O corpo de Nath ficou momentaneamente tenso, mas ele logo colocou os braços ao meu redor. Eu suspirei, fechando os olhos e ignorando as vozes.

-July. 

-Sim?

-O que é? Você tem que me contar o que tá acontecendo. -Ele murmura perto da minha orelha.

Eu sabia que eu tinha que afastá-lo agora para não fazê-lo sofrer, mas não podia aguentar a ideia de não ter absolutamente nada em que me segurar.

Eu suspirei, segurando a mão de Nath. Ela era fria e com dedos longos, muito diferente da qual eu já estava acostumada a segurar.

-Olha, ontem aconteceu uma coisa... trágica. -Digo. -Meu pai... Ele e minha mãe se separaram e me fizeram acreditar que era minha culpa quando eu ainda era uma criança. Desde então eu prometi nunca mais acreditar que amor existia. Podem existir casinhos, paixão, paixonites. Mas amor não, entende? 

Ele assentiu levemente.

-Bem, -Continuo. - ontem eu estava naquele clube com um garoto. -Ele suspirou e meu lábio tremeu, como se eu fosse chorar de novo. -Eu descobri que não quero ficar com mais ninguém, Nath. Mas eu não consigo suportar...

-A falta dele. -Nath completa.

Eu o fito, as lágrimas mornas se formando.

-Sinto muito por te arrastar nessa história. 

-Não tem problema. Eu estou aqui te abraçando. Não há nada melhor que eu poderia estar fazendo. -Ele diz.

Eu suspiro.

-Não vou me envolver com você, Nath. Não desse jeito. -Murmuro. 

-Por enquanto só estar aqui basta, certo? Gosto de fazer as pessoas felizes.

Assenti com a cabeça, pensativa. Eu não queria sair dos braços de Nath, mas ao mesmo tempo me sentia uma pessoa suja neles. Era estranho porque ele era tão adorável que ninguém jamais poderia o associar à algo sujo. Mas eu era. Por estar ali com ele quando não deveria. Depois de praticamente falar à Rick que eu não ficaria com ninguém.

Eu me levantei com dificuldade e puxei Nath para fora da varanda.

-Está de short de nadar? -Digo, enxugando o nariz.

Nadar era a única coisa que me acalmava de verdade e eu planejava de verdade recuperar minha sanidade.

Ele ergue as sobrancelhas.

-Que sorte, hein Lagoon? -Ele diz, indicando o short que usava.

-É. Eu vou me trocar. Fique por aí. -Digo, subindo as escadas.

Assim que chego em meu quarto ligo meu celular em uma música qualquer para ao menos ouvir algo se não à mim mesma.

Vesti um maiô preto e por cima uma camiseta bem larga, do tipo que eu realmente amava. Coloquei um short pequeno e sai do quarto. Logo retornei ao cômodo em que estava com Nath. Estava sem camisa. Os músculos dele eram impressionantes, traçados de forma clara sob os ossos. Sacudi a cabeça me lembrando que isso funcionava para me livrar do transe.

-Linda, Lagoon. -Ele diz, segurando minha mão. 

-Nath. -Digo e ele me solta com um suspiro.Houve uma breve pausa. -Está lindo também. -Digo por fim.

Ele sorri largamente. Quando finalmente chegamos à pequena piscina no quintal da mansão, sem trocar uma palavra no caminho até então, Nath me carrega com uma facilidade assustadora.

-Me solta! -Grito. -Sério!

-Não vai te matar. -Ele diz, me colocando bem em cima da água. Eu balanço as pernas freneticamente por instinto e me prendo nele.

-Não, por favor, Nath. Estou em pânico!

Ele ri alto e pula na água. Comigo ainda nos braços. Emergi da água como um gato molhado faria, batendo as mãos, dando tapas na água. Ele levanta, ainda me segurando e me levantando automaticamente. Meu tronco deu um pulo para frente fazendo com que eu minha boca ficasse à centímetros da sua. Eu sabia que era proposital e o sorriso que ele abriu não tornava aquilo mais discreto. Ele puxou meu rosto com o polegar, acariciando-o e o trazendo para perto.

-Nath... -Digo, ele me ignora. -Nath, me solta. 

-Só... fica parada. -Ele sussurra.

-Ela disse...