Paradoxo Temporal: A Origem De Ginmaru escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 2
O caso do bebê deixado na Yorozuya




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Nove meses se passaram desde o trágico dia. Todos haviam conseguido se refazer do ocorrido, mas a lacuna deixada por Kagura nunca fora preenchida.

Mas a vida continuava para quem sobrevivera. O Yorozuya continuava fazendo seus serviços como de costume, junto com Shinpachi. Após mais um serviço prestado, a dupla chegou ao prédio. O garoto de óculos desceu da scooter, enquanto Gintoki a manobrava para guardá-la. Feito isso, os dois subiram as escadas, mas se detiveram diante da porta ao ouvir um gemido bem baixinho.

- Será que o Sadaharu ficou pra fora de novo? – Gintoki perguntou coçando preguiçosamente a cabeça. – Como é que a gente não percebe semelhante coisona saindo de casa...?

- Não é o Sadaharu não, Gin-san. – Shinpachi disse assim que abriu a porta. – Ele tá dormindo na sala.

- Então o que é que tá resmungando por aqui?

Os dois procuraram de onde vinham os gemidos e resmungos. Sabiam que eram ali perto, então procuraram pelas proximidades, até que Gintoki achou uma caixa cheia de panos e ouviu um choro vindo dela.

- Ei, Shinpachi, eu achei! É um bebê, parece que abandonaram aqui!

O garoto se aproximou do Yorozuya, que terminava de desembrulhar o bebê. Mas logo ele entrou em estado de choque, ficando totalmente catatônico diante de sua descoberta.

- G-Gin-san... O que houve...?

Shinpachi seguiu a direção para a qual seu olhar petrificado apontava e viu a razão do albino estar completamente paralisado: o bebê em questão era um recém-nascido albino, cujos olhos ainda não estavam abertos, mas dava-se a impressão de ser uma criança tomada pela preguiça. O pouco cabelo que a criança possuía era prateado e enrolado e seu choro era estridente.

O bebê parecia mais um mini-Gintoki do que qualquer outra coisa. Não era pra menos que o Yorozuya estava tão chocado.

- Gin-san – o Shimura o chamou. – Gin-san, você tá bem?

Gintoki engoliu seco. Aquilo só poderia ser um mal-entendido, como já acontecera antes. Não, não tinha como ele ter feito um bebê... Ou será que tinha feito sem perceber?

“Nãããããão...! Sem essa...!”, pensou.

- D-D-Deve ser algum bebê desaparecido, ou abandonado e deixado aqui por engano...! – disse.

- Gin-san, o que acha de levarmos à polícia para eles acharem os pais?

- Boa sugestão, Shinpachi-kun...!

*

- Hã? Criança desaparecida encontrada? Que negócio é esse, Yorozuya?

- Vou te explicar só mais uma vez, Vice-Comandante de meia tigela! – Gintoki alterou a voz. – Eu encontrei este pirralho na porta da minha casa, nesta cesta! – apontou para a cesta onde estava o bebê.

- Tem certeza de que o moleque não é seu? – Hijikata o encarou com ceticismo. – É a sua cara cuspida e escarrada! O cabelo ruim dele não nega!

- Eu já fui vítima de um mal-entendido uma vez com um moleque com o cabelo igual ao meu, e tenho certeza de que fui vítima disso de novo!

- Hijikata-san – Shinpachi interveio. – É possível fazer uma investigação a respeito disso?

- Depende. – o Vice-Comandante do Shinsengumi respondeu enquanto apagava seu cigarro no cinzeiro. – Mas antes tenho uma pergunta ao Yorozuya.

- Qual? – Gintoki estava ainda mais aborrecido.

- Quando foi a última vez que você manteve relações sexuais?

- Que eu saiba isso não é da sua conta!

- Idiota! – Hijikata se alterou novamente. – Apenas responda à pergunta!

E nisso o bebê começou a chorar, deixando Gintoki ainda mais alterado:

- Olha só o que você fez! Agora vou ter trabalho de botar esse pirralho pra dormir de novo!

Hijikata ofereceu um frasco de maionese:

- Ele deve estar com fome.

- Fome, uma ova! Ele bebeu leite antes de vir pra cá! Ele se assustou com seu berro mesmo!

- Yorozuya, eu estou perdendo a paciência com você! Antes de começar a investigar sobre esse fedelho, preciso ter um depoimento seu.

O Yorozuya cedeu:

- Ok, você venceu. Shinpachi, cuida do moleque.

*

Shinpachi ficou na sala de espera com o bebê por mais ou menos meia hora. A sua sorte é que o menininho estava dormindo desde que Gintoki o acalmara. Engraçado que a paciência não era uma das maiores virtudes do Yorozuya, mas ele era capaz de acalmar uma criança sem maiores problemas.

Será que esse bebê era realmente um mal-entendido? A princípio, sim. O albino não era do tipo que vivia fazendo filhos por aí. Uma vez ou outra dava uma escapada para divertimentos mais adultos, mas não acreditava que ele engravidaria alguma mulher em algo assim... A menos que enchesse muito a cara.

E esse bebê era parecido demais com ele. Sem contar que a criança se afeiçoara muito rápido a ele.

Seus pensamentos foram interrompidos por um ex-samurai que andava feito um zumbi de tão esgotado.

- Ei, Shinpachi... – ele disse. – Vamos pra casa... Tô um caco...!

- O que houve, Gin-san...?

- Quem pegou meu depoimento foi o Okita-kun... Então pode ter certeza de que arrancaram de mim tudo o que queriam...!

Era de se esperar algo assim. Não era à toa que colocavam Okita Sougo pra tomar os depoimentos para o Shinsengumi. Pelo menos para isso seu sadismo era bastante útil.

- E então, Gin-san... – Shinpachi perguntou, enquanto caminhavam pela rua. – O que eles te disseram?

- Vão investigar em duas linhas, pra isso pegaram uma amostra do meu cabelo.

- Mas você disse que era um mal-entendido.

- Talvez não seja, Shinpachi-kun...

- Por quê?

- Mesmo que eu diga que foi por engano, tem a possibilidade de eu ser o pai desse moleque aí.

- Será?

- Nove meses atrás eu estive com uma mulher.

- Namoradinha, é? – o garoto disse zombeteiro, mostrando o dedo mindinho.

- Não. – Gintoki respondeu andando com as mãos na nuca e com ar distraído. – Mas não acho que disso eu tenha ajudado a fazer esse pirralho aí. Ainda mais em se tratando de uma mulher de Yoshiwara.

- Você esteve em Yoshiwara nesse dia?

- Aham. Quando você estava no conserto, seu “acessório” apareceu lá logo após eu chegar.

- Eu não sou um “acessório”, Gin-san. – Shinpachi observou contrariado.

- Ah, tanto faz. De toda forma, a verdade é que eu estava mal e precisava fazer alguma coisa pra melhorar. E sem a Kagura pra azucrinar eu fiquei sem escolha.

- Em outras palavras, você tava deprimido porque a Kagura-chan tinha morrido e aí foi pra Yoshiwara tentar afogar as mágoas.

- Por aí. Coisas de adultos, Shinpachi-kun... Coisas de adultos...

Nisso, quando a dupla chegou à Yorozuya e entrou com a cesta com a criança dentro, Sadaharu já apareceu para cheirar o novo visitante. Gintoki logo ergueu a cesta com o bebê e empurrou o nariz do grande cão com o pé direito.

- Isto aqui não é carne, bola de pelos! Pode ficar longe!

Mas, nisso, Sadaharu não deixou barato e abocanhou logo a perna do Yorozuya, que largou a cesta na mão de Shinpachi. No entanto, o grande cão branco não conseguiu mastigar a perna de Gintoki, pois seu faro apurado detectara um cheiro extremamente desagradável. O animal gigante deixou a perna do ex-samurai toda babada e foi se esconder. Em seguida, um choro de bebê ecoou no local enquanto Gintoki e Shinpachi se entreolharam com as piores caretas possíveis.

- De onde vem esse fedor todo, Shinpachi?

- Gin-san...! – o garoto tapou o nariz. – Vem do bebê...!

- O quê...? – o albino fez a mesma coisa. – ECA! Ele comeu urubu ou o quê?


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