A Vida Como Ela É escrita por LauC


Capítulo 24
Capítulo 24


Notas iniciais do capítulo

Hahaha dessa vez eu demorei, pedindo logo desculpas e falando logo que eu nao desisti da fic. Só estou com preguiça mesmo. Mas ai está. Tenho estado um pouco cansada e por isso que o capitulo nao termina onde ue prentedia terminar. Mas espero que gostem. Pelo menos eu acho que vamos conseguir chegar a 30 capitulos no maximoo.
Boa leitura meus caros.



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Olhei para a nota do meu simulado e soltei um suspiro. 9,0, era para estar feliz, certo? Guardei-a na minha mochila e sai da sala. A professora Ikeda, de Estudos Sociais, tinha me elogiado bastante, apenas dei um sorrisinho sem graça para ela. Caminhei pelo corredor e cheguei às escadas, não havia quase ninguém por ali, também já era 4:40 da tarde. Demorei bastante para terminar o simulado e a professora para corrigir. Coloquei a mão sobre o estomago e escutei minha barriga roncando.

— Finalmente!

Dei um passo para o lado surpresa e olhei para quem tinha dito aquilo. Vi Sato vindo em minha direção e relaxei.

— Pensei que estaria no clube — Falei quando ela se pôs ao meu lado.

— Nam. Eu não estou com criatividade hoje — Disse ela dando de ombros. Meu estomago roncou alto e ela sorriu. — Eu sabia que estaria com fome. Vem, vamos comer alguma coisa.

Segui-a até a quadra do colégio, o time de voleibol estava tendo treino, elas eram boas, tinham ganhado varias medalhas. Olhei para o lado e vi que Sato tinha se sentado na arquibancada e estava com um obento sobre o colo. Aproxime-me e sentei ao seu lado.

— Aqui, é para você — Disse me entregando.

— Mas...

— Sem mas — Sato cruzou os braços e deu um sorriso. — Fizemos para você junto com as meninas do clube de cozinha — Levantei minha sobrancelhas surpresa. Eu quase não ouvia falar das meninas do clube de cozinha. — Foi uma forma de elas darem um apoio para você.

— Muito gentil da parte delas — Falei abrindo o obento, fiquei encantada por o tanto de comida que havia ali e pelo formato. Peguei o hashi e comecei a comer, estava incrivelmente delicioso. Comi tudo rapidamente e sorri. — Me lembre de ir agradecê-las depois.

— Pode deixar — Disse ela sorrindo.

Sato e eu ficamos conversando por um bom tempo. Conversamos sobre o time de vôlei, o clube da cozinha, as notas e matérias. Eu sabia, na verdade eu senti, que Sato queria falar sobre Amanda, porem ela se segurou para não comentar nada, achei até gentil da parte dela, pois ainda não estava preparada para me abrir totalmente. Quando deu 5:30 nos fomos embora do colégio, a acompanhei até o terminal que ela ficava e depois fui para casa.

Subi os degraus da escada, serio, minha casa parecia um templo. Passei pelo pátio e abri a porta do dojo, entrei no corredor e passei direto pelas salas. Cheguei na porta de casa, tirei os sapatos e entrei.

Vi minha mãe na cozinha e acenei para ela. Andei direto para o meu quarto, tranquei a porta logo em seguida. Soltei um suspiro, estava cansada daquela rotina. Larguei minhas coisas no chão e deitei na cama. Depois de duas horas, que eu fui tomar um banho, quando terminei de me arrumar, deitei novamente na cama.  Encarei o teto do quarto e fechei os olhos, e a primeira coisa que me veio a cabeça foi Amanda e eu dançando no baile. Senti meu peito começar a doer e me virei na cama.

Os dias foram os mesmos desde então, voltei a treina kendo e karate, depois de pedir desculpas para o meu pai e os outros, pela minha atitude rebelde de alguns dias. Então segui aquela velha e chata rotina de sempre: Café, escola, almoço,escola, kendo, karate e cama, café, escola,  almoço,escola, kendo, karate e cama. Hoje fez uma semana que Amanda tinha ido para a Alemanha, ela dizia que estava tudo bem para Yoi e Sato. Já eu questionava sobre isso, será que ela estava realmente bem?

Para mim, Amanda sempre foi a mais sensível entre nós duas. Era o que eu achava, apesar de nem sempre ter certeza disso. Olhei para a minha mão que estava magrela e depois olhei para o grupo de meninas ao meu lado. Estávamos na aula de educação física, não era a minha matéria favorita, apesar de gostar de praticar esportes.  Eu tinha emagrecido uns 2 quilos nessa ultima semana e minha família estava preocupada com isso, mas deixaram de me importunar quando eu disse, depois de varias vezes, que estava bem.

— Tanaka-san é a sua vez — Pisquei e encarei o professor, olhei para a pista de corrida e fiquei em posição, outras garotas ficaram ao meu lado. Ele deu um aceno e apitou, começamos a correr, sai  na frente das outras e de repente parei. Eu geralmente gostava de correr, porem atualmente sempre que eu corria era porque algo de ruim tinha ou ido acontecer.

Senti meu peito começar a doer e fechei meus olhos. Por um momento voltei no tempo e me vi correndo cegamente pelas ruas, lagrimas corriam pelo meu rosto, sentia aquela sensação de um coração destruído e engoli em seco. Era o mesmo momento quando eu tinha acabado de terminar com Amanda. A visão mudou e eu me vi correndo pela estrada que levava ao aeroporto, eu corria rápido, as minhas roupas estavam bagunçadas e o cabelo então nem se fala. Coloquei a mão sobre o peito e tentei segurar as lagrimas, porem foi em vão.

Pisquei e voltei ao mundo atual. Olhei para o chão abaixo de mim, mechas do meu cabelo tinham caído sobre o meu rosto. As meninas já tinham chegado a linha de chegada, vi-as me observando e virei, me pus a andar para o vestiário. Peguei minhas coisas rapidamente e sai escondido do colégio. Corri pelas ruas até chegar ao parque e caminhei em direção a minha arvore de cerejeira favorita.

Não havia muitas folhas na arvore, sentei entre a s folhas e encostei minhas costas nela. Coloquei minhas mãos sobre o rosto e comecei a chorar. Eu sentia falta de Amanda, queria ela comigo aqui e agora, para sempre. Meu peito doía muito, era como se alguém estivesse segurando meu coração nas mãos, e volta e outra apertava ele. Fiquei ali, chorando, por vários minutos, horas. O vento frio da noite me envolveu e eu tremi. Eu tinha que fazer alguma coisa, mas o que? O que eu poderia fazer agora?

Peguei minhas coisas e me afastei da arvore. Dei uma olhada para o prédio de Amanda e virei as costas. Quando cheguei em casa, meus pais e minha avó estavam na sala.

— Por onde andou? — Disse minha mãe me dando um abraço apertado.

— Parque — Respondi, eu estava cansada, cansada de chorar e de tentar fazer as pazes com eles. Mamãe olhou para mim, seus olhos azuis me observaram com cuidado.

— Durante 8 horas? — Perguntou meu pai, dei de ombros. Não parecia que tinham se passado 8 horas desde que eu saí do colégio.

— Você tem certeza que está bem? — Mamãe virou meu rosto para ela e encarei seu rosto.

— Sim, só estou cansada — Falei me afastando dela. — Vou tomar um banho, por enquanto — Acenei e sai da sala, entrei no meu quarto e tirei minhas roupas. Peguei minha toalha e entrei no banheiro, abri o chuveiro e deixei a água me envolver. Fiquei uns 20 minutos no banheiro, vesti uma camisa vermelha folgada e um short bege, sai e fui para a cozinha, encontrei um prato de comida sobre a mesa e suco. Olhei no relógio, 21 horas. Comi tudo no prato e tomei o suco, lavei a louça e guardei.

Não estava com vontade de ir para o quarto ainda, abri a porta dos fundos e vi vovó e mamãe sentadas na beira do lago. Elas olharam para mim e acenaram para se aproximar, obedeci e sentei entre elas. Era meio chato ficar sentadas assim, antes eu não me incomodava, agora parece que sempre que fazem isso algo ruim vai acontecer.

— É meio triste quando não se tem uma lua iluminando o céu noturno, não acha? — falou vovó olhando para o céu, dei um aceno com a cabeça concordando.

— Porem, as outras estrelas têm chances de brilharem mais forte sem ela — Disse minha mãe, olhei para elas duas sem entender. Que assunto bonito, mas sem noção. Encarei o lago a minha frente.

— Porem algumas estrelas não podem brilhar mais sem ela e sim com ela — Disse minha vó.

— Então você diz que é melhor as estrelas brilharem juntas do que sozinhas?

— Claro, porque assim o brilho é maior — Respondeu Kaori dando um sorriso, mamãe retribuiu o sorriso. Vovó olhou segurou a minha mão me fazendo olhar para ela. — Sabe porque pedimos para você se juntar a nós?

— Eu acho que não foi para ouvir sobre estrelas — Respondi.

— Não, mas foi uma boa forma de começar a conversa — Disse mamãe sorrindo.

— Sabe Charlie, é como eu estava dizendo, é melhor as estrelas brilharem juntas — Disse ela.

— Não entendo — E realmente não estava entendo nada.

— Sua mãe e eu estávamos conversando antes — Vovó soltou a minha mão e olhou para o lado, onde estava minha mãe. — E percebemos que você e Amanda são como a lua e as estrelas. Vocês brilham mais se estiverem juntas — Olhei para elas duas sem entender mais nada. — Se estiverem separadas, podem ater brilhar, porem o brilho não será intenso.

— Humm, então — Comecei a montar as palavras. — Vocês querem dizer que era melhor quando eu estava com Amanda?

— Bem — Mamãe estava sem jeito para falar, a vi engolindo e seco, encarou-me e vi que seus olhos estavam sinceros. — Apesar de eu não gostar do fato de minha garotinha gostar de outra garota, eu não posso deixar de perceber que, desde que Amanda chegou, você ficou mais alegre, animada, fez mais amigos. E sem dizer, que você tinha um brilho no olhar, um brilho que fazia com que todos gostassem de você mais ainda, um brilho que chamava a atenção, um brilho que transmitia paz e amor. Um brilho do qual eu nunca mais tinha visto, desde que o seu avô morreu. E bem isso eu tenho que levar em consideração.

— Isso é verdade — Disse vovó Kaori. Olhei para elas duas surpresas, não sabia o que sentir agora. Vovó suspirou tristemente. — Eu fiquei um pouco chocada quando soube sobre vocês duas, mas fiquei feliz, pois era a sua primeira vez que se apaixonava e era a primeira vez que eu via aquele olhar depois de muito tempo.  Eu me culpo por não ter apoiado você antes.

— Nós não sabíamos o que fazer — Disse mamãe. — Pensamos que era apenas uma paixão adolescente. Adolescentes passam por essas coisas de ficar se descobrindo em qual grupo se encaixa e com quem anda. Eu pensei que iria passar. Mas depois... — Vi os olhos dela se encherem de lágrimas e senti o meu coração parar. — Depois que vi como você ficou depois de se afastar dela, senti-me a pior mãe do mundo e desde então venho tentando consertar as coisas.

— Mãe...

— O brilho nos seus olhos sumiram, ficou violenta e afastou todos que se importavam com você. Isso realmente me feriu profundamente e me fez me arrepender tanto, que acho que não há nenhum modo de você sequer me perdoar.

— Mãe — Chamei-a quando ela colocou a mão no rosto, ela olhou para mim e eu dei um sorriso gentil para ela. — Você é minha mãe, apesar de tudo que houve, eu vou sempre te perdoar — Segurei a sua mão e  a de Kaori. — Você e essa obaa-chan aqui.

Elas duas me encararam sem o que dizer, lágrimas escorriam pelo seus rostos, puxei-as para um abraço apertado. Deram um sorriso sem graça, depois de se afastarem, e enxugaram o rosto.

— Que amor de criança temos aqui — Disse mamãe sorrindo, Vovó concordou e eu sorri. — Bem, agora continuando. Durante vários dias eu vim conversando com o seu pai, principalmente depois de vocês entrarem na porrada.

— Humm, eu me desculpei sobre aquilo — Falei.

— Nam, tudo bem — Ela deu um aceno de deixa para lá e continuou. — Foi difícil convencer ele, mas...

— Convencer ele do que? — Agora eu estava perdida.

— Convencer ele de que você e Amanda deveriam ficar juntas, para o bem de vocês mesmas e dos outros em volta.  Que quando vocês estavam juntas o seu desenvolvimento tanto na escola quanto fora eram melhores. E bem, foi difícil, cansativo e estressante, pois sempre que discutimos sobre isso passávamos o dia sem se falar. Vovó Kaori está de prova.

— Nem notei que não estavam se falando direito — Falei surpresa.

— Bem, você não veio notando muitas coisas ultimamente — Disse vovó, dei uma inclinada de cabeça meio que concordando. — E isso é verdade, essa casa tem sido um campo minado. Eu confesso que durante vários dias eu pensei se meu coraçãozinho velho iria aguentar esse tanto de conflito em uma só casa.

— Que horror vovó! — Exclamei.

— Serio — Ela deu um balançar de ombros e um sorriso.

— Até que uns dias atrás, finalmente seu pai concordou que eram melhor quando estavam juntas — Disse mamãe, olhei para ela totalmente chocada.

— Ele concordou?

— É como eu disse, ele não gosta deste tipo de relacionamento, mas acha, como nós — Disse acenando para vovó e ela —  que é melhor vocês estarem juntas do que separadas. Resolveu fazer alguma coisa para tentar consertar tudo que ele fez para vocês duas.

— Humm, meio tarde para fazer isso, hein? — Falei, isso era verdade. Não havia nada do que se pudesse fazer agora, Amanda tinha ido embora. O Maximo que eu poderia fazer  era ir para a Alemanha e tentar convencer ela a voltar, algo que eu duvidava muito que aconteceria. 

— Sim é — Disse vovó. — Seu pai, realmente se sente mal por isso, mas ele não tem nenhum jeito de se desculpar facilmente com você. Pessoa mais difícil do que ele só o pai. Mas enfim, decidimos juntos que faríamos tudo que estivesse ao nosso alcance. E por isso, como uma forma de tentar se desculpar, seu pai comprou passagens de ida e volta para a Alemanha.

Dessa vez eu parei. Olhei para ela em choque e depois para a mamãe, as duas vendo a minha reação deram um sorriso.

— Eu ouvi isso mesmo? — Perguntei.

— Sim — Mamãe confirmou. Olhei para ela com a boca aberta. — Sua viagem está marcada para amanha a noite.

— Amanhã a noite?

— Aham, espero que esteja preparada para fazer uma viagem — Disse vovó me puxando para um abraço.

— Serio mesmo? — Eu não estava acreditando nisso.

— Mas é claro.

Mamãe me puxou para um abraço também, coloquei minha cabeça sobre o seu peito e respirei fundo. Senti uma alegria enorme me preenchendo. Eu teria a chance de ver Amanda novamente.

— Obrigado meu Deus — Sussurrei começando a chorar nos braços da minha mãe. Ela afagou o meu cabelo. Depois que eu chorei de alegria, fui finalmente dormir. E pela primeira vez de muito tempo não peguei no sono chorando.

Escutei um barulho vindo da cozinha e me sentei na cama. Estiquei o braço em direção a mesa e peguei meu celular. 7:00 horas da manhã. Larguei-o ao meu  lado na cama e me alonguei.

— Vamos se arrumar — Sussurrei para o quarto escuro. Levantei da cama e abri a porta do quarto, olhei para o corredor e vi a luz da cozinha acessa. Escutei o barulho do fogão sendo acendido e relaxei. Virei para o outro lado e caminhei para o banheiro. Tomei um longo banho de água morna, estava me sentindo ótima.  Peguei meu uniforme e o vesti, quando terminei dei um sorriso para o espelho. Eu estava com uma aparência boa hoje, sem hematomas sem nada. Feliz, pois teria a chance e a oportunidade de trazer Amanda de volta para mim.

Peguei minha mochila, o celular e sai do quarto, entrei na cozinha e vi meus pais e minha vo sentados a mesa.

— Bom dia — Falei me sentando.

— Bom dia — Disse vovó me dando um beijo na testa. — Dormiu bem?

— Sim – respondi. Olhei para o pai, ele estava com uma cara tranquila, porem não parecia que estava feliz.  Comemos o café da manha em silencio e depois fui para o colégio, iria arrumar minha mala apenas de tarde.

Encontrei Yoi no caminho para a escola, conversamos durante todo o percurso, porem não falei nada sobre a viagem. Chegamos no colégio, falei com as meninas normalmente e depois fui na diretoria.

— Com licença — Falei abrindo a porta e olhando para dentro da sala. A diretora estava sentada a mesa, havia um bloco de papel enorme em cima da mesa, ela levantou a cabeça e deu um sorriso quando viu que era eu.

— Tanaka-san, bom dia! — Disse ela.

— Bom dia — fechei a porta e sentei na cadeira a sua frente.

— Algum problema?

— Não, na verdade — Comecei a falar, respirei fundo e continuei. — Acho que a senhora deve saber do meu relacionamento com Amanda — Ela concordou com a cabeça e prossegui. — Pois bem, sabe também que por conta dos nossos pais, fomos separadas e que não pudemos ter nenhum tipo de contato. — Chuhako levantou as sobrancelhas surpresa. — E bem, por causa disso, meio que eu fiquei mal e violenta e o resto a senhora deve saber.

— Bem, eu não sabia da parte dos seus pais — Disse ela com os braços cruzados e me encarando. — Prossiga.

— Estou dizendo tudo isso agora, porque bem, meus pais concordaram que Amanda e eu deveríamos ficar juntas, pois somos melhores quando estamos juntas, apesar de essa forma de pensamento ter demorado a aparecer, já que Amanda foi embora.

— Humm — Ela coçou o queixo e olhou para mim. — Você não deveria estar falando a respeito disso com a psicóloga (que também era a enfermeira da escola)?

— Em parte sim, mas só que demoraria muito para por em dia as coisas, sem dizer que eu confio mais em você — Falei, ela levantou as sobrancelhas novamente e me deu um sorriso.

— Obrigada, eu acho — Disse meio sem graça.

— De nada. Mas é verdade — Respirei fundo. — Mas chegando ao ponto principal, venho aqui para dizer que eu vou viajar para a Alemanha, vou tentar trazer Amanda de volta para o Japão, de volta para mim.

Chuhako olhou para mim em choque, acho que ela não tinha acreditado no que eu dissera. Ai eu resumi a conversa que tive com minha avó e a mamãe ontem a noite. Quando terminei de falar ela estava com a mão no queixo pensativa.

— Então você vai viajar por 4 dias? Para a Alemanha? — Disse ela me encarando.

— Sim, vou ficar em um hotel lá e tentarei trazer ela de volta para cá — Respondi.

— Sabe que o Campeonato nacional começa daqui a 10 dias, não sabe?

— Sim, sobre isso está tudo sobre o controle, não se preocupe. Meu pai organizou os dias perfeitamente. Eu só vou precisar que você conversei com os professores a respeito da minha viagem, se puder é claro. Apesar de eu não estar preocupada com as minha notas no momento.

— Bem, você não está 100%, mas está bem sim. Sobre notas você não tem nada do que se preocupar — Disse me encarando, soltou um suspiro e relaxou as costas na cadeira. — Ok. Pode deixar que eu falo com os professores a respeito disso.

— Muito obrigada Diretora Kinochita — Agradeci me curvando.

— Pode me chamar de Chuhako — Disse dando um sorriso. — E eu gosto de ajudar uma das minhas favoritas alunas.

Dei um sorriso enorme para ela e sai da sala, subi as escadas e fui assistir aula normalmente. Quando a aula da manhã acabou, peguei o obento da minha mochila e esperei as meninas chegarem para almoçarmos. Sato e eu arrumamos as mesas e nos sentamos, minutos depois Yoi, Rieko e Fugi entraram na nossa sala.

— Ai ai, pensei que a aula não acabaria mais — Disse Rieko puxando uma cadeira e se sentando.

— Digo o mesmo, estava morrendo de fome — Yoi sentou ao meu lado brutalmente.

— Eita, povo mole — Brinquei, elas me deram um olhar de vai te lascar e eu sorri.

— Mais cedo, eu te vi indo em direção a Diretoria Charlie — Comentou Fugi, ela estava sentada ao meu lado.

—Ah, bem, a respeito disso tenho algo a dizer — Coloquei meu hashi sobre a mesa e olhei para todas elas. — Não contem para ninguém.

— Ok — disseram elas se aproximando de mim.

— Eu vou viajar.

— Para onde? — Perguntou Yoi me encarando. Mostrei um sorriso enorme para ela. Demorou um pouco e eu vi os olhos dela brilhando de alegria. — Não me diga que...

— Aham — Concordei sorrindo, Yoi pulou em cima de mim e me abraçou com força.

— Essa é a Charlie que conheço — Disse enquanto me abraçava com força.

— É só eu que não entendi? — Falou Rieko olhando para Fugi, que concordou.

— Essa garota aqui — Disse Yoi batendo no meu ombro — Vai ir atrás de quem ela gosta.

— Espera — Disse Sato. — Você quer dizer Amanda?

— Vai para a Alemanha? — Perguntou Fugi, sorri para ela e fiz um ok com o polegar, vi um sorriso surgir no rosto delas. Fugi foi a segunda a pular em cima de mim, a abracei com força. — Isso é ótimo.

— Num é! — Disse Rieko me abraçando.

— E você vai quando? — Perguntou Sato.

— Hoje a noite — Respondi.

— E quando que você resolveu isso? — Perguntou Yoi me dando um tapa no braço.

— Na verdade minha família que decidiu isso — Falei, elas me olharam surpresas.

— Como assim?

— Vamos conversar enquanto comemos — Falei sentando na minha cadeira novamente. Narrei tudo que tinha acontecido para elas e elas escutaram atentamente, quando terminei elas estavam animadas.

— Eu estou suspresa por seus pais terem feito isso — Disse Rieko.

— E como! — Concordou Yoi. Ela era a que mais conhecia a minha família.

— Então você não vai ficar para a aula da tarde.

— Não — Respondi. Guardei minhas coisas na mochila e levantei da cadeira. — Falando nisso tá na hora de eu ir, daqui a pouco o sinal toca.

— É verdade — Disse Sato olhando no relógio. — Então nos despedimos agora?

— Bem, acho que sim, mas se quiserem ir la em casa depois da aula ou no aeroporto tudo bem, o meu voo sai as 19:30 — Falei colocando a mochila nas costas.

— Nos vemos mais tarde então — Confirmou Rieko e as outras concordaram.

— Então vou nessa — Dei um sorriso para elas e sai da sala. Caminhei pelo corredor feliz, algumas  meninas que passavam me olharam e eu dei um oi para elas. Sai do colégio e fui em direção a estação de trem. Minutos depois eu estava em casa.

Meus pais estavam no supermercado e vovó estava dormindo. Tirei o uniforme e coloquei uma camiseta e um short.

— Onde diabos será que estão as malas? — Falei pensando. Até que me lembrei que talvez estivessem no deposito, fui ate a cozinha e peguei a chave do deposito. Abri a porta de trás de casa e fui ate a porta ao lado, destranquei-a e olhei para aquele lugar bagunçado. Respirei fundo e entrei, olhei em volta até que eu vi uma mala vermelha de rodinhas. Peguei-a e sai dali.

Levei a mala para dentro de casa e passei um pano molhado do lado de fora, para tirar a poeira. Entrei no quarto e coloquei a mala no meio do quarto. Arrumar mala era um saco, porem desfazê-la era pior. Como será que esta o clima lá? Olhei para o meu computador e sentei na cadeira. Não demorou nem 5 minutos eu descobri como que estava a temperatura lá. E  não estava tão diferente daqui. 

Abri o guarda roupa e comecei a pegar algumas roupas, principalmente as de frio. Não enchi muito minha mala, pois eu poderia ir comprar algo lá. Separei a roupa que iria viajar, que era uma camisa de manga comprida branca, um sobretudo preto, botas e calças pretas e um cachecol cinza. Terminei de arrumar minha mala quase três horas da tarde. Deitei na cama exausta.

Senti alguém me cutucando e abri meus olhos, nem tinha percebido que tinha dormido, vi mamãe na minha frente e me sentei rapidamente na cama.

— Que horas são? — Perguntei ficando de pé.

— 6 horas — Disse ela sorrindo. — Vá se arrumar.

— Tá — Peguei minha toalha e fui para o banheiro. Tomei um bom banho e depois fui para o quarto. Vesti minhas roupas e olhei para o espelho, estava bem arrumada. Com aquela cara de estrangeira, mas tudo bem. Passei perfume e guardei o resto das coisas na mala, fechei-a e a levei para fora do quarto.

— Vamos comer algo antes de irmos — Pediu mamãe acenando para eu ir para a cozinha. Obedeci e fui para lá, tinha uma bela de uma janta na mesa. Comi, sushi, bife, arroz, salda, peixe, coca-cola. Fui de barriga cheia para o aeroporto.

Papai chamou um taxi e em cerca de 10 minutos nos chegamos no aeroporto. Despachamos a minha bagagem e ficamos na sala de espera. As 7:15 horas, Yoi  e as meninas apareceram lá.

— Pensei que não viriam — Falei levantando do banco e abraçando Fugi que estava mais perto.

— Pensou errado — Disse ela me abraçando de volta.

— Chegamos a tempo de desejar uma boa viagem — Disse Rieko dando um tapinha no meu braço, Fugi se afastou de mim e eu puxei Rieko para um abraço.

— Chegaram mesmo — Sorri para elas. Vi que Yoi foi falar com minha família e olhei para Sato que faltava me abraçar. — Sato! — Puxei-a e a abracei com força, Sato era um pouco mais baixa que eu, encaixou sua cabeça no meu ombro, vi que ela me abraçou com força. Sato era a melhor amiga de Amanda, e eu tenho certeza que ela ficou abalada com a partida de Amanda. — Pode deixar que eu vou trazer ela de volta, daí você pode brigar com ela — Sussurrei no seu ouvido.

— Vou esperar — Sussurrou de volta com um sorriso e se afastou de mim.

—Bem, daqui a pouco eles chamam para embarcar, estão só limpando o avião — Comentei olhando as horas no telão. Abaixei o olhar e vejo Yoi na minha frente, dei um pulo para trás. — Deus! Não me assuste assim.

— Oxe — Disse ela dando de ombros sorrindo e abriu os braços, me aproximei e a abracei. Yoi era acolhedora e gentil. Mesmo ela me enchendo a paciência na maioria da vezes, ela me fazia bem. Vai entender.  Escutei a mulher falando no autofalante que o meu voo já estava pronto e que era para os passageiros entrarem. Olhei para as meninas e dei um sorriso.

— Acho que agora sou eu — Falei.

— Agora é — Disse vovó aparecendo do meu lado. Dei um abraço apertado nela e ela me deu um beijo na testa. — Se cuide lá, ok?

— Pode deixar obaa-san.

— Charlie — Olhei para trás e vi meus pais acenando para eu ir ate eles. Quando cheguei, papai me entregou um cartão, que tinha o endereço do hotel. Eles tinham me dado dinheiro e um cartão de credito internacional para a viagem.  — Charlie, esse cartão é o do hotel, está reservado e tudo para você — Disse meu pai, concordei com a cabeça e dei um  rápido abraço nele.

— Obrigado por isso — Falei, ele ficou sem o que dizer e deu um leve sorriso. Virei e olhei para a mamãe, a abracei com força. — Obrigada também. Por tudo.

— Sem problemas minha filha — Disse ela me abraçando com força e depois se afastou. — Só vai ter um problema, nós ainda não conseguimos que Anne nos dê o endereço da casa do pai da Amanda.

— Então como que...

— Não se preocupe, até sexta mandamos uma mensagem para você com o endereço — Disse papai.  Bem, eu não esperava aquilo, pois ir ate onde Amanda estava morando era o meu objetivo. Suspirei e olhei para eles. Eles estavam fazendo tudo que podiam.

— Certo, vou ficar esperando então — Falei. Me dirigi até onde estavam as meninas e dei um rápido abraço em cada uma delas, menos em Yoi, que insistiu em ir comigo até o portão.

— Charlie — Disse quando chegamos no portão e tinha uma fila para entrar, peguei minha passagem em mãos e os documentos. Olhei para os olhos castanhos escuros de Yoi, ela colocou as duas mãos no meu ombro. — Olha, chegando lá, mande uma mensagem pelo Whatsapp.

— Tá ok — Falei sorrindo.

— Mas uma coisa — Disse ela seria. — Sei que seus pais e você não sabem o endereço dela, eu também vou ver se consigo tirar essa informação de Amanda. Mas olha, o que eu quero dizer, é que mesmo você indo até lá, pode haver, uma chance de que Amanda não queira voltar para o Japão. Algo que eu duvide muito por sinal. Mas se isso acontecer,  se mantenha firme, ok? Nos vamos precisar de você firme quando voltar.

— Ok — Falei seria, Yoi tinha tocado em um ponto que eu evitava pensar. Mas de fato, se Amanda dissesse que não queria voltar como eu agiria? Escutei a mulher chamando mais uma vez e respirei fundo. — Se cuide e cuide das coisas pra mim aqui.

— Pode deixar — Disse me dando um abraço. — E boa sorte e boa viagem.

— Brigada — Me afastei dela e fui em direção a mulher que estava recebendo as passagens. Entreguei os documentos e enquanto ela verificava, olhei para trás e acenei.

— Está tudo certo, pode entrar — Disse ela, dei um tchau para o pessoal e entrei no corredor que ligava ao avião. O avião por dentro era enorme, a primeira coisa que eu vi  foi uma televisão no meio do corredor. Procurei pela minha cadeira 20B, quando cheguei coloquei minha bolsa no banco vazio do lado e sentei na cadeira.

Não demorou muito e o avião decolou. Eu gostava de viajar, era legal sentir que estava indo para um lugar novo e desconhecido. Minutos depois a aeromoça apareceu com aquele carrinho de comida, falei que não precisava de nada e me aconcheguei no banco.  Não fiz nada alem do que dormir por  5 horas, as outras 3 horas fiquei assistindo filme e escutando musica.

Finalmente o Piloto disse que estávamos sobrevoando a cidade de Berlim e que poderíamos vê-la apartir do momento que passássemos pelas nuvens. E para isso demorou uns 5 minutos depois que ele anunciou. E a cidade era linda, varias luzes por todo lugar. Não era tão iluminada quanto Toquio ou New York, mas chegava muito próximo.

O avião posou e depois de vários minutos, finalmente eu pude sair dele. Eu gostava de viajar, não de ficar esperando.  Fui para a sala de espera das bagagens e não demorou muito e eu vi minha mala. Peguei-a, fechei o sobretudo e cobri minha boca com o cachecol, estava muito frio. Caminhei pelo aeroporto, perdida, até que achei a saída e vi um taxi.

Ele colocou minha bagagem no porta mala do carro e abriu a porta do carro para mim. Ele era um senhor de 50 e poucos anos, usava um sobretudo grosso preto e calça jeans escuras. Ele falou alguma coisa que eu não entendi nada.

— Me desculpe, eu não falo Alemão — Falei em inglês.

— Ah, uma estrangeira — Disse em inglês, ele tinha um sotaque muito estranho. — Pensei que fosse daqui.

— Ah não — Falei sorrindo, entendi por que ele pensou isso, eu era branca e loira. — Sou americana.

— Explicado, a primeira vez que vem aqui? — Perguntou, olhei para a janela e vi apenas uma avenida a frente.

— Sim — Respondi.

— Tem um hotel?

— Sim — Procurei o cartão na bolsa e o entreguei. — Sabe onde fica?

— Mas é claro — Disse ele sorrindo. Ficamos conversando durante todo o percuso, ele ficou me dando dicas de como agir e algumas coisas sobre a cidade. E ela era linda, era uma mistura de prédios modernos e antigos. Havia praças, parques, lojas lindas.  Eu estava encantada com a cidade. Acho que eu fiquei com a mesma expressão de quando eu fui para o Japão pela primeira vez.  Quando chegamos no hotel, fiquei surpresa. Ele não parecia muito Chique, quero dizer, daqueles tipos de hotéis extravagantes que só olhando a entrada você já sabe que é de luxo. Tirei o dinheiro da bolsa e entreguei ao senhor. — Muito obrigada por tudo.

— Não tem de quê senhorita — Disse ele dando um sorriso, abriu a porta do carro para mim e desci, ele foi ate o porta mala e tirou minha mala. — Foi um prazer conhecer você e foi legal treinar um pouco do meu inglês enferrujado, já faz um tempo que não tenho um passageiro americano.

— Prazer foi meu — Falei pegando a mala.

— Aqui, pegue — Disse ele me entregando um cartão, com o seu numero de telefone e nome. — Se precisar dar uma volta pela cidade.

— Obrigada novamente — Me curvei para ele e ele sorriu.

— Hábitos japoneses — Disse ele sorrindo. — Bem, tenha uma boa noite!

— O senhor também! — Falei e o vi entrando no carro, peguei minha mala e entrei no hotel. A primeira coisa que vi foi o chão. Ele era todo dourado, acima havia um lustre enorme de cor dourada, um sofá de couro em um canto. Me dirigi a recepção e vi uma moça linda de olhos azuis. — Boa noite, meu nome é Charlie Tanaka, tenho uma reserva aqui.

— Boa noite, vou verificar aqui rapidinho — Disse ela em inglês perfeito, digitou no computador e logo depois olhou para mim com um sorriso. — Sim, você tem um quarto de solteiro reservado, correto?

— Sim — Confirmei. Ela se levantou e pegou um cartão  em um armário dourado. Aquele lugar todo era dourado.

— Quarto 21, do 4º andar. Obrigada e tenha uma noite — Disse ela me entregando um cartão que não era dourado, mas sim preto. — Qualquer problema liguei para a recepção.

— Ok, obrigada — Falei e me virei dando de cara com o carinha que levava a bagagem, que eu tinha me esquecido na hora como se chamava.

— Posso ajudar com a bagagem senhorita? – Perguntou ele.

— Pode sim — Respondi colocou minha mala em um carrinho e fomos em direção ao elevador. Apertei o botão do andar e logo chegamos. O corredor não era muito diferente do hall. O chão era dourado e as paredes brancas. Parei na frente do apartamento 21 e passei o cartão na identificação, a porta abriu e eu acendi as luzes. O quarto era grande para minha surpresa, pois era de solteiro. Havia uma cama, que mais parecia de casal do que de solteiro, um guarda roupa preto, uma mesa, havia uma janela que dava para a rua, uma televisão de polegada na parede e um frigobar.

— Tenha uma ótima noite — Disse o rapaz colocando minha mala em um canto do quarto e saindo.

— Obrigada — Fechei a porta do quarto e fui em direção ao banheiro, o banheiro era grande também, voltei para o quarto e tirei meu sobretudo, abri o guarda-roupa e pendurei-o no cabide. Olhei em volta e achei o controlador do aquecedor, liguei ele e me deitei na cama, estava morta. Tirei as botas e o cachecol, puxei o cobertor para cima de mim e fechei os olhos para dormir. 


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Notas finais do capítulo

que acharam?? haha. O capitulo era para ser bem maior ( cerca de umas 12 mil palavras ou mais), só que como eu disse antes, estou cansada e tals,s em dizer que era melhor postar algo para o povo ver que eu ainda estou viva e que a fic tbm esta. Falei que estou cansada e tals, Mas é porque eu consigo escrever melhor durante a noite e como estou estudando de manha e de noite, quando chego em casa estou morta, ai quando vou escrever nao consigo ficar acordada por muito tempo.
Obrigada por lerem e eu prometo que vou tentar postar o mais rapido possivel!
Bjus.



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