Paradoxo Temporal: A Origem De Ginmaru escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 25
Separação definitiva?




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Corria sem direção, escondendo-se em qualquer canto de Edo. O seu único objetivo era encontrar seu pai, pois soubera que ele fugira da cadeia com Zura. Tinha a esperança de que mais cedo ou mais tarde iria topar com ele.

Nisso, viu que muitos homens, munidos com suas katanas, corriam para uma direção específica. O garoto, sem pensar, simplesmente seguiu o fluxo e foi junto. Sabia que as chances de seu pai estar metido em alguma encrenca eram grandes.

Misturado à multidão, Ginmaru conseguiu chegar a um local descampado já na saída de Edo. Horrorizado, contemplou o terrível espetáculo que se desenrolava diante de seus olhos. Humanos contra Amantos, matando e morrendo. Corações transpassados, cabeças decapitadas, membros decepados, vísceras perfuradas e sangue jorrando eram enfeites grotescos que lhe mostravam a verdadeira essência de uma guerra: a bestialidade.

- Então é assim... Que é uma guerra...?

Agora entendia perfeitamente por que seu pai não gostava de lhe contar sobre seu passado como o lendário Demônio Branco, que despertava terror nos campos de batalha. Será que ele estaria realmente por ali?

Seus pensamentos foram interrompidos quando percebeu que um Amanto com cara de leopardo ia atacá-lo. Instintivamente, Ginmaru bloqueou o ataque com a bokutou que tinha nas mãos.

Pela força do golpe, sentiu que seu adversário era bem forte, e seria mais difícil que enfrentar seu próprio pai em um treinamento. No entanto, isso não intimidou o pequeno Sakata, que contra-atacou com força. Esse contra-ataque obrigou o Amanto a se defender também e levou-o a perceber que não deveria subestimar o menino.

O duelo seguiu bastante equilibrado. Porém, em um dado momento, foi atacado pelas costas por outros Amantos semelhantes ao seu então adversário. O golpe fora um potente chute em suas costas, fazendo com que ele caísse praticamente de cara no chão.

O pequeno Ginmaru conseguiu se levantar com muita dificuldade, sua cabeça latejava de dor devido ao corte que sofrera e, que nesse momento, sangrava bastante. Estava encurralado, mas quando estava prestes a levar o golpe fatal, alguém apareceu à sua frente e, num giro completo, retalhou todos os Amanto ao seu redor.

*

Shinpachi corria contra o tempo. Sabia que Ginmaru de fato havia se separado intencionalmente dele, de Tae e de Kondo. Ele precisava encontrar o garoto para evitar o pior. Sentia que o garoto estava enfiado em alguma encrenca, pois ele tinha uma vocação parecida com a do pai nesse quesito.

Ouviu de longe o barulho caótico dos combates que se desenrolavam logo à frente. Assim como Ginmaru, Shinpachi também não vira uma guerra daquele porte. Já teve participação em batalhas e tudo mais, mas não numa guerra daquelas. Será que fora mesmo de algo como aquilo que Gintoki participara no passado?

Será que ele também estaria ali?

Acelerou ainda mais a corrida, estava se aproximando do campo de batalha. Levou a mão à bainha da katana, já se prevenindo contra qualquer possível ataque. Foi quando viu a grande escaramuça que havia se formado ali, e encontrou um ser que se destacava de forma gritante apela aparência.

O Shimura foi até lá, encontrando Elizabeth. Ao se aproximar do ser que sempre acompanhava Katsura, viu ali uma carnificina ocorrendo e reconheceu o autor de tudo aquilo.

*

O garoto abriu os olhos e viu à sua frente um homem todo de branco, embainhando novamente sua katana. Era o lendário Shiroyasha.

- Você ficou maluco, moleque? – ele disse. – Poderia ter morrido!

- Me desculpa, pai... – Ginmaru respondeu cabisbaixo. – Eu só queria ajudar.

O homem albino se agachou para olhar nos olhos do garoto:

- Se você morresse, eu não me perdoaria. Não quero perder mais ninguém.

Nisso, retirou sua bandana da cabeça e a colocou em Ginmaru.

- Se você quer me ajudar como um verdadeiro Yorozuya, proteja quem é importante pra você... E, neste momento... O que é importante pra mim também.

O garoto não respondeu nada, parecia ter entendido a profundidade das palavras de Gintoki. Os dois pares de olhos avermelhados se encararam por um bom tempo. Porém, o Sakata mais velho se levantou e deu as costas a Ginmaru.

- Ginmaru – disse sem se virar. – Vá proteger a Yorozuya! AGORA!!

O menino não hesitou e saiu correndo sem olhar para trás. Era hora de mostrar que não era apenas um moleque, mas sim que em suas veias corria o sangue do lendário Shiroyasha. Ele possuía alma de samurai, como seu pai, e continuaria assim.

Em dado momento, quando conseguiu percorrer uma boa distância, Ginmaru olhou para trás e viu Gintoki sendo atacado por dezenas de Amantos. Por mais que ele tentasse se livrar dos adversários, não conseguia se livrar dos outros que chegavam ali. A cena era desesperadora, Ginmaru queria ir lá e ajudar.

Mas alguém o segurou pelo braço. Olhou para trás, os olhos avermelhados encharcados de lágrimas de desespero. Elizabeth o segurava, impedindo-o de sair dali. Viu que seu pai sumia por entre as dezenas de Amantos.

- PAAAIII!!!

Não deu tempo para se lamentar, porque o ataque começou a ser generalizado. Elizabeth e Shinpachi levaram Ginmaru embora na marra, por mais que ele chorasse e esperneasse. Não havia mais nada a se fazer, a não ser fugir para sobreviver.

*

Em Yoshiwara, o local onde estavam algumas pessoas refugiadas era dominado por um pesado silêncio. Ali estavam abrigados – junto com Tsukuyo, Hinowa e Seita – os Shimuras, Kondo, Otose, Catherine, Elizabeth e Katsura, bem como alguns remanescentes do Shinsengumi e Ginmaru.

E, por falar no garoto, este parecia preso em seu próprio mundo de tristeza e dor. Não largava aquela bandana branca por nada, ele segurava-a com força. Lágrimas pingavam novamente naquele pedaço de tecido, que para ele era mais do que isso. Muito mais.

A única coisa capaz de quebrar o denso silêncio era o som dos soluços do menino, que voltava a chorar mais uma vez.

Fora uma nova separação traumática de seu pai. Ver o fim que ele levara fora doloroso demais.

Mas... Mesmo assim... Negava-se a acreditar que ele estava morto!

Hijikata, com o braço esquerdo imobilizado, colocou um cigarro na boca e, em seguida, o acendeu. Fitava Ginmaru enquanto dava um trago e, depois, retirou o cigarro e liberou fumaça pela boca com expressão aborrecida.

- Já chega de chorar, fedelho! – disse enquanto seus olhos azuis dirigiam um olhar reprovador ao garoto.

- Toshi – um preocupado Kondo tentou avisar. – Não seja tão duro com o filho do Yorozuya!

Hijikata simplesmente ignorou o aviso de seu superior e continuou:

- Ficar chorando pelos mortos é perda de tempo, isso não traz ninguém de volta!

Sua fala logo teve efeito. Sentiu algo sendo fortemente apertado contra sua garganta. Um movimento que fizesse, e aquela bokutou iria literalmente se enfiar em sua goela.

- Ei, ei...

Era Ginmaru que segurava a bokutou com a mão trêmula e ainda com os olhos vermelhos encharcados de lágrimas, porém a sua expressão era de fúria. Sua face ressaltava a semelhança que ele tinha com o pai.

- Retira AGORA o que você disse sobre o meu pai, aberração da maionese!

Hijikata não se moveu, tampouco respondeu. A semelhança gritante que aquele moleque tinha com o pai irritante e encrenqueiro se tornara mais forte ainda.

- Vê se lava a sua boca suja de cigarro pra falar do meu pai! ELE NÃO MORREU! Leve o tempo que levar, eu vou encontrar ele!


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