Paradoxo Temporal: A Origem De Ginmaru escrita por Vanessa Sakata


Capítulo 3
Papai Gintoki?




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- Pode trocar as fraldas dele, Shinpachi-kun! – Gintoki já tentava tirar o corpo fora. – Eu vou pegar as fraldas!

- Mas nem pensar! – Shinpachi agarrou a gola da camisa do Yorozuya. – Você é quem vai trocar ele!

- Mas é você quem tá segurando ele!

- Mas quem o trouxe pra cá fui eu!

- Eu te dou 300 ienes se você trocar as fraldas!

- Você não me engana com essa, Gin-san! Além do mais ele parece que se dá bem com você!

Nisso, o garoto passou o menino para Gintoki, que não aguentava mais o fedor proveniente das fraldas sujas da criança que, estranhamente, parou de chorar no mesmo instante.

- É estranho, mas você tem razão, quatro-olhos. Esse moleque parou de chorar.

Nisso, Gintoki procurou com os olhos pelo garoto, mas ele tinha simplesmente evaporado dali. Com uma veia saltando em seu rosto, berrou:

- VOLTA AQUI, SEU QUATRO-OLHOS TRAÍRA!!

*

- Fralda. – Gintoki disse com um lenço tapando o nariz e a boca.

- Fralda. – Shinpachi respondeu, entregando a fralda ao Yorozuya e também com o nariz e a boca cobertos por um lenço.

- Lenço umedecido.

- Lenço umedecido.

Gintoki passou a mão pela testa suada ante a tensão de uma operação tão delicada como aquela. Era algo realmente desafiador para um ex-samurai, veterano de guerra e faz-tudo.

- Shinpachi, me passa o talco.

- Talco.

- Pomada antiassadura.

- Pomada antiassadura.

O Shimura pegou outro lenço e secou mais uma vez a testa do albino, que estava totalmente concentrado em sua tarefa.

- Fita crepe. – ele disse.

- Fita crepe.

- Pronto. – Gintoki retirou o lenço do rosto e o usou para enxugar mais um pouco de suor que brotava na testa. – A operação foi um sucesso.

- Gin-san – Shinpachi apagou a luminária que estava acesa e tirou o lenço que tinha no rosto. – Era só uma simples troca de fraldas.

- É – o Yorozuya cutucou o nariz com o dedo mindinho. – Mas nós sabemos que não somos tão bons na arte de trocar fralda.

- Queria saber quem é a mãe desse bebê. Será que ela não tá procurando desesperadamente por ele?

- Essa é uma boa pergunta. – Gintoki pegou a criança de forma meio desajeitada, com medo de machucá-la. – Não levo muito jeito pra isso.

- Espero que o pessoal do Shinsengumi descubra. E pra completar a gente nem sabe o nome desse menino.

- Isso é o de menos. O importante é entregar esse moleque aos pais dele e ponto final. Ele tá consumindo todo o leite que eu tenho na minha geladeira!

*

O amanhecer de mais um novo dia invadia as janelas da Yorozuya e Gintoki nem tirara seu pijama. Havia acordado antes do seu despertador. Muito, muito antes do despertador mesmo... Bocejou enquanto andava pela sala, tentando ninar o bebezinho que não parava de chorar. Já eram duas noites seguidas nessa situação e não era surpresa nenhuma estar com um par de olheiras imensas.

- Anda logo, moleque... – disse com voz arrastada pela sonolência. – Dorme pelo menos um pouco, porque eu não durmo há duas noites...!

Ouviu a porta corrediça se abrir e Shinpachi anunciar sua chegada.

- Bom dia, Gin-san! – cumprimentou.

A resposta de Gintoki foi um novo bocejo, que aconteceu ao mesmo tempo em que o choro da criança cessava. Durante o dia até que não era tão difícil cuidar do pirralho, mas à noite a coisa mudava totalmente de figura. O bebê não dormia muito e chorava com muita frequência, o que arrasava com o sono do Yorozuya.

- Ainda bem que esse moleque dormiu... Tô um caco...!

Ele colocou o bebê dentro da mesma cesta com a qual foi encontrado e foi ao banheiro. Ao chegar lá, pegou a escova e a pasta de dentes. Ao enfiar a escova já com a pasta na boca o sono o atacou, fazendo-o bater com a testa no espelho e cochilar por alguns instantes lá. Percebeu o que estava fazendo e despertou, escovando os dentes e lavando o rosto. Ao se olhar realmente no espelho, assustou-se com sua cara de acabado.

Duas noites e já estava assim. Imagine uma semana!

Esfregou os olhos e foi ao quarto se trocar. Assim que terminava de vestir seu quimono, ele ouviu a campainha tocando.

- Já vou, já vou... – ele disse e bocejou.

A primeira coisa com que deu de cara foi com o cano de uma bazuca.

- Ué, Chefe Yorozuya... Que cara de acabado é essa? – o dono da bazuca perguntou.

- Abaixa essa bazuca, Okita-kun. – Gintoki disse. – A culpa de eu estar assim é daquele pirralho.

- Viemos para falar justamente desse moleque aí. – a voz de Hijikata se fez ouvir.

- Ah, é?

- Exatamente. – o Vice-Comandante disse enquanto mexia em um maço de papéis que trazia consigo.

O albino bocejou escancaradamente mais uma vez por conta do sono e sinalizou para que os dois oficiais do Shinsengumi entrassem. Sentou-se à sua escrivaninha ao mesmo tempo em que o Vice-Comandante colocava os tais papéis da investigação sobre o bebê por cima da mesa.

- Esses papéis são o resultado das investigações que eu encarreguei o Yamazaki de fazer. Ao final, tem a conclusão de tudo isso e o resultado daquele exame de DNA que foi feito.

- Ah, sim. – Gintoki assentiu enquanto lia atentamente o que estava sobre sua mesa.

O silêncio tomava conta da sala enquanto o ex-samurai lia uma a uma as folhas com o resultado das investigações que o Shinsengumi fizera, através de Yamazaki. Atentamente, passava os olhos em cada ideograma escrito ali, bem como imagens e números.

Quando chegou às últimas páginas, que continham o resultado do teste de DNA e a conclusão de toda a investigação em torno do bebê que ele e Shinpachi encontraram, suas mãos tremiam e suavam enquanto seguravam fortemente o papel . O suor também percorria toda a sua face, na qual estava estampada uma cara de pura surpresa.

- O QUÊ?? EU SOU O PAI DESSE MOLEQUE?! – Gintoki levantou-se num salto de sua cadeira.

- Como é? – Shinpachi não acreditava.

- Segundo o seu depoimento, Yorozuya – Hijikata disse. – você disse que há nove meses havia ido a Yoshiwara. A partir disso, Yamazaki procurou refazer seus possíveis passos ali e descobriu o local onde você esteve e perguntou quem foi a cortesã que te atendeu naquele dia. Você tinha fornecido apenas o primeiro nome, então não foi difícil descobrir que se tratava de Saitou Hikari.

Hikari... Claro, lembrava quem era ela. Mas realmente o sobrenome não tinha conseguido lembrar. Fazia tempo. Mas o que não esquecia é que ela havia dito que era viúva.

- Saitou Hikari – Hijikata prosseguiu. – era viúva de Saitou Hayato, um novato no Shinsengumi que, em seu dia de folga, foi assassinado durante um assalto. Como ele estava morto, a viúva conseguiu apenas trabalhar como cortesã em Yoshiwara. E quando ela te atendeu, fazia cerca de um mês que estava lá.

- Eu não lembrava o nome dela, mas sei que foi com ela que passei a noite.

- Exatamente. Nessa noite você manteve relações com ela, e a partir daí chegamos ao ponto-chave... O que aconteceu depois que vocês chegaram às vias de fato. Ela havia se descuidado e acabou engravidando. Segundo relatos que Yamazaki ouviu de pessoas do convívio dela lá em Yoshiwara, ela sabia que isso seria um risco para sua vida, mas quis levar a gravidez adiante. Mas ela acabou morrendo logo após o parto. Dizem que ela pediu para que a criança fosse entregue ao pai, e isso acabou sendo feito.

Os olhos azuis de Hijikata pousaram sobre a cesta do bebê que ainda dormia. Em seguida, seguiram até onde estava Gintoki. Prosseguiu:

- Diante disso, solicitamos a um laboratório o teste de DNA, comparando o seu DNA com o da criança, pelas amostras de cabelo dos dois. E esse teste acabou confirmando que você realmente é o pai.

Seria verdade tudo isso? Não, não dava pra acreditar em algo tão surreal... Aquele bebê que encontrara era seu? Por mais que quisesse duvidar, aquele teste de DNA jogava na sua cara os 100% de certeza de que aquele moleque realmente era seu filho. Os cabelos prateados e os olhos vermelhos eram idênticos aos seus.

Desta vez não fora um mal-entendido. Um raio nem sempre caía duas vezes no mesmo lugar.

Não tinha como contestar mais nada, pois aquele bebê era realmente seu. E sua vida terminava de virar de pernas pro ar.


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