Find Me and Stay [Hiato] escrita por soulsbee


Capítulo 22
Em busca da felicidade - II


Notas iniciais do capítulo

"Nós tomamos caminhos distintos e esperamos que tudo de certo, quando tudo desmorona de uma só vez. Desejamos então voltar para trás e recomeçar, mas não podemos, sendo assim, aceitamos a frustração e seguimos em frente esperando, em uma curva qualquer, encontrar uma saída que nos mantenha vivos...”
— Notas Finais -



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A luz branca do terminal rodoviário revelava com clareza as gotas de água que caiam com força naquele momento. O sereno sutil e típico daquele estado se tornou uma garoa fina e pesada que anunciava uma chuva forte a qualquer momento.

Ellie regressou e me retirou dos meus devaneios com Claire, entregando uma passagem para mim e seguindo para a entrada do ônibus. Segui-a logo atrás entregando nossas malas para o motorista que as ajeitou no compartimento lateral do veículo com um sorriso forçado tentando parecer gentil, quando seus olhos revelavam um tédio e cansaço mortal por estar realizando mais uma viagem exaustiva de quase sete horas até o Aeroporto Internacional de Medford.

Segui para dentro do ônibus, subindo os três degraus antes de atravessar a portinha que separava os passageiros do motorista e procurar por Ellie que já se aconchegava na poltrona 35, quase a ultima fileira do lado esquerdo. Segui até lá tomando o máximo de cuidado por onde pisava e desviando de alguns passageiros que ainda se acomodavam em seus respectivos assentos guardando sua mala de mão no compartimento logo acima.

– Ficou na janelinha, safada! – Resmunguei tomando meu lugar ao seu lado.

– Claro, ou você acha mesmo que eu ia perder isso? É minha vez de imaginar minha vida ouvindo uma boa musica, indo para algum lugar enquanto a chuva fina lá fora descreve todo meu interior. – Disse utilizando um pouco do clichê do drama em seu tom de voz.

– No avião a janelinha será minha – Adiantei-me antes que ela roubasse o meu lugar lá também. Ela deu de ombros, colocou seus fones no ouvido e encostou a testa na larga janela do ônibus fitando a rua lá fora.

Peguei meu caderninho no bolso do meu casaco, puxei a caneta que marcava a ultima pagina e comecei a fazer alguns rabiscos, aguardando algo que viesse em minha mente e me ajudasse a escrever.

O motorista havia ligado o motor do ônibus quando tive algumas ideias e comecei a escrever sem parar, pouco me importava como minha letra saia – mesmo que, na maior parte do tempo fosse um itálico impecável – o que importava era passar a ideia para o papel antes que fugisse da minha mente.

Um suspiro... Um olhar, um momento, um sentimento... Dores são passageiras assim como a alegria de um ser. Nada é eterno, tampouco sentimentos. Raiva passa assim como a harmonia. Paixão desaparece, assim como o ódio que nos domina.

A vida é feita de momentos, sensações, alegrias e tristezas, sorrisos e lagrimas... Paixões e ódios. Temos isso aos montes e até nos cansamos. Entretanto, o amor verdadeiro acontece apenas uma vez e muitas pessoas o perdem por não saber reconhece-lo...

É talvez essa fosse uma das minhas outras perguntas... O amor verdadeiro... Mas sabe de uma coisa? Quando ele aparecer, não vou deixar ele ir embora... Seja quem for... Pode não ser Claire como pode ser, como terei certeza se nunca tentar? Só cansei de tantas desilusões... Tantas dores e frustrações... Não aguento mais achar que tudo vai ser diferente e sempre acabar igual... Porque eu só queria uma chance pra provar que tudo pode dar certo, mas nem sempre é assim...

Fechei o caderno e peguei meu celular colocando meus fones de ouvido e deixando o modo aleatório das musicas fazerem o resto do serviço. Recostei minha cabeça no encosto da poltrona, fechei os olhos e deixei cada acorde e solo invadir minha alma de um jeito único, arrepiando-me a cada palavra proferida. Musica boa é o melhor remédio...

Olhei para fora por alguns instantes, focando-me nas fortes ondas que batiam contra as roxas com violência, rompendo o silencio daquela cálida noite. Mesmo com os fones, conseguia ouvi-las com clareza e, apesar daquele oceano transmitir com clareza meu interior, um interior repleto de tristeza e dor, era algo lindo de se ver... Pois a força que levava as ondas para frente, era a mesma que as carregavam para trás... A dor que invadia meu ser nocauteando-me por completo tinha o mesmo poder quando ia embora. Podia machucar quando vinha, mas trazia paz quando ia...

Os ponteiros do meu relógio de pulso passavam rapidamente, pareciam seguir a mesma velocidade dos pneus do ônibus, porém, mesmo cada vez mais próximo, parecia que não chegaríamos nunca e minha ansiedade aumentava ainda mais. Queria conversar com Ellie e me distrair, tentar focar em algo que me distanciasse um pouco de tudo o que estava acontecendo, mas ela havia dormido há algum tempo atrás ou realmente estava bem imersa na musica que ouvia.

Afundei-me em meu lugar, respirando fundo enquanto minha perna direita balançava freneticamente de um lado para o outro deixando bem claro meu estado critico de impaciência. Devo ressaltar que odiava essas crises pelo simples fato de começar a enjoar e ficar com a respiração falha.

Algum tempo depois, abri os olhos meio atordoado com as luzes do lado de fora. Não fazia a menor ideia de onde estávamos aparentemente havia cochilado repentinamente, mas o engraçado era que, mesmo assim, meus pensamentos não me deixaram em paz, dando a entender que permaneci acordado o caminho todo, porém, obtive a prova de ter adormecido ao ver uma estrutura enorme no horizonte de onde levantava pouso um avião de voo comercial.

Algumas placas indicavam entradas para o aeroporto, estávamos há pouco mais de 15 km de distancia do nosso destino. Sentia meu coração palpitar mais rápido a cada quilometro rodado aguardando impacientemente para descer daquele ônibus, pegar as malas e correr para comprar nossas passagens.

Cutuquei o braço de Ellie algumas vezes tentando acorda-la e não demorou muito. Ela balançou a cabeça para o lado direito, molenga, abriu um pouco os olhos, olhou para mim, piscou algumas vezes antes de esfrega-los com as costas de suas mãos e os abriu por completo.

– Chegamos?! - Perguntou meio sonolenta e com a voz rouca, porém, era perceptível o toque de animação.

Quase... – Minha resposta saiu em um tom de sussurro desacreditando que estava prestes a fazer algo como aquilo.

Talvez eu precisasse de algum motivo e um empurrão para ir para lá. Bom, Claire era o único e real motivo e o empurrão foi Becky me incentivando e a necessidade absurda de Ellie sair da cidade. Foram os fatores necessários para conseguir chegar até aqui e, em horas como essa, acredito que o destino nos guia por todas as suas curvas turvas, nós apenas decidimos se vamos ir pelo caminho mais fácil ou complicar um pouco e pegar falsos atalhos.

Passamos por alguns portões antes de pararmos em frente ao aeroporto. Ellie e eu fomos os primeiros a descer do ônibus e a parar na frente do bagageiro do mesmo esperando o motorista descer para abrir o compartimento e nos entregar nossas malas.

O motorista cambaleou um pouco ao tocar o asfalto. Ele esticou suas pernas e seus braços, agradecido por ter terminado aquela longa viagem, mas logo soltou uma forte lufada de ar ao saber que o trabalho ainda não estava concluído.

Ele caminhou até a lateral do veículo, abriu o cadeado que protegia nossos pertences, retirou várias malas de uma só vez colocando-as no chão a sua frente e os passageiros logo foram para cima recolher seus pertences, ignorando os princípios básicos da educação e esbarrando em mim e em Ellie, quase nos derrubando.

Peguei nossas coisas e marchei em passos largos para dentro do aeroporto ignorando e atropelando todos que se colocavam a minha frente. Estava com pressa para chegar à fila para comprar as passagens, afinal, fora o ônibus que eu estava, existiam mais três de cidades vizinhas, que descarregavam uma remessa enorme de passageiros.

Entrei na fila o mais rápido possível, agradecido por ter apenas mais duas pessoas na minha frente, sendo assim, não demorou mais do que meros minutos para eu ser chamado ao guichê 05.

Segui para o mesmo com um sorriso no canto dos lábios, entregando meus documentos e informando que queria duas passagens para o Oklahoma. Na hora dela entregar minha passagem não tive problema nenhum, entretanto, quando foi à vez de Ellie, ela pigarreou, olhou no fundo dos olhos dela e disse.

– Mocinha, você não tem idade para isso. – Ela disse empurrando os documentos de Ellie para ela. Merda, isso é sério? Tinha me esquecido que eu já havia completado 18 anos logo que havia me mudado para o Oregon, uns três meses atrás, mas Ellie tinha 16!

– Eu tenho a autorização dos meus pais para ir viajar para o Oklahoma com ele. – Ela apontou para mim e entregou um papel para a atendente que torceu seus finos lábios rosados em duvida.

– Hã... Me desculpe... Está tudo certo... – A loira então entregou a passagem para Ellie e informou o valor total. Eu peguei o dinheiro contadinho na minha carteira e entreguei para ela, aguardei-a conferi, entreguei minhas malas, esperei ela colocar a etiqueta e nos liberar e então seguimos para o portão 03.

– Como você conseguiu? – Perguntei baixinho para Ellie ao nos aproximar do nosso portão de embarque.

– Sidney – Disse objetiva com um sorriso bobo no rosto.

– Ah, a garota incrível – Fui meio sarcástico ao dizer isso, levando então um soco leve no braço e rindo baixinho junto de Ellie.

Um segurança enorme, daqueles que parecem trabalhar no FBI, pegou nossas passagens e documentos, olhou um pouco desconfiado para Ellie, mas logo nos deixou entrar na sala de espera para aguardarmos sermos chamados para o nosso voo.

Uma vez ali, não tinha como voltar atrás. Nossos pais iriam enlouquecer e nos matar quando descobrissem isso, mas eles não saberiam onde exatamente estaríamos então tinha quase certeza que tudo daria certo, mas o melhor de tudo naquilo era que, finalmente, eu estava voltando para casa.


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Notas finais do capítulo

Eu sei, estou demorando para atualizar, mas tive alguns problemas e não vou mais dar desculpa, quero avisar que, quando possível, sempre estarei aqui trazendo mais um capítulo novinho para matar a saudades que vocês sentem deles.
Espero que estejam gostando do rumo que a história está tomando e o que está acontecendo nesse universo caótico.
Até a próxima :P



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