu lugar e fechar a porta com um meio sorriso torto.

Passamos a viagem em silencio, ao menos, eu tentei me manter em silencio e ignorar os comentários apreensivos de Ellie pensando se iria encontrar Sidney, se ela estaria lá, se ela gostaria de vê-la e coisas assim. Estava um pouco insuportável, ainda bem que a escola não era tão longe e já estávamos chegando.

– PARA! – Gritou exasperada me fazendo pisar fundo no acelerador e fazer o carro “morrer” naquele exato momento.

– O que foi caramba?! – Perguntei apavorado religando o veiculo e o estacionando no acostamento, mas, antes que pudesse parar por total, Ellie já havia saído dele e corrido para o outro lado da rua ao encontro de Sidney.

– O que você está fazendo aqui?! - Ouvi-a perguntar furiosa. Queria ir até lá, mas iria atrapalhar na conversa e não estava a fim de levar mais nenhum coice. – Entra naquele carro agora! – Ela gritou apontando para a minha direção, ordenando Ellie a voltar.

– Eu só queria te ver... – Choramingou fazendo Sidney se arrepender do tom de voz que usara anteriormente.

– Você não deveria ter feito isso... – Murmurei se aproximando da garota. Ela podia ser a pessoa mais insensível e fria, aparentemente falando, mas Ellie parecia quebrar todo o gelo dessa garota, tornando-a doce e meiga. Estranho.

– Só me de boa viagem... – Pediu com um meio sorriso no rosto, quase caindo do meio fio da calçada.

– Boa viagem linda... – Disse fechando os olhos e se aproximando de Ellie lentamente, segurando seu rosto em suas mãos e tocando seus lábios brevemente, se afastando e voltando a olha-la no fundo dos olhos. De longe, eles pareciam estar marejados e ela parecia estremecer só com a ideia de vê-la longe. Nunca havia visto esse lado de Sidney, o lado apaixonado. – Cedo ou tarde... – Murmurou – Cedo ou tarde tudo dará certo... – Ellie então não se controlou, puxou Sidney para si beijando-a avidamente, provando seus lábios como se fosse a ultima vez que os fosse ter. Sidney passou as mãos pelos cabelos de Ellie, bagunçando-os conforme retribuía antes de se forçar a se afastar dela com um olhar vazio e frio. – Vá... – Pediu sem forças.

– Eu te amo... – Sussurrou tirando suas mãos da morena, deixando-as cair como se seu mundo acabasse ali. Ellie deu alguns passos para trás, olhando para sua namorada uma ultima vez antes de virar as costas e voltar para carro.

– Eu também te amo – Disse quando ela entrou no veículo, tomando o lugar do passageiro e afundado o corpo no assento.

– Vai ficar tudo bem... – Sussurrei girando as chaves e voltando a dirigir para a rodoviária.

A pista estava vazia, alias, aquela cidade parecia morta, sem nenhuma alma sequer para contar historia. Estava estranho, ela era pequena, possuía poucos moradores, mas não era a melhor explicação para aquele “deserto”. Às sextas feiras, era possível ver moradores indo e vindo da cidade vizinha a qualquer hora do dia. Entretanto, por quilômetros existiam apenas nós.

– Conte-me mais sobre aquele... Ritual... – Pedi, tirando a garota de seus mais profundos pensamentos.

– São só historias... – insistiu, mantendo a cabeça encostada na janela.

– Por favor...

– Tínhamos uma história de terror... Nossos avós contavam... – Começou aceitando meu pedido e, aparentemente, prestes a detalhar mais do que aquela breve explanação na noite anterior. – Que a cidade nunca teve frutos, era uma terra seca, então, em um dia, um dos moradores prometeu trazer prosperidade se fizessem o que ele pediu... – Ela mantinha seu olhar no asfalto, observando as pequenas gotículas de água que começaram a cair do céu, escorrerem pela janela. - Eles precisavam de um dos herdeiros da família mais nobre da cidade para oferecer em sacrifício... Mas essa pessoa precisava ser pura... – franziu o cenho como se remexesse em memorias apagadas – então ela seria oferecida em sacrifício no 6º dia do 6º mês do 6º ano... – Ela deu um sorriso irônico por culpa dos números 666. Foi impossível não fazer o mesmo que ela – Então, assim eles o fizeram... A levaram para o meio da floresta e a amarraram em uma cruz, sobre uma fogueira gigante, aquele homem estranho rezou algumas palavras e colocou fogo nela... – Suspirou profundamente, com os pensamentos distantes, colocando o indicador no vidro, traçando um dos caminhos de umas das gotas que nele escorriam.

– E nós estamos chegando nesse dia... – Observei ao me dar conta de que estávamos no dia 4 de junho... Estranho, a cidade estava tão calada, Sidney se apavorando... – Seu pai é “famoso”... – Estava tentando ligar as peças e não estava gostando do rumo que a historia estava tomando.

– Pode até ser – Soltou uma leve risada irônica – mas eu não sou pura – Sorriu torto, mordendo o lábio inferior ao imaginar um pensamento impuro.

– Mas eles não sabem de você e Sidney... – Fiz essa observação atraindo o olhar de Ellie para mim. – E ela queria tanto que você saísse da cidade... – Joguei algumas evidencias do meu pensamento para cima dela e ela me fitou, pelo retrovisor do carro, preocupada.

– São só historias... – Reforçou.

– Todas elas tem um fundo de verdade... Um escritor nunca escreve apenas por escrever... Ele sempre tem uma inspiração, por menor que seja... – Disse. Eu sabia como era isso, sabia como funcionava, afinal, havia escrito dois livros, só não os publiquei por ser um total idiota, com medo do pai e com medo de não ter o mínimo sucesso que desejo.

– Dean, pare com isso, ok? – Pediu assustada – Eu não quero ser queimada! – Ela franziu o cenho ainda mais, pensativa, mexendo a boca sem fazer som algum. Ela murmurava em silencio, criando, talvez, uma teoria parecida com a minha.

– Tudo bem, comprovaremos essa teoria se a cidade secar – Dei de ombros, tentando parecer indiferente, mas assustando ainda mais a garota que, agora, abraçava seu próprio corpo, cravando suas unhas ao redor de si. – Relaxa – Ri ao ver aquela cena engraçada. Ela parecia ter entrado em estado de choque, com os olhos arregalados e pálida, só faltava soar frio. – Estamos chegando! – Disse em total êxtase, quase quicando no banco do motorista ao ver a rodoviária há alguns metros dali, com alguns ônibus estacionados em seus respectivos pontos, carregando seus passageiros enquanto os motoristas colocavam as malas no compartimento ao lado direito do gigante veículo. Ellie apenas se forçou a um mero sorrisinho, ainda tensa.

Girei o carro na esquina, deixando-o um pouco afastado do estacionamento da rodoviária, na tentativa de camufla-lo e atrasar um pouco a policia quando fossem alertados do nosso desaparecimento. Desliguei o motor e sai do carro, indo até o porta-malas e pegando nossa bagagem, colocando-a a meio fio, na calçada.

– Vá até o ônibus que eu vou atrás das passagens... Não deixem ver direito seu rosto então coloque sua touca... Está chovendo, não vão estranhar – Explicou o que queria que eu fizesse. Tudo bem que, essa parte, quem faria era eu, entretanto, ela foi uma ótima líder naquele instante.

– Tudo bem... – Assenti – Vá na frente... – Sentei-me sobre uma das malas, observando-a vestir a touca de sua camisa e caminha para a rodoviária. Fiz o mesmo, puxando a minha touca para me proteger da fina garoa, enquanto aquecia uma mão na outra as esfregando e soprando um ar quente. Peguei meu celular no bolso da minha jaqueta e disquei o numero de Claire, aguardando atender.

– Oi... Preciso que você arrume um apartamento ou qualquer lugar onde eu possa morar por algum tempo. – Pedi logo de cara, deixando de lado toda a formalidade de perguntar como estavam as coisas e como ela estava como sempre fazia ao telefonar para ela.

– Você está vindo? – Perguntou em êxtase, prestes a dar alguns gritinhos com a noticia.

– Sim, mas não deixe ninguém saber! Por isso estou pedindo para você alugar algo para mim, de preferencia, em um hotel qualquer há umas dez quadras da sua casa. – A casa dela não era tão longe da minha, mas era o suficiente para me manter bem afastado da minha mãe e da maioria dos alunos da minha antiga escola.

Vou fazer isso amanhã mesmo! – Deixou um gritinho histérico escapar. Não controlei o sorriso, junto da leve risada que surgiu – Hey, não tem graça! – Resmungou.

– Eu sinto sua falta... Nerd... – Sim, definitivamente, eu era um bobo apaixonado.

– Também sinto sua falta, praga – Murmurou do outro lado da linha. – Te amo – Ronronou. Meu coração sempre parava quando ela falava aquilo e voltava a bater forte, sempre me sentia entorpecido com aquelas palavras.

– Eu também te amo... – Muito mais do que você imagina... – Agora preciso desligar antes que desconfiem... Em breve estarei ai, então preciso de tudo organizado logo, sem erros... Ok? – Informei-lhe o básico do básico esperando-a confirmar.

– Ok... Boa noite... – Disse sussurrando e logo após desligando o telefone. Provavelmente, seu pai estava perto, pois ela sempre falava assim comigo quando alguém se aproximava.

– Boa noite... – Respondi, mesmo ela não podendo me ouvir. – Eu estou chegando... – Sorri com a ideia cada vez mais próxima...

Eu tinha sonhos, como uma criança qualquer na pele de um adolescente... Acreditava ser capaz de o mundo conquistar... Pobre e doce ilusão... Eu estava amargurado e sem uma saída, apenas escrevia para me sentir inteiro... Eu amo e amar me torna idiota... Eu deixo e deixar me traz arrependimento... Talvez amar seja isso... Dar o seu máximo enquanto durar, sofrer, se reconstruir e dar o seu máximo novamente, pois ninguém é culpado pelas suas dores do passado...


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Meio macabro, não é mesmo? E a Ellie parece estar envolvida diretamente nisso, mas enfim, não iremos retratar isso agora, pois eles estão fugindo e ela não corre risco nenhum... E, no próximo capítulo, se tudo der certo, trarei o encontro tão esperado para você!

Agora, gostaria de falar que a história está quase no fim, ainda falta um pouco, mas já estou avisando e, relendo-a aqui, percebi que faltaram alguns capítulos para torna-la mais completa, por isso, irei publicar capítulos adicionais no decorrer da semana que entra e editando alguns que já foram feitos, mas ficaram muito pobre em história... Se quiserem reler o 1 e o 2 já foi atualizado e está fresquinho com alguns novos detalhes e descrições...

Recado dado, não deixem de comentar o que acharam e, aos anonimos, não tenham medo, eu não mordo e adoro vocês



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