A Vida Como Ela É escrita por LauC


Capítulo 23
Capítulo 23


Notas iniciais do capítulo

Aehhhhhhhhhh, finalemente de ferias kkk. Agora posso escrever. Mais um capitulo para voces meus lindos. Espero que gostem. Bjus ^^. não estava muito empolgada nesse capitulo, se nao saiu bom ja sabem o motivo kkkk.



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Respirei fundo e me olhei no espelho. Meu rosto estava com hematomas amarelos, mas nada que uma boa maquiagem não desse jeito. Soltei um suspiro e tirei a minha roupa, larguei-as no chão e entrei no chuveiro, deixe a água morna me envolver e fechei os olhos. Uma coisa quente pelo menos. Mas uma vez era segunda feira, dia de juntar todas as forças que tinha para ir para escola e encarar Amanda e as outras meninas. Faltava poucos dias para o campeonato nacional começar, todos estavam treinando duro, somente eu que estava meio que de castigo. Mentira, eu que não queria ir mesmo, não até eu estar realmente bem.

Fechei o chuveiro e me enxuguei com a toalha. Escovei meus dentes e sai do banheiro. Fechei a porta do meu quarto e me troquei. Vesti meu uniforme do colégio, peguei minha mochila e sai de casa. Caminhei pela calçada calmamente, quando cheguei no lugar onde Yoi e eu caminhávamos juntas, a vi encostada na parede. Nossos olhos se encontraram por um momento e eu respirei fundo, virei de costas e me pus a andar. Yoi correu e caminhou ao meu lado.

— Bom dia Charlie — Disse ela.

— Bom — Respondi e puxei minha bolsa para mais perto. Yoi percorreu todo o caminho do colégio ao meu lado, não dissemos uma palavra. Estava decidida que hoje eu ficaria o mais calma possível e que ninguém iria estragar o meu dia. Entramos no colégio, algumas meninas que estavam chegando também olharam para nós um pouco surpresas. Fechei meus olhos e me pus a andar mais rápido, passei por elas e entrei no prédio da escola. Troquei meus sapatos e fechei o armário. Subi as escadas devagar, dei um aceno de cabeça para uma professora que passou por mim e entrei na sala. Amanda não estava lá. Caminhei para a minha carteira e me sentei.

Será que ela não vem?

Coloquei minhas mãos na minha cabeça e mordi meu lábio inferior. Por que me importo? As aulas da manhã começaram e Amanda não tinha aparecido. O resto do dia foi calmo, conversei com os professores depois da aula e pedi desculpas pelo o que vinha acontecendo com as minhas notas. Depois fui para a classe de Kendo, abri a porta devagar e todas as meninas olharam para mim. Eu não iria treinar hoje, apenas iria conversar com a professora.

Entrei devagar na sala, olhei para o lado e vi Yuku e Rei conversando, Yuku estava com uma expressão vazia e Rei estava com uma cara brava. Se ela não estivesse com raiva de mim, até acharia fofo. Caminhei em direção para a professora que estava conversando com Amae.

— Treinadora posso falar com você rapidinho? — Perguntei interrompendo a conversa das duas. Ela me deu um olhar em duvida e suspirou.

— Tudo bem — Respondeu e foi para um canto da sala. Cruzou os braços e me encarou. — Então?

— Bem — Comecei a dizer, passei a mão pela minha nuca e engoli em seco. — Primeiramente queria pedir desculpas pelo jeito que eu vim agindo nos últimos dias — Seus olhos demonstraram surpresa, engoli em seco, me custava muito pedir desculpas pras pessoas, mas só estava pedindo, pois as nacionais estavam perto e eu precisa treinar. — Ah e queria perguntar se eu ainda estou no time.

— Claro que você está, apesar de que corre o risco de ser substituída se suas notas não melhorem — Respondeu ela colocando as mãos nas cinturas.

— Ah sim — Me curvei — Prometo que minhas notas vão melhorar.

— Certo, vou lhe dar uma segunda chance, mas caso se suas notas não melhorarem e você não se comportar direito está fora — Olhei para a treinadora, ela estava falando serio, engoli em seco e concordei com a cabeça.— Ok. Agora eu quero que peça desculpas para Yuku.

Mordi meu lábio com força e fiz uma cara de é serio.

— Vamos, se você pedir desculpas, vou pedir para os professores fazerem um simulado para você recuperar as notas, já que vamos ter provas novamente só em dezembro — Olhei para ela, eu sabia que ela conseguiria se falasse com os professores. — Então?

— Tudo bem — Respondi engolindo o resto de orgulho que me sobrava.

— Yuku! Venha cá! — Chamou ela. Yuku correu até nos com um semblante duvidoso e olhou da professora para mim. — Charlie que dizer um negocio para você.

— Hummm — Comecei a dizer. Não tinha a mínima ideia de como fazer isso sem parecer uma tola. Esfreguei minha nuca com força e resmunguei. — Queria pedir desculpas pelo o outro dia, eu não estava me sentindo muito bem e acabei descarregando em você e nas meninas — Me curvei, meu cabelo caiu sobre o meu rosto.

Yuku ficou sem dizer nada por uns segundos, olhei para ela esperando a resposta e ela me olhou em duvida. Vi ela pensando bem e coçou a parte de trás da cabeça.

— Tudo bem — Disse ela. — Só não repita o que houve.

— Ok — falei e fiquei reta. Dei uma olhada rápida para o lado e vi todas olhando para mim surpresas. Olhei para a professora — Então, eu acho que era só isso que eu vim falar. A senhora vai fazer a sua parte?

— Claro, hoje mesmo eu falo com eles — Disse dando um pequeno sorriso. Acho que ela tinha gostado de me ver pedindo desculpas.

— Ok. Bem, vou indo — Falei, dei um aceno para elas e atravessei a sala o mais rápido possível. Fechei a porta as minhas costas e sai do colégio. Quando cheguei perto de casa, vi Yoi sentada em um banco do pátio. Ela olhou para mim e se levantou.

— Preciso falar com você.

— Serio? — Falei, já estava imaginando ela dando um sermão em mim.

— É sobre Amanda — Disse ela. Yoi estava seria demais. Encarei ela curiosa, mas sem demonstrar tal curiosidade.

— O que tem Amanda?

— Ela está viajando hoje para a Alemanha — Disse ela rapidamente. Olhei para ela sem entender. Pois eu tinha feito de tudo, tudo para isso não chegar acontecer e agora ela me diz que Amanda estava indo embora. Aquilo não fazia nenhum sentido. Yoi encarou meus olhos e continuou. — Ela me disse isto ontem.

— Como assim? — Perguntei.

— Tentei convencê-la que estava fazendo a coisa errada e que tudo que você vinha fazendo, apesar de ser um jeito idiota, era para que isso não acontecesse. Entretanto ela me disse que não via sentido nenhum em ficar aqui, se não poderia falar com você. E que ela te amava tanto que não suportava mais ficar longe. Por isso ela pediu para a mãe dela comprar a passagem de ida para a Alemanha.

Fiquei encarando Yoi e absorvendo as suas palavras que entravam com dificuldade. Serio isso? Que Amanda tinha pedido para ir embora? Isso não podia ser verdade, podia? Yoi puxou uma caixinha prateada do bolso do casaco e me entregou. Olhei para a caixinha que era muito familiar e tremi, abri lentamente e vi o colar que eu tinha dado para Amanda de aniversario.

— Que horas que ela está indo? — Perguntei fechando a caixinha com força e encarando Yoi. Yoi me olhou um pouco surpresa e fechou os olhos.

— Daqui a 7 minutos — Disse, encarei ela sem o que dizer e senti meu peito começar a doer. Droga! Tirei meu casaco e prendi o meu cabelo.

— Segura pra mim? — Entreguei minha bolsa e o meu casaco para ela. Yoi segurou minhas coisas sem reclamar e eu corri.

Corri como nunca antes. Desci as escadas de três em três degraus e atravessei a rua. Não tinha tempo para pegar o trem e nem um taxi. Meus pés atingiram a calçada com força. Maldição Amanda! Fechei minhas mãos em punhos e mordi minha boca. Você não pode me deixar. Não depois de tudo que passamos, do que eu passei. Passei voando por lojas e mais lojas, eu não estava reconhecendo nada. Estava apenas focada no meu trajeto e no tempo. Peguei a estrada que ia direto para o aeroporto e acelerei.

A estrada era longa, um vento frio batia nas minhas roupas, puxei minha gravata e engoli em seco. Olhei no meu relógio, faziam 3 minutos que eu tinha saído de casa. Eu não saberia o que fazer se Amanda fosse embora. Escutei meus passos e as batidas do meu coração como se fossem os únicos sons na terra.

4 minutos.

Oh querido Deus, por favor, faça ela desistir de viajar.

Olhei para o lado e vi a praia, havia algumas pessoas se divertindo lá. O por do sol estava até bonito, mas para mim estava agonizante. Apertei o meu passo, comecei a respirar com dificuldade, mas me forcei a ir em frente.

5 minutos.

Alguns carros passaram por mim rapidamente e eu senti um pouco de inveja deles. Engoli em seco e foi então que eu vi. O aeroporto surgiu na minha frente, ele era todo branco com azul escuro, havia uma área de estacionamento do lado, do qual estava cheio de carros. Atravessei ele correndo.

6 minutos.

Entrei voando e fui em direção a recepção.

— Por...favor... o Voo para a Alemanha — Eu não estava conseguindo respirar direito, a recepcionista olhou para mim assustada. — Já partiu?

— Ainda não — Respondeu ela.

— Onde é o portão de embarque? — Perguntei, ela abriu a boca para dizer que não podia dizer. — Por favor é urgente.

— Fica no fim do corredor a direita, mas os passageiros já embarcaram. Você tem a passa... — Não terminei de ouvir o que ela tinha para dizer, apenas sai correndo. Entrei no corredor e corri o mais rápido possível.

7 minutos.

— Não não — Falei enquanto corria. Parecia que a porcaria do corredor nunca acabava. Finalmente avistei o portão de embarque, havia dois seguranças na porta. Tentei passar por eles o mais rápido que podia, mas os dois me seguraram como se segurassem uma criança.

— Epa, aonde pensa que vai? — Disse um deles.

— Por favor me deixem ir, preciso falar com uma pessoa desse voo urgentemente — Falei.

— Sinto muito, mas o avião já está levantando o voo — Respondeu o outro. Olhei para ele sem entender e tentei me soltar.

— Não, isso não é verdade! — Minha voz soou alterada, os dois guardas me olharam sem reação. Olhei para a pista de voo e vi um avião decolando. Mesmo não sabendo qual era o avião dela, eu sabia, lá no fundo, que nunca mais veria a Amanda. Senti meus olhos começando a encher de lágrimas. — Não... pode...ser.

Os guardas me soltaram e perguntaram se eu estava bem, apenas me afastei deles e me sentei em um banco. Olhei em volta para ter certeza que ela não tinha desistido e encontrei os olhos azuis de Anne. Fiquei de pé e caminhei rapidamente em sua direção, ela me viu e começou a correr. Apertei o meu passo e rapidamente a alcancei, segurei sua blusa e a puxei contra uma parede.

— O que... que.. você... fez? — Falei, minha voz estava tremida.

— Fiz apenas o que minha filha pediu — Respondeu ela. Olhei para os olhos que eram tão iguais aos de Amanda e engoli em seco. Não me contive e minha mão bateu no seu rosto com força.

— Você sabe o que você fez? — Gritei, ela virou o rosto incrédula para mim. Eu estava mais triste do que com raiva, lagrimas começaram a escorrer pelo meu rosto. Ela abriu a boca para dizer algo e eu continuei. — Porque você permitiu que ela fosse embora, hã? Você não viu que eu me afastei dela?

Puxei sua camisa com mais força. Anne me olhou assustada e engoliu em seco.

— Você acha mesmo que eu queria mandar minha filha embora? — Disse ela para a minha surpresa. — Mas eu não podia ver minha filha sofrendo mais. Mesmo não gostando, ela te amava e não suportava mais isso tudo. Por isso ela foi embora.

As palavras dela bateram em mim como um vento. Comecei a suar frio e a perder a força. Soltei a sua camisa, seu rosto ficou a minha frente. E agora? Meu peito começou a doer, a mesma dor que eu senti quando terminei com Amanda, só que dez vezes pior.

— Vá embora — Sussurrei. Anne me deu um olhar que eu não soube decifrar e que pouco me importava. Saiu da minha frente e escutei os passos dela se afastarem, e então, eu caí de joelhos no chão.

Olhei para a parede a minha frente e tremi. Eu não sabia o que fazer, o que pensar. As lagrimas corriam pelo meu rosto rapidamente. Minha mente começou a ficar embaçada. Trouxe os meus joelhos para perto e chorei.

Não sei quanto tempo passou. Estava me sentindo exausta, acabada, destruída completamente em todos os sentidos. Olhei em volta e vi que o aeroporto estava quase vazio. Coloquei minhas mãos no chão e me levantei devagar, tudo ficou preto por um instante. Forcei meu corpo a se mover e andei lentamente para fora do aeroporto. Um senhor de idade perguntou se eu queria um taxi e eu apenas confirmei com a cabeça. Um minuto depois o mesmo apareceu com um taxi, abriu a porta para mim e eu entrei.

Falei o meu endereço para ele e ele fez o seu trabalho. 5 minutos depois estava parada na frente das escadas de casa. Yoi estava sentada em um dos degraus, ela se aproximou do taxi e pagou o taxista. Sai do carro devagar e o taxi partiu logo em seguida, olhei para Yoi a minha frente. Ela me puxou para um abraço e eu coloquei minha cabeça no seu ombro. Algo dentro de mim se rompeu e eu comecei a chorar desesperadamente. Yoi me abraçou com força e me levou lentamente para dentro de casa.

Entramos no meu quarto e ela me deitou na cama.

— Calma — Sussurrou ela se deitando ao meu lado. Puxei- a contra mim e continuei a chorar. Yoi ficou passando a mão na minha cabeça enquanto dizia coisas, mas eu não entendia nada do que ela estava dizendo. Acho que só parei de chorar na hora que apaguei exausta.

Quando acordei, estava com uma dor de cabeça terrível. Yoi não estava lá. Levantei da cama e fiquei de pé, senti um cansaço me envolver e me apoiei na mesa. Respirei fundo varias vezes e olhei no relógio. 7:45 da manhã, eu tinha que me arrumar para ir para a escola. Peguei minha toalha e entrei no banheiro, foi então que percebi que tinha dormido com o meu uniforme. Tirei-o e entrei na banheira, que estava com água morna.

— Charlie? — Escutei a voz de Yoi do lado de fora. — Vá com a sua outra roupa do colégio.

Fiquei debaixo da água morna até quando eu senti que meu corpo estava aquecido e sai. Entrei no meu quarto e vesti o meu outro uniforme, que era uma calça, camisa e jaqueta vermelhas com detalhes brancos. Enxuguei os meus cabelos e depois o penteei. Abri a porta do quarto e entrei no corredor, caminhei até a cozinha e vi Yoi mexendo na geladeira.

Puxei uma cadeira da mesa e sentei. Observei Yoi preparar o café da manhã e o obento. Ela fez um sanduiche de queijo, ovos e bacon, e um suco de laranja para mim e o comi rapidamente. Depois pegamos nossas coisas e fomos para o colégio. Yoi e eu não falamos nada, o Maximo que fizemos foi ficar de mãos dadas. Yoi tinha me visto chorar ontem e também tinha me ajudado depois de tudo que eu tinha feito, não estava mais ligando para nada.

Chegamos na escola juntas. Trocamos de sapatos e subimos as escadas juntas. Todas que passaram perto de mim nos olharam surpresas. Entramos no corredor e vi, Fugi, Rieko e Sato na frente da minha sala. Vi Yoi dando um aceno com a cabeça e ela me puxou para dentro da sala. Sentei na minha cadeira e olhei para Yoi, eu não queria que ela fosse embora.

— Vou ficar com você até a aula começar, ok? — Disse ela puxando uma cadeira ao meu lado, confirmei com a cabeça e me apoiei no seu ombro. Escutei sussurros na sala, fechei os meus olhos e me forcei a ficar calma.

Não demorou muito e a aula começou. Yoi foi para a sua turma e eu fiquei observando o professor dando aula, fazia tempos que eu prestava atenção ao que o professor estava ensinando, tanto que ele fez até uma pergunta para mim, que respondi o mais diretamente possível.

Durante todas as aulas da manhã os professores me fizeram perguntas sobre o assunto e de todas as vezes eu soube responder. Fiquei até me perguntando se eles não estariam de sacanagem com a minha cara. Na hora do almoço, a diretora me chamou na sala dela. Nessa hora todos sabiam que Amanda tinha ido embora.

— Sim — Falei quando entrei na diretoria.

— Sente-se — Disse Chuhako apontando para a cadeira na sua frente. Fiz o que ela mandou e a encarei. — Bem, chamei você aqui para lhe informar que os seus professores e eu entramos em consenso. E vamos permitir que você faça um simulado para recuperar a suas notas, para ir para o campeonato.

—Ah, muito obrigada — Falei dando um fraco sorriso.

— Vai ser nessa quinta feira depois da escola. Você tem um dia para colocar em dia as matérias.

— Ótimo — Digo, um dia seria o suficiente. Claro, isso se eu me concentrasse. Fiquei de pé e olhei para ela. — É só isso?

— Ah sim — Respondeu com um sorriso triste. Me curvei e fui em direção a porta, quando estava saindo, ela me chamou. — Charlie. Não me decepcione.

— Pode deixar — Fechei a porta as minhas costas e me pus a andar em direção a sala. Encontrei as meninas lá conversando. Sentei na minha cadeira e tirei o meu obento da mochila. Elas não disseram nada, comi o meu obento em silêncio e fiquei pensando se Amanda já estaria na casa do pai dela.

— O que a diretora queria? — Perguntou Yoi olhando para mim, olhei para os seus olhos castanhos escuros e suspirei.

— Vou fazer um simulado quinta feira para recuperar minhas notas, se não eu não vou para os nacionais pelo clube — Respondi indiferentemente.

— E você está calma assim? — Perguntou Rieko, olhei para ela e dei de ombros.

— Ficar nervosa para quê? — Já tinha perdido o que mais me importava, as outras coisas eram fáceis em comparação. Abaixei minha cabeça e fechei os olhos. Ninguém puxou conversa comigo, mas percebi que o clima entre nós estava melhorando aos poucos.

Fui para casa depois da aula, tomei um banho rápido e comecei a estudar para o simulado. Fiquei horas estudando e relembrando os assuntos de cada matéria. Quarta feira passei o dia quieta, lendo e estudando. As meninas falavam comigo uma vez ou outra, até que eu estava voltando a me acostumar com a presença delas e elas a minha. Não treinei nada durante esse dia. Eu ainda estava de mal com meu pai, mas estava tentando com todas as forças amenizar os nossos problemas.

— Preparada? — Perguntou o professor Kojima, de matemática na manhã de quinta. Acenei com a cabeça e ele colocou um bloco sobre a minha mesa. — Boa sorte.

— Obrigada — Falei virando a primeira pagina do simulado.


–----------- Amanda -----------


Nunca gostei muito de viajar de avião, era monótono e chato, me fazia lembrar das coisas e momentos que iriam ficar na cidade que eu estava saindo. Olhei para fora da janela e não vi nada alem de uma escuridão. Que chato. Deveria ter trazido uma revista para ler, ficar quase 8 horas sem fazer nada iria ser uma merda.

Uma aeromoça, quero dizer comissária de bordo, apareceu no corredor com o carrinho de comida, demorou alguns minutos para chegar em mim.

— Gostaria de beber alguma coisa? — Perguntou, ela era bonita, algo que eu nunca entendi. A maioria das comissários de bordo eram bonitas, devia ser pré-requisito. Ela tinha os cabelos pretos presos em um coque, usava uma saia azul até o joelhos, uma camisa branca de manga até os cotovelos e um lenço azul escuro no pescoço.

— Um copo de água por favor — Pedi, ela pegou um copo colocou gelo e água.

— Prontinho, mais alguma coisa? — Disse ela me dando um sorriso.

— Vocês vão passar algum filme?

— Vamos sim. Aqui — Ela me entregou fones de ouvido.

— Ah, Obrigada — Falei dando um sorriso tímido e ela me deu um sorriso de volta alegre. Ela deu um aceno com a cabeça e empurrou o carrinho para frente. Passou 20 minutos e as luzes se apagaram, coloquei os fones de ouvidos e esperei eles ligarem a TV.

O filme que eles passaram eram um romance, do qual um homem se alistava para o exercito americano e se separava da sua amada. No fim de tanto drama e frescura, eles acabam não ficando juntos. Sim, o filme era Querido John. Eu fiquei feliz por não ter ninguém do meu lado, pois eu estava chorando e estava muito puta por terem passado um filme desse no voo.

Limpei meu rosto em um guardanapo que tinha guardado e respirei fundo, encostei minha cabeça do lado da janela e me cobri com um cobertor. Dormir pensando em como seria a minha vida daqui para frente, longe da minha mãe e em uma nova escola. Seria difícil, porem eu acho que foi uma boa ideia. Precisa de um tempo para por a cabeça em ordem.

— Boa noite senhora e senhores, estaremos pousando em instantes no aeroporto de Berlim, Alemanha — Escutei a voz do Piloto no autofalante e abri meus olhos lentamente. Me alonguei e sentei direito na cadeira, coloquei o cinto e abri a janela.

Vi as luzes da cidade abaixo de mim e senti um sorriso surgir no meu rosto. Berlim era linda, eu adorava a minha cidade natal.

— Deixa eu ver também? — Disse uma voz de criança atrás de mim, me virei e vi um garotinho de olhos azuis e cabelos loiros me encarando. Ele era muito fofo, tinha as bochechas bem redondinhas.

— Claro — Falei puxando ele e colocando-o no meu colo, ele ficou sem jeito por um segundo e encarou a janela. Sorri e olhei para fora junto com ele. — Bonito, não é mesmo?

— Não entendi — Disse ele me olhando. Foi então que me toquei que estava falando japonês e ele tinha os traços típicos de um alemão. — Me desculpe, passei muito tempo fora do país.

— Você estava morando no Japão? — Perguntou ele.

— Sim e você?

— Fui visitar minha tia — disse ele dando um sorriso. — Lá é muito bonito e diferente.

— Diferente é a palavra certa — Sorri.

— Vocês poderiam colocar os cintos? — Disse a aeromoça para nós.

— Rico, venha sentar no seu lugar — Disse uma moça atrás de mim, ela tinha os mesmos traços que o garotinho.

— Sua mãe? — Perguntei, ele confirmou com a cabeça. — Bem, então vá lá com ela.

— Ta bom — Disse saindo do meu colo, se virou e me encarou. — Você é bonita, qual é o seu nome?

— Amanda — Falei com um sorriso gentil no rosto. — E obrigada Rico.

— Te mais! — Rico sentou atrás de mim e eu ri. Que garotinho mais fofo.

4 minutos depois o avião pousou na pista e 5 minutos depois que pudemos sair do avião. Peguei minha mochila de mão e sai. Dei um tchau para a aeromoço e me despedi de Rico. Caminhei para a sala de espera das bagagens e esperei a minha mala aparecer. Quando ela surgiu a peguei da esteira e fui em direção a saída.

Olhei para aquele monte de gente no aeroporto e me senti perdida.

— Quanto tempo hein? — Senti a mão de alguém no meu ombro e virei. Encarei o homem de cabelos pretos penteados para trás, de olhos cinzas atrás de um óculos prateado. Ele estava usando uma camisa cinza e calça jeans. — Como vai filha?

— Bem — Falei puxando-o para um abraço. Ele me abraçou com força e me deu um sorriso enorme.

— Pensei que tinha se esquecido de mim.

— Eita que drama, vi o senhor nas férias — Resmunguei, e nos dois sorrimos. Ele pegou minha mochila e minha mala e fomo em direção ao estacionamento. Papai tinha comprado um carro fazia pouco tempo, era uma BMW serie 3 vermelha. Colocou as coisas no porta mala e entramos no carro.

— Então, quer ir para casa dormir ou ir comer algo? — Perguntou enquanto passava o cinto e me dava um olhar de já sei a resposta.

— Comer algo — Falei sorrindo.

— Bem, então vamos atrás de um restaurante — Disse sorrindo e dando partida no carro.


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Notas finais do capítulo

Então, então??? kkkk. Cuidem de comentar nessa bagaça u.u Se não vou deixar vcs sem capitulo de novo kkkk. Bjus =D