A Longa Vida De Serena Cullen escrita por Angelicca Sparrow


Capítulo 3
Capítulo 3




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Eu entrei no escritório, Edward indicou uma cadeira e eu sentei.

-Me desculpe, eu não sei o seu nome ... – ele perguntou enquanto sentava na cadeira da frente.

 –Ah, sim , meu nome é Serena.                                                                                                                                                                          

– Serena... – ele fitou a mesa e voltou a me olhar- Você sabe sobre os vampiros, não é?               

-Mas é claro que sei... convivi com alguns , uns meses atrás.. As amazonas cuidaram de mim quando eu estava.. incapacitada. – Não vi motivos para esconder minha vida deles... se eles iam me ajudar era melhor que eles soubessem da verdade, de quase toda a verdade.

-As... Amazonas?  Você conhece elas?- ele disse inconformado , menos de 1 segundo ouvi um silvo atrás de mim, Carlisle se aproximou. – Minha pequena de onde conhece as Amazonas?

-Bom, depois de um período ruim - tentei explicar -  Zafrina me encontrou e me ajudou.. Convivi um certo tempo com elas antes de.. de voltar para o bando. – Ao falar disso, as imagens de Zafrina me confortando, me contando histórias apareceram em minha cabeça e eu fiquei inerte nesses pensamentos.

-Ah, elas são muito bondosas mesmo, Zafrina fez um ato generoso. –disse Edward perplexo – As histórias dela são muito boas.

O quê? Como ele sabia que ela me contava as histórias ? Depois de um certo tempo tudo se encaixou e, lembrei de uma das histórias de Zafrina sobre vampiros com dons... ``Existem vampiros com dons especiais, alguns são de ataque , outros de defesa, e alguns mentais.’’  Essas foram as palavras dela. Encarei Edward por um momento e fiquei curiosa.

-Quantos de vocês tem dons? Além de você Edward?

Eu, Alice e Jasper- ele deu um sorriso torto- Eu posso ler mentes. Mas acho que isso você já percebeu- ele riu.

-Hum, Parabéns, seu dom é muito útil.  Você tem alguma exceção para o seu poder?

O rosto dele que estava feliz, mostrou uma emoção mais parecida com preocupação, depois passou.

-Não, sem exceções.

-Hm... vocês vivem todos juntos aqui? Vejo que vocês não se alimentam de sangue humano... – eu disse fitando os olhos dele, depois os de Carlisle.

- Como sabe disso? – Carlisle interviu.

-Fácil, os olhos de vocês são dourados e não vermelhos, e vocês não tem cheiro de sangue humano. Nunca pensei que seria possível se alimentar de ... animais.

-Nossa, você sabe muita coisa. Se não se importa, posso lhe fazer uma pergunta? – Disse Edward novamente.

-Hm, claro. – fiquei um pouco desconfiada.

- O que você é? Digo... você não me parece humana, ou vampira, ou qualquer coisa do gênero... –Ele me olhou com olhos desconfiados, o que eu não gostei muito.

-Longa historia... – foi só o que consegui dizer...  Me levantei e caminhei até a sala. Me esforcei o máximo para tentar não lembrar daquelas cenas, sabia que Edward estava me ouvindo, então para me distrair comecei a cantar uma musica mentalmente e fui para a sala. Na enorme sala, havia uma escadaria branca linda, como nos filmes de castelos, dois sofás brancos grandes, no centro havia uma mesinha de vidro, onde havia um vaso de cristal com rosas vermelhas dentro, ajeitadas em um perfeito buquê. Ao lado esquerdo da porta havia um piano de cauda, longo, meio antigo, mas não deixava de ser lindo. Próxima à parede , em frente aos sofás uma enorme TV LCD posicionada na parede, parecia ser muito cara. Ao lado da escada, havia uma enorme mesa de jantar, com uma pedra cor marfim como apoio, o vidro em cima translúcido, retrógrado.  Ao lado havia uma mesa também marfim, com um laptop preto em cima, nele havia um programa de design aberto, com varias pecas de roupa espalhadas pelo monitor. Porém uma coisa me atraiu mais ainda, uma parede de vidro enorme se estendia como janela da cozinha. Dava pra ver as montanhas cobertas de gelo muito distantes, as arvores, e uma estradinha que dava para a estrada principal. A vista me deixou desnorteada, e até um pouco tonta. Eu nunca tinha imaginado uma paisagem assim, tão linda cheia de cores e tão... real. Senti alguém se aproximando.         

–É mesmo muito lindo. Nós também apreciamos a paisagem daqui. – disse Edward também olhando a vista.                                                                                                                          

–Nossa. É realmente muito lindo aqui... eu nunca imaginei um lugar desses. No Brasil não neva...- eu disse e me virei para vê-lo. – Quantos anos você tem?  Biologicamente, quero dizer.                                                                                                                                           

–Fui transformado com 17, devido á uma doença, por Carlisle. Mas agora eu tenho  pouco mais de 100...- disse-me ele com cautela, suponho que pra ver minha reação. Ele me observou com cuidado.

-Nossa você é novo... achei que fosse mais velho, como vampiro. – respondi, e ele levantou uma sobrancelha. Eu ri e ele riu comigo. Alice veio pulando de onde estava.

-Qual é a sua cor favorita? Se você for morar aqui eu tenho que arrumar seu quarto! Ai, é tanta coisa pra pensar que...-

-O que?- eu a interrompi- Não, não pretendo ficar aqui, eu só queria saber se vocês poderiam explicar sobre meu pai. Eu tenho que...- Me interrompi dessa vez, estava prestes a dizer que teria que voltar... mas voltar para onde? Todos do bando deviam achar que eu era a culpada pela morte do Max, meu Max. Não poderia voltar, não tinha pra onde voltar.

Suspirei de tristeza, senti uma dor horrível no meu coração. Edward ficou com um olhar sério e também suspirou. Todos olhavam para ele e para mim tentando descobrir o porque das caras tristes. Nos recompomos tão rápido quanto ficamos assim. Edward pigarreou, como se nada estivesse acontecido.

-Bom... você pode passar uma noite aqui até você decidir alguma coisa. Está segura aqui conosco. – Edward disse me olhando serio.

-Tudo bem, acho que uma noite eu posso aceitar. Eu não vou incomodar não se preocupem.. –disse  como um pedido de desculpas, afinal estava quase feliz de não ter de dormir na floresta esta noite, amanhã eu pensaria no resto. Alice deu um grito.

- Per-fe-i-to... Espera, é muita coisa pra pensar, vou subir para arrumar tudo!  -ela disse enquanto subia numa velocidade surpreendente as escadas brancas. Eu fiquei meio assustada, ela era muito hiperativa, isso me fez rir e todos os outros riram comigo.

-Que bom que você vai ficar, seja muito bem-vinda, vou cuidar para que você fique confortável. –Esme me disse com uma voz muito, mas muito amorosa, era impossível não se apaixonar por ela. Dei um sorriso torto e disse um leve “obrigada”.

Caminhei para a varanda e me sentei na grama , distante da casa. O que exatamente eu estava fazendo? Aé, nem mesmo eu sabia. O que exatamente eu tinha na cabeça? Onde eu fui me meter meu Deus! Eu já era completamente independente, me virava até melhor sozinha.  Mesmo antes... do meu Max ser assassinado. Malditos idiotas... porque mataram ele? ... Vocês me queriam, não a ele, porque o mataram... vampiros italianos malditos!- Não pude conter as lágrimas de puro ódio que rolavam pelo meu rosto encardido. Minhas mãos tremendo até o limite coladas ao corpo. Não pude conter a raiva, atirei meus punhos fechados contra a grama , rasgando o gramado. Droga! Vocês me pagam!!!

- O que você esta fazendo Serena? – a voz preocupada de Edward surgiu no silencio. Me assustei e levantei rapidamente olhando para a grama que eu havia destruído, me senti pior ainda.

- Me desculpe... Eu não queria... Ah, sinto muito. – tentei me desculpar mas não estava com ânimo para arranjar desculpas.

- Não se preocupe com a grama. Eu quero saber o que há de errado com você.

- Você ouviu não é? Claro que ouviu... É que... umas pessoas antigamente mataram o meu... amigo. Tudo por um engano... Ah, me desculpe de novo mas eu não quero mesmo, falar sobre isso... – de novo não pude segurar mais lágrimas, e de alguma forma senti que Edward podia entender o que eu passava...

-Entendo, tudo bem não precisa falar se não quiser, mas pode confiar em mim e sempre que quiser conversar, eu estarei aqui.

- Obrigada...- me levantei da grama e me limpei e fomos caminhando juntos para a casa.

Na sala de estar tentei me recompor e limpar as lágrimas antes que alguém percebesse, não queria mesmo um questionário de perguntas agora. Estava me sentindo cansada, e um pouco suja, por tantos dias de viagem e sem achar um chuveiro pra um banho adequado.

-Vamos eu vou mostrar o seu quarto, Alice já terminou lá em cima.- disse Edward enquanto apontava para as escadas. O poder dele realmente era muito conveniente. Eu ri em silencio. Edward deu um meio sorriso quando me acompanhava escadas acima. Na parede ao lado das escadas se encontrava um enorme quadro com muitos chapéus de formaturas, bem coloridos, cada um com um nome diferente... Edward, Rosalie, Emmet... etc. Achei aquilo muito engraçado. Mas manias eram manias... fazer o que né? Seguimos pelo longo corredor branco onde em cada lado havia várias portas, supostamente haviam muitos quartos naquela casa. Andamos até o penúltimo quarto e Quando ele abriu a porta branca, eu fiquei deslumbrada. O enorme quarto de paredes marfim, iluminadas pela ampla janela que se estendia em uma parede inteira. A paisagem da janela me paralizou. Era ainda melhor que a vista da cozinha. A fina faixa de neve que cobria as montanhas, refletia feixes de luz do sol em todas as direções. E com uma vegetação densa ao pé da montanha, muitos pinheiros cobertos de neve se destacavam na paisagem. Poderia ficar horas admirando esse lugar mas Edward chamou minha atenção.

-Bom, ainda está meio desarrumado, mas daremos um jeito nisso... Realmente faz muito tempo que não recebemos visitas. Vou deixar você descansar...- ele disse se dirigindo á porta.

-Espere - eu o chamei e ele parou com a mão na porta -  Muito obrigada, de verdade.

-Não é nada, fique a vontade – ele deu um sorriso cansado e saiu do quarto. Nesse quarto de desarrumada só tinha eu. Estava tudo perfeitamente arrumado, e só agora que eu percebi a enorme cama no centro do quarto. A cama de casal tinha uma colcha rosa claro com desenhos de flores. Havia, ao lado da cama, um armário branco do qual uma das portas era inteira de espelho. O quarto tinha um banheiro, enorme por sinal. Era todo cheio de azulejos brancos e rosa pálido. Muito ... aconchegante. Fiquei um tempo admirando o quarto e então me toquei do chuveiro á minha frente.

- Que bom que eu achei você finalmente chuveirinho! Vamos tomar um banho. – disse sozinha enquanto me dirigia á pia para tirar minhas roupas. Joguei minha mochila na cama, tirei a roupa e entrei no chuveiro. A água estava uma delicia! Acho que era falta de costume... Terminei o banho e me enrolei em uma toalha que estava pendurada no Box. Me sentei no chão do quarto e fiquei pensando. Eles são vampiros, mas parecem ser tão bons... Ai droga! Edward pode escutar o que eu penso... vai ser complicado...               

Levantei logo do chão, abri minha mochila e joguei todas as poucas roupas na cama. Não era muito difícil escolher o que usar, já que só tinha o básico do básico. Quando ia colocar a roupa que escolhi alguém bateu na porta.

- Quem é? – perguntei.

-Sou eu, Alice. Trouxe algumas roupas para você experimentar. – disse a vozinha de boneca

- Ah sim, entre Alice.

A porta abriu e entrou a pequena Alice com varias sacolas nas mãos. Colocou as sacolas na cama e me encarou de cima á baixo.

- Hum... Eu não sei se as roupas que achei são o seu estilo mas elas são muito bonitas! Pode experimentar? – disse ela apontando para as sacolas na cama.

-Espera ai, você me comprou tudo isso de roupas novas? – falei incrédula – Co-como assim?

- Não, é que eu havia comprado algumas roupas pra mim mas eu não usei, por isso estou te dando– disse ela como se não fosse nada, dar a uma desconhecida sacolas e mais sacolas de roupas de marca! – Vamos! Experimente.

Ainda sem acreditar peguei uma sacola azul e tirei um vestido rodado branco com um cinto marrom. Fiquei olhando aquilo por um tempo... Alice tirou da minha mão, já impaciente e olhando para a minha toalha enrolada no corpo pergunta:

- Não se importa não é?

- Não...- antes mesmo de eu terminar a frase, ela já havia jogado a toalha na cama, colocado o vestido em mim e já estava atrás puxando o zíper. Sempre tentei me acostumar a fazer as coisas na velocidade humana, porque eu e meus amigos íamos muito á cidade, e acabei esquecendo de como as criaturas imortais era tão rápidas. Ela já estava colocando o cinto e quando terminou deu um sorriso.

- Está PERFEITO! Aliás você é a modelo perfeita. Pelo que dá pra ver você fica bem com qualquer roupa! – gritou ela, aos pulos.

-  ...Obrigada – ela me girou, pra eu ficar de frente para o espelho do armário.

-O que achou? Eu achei muito lindo. – perguntou , Alice, muito esperançosa.

O vestido branco flutuava com a brisa da janela, um tomara-que-caia muito bonito. Havia tempo em que eu não me olhava em um espelho. Até tinha me esquecido de quão bonita eu era. A pele morena em contraste com a roupa branca era muito bonita de se ver, mas ao mesmo tempo estranho. Eu nunca vestia roupas mostrando muito o meu corpo, por conta do meu poder... O vestido era realmente lindo, mas usá-lo assim... em uma casa com tantos homens, não era legal, não era seguro.

-Alice, eu não sei se esse faz o meu estilo, mas eu adorei mesmo. Você tem um gosto muito bom pra moda sabia? – tentei ser o mais amigável e gentil que eu podia.

- Entendo... Mas então qual é o seu estilo? Fiquei curiosa...- disse ela com um pouquinho de tristeza nos olhos. Me senti culpada de fazê-la se sentir assim, ela era tão boa... mas não tinha outra opção.

-Não sei... algo que cubra mais o corpo, como calça jeans e moletom?- dei um sorriso de desculpas.

-Ah claro, ainda bem que eu trouxe alguns. Onde está, onde está... – as mãozinhas ágeis procuravam por alguma sacola na cama – Aqui, experimente veja se serve.

Ela estendeu para mim um moletom cinza com a imagem de um lobo preto uivando para a lua. Ah, não podia ser... Era idêntico ao meu... Max. No mesmo momento que bati os olhos naquele casaco eu criei um afeto sentimental enorme. Poderia até ser um dos meus objetos mais preciosos. Fiquei tão feliz, parecia que eu o estava vendo de novo. Meu Max... Uma lágrima escapou sem eu perceber.

- Serena, O que foi? Não gostou desse? – Alice estava totalmente preocupada.

-Não, não é isso. Eu amei demais . Eu amo lobos... e fiquei emocionada, desculpe. – Disse com um sorriso sem graça. Dei um forte abraço em Alice.

-Ah tudo bem, eu também gosto de lobos... quando estão longe. – ela falou rindo, sem nem perceber que eu falava mesmo de lobisomens e não de lobos comuns.

- E você já conheceu um lobo antes?- perguntei para chamar a atenção dela. E funcionou.

-Hã? O que, conhecer lobos? Bom... eu já conheci um, mas ele é insuportável e irritante.- ela estava meio alheia ao assunto real. Do que ela estava falando? Ela já havia conhecido um lobisomem antes? Sendo ela uma vampira ela podia mesmo conhecer outras formas sobrenaturais.

-Como assim irritante? – tentei descobrir mais uma pista.

- É uma longa historia, o Jacob é mesmo muito chato e atrapalha muito o Edward.

Jacob era o nome do lobo? E ele atrapalhou Edward? Era mesmo um lobisomem então. Fiquei muito curiosa.

-Eu não sabia que lobisomens podiam ser chatos e irritantes.

-Achei que não soubesse dos lobisomens... Espere...- ela ficou pensativa e depois me olhou com descrença- Agora se encaixou tudo! Você tem cheiro de lobo, mas é diferente do Jacob... Porque ?

Uma hora os Cullen deveriam saber sobre mim, só achava que não fosse tão cedo! Eles iriam descobrir de qualquer jeito, porque o vampiro psicótico lia minha mente. Não era mesmo bom mentir pra eles, me sentia traindo a confiança do meu pai. Aliás meu pai devia ter colocado o mapa lá... ele devia ter conhecido Carlisle, talvez.

- Ai, Alice... posso terminar de me trocar, depois eu desço e explico tudo pra vocês.

-Ok,não fuja! Vou esperar lá em baixo... – disse enquanto fechava a porta e corria escada á baixo. Ai caramba, oque eu vou fazer? Terei que dizer tudo... ou quase tudo. Ouvi conversas lá em baixo e silvos. Pareciam que estavam discutindo, estava uma verdadeira confusão, e ouvi meu nome nela em seguida um rosnado. Coloquei minha roupa nova no armário, vesti um outro blusão novo do Garfield, uma calca jeans qualquer, penteei o cabelo e respirei fundo. Tirei o par de lentes marrons que eu usava e vi de novo a cor dos meus olhos, que estavam escuros por causa da tensão e da sede. Tudo isso não durou nem 2 minutos. Respirei mais uma vez e sai do quarto descalça mesmo. A hora era agora. Não tinha mais ninguém em quem confiar, não tinha mais família, amigos... Tudo o que me restava eram esses vampiros, eles poderiam me ajudar. Vou contar a verdade, sobre a minha vida!


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