A Longa Vida De Serena Cullen escrita por Angelicca Sparrow


Capítulo 4
Capítulo 4




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Desci as escadas olhando para o chão e reflexivamente vi todos em pé me encarando com exceção de Edward e Alice. A loira Rosalie estava até em posição de ataque, muito tensa, assim, Carlisle fez um gesto com a mão e ela se acalmou um pouco. Adentrei na sala e permaneci olhando para baixo.

-E então? Fale logo que tipo de monstro você é! – gritou Rosalie seguido de um rosnado.

-Calma Rose ela vai nos dizer... não vai pequena?- disse Carlisle tranquilamente.

-Claro, contarei tudo o que quiserem saber. E começarei falando do meu nascimento. É demorado então é melhor sentarem...

Todos se dirigiram ao sofá e as poltronas e eu sentei em uma poltrona de frente para os outros. Respirei e comecei:

-Há alguns anos atrás... - comecei como se fosse um conto infantil -  em Paris, vivia uma vampira chamada Rubi, ela tinha um dom especial que a permitia mexer com a tecnologia, e podia criar qualquer tipo de máquina ou vida. Ela tinha uma paixão por mulheres humanas e um dia ela se apaixonou por uma jovem chamada Lucy. A humana tinha perdido toda a família em um acidente e então como não tinha nada a perder decidiu seguir Rubi. Os Volturi começaram a perseguir Rubi por causa do seu dom, pois temiam que ela pudesse criar algo tão poderoso que pudesse exterminá-los...

-Espere, os Volturi...? – perguntou Jasper- Eles queriam a cabeça dela porque ela podia criar uma criatura capaz de destruí-los? Fascinante!

- Isso mesmo Jasper, eles tinham medo de que os outros vampiros a descobrissem e a usassem como arma contra eles. Agora voltando á historia, Rubi fugiu para o Brasil e levou Lucy com ela. Elas acharam a Amazônia um bom lugar para se esconder, já que a mata era densa , extensa e os cheiros naturais da floresta se misturavam com os delas deixando mais difícil Demetri as rastrearem por enquanto, então construíram um laboratório bem no centro da floresta, bem camufladas. Agora o objetivo de Rubi era criar uma criatura que pudesse protegê-las dos Volturi, assim como eles temiam. Mas, para gerar a nova raça não bastaria unir vampiro e humano, pois a criatura não iria ser muito resistente. Era preciso mais que isso... Um filho da Lua original... – Todos se entreolharam e eu voltei a falar- Elas investigaram e descobriram que ali perto tinha uma  tribo da qual o macho alfa era um filho da lua puro, sem tantas interferências humanas, ou seja, perfeito, forte e selvagem. Rubi até fez um plano de aproximação. Pediu que Lucy saísse e tentasse trazê-lo para o laboratório. E ela obedeceu, ficou mais de um dia vagando sozinha pela floresta. De trás de uma arvore surgiu um homem alto, musculoso e muito bonito era Apollo, o lobo puro que ela procurava, e ela interrompeu sua caça. Ele tinha se apaixonado assim que olhou em seus olhos, ele tinha tido um imprinting. Lucy sentia a mesma sensação, afinal ele era o tipo homem que ela sempre quis. Mas ela tinha que cumprir sua tarefa ou Rubi dava um jeito de matar os dois. Depois de uma semana teve coragem e o levou até o laboratório. Em poucos segundos Rubi apareceu e o levou até o porão e o prendeu á parede com braceletes e tornozeleiras de um tipo estranho de aço indestrutível. Rubi não quis perder tempo. Fez a coleta de sêmen e fundiu os óvulos dela e de Lucy, formando um zigoto que logo se transformaria em feto. Ela observou muito bem a fusão, ela precisava da parte humana para poder unir a parte de lobo á parte de vampiro. Rubi não queria que Lucy se machucasse tentando gerar o feto em seu ventre, pois este era muitas vezes mais forte que ela, então criou uma máquina , que se compara com um útero humano fortificado. Essa maquina ficava ligada á 3 bolsas: uma de sangue, outra de oxigênio e outra de alimento. Rubi então colocou o feto na máquina e junto dele um liquido que se assimilava com o liquido amniótico porem mais esverdeado. – Pausei para ver se todos absorviam as informações.

-Como isso é possível? É fascinante...- Carlisle pensou alto.

-Ela pode criar a vida, é incrível esse dom! – Disse Rosálie com um tom de esperança na voz.

- Continue, quero ver mais... – Edward me apressou.

-Ok, o bebê não era comum, como podem ver. Ele demorava mais ou menos 12 meses para ficar pronto fisiologicamente  para sair da máquina. Porém, o desenvolvimento intelectual  e emocional desenvolviam-se extraordinariamente rápido. Lucy descia ao porão diariamente para alimentar Apollo e observar a evolução do bebê, à mando de sua parceira. Rubi almejava saber o quanto antes se era um menino ou uma menina. Ela queria um homem, pois julgava ser mais apto e capaz de protegê-la. Caso fosse uma fêmea ela a mataria e começaria o processo de novo, por isso estava “guardando” Apollo ainda, para reutilizá-lo caso fosse necessário. Lucy as vezes fazia companhia ao lobisomem no porão e mesmo depois de tudo que ela havia feito ele ainda a amava. Enquanto isso Rubi pesquisava mais e mais. Apollo conversava com o bebê a todo momento e ele foi o primeiro a descobrir que o filho dele, na verdade, era menina...

-Era... era você. – Edward afirmou olhando para o nada ainda viajando nas imagens que minha cabeça proporcionava a ele.

-Sim, era eu.

-Você é lobo, vampira e  humana? Me pergunto como isso é possível. Você aparenta ser uma pessoa normal... – Carlisle disse confuso.

E então foi a primeira vez que eu olhei pra cima e fitei o vazio na direção da parede.

-O que há de errado? -Perguntou Alice.

-Bom, eu explico isso depois... Eu não posso olhar ninguém diretamente ainda...

- Como assim? - retrucou Emmet

-Faz parte da história. E pela segurança de vocês eu sugiro que não olhem diretamente nos meus olhos... Pelo menos não os homens.

- Como?... Bem, continue. – Interrompeu Edward

-Ok, Apollo foi o primeiro a descobrir, como eu disse. Ele foi percebendo que eu correspondia ao que ele dizia com só 4 meses de idade. Bom, eu piscava, sorria e agitava as mãos quando ele conversava comigo. Ele ficava fascinado, e eu me divertia com as caras que ele fazia... Ele me contava histórias da tribo dele e de como todos eram unidos como uma família... – suspirei evitando ao máximo detalhes e fechei os olhos -  Então os meses foram se passando e a cada vez que Lucy descia para me avaliar e alimentar Apollo eu me virava para que não descobrisse que eu era fêmea. Passados alguns meses... Os Volturi vieram atrás de Rubi, e ela enlouqueceu. Ordenou para que Lucy matasse Apollo enquanto ela desligava as máquinas e me tirava de lá. Obviamente ela recusou. Rubi decidiu ela mesma fazer o trabalho... – cerrei os dentes para não rosnar... e não pude evitar de ver de novo Rubi dilacerando o peito do meu pai com os dentes e a ultima palavra que ele falou: Serena. Uma lágrima escorreu no meu rosto, mas rapidamente eu tratei de secá-la.

Edward soltou um rosnado e seu rosto ficou tenso e as mãos começaram a tremer. Ele estava diluído em dor e sofrimento... Na mesma hora eu mudei os pensamentos comecei a pensar na floresta para distraí-lo. A culpa não era dele afinal. Ele pareceu se acalmar.

- Ai, Meu Deus... ela... matou ele. – sussurrou Esme, ao ser abraçada por Carlisle.

- E... o que houve depois? – perguntou Alice com a voz trêmula.

- Eu entrei em estado de choque. Não podia me mexer, muito menos respirar. Quando Lucy me tirou da máquina eu não chorei, estava quase tendo uma parada cardíaca. Rubi ateou fogo no laboratório e nós três saímos correndo em direção á floresta. De repente Rubi queria me ver... Acho que ela pensou que eu poderia atrasar os Volturi um pouco. Á essa altura Lucy já tinha percebido que eu não era um menino, e não queria me entregar á Rubi. Mas de qualquer jeito Rubi me pegou á força e ela ficou muito, muito brava. As mãos macias que me seguravam á pouco, foram substituídas por mãos grosseiras trêmulas de raiva . No exato instante que ela descobriu que ela tinha feito uma criatura fêmea – ri com sarcasmo – ela ordenou que Lucy corresse para outra direção comigo e depois me matasse. Lucy tinha se apegado á mim... deu pra ver nos olhos dela que eu era tudo que ela mais queria na vida... uma família. E ela não hesitou, correu o mais rápido que pode, mas não para me matar, e sim para fugir de Rubi e talvez me criar como uma pessoa normal. Naquele instante pude ver muitas coisas passando no seu rosto, choque, alívio, tristeza, alegria, desespero, esperança... Ela me dizia enquanto corria: Vamos lá, aguente... Você ainda vai ser muito feliz, eu não vou deixar que nada te aconteça, nunca!                                                  

Enquanto corríamos, eu ouvi os passos de Rubi correndo para outra direção, nos abandonando... Ela era muito egoísta, mas naquele dia ela superou todos os limites, estava disposta a sacrificar a companheira humana para que a vida dela fosse poupada.

- Ela era horrível, como ela pôde abandonar a própria filha?! –soltou Rosalie, inacreditavelmente... do nada.

- Calma Rose, vamos saber o resto da história – acalmou Emmet, abraçando a loira. Ele fez um sinal para que eu continuasse. Eu assenti.

- Lembro-me bem de que Rubi tinha falado algo sobre termos apenas 15 minutos para sair do laboratório... E claro, ela estava correta. Depois de apenas 1 minuto que Rubi nos abandonou, nós ouvimos seu grito dilacerante. Eles haviam chegado. – todos ficaram tensos – No mesmo momento em que ouvimos o grito, Lucy parou de correr. Arfando ela caiu no chão com o rosto contorcido em dor e sofrimento. Ela me abraçou e começou a chorar e soluçar, sussurrando: Apollo e Rubi. Ai começou a murmurar algo ininteligível, depois as frases foram ficando mais claras : “... Eu sei, eu o amava, como nunca amei ninguém nessa vida, ele era o meu príncipe. Mas Rubi é a minha família, ela não deixou que eu morresse... ela me salvou. E eu devo isso á ela.” Então ela me abraçou mais forte, ficou me olhando com os olhos inundados e disse : “ Eu te amo... e eu sinto muito.” Dito isso, ela me colocou em cima das folhas secas no pé de uma árvore, se levantou, olhou uma última vez pra mim, e correu para a direção do grito. E foi a primeira vez que eu me senti sozinha e completamente destruída... 20 minutos depois... veio o grito de Lucy. E aí já não tinha me restado mais nada.

- E no final, todos morrem... – sussurrou Jasper, antes de receber uma olhada sombria de Alice.      

- É, no final, todos morrem. – repeti a frase com o olhar distante, o rosto de Max na minha mente.

- E quem é esse garoto? Desde que chegou aqui, ele não sai da sua cabeça. – disse Edward.

- Que garoto Edward? – disse Rosalie olhando pra mim. – Pode explicar?

- Calma Rose... Não vamos pressioná-la, acho que ela já disse o suficiente...– acalmou Carlisle.

-Não,não... tudo bem. Ele foi o garoto que me achou. – disse devagar.

- E como ele te achou no meio da floresta? Quem era ele? – Alice saiu atropelando as palavras.

- Bem, ele era... digamos assim, o macho beta do bando do meu pai. Ele era o filho do melhor amigo de Apollo, mas ele era um transfigurador comum. Ele me achou na floresta e me levou pro bando pra cuidar de mim. Max era o nome dele. – disse controlando o máximo para que minha voz ficasse tranqüila.

- Desculpe-nos por essa invasão de privacidade, mas já que ficaria aqui uma noite pensamos que devíamos saber o básico de você. Muito obrigada por se abrir conosco. – disse Carlisle num tom completamente formal e amigável.

- Claro, claro. Mais ainda não entendi uma coisa. O que está procurando afinal? – interrompeu Emmet.

- Ah, sim! Como eu vi o mapa da casa de vocês... Queria ajuda com os Volturi, e eu achei que pudessem saber, onde está o corpo do meu pai.   – fiz uma pausa para me acalmar e todos me olharam curiosos – é que quando eu voltei ao laboratório para procurá-lo ... eu não o encontrei. Nem sequer um rastro de sangue, da morte que ele teve. Apenas cinzas da construção, e nenhuma tinha o cheiro dele. Não havia nenhuma pista, eu achei estranho.

- Isso é muito estranho, mesmo... – Esme sussurrou.

- Mas mesmo que nós soubéssemos, porque achou que nós diríamos a você? – disse Rosalie ameaçadora. Emmet afagou seus cabelos louros.

- Não tive duvidas de que vocês eram confiáveis – mesmo sendo vampiros, pensei. Edward suspirou. – Já que a localização de vocês estavam no nosso território. Nosso bando não se dá muito bem com vampiros normalmente, mas se o nome de vocês esta por lá, não achei que seriam grande ameaça.

Alice deu um pulo.

- Satisfeitos? Eu disse que ela era legal! Não temos com o que nos preocupar.

Dei um meio sorriso, e todos logo relaxaram, provavelmente convencidos com a história.

- Eu realmente sinto muito pelo seu pai... Mas nós não sabemos nada sobre isso. Mas fiquei tranquila pois assim que soubermos de algo iremos te avisar imediatamente. Em relação aos Volturi... não sei dizer, querida. – disse Carlisle. Ele era tão doce! Estava começando a me sentir um pouco confortável com a situação, e isso era ruim.

Alice ficou pensativa e depois pegou minha mão e me puxou correndo pelas escadas.

- Vamos terminar de ver as outras roupas! Você ainda não viu nada!

E fomos subindo pelas escadas, rápida e silenciosamente.


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