A Vida Como Ela É escrita por LauC


Capítulo 21
Capítulo 21


Notas iniciais do capítulo

Esse capitulo é tenso kkk. Demorei um pouco para postar mas espero que aproveitem. ^^ Boa leitura.



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Acordei de péssimo humor nessa quarta feira. Sentei na cama e esfreguei minhas temporãs com força. Tinha sonhado com Amanda novamente, o mesmo sonho na verdade.

Eu estava sentada embaixo da arvore de cerejeira que eu tanto gostava, o por do sol estava magnífico, luzes douradas cortavam o céu escuro, parecia que uma tempestade estava se aproximando. Olho para o lado e vejo Amanda em pé, usando um jeans preto, camisa branca e por cima um colete preto, seus cabelos estavam em uma cor dourada. Olhei para o seu rosto, ele estava sereno e seus olhos me encaravam profundamente como se tentassem ler a minha alma.

“ O que está fazendo aqui?” perguntei.

“ A mesma coisa que você” respondeu desviando o olhar para o por do sol.

“ Sei dessa”.

“ Por que você acha que sabe de tudo?” disse ela, olhei para o seu rosto.

“ Eu não disse que sabia de tudo, só acho que você não está aqui pelo por do sol” respondi.

“ Tenho outro motivo”

“ Viu eu disse” Falei dando de ombros.

Amanda se abaixou e segurou o meu queixo, olhou dentro dos meus olhos e me vi perdida na imensidão azul do seus olhos, nossos lábios se aproximaram, seu nariz tocou o meu e eu senti a sua respiração sobre mim. Ela olhou para minha boca e depois para os meus olhos. Eu queria muito que ela me beijasse apesar de tudo. Afastou o seu rosto do meu e soltou o meu rosto.

“ Conviva com isso”  Disse se levantando e dando as costas para mim. Me senti vazia e solitária como nunca. Ela não precisava dizer o que era que eu tinha que conviver. Olhei para o céu, não havia nenhuma luz dourada, o sol tinha ido embora para sempre e no lugar dele uma enorme tempestade escurecia o céu. Relâmpagos começaram a cortar o céu e o trovão veio logo em seguida fazendo a terra tremer.

Tentei me  levantar, mas parecia que tinham colocado chumbo nos meus pés. Outro relâmpago cortou o céu e eu me curvei. O trovão veio tão forte que senti meus tímpanos doendo, levantei o olhar para cima ao mesmo tempo que um raio caia sobre mim. Um lampejo de luz branca tomou minha visão e eu senti uma dor insuportável por todo o corpo. Minha pele começou a queimar, minha cabeça parecia que iria explodir, coloquei minhas mãos na cabeça e caí de joelhos dentro da água. A sensação de queimar passou e eu consegui abrir o meus olhos, estava tudo escuro, meu peito começou a doer e eu percebi que estava dentro do mar.

Nadei o mais rápido que eu podia para a superfície, mas quanto mais eu nadava mais fundo eu ia. O ar saiu do meu peito e engoli água, a água entrou queimando pela minha garganta. Eu iria morrer ali, fechei meus olhos e deixei meu corpo relaxado, não havia mais o que fazer.

“ Hey Charlie!”

 Abri meus olhos e vi uma mão sobre mim, levantei a minha mão e agarrei a mão estendida. A mão me puxou para fora da água com a maior facilidade do mundo e  eu me vi nos braços de Amanda. Ela me deu um sorriso sem vida e se afastou de mim. Olhei em volta e percebi que estávamos no terraço de um prédio, eu estava na beira do parapeito. Senti meu corpo tremer de medo, forcei meus pés a se moverem, mas como antes estavam pesados demais. Amanda se aproximou de mim novamente e segurou a minha mão.

“ Não tenha medo, eu estou com você” Disse ela envolvendo minha mão na sua, engoli em seco e acenei com a cabeça. “ Sabe Charlie você realmente me magoou”

“ Acha que eu não sei? E que eu também estou mal?”

“ Você poderia ter evitado isso”

“ Me diga como? Te mandando para a Alemanha?!”

“ Encontraríamos outra maneira” Disse, seus olhos estavam cinzas agora, um cinza triste, ela me olhava com pena e com amor.

“ Eu não vi outra maneira” Falei virando o rosto para não ter que olhar nos seus olhos.

“ Você não tentou. Você simplesmente desistiu de mim”

“ Eu não desisti de você”

“ Desistiu sim” Amanda se aproximou de mim, subindo no parapeito, colocou o seu corpo contra o meu, como se meu corpo respondesse sozinho, envolvi ela em um abraço e antes que ela se afastasse puxei seu rosto contra o meu, pressionei meus lábios contra os seus e nos beijamos por um minuto. Amanda se afastou de mim calmamente, ao contrario de mim que estava sem fôlego ela estava bem. Vi uma lágrima percorrendo pela sua bochecha e senti uma dor me percorrendo, ela olhou para mim com tamanha dor em seus olhos, tocou o meu peito e fechou os olhos. “ Conviva com isso”

E ela me empurrou do parapeito, caí do prédio a uma velocidade enorme e antes de atingir o chão eu acordei.

Já era a quinta vez que eu sonhava o mesmo sonho ou diria pesadelo?

Coloquei meus pés no chão e me forcei a sair da cama. Olhei para o relógio e vi que tinha dormido demais, peguei minha toalha e entrei no banheiro, tomei um banho rápido e me arrumei para ir para a escola. Coloquei a saia, a camisa branca e o casaco, pus meu kimono na mochila e sai do quarto. Entrei na cozinha e vi duas torradas com geleia sobre a mesa e um copo de leite e café, comi-os rapidamente e fui para a entrada de casa, calcei meus tênis preto e branco e sai de casa.

Peguei o trem para a escola e cheguei lá depois de uns 10 minutos. Atravessei o portão e percebi que havia garotas ainda do lado de fora, olhei no relógio, 8:40. Porque diabos havia gente do lado de fora da sala? Coloquei minha mochila sobre os ombros e caminhei para o prédio. Tirei meus tênis e calcei os sapatos do armário.

Senti a presença de uma pessoa ao meu lado e me virei, dei de cara com Fugi. Olhei para ela sem interesse.

— Algum problema? — Perguntei um pouco arrogante. Na verdade eu estava arrogante com todos, Fugi era uma boa pessoa, mas só que eu queria ficar só. Separar de Amanda mexeu com o meu bom senso e os “sonhos” não tem ajudado muito. Descobri que depois do por do sol, do dia que eu tinha terminado com Amanda, a garota que tinha me perguntando se eu estava bem era Yuku, ela disse no treino depois que eu quase tinha quebrado o braço dela. Percebi que Fugi estava um pouco assustada, encarei os olhos verdes dela e soltei um suspiro. — O que houve Fugi?

— Só me pediram para informar que os professores estão em reunião agora, por isso não vamos ter aula até o  terceiro período.

— Hum — Falei sem interesse, peguei minha mochila e me afastei — Valeu.

Me dirigi para as escadas e subi os degraus calmamente, no meio do caminho encontrei Ino, presidente do clube de artes. Ela não disse nada quando passei por ela, apenas me deu um olhar sem jeito, no sentido ruim. Ela concerteza sabia que eu tinha terminado com Amanda, na verdade toda a escola sabia.  Entrei no corredor e abri a porta da minha sala. A primeira pessoa que eu vejo é Yoi, depois Amanda, Sato e Rieko. Elas olharam para mim e eu passei por elas calmamente.

Coloquei minha mochila sobre a mesa e me sentei na cadeira, olhei para as meninas que estavam no jardim pela janela. Senti o olhar delas sobre mim e ignorei. Tinha se passado cerca de duas semanas e eu não tinha falado com nenhuma delas desde então. Eu não tinha sentimentos mais, apenas raiva dentro de mim. Raiva que eu vinha controlando a vários dias.

O céu estava nublado, porem não via nenhuma sinal de chuva se aproximando. Eu escutava as meninas conversando baixinho, não entendia o que estavam falando, eu só conseguia que elas estavam tristes. Me senti hiperventilando e fechei meus olhos por um tempo. Quando abri os olhos novamente percebi que tinha caído no sono, olhei no relógio e faltava 5 minutos para o terceiro período.

 Vi uma sombra ao meu lado e olhei para o lado, vi Yoi me encarando, ela estava com um olhar de raiva estampado no rosto.

— O que você quer? — Perguntei friamente.

— Quero falar com você — Disse ela, sua voz estava firme e em tom de ordem.

— Estou ouvindo — Falei olhando para o relógio. Yoi me agarrou pela camisa, fazendo eu ficar de pé e de frente para ela.

— Olhe para mim — Yoi estava com um olhar furioso, encarei seus olhos castanhos seriamente.  Vi sua mão vindo de encontro ao meu rosto e deixei ela bater, sua mão bateu com força sobre o meu rosto, senti minha bochecha queimar. Vi todas as meninas da minha sala nos observando, virei o meu rosto e olhei para Yoi. — O que diabos você pensa que esta fazendo? Porque suas notas estão tão ruim? Porque diabos você está agindo desse jeito? Você sabe que pode contar conosco para o que der e vier! Confie em nós — Disse ela, olhei para ela, ela estava sendo sincera, olhei de relance para o lado e vi Amanda me observando. Yoi me sacudiu e eu voltei a olhar para ela. — Que iremos achar um caminho para vocês duas.

— Não existe outro caminho — Falei friamente. Vi o maxilar de Yoi se contraindo e vi que ela estava se segurando para não me bater.

— Sempre existe um outro caminho!

— Não para isso — Yoi abriu a boca sem dizer nada e me bateu novamente no rosto.

— Sua imbecil — Gritou. — Você não é assim, você não é a Charlie que eu conheço. A Charlie que eu conheço não desistiria do que ela ama. Confie em nós, em todas nós. — Ela acenou para toda a sala, vi as garotas acenando com a cabeça. — Você não deve percorrer isso sozinha.

— Me largue — Falei, senti minha raiva querendo sair do controle, Yoi segurou minha camisa com mais força.

— Por favor Charlie, volte a ser como era antes!

Segurei sua mão gentilmente e a tirei de mim. Me aproximei dela e fiquei a centímetros do seu rosto.

— A Charlie que você conhecia morreu — Falei olhando nos seus olhos castanhos. — Ela está trancada em um lugar do qual ninguém pode tirar.

— Nos podemos tentar — Disse ela dando de ombros.

— Ninguém irá conseguir — Digo encarando o seu rosto, Yoi apesar de estar tentando ajudar, ela não fazia ideia de como eu estava me sentindo. Aproximei meu rosto mais perto do seu e fechei minhas mãos em punhos. Senti todos na sala ficando tenso, Yoi me encarou com medo estampado no seu rosto. — Agora, quero que você escute bem. Nunca...ouse...me...bater...novamente — Yoi engoliu em seco, me afastei dela e encarei ela e as outras, Amanda e as outras me olharam com medo. — Agora vocês que não são dessa sala, saiam agora que o sinal já tocou.

Todas ficaram sem reação. Yoi se afastou de mim e puxou Fugi pelo braço, Rieko a seguiu. As meninas da minha turma que estavam em pé se sentaram na cadeira e ficaram em silencio, o professor entrou na sala e olhou para a sala.

— Aconteceu alguma coisa? — Disse ele olhando para cada uma.

— Não — Respondi e me sentei na minha carteira.

A aula correu super bem depois disso, quer dizer, percebia-se que a sala estava com um clima péssimo, porem todas sabiam fingir bem. O almoço veio, peguei meu obento e fui para o jardim. Lá ninguém me importunava, sentei no banco e abri o meu obento, vovó tinha feito um belo de um almoço, mas eu não estava com um pingo de fome. Apenas comi, pois precisava.

Fechei meus olhos e apoiei minha cabeça na costa do banco. Que dia. Tirei um rápido cochilo ali e só acordei quando o sinal tocou, levantei do banco e fui em direção a sala. O período da tarde iria começar. Subi as escadas calmamente e entrei na sala, não havia muitas meninas ali, me dirigi a minha mesa e me sentei quieta.

A aula começou e quando foi no segundo tempo aconteceu algo inesperado.

— Hoje vamos fazer um trabalho em dupla — Disse a professora Tsuki de ciências — Sente com a pessoa que esta ao seu lado — Ela tá de sacanagem né?! Olhei para o meu lado e vi Amanda nervosa. — Iremos fazer um trabalho sobre Relâmpagos.

Vi todas unindo suas mesas e só eu e Amanda separadas. A professora se aproximou de nos e nos olhou.

— O que estão esperando?

— Eu não vou sentar com ela — Falei.

— Claro que vai — Disse a professora colocando as mãos na cintura.

— Eu não posso fazer o trabalho sozinha? — Perguntou Amanda nervosa.

— Não, eu disse que é em dupla.

— Então posso mudar de dupla?

— Não.

— Mas

— Sem mais Amanda, junte logo sua cadeira com a da Charlie — Disse ela. Engoli em seco, eu não suportaria ficar tão perto de Amanda.

— Eu não quero fazer o trabalho com Amanda — Falei friamente.

— E porque não?

— Porque eu não quero — Respondi.

— É só um trabalho, deixem os problemas pessoais de vocês para depois — Disse Tsuki dando de ombros.

— Eu disse que não quero fazer o trabalho com ela — Repeti, minha raiva estava aumentando.

— Mas todas as outras já possuem dupla.

Fechei minhas mãos em punhos e me levantei, coloquei tudo dentro da minha mochila.

— Para onde pensa que vai? — Falou ela.

— Vou embora — Respondi, coloquei minha mochila nas costas e andei em direção a porta. A professora se colocou a minha frente.

— Que diabos você pensa que está fazendo? O que tá havendo? Porque não pode sentar com Amanda? — Perguntou ela segurando meu pulso, olhei para sua mão e respirei fundo, minha paciência estava indo embora. Toquei sua mão gentilmente e dei um sorriso calmo para ela.

— Desculpa professora eu não estou me sentindo muito bem. Posso ir para a enfermaria? — A professora me encarou incrédula com a minha mudança de atitude, respirou fundo e soltou meu pulso.

— Tudo bem. Fique lá até melhorar — Disse ela desistindo. Passei por ela e sai da sala. Desci correndo pelas escadas e depois passei correndo pelo pátio em direção ao prédio de clubes, quem olhasse pela janela veria para onde eu estava indo. Entrei no vestiário com mais de mil e tirei minha roupa. Meu peito estava doendo, senti uma raiva imensa me preencher e eu precisava descarrega-la em algum lugar. Vesti meu kimono rapidamente e enfiei tudo nas pressas dentro do armário, prendi meu cabelo enquanto corria em direção a sala de Kendo. Abri a porta e não vi ninguém lá, peguei uma espada e comecei a treinar.

Comecei a treinar mais rápido e mais rápido, imaginei meu pai ali e eu tentando atingir ele de todas as maneiras. Minha espada cortava o vento e depois eu me movia. Vi meu pai em pé segurando uma espada de madeira, avancei contra ele rapidamente e bati, sacudi minha espada, não entendi porque eu não conseguia atingir ele, ele defendia todas e isso só aumentava a minha raiva.

Depois de um tempo eu estava chorando de frustração  e de raiva, lagrimas de raiva se misturavam com o meu suor, sacudi minha espada com força e avancei contra o meu pai. Minha espada bateu com força contra a parede, se quebrando no meio.

— Meu Deus Charlie!

Olhei para o lado e vi a treinadora na sala me encarando assustada.

— Vejo que esta aqui faz tempo treinando, não assistiu aula?

— Não — Respondi, olhei para a espada de madeira partida e suspirei. — Desculpe sensei.

— Sem problemas, uma hora a espada não irá aguentar — Disse dando um sorriso simpático, apesar de eu saber que ela sabia que eu não estava bem. — As meninas estão se arrumando. Você tem certeza que está bem?

— Sensei — Falei olhando para minha mão — Eu posso ficar treinando sozinha hoje?

— Se assim quiser — Disse ela.

— Obrigada — Agradeci. Peguei outra espada de madeira e fui para um canto. As meninas chegaram alguns minutos depois, eu não queria treinar com elas, eu precisava ficar sozinha e controlar a minha raiva.

— Façam duplas, a Charlie vai treinar sozinha hoje — Disse a professora. — Yuku treine comigo.

— Certo  — Escutei a voz de Yuku, olhei para trás e vi ela ficar em posição de luta contra a professora. Elas duas começaram a lutar, Yuku estava bem mais rápida e mais forte, a professora teve um pouco de problema para lutar, mas no final deu tudo certo. Yuku olhou para mim em desafio, virei o rosto e voltei a treinar sozinha.

— Se eu fosse você não lutaria com ela hoje — Escutei a treinadora falando para Yuku — Charlie não está bem.

— Eu vou testar assim mesmo — Ouvi Yuku responder. — Ei Charlie!

— Que? — Falei me virando e encarando ela.

— Vamos lutar?

— Eu não estou afim — Respondi me virando e olhando para a parede.

— Ah qual é? Vamos lá é só um treino — Disse Yuku colocando a mão no meu ombro.

— Yuku eu realmente não estou afim de lutar — Sacudi meu ombro e ela retirou a mão. — Principalmente com você, eu não quero te machucar.

— Você não vai, nós usamos o equipamento, que tal? — Perguntou Yuku apontando para o equipamento no deposito. Dei de ombros desistindo e ela me puxou para o deposito, vestimos os equipamentos e Yuku deu um sorriso. — Meninas se afastem, Charlie e  eu vamos lutar.

Olhei em volta e vi todas elas se afastando imediatamente, encontrei os olhos de Fugi no meio de tantos e a vi engolir em seco. Caminhei para o centro da sala e fiquei em posição de luta, Yuku fez o mesmo. Encarei ela, eu sabia que meu olhar estava serio e sem vida.

— Podem começar — Disse a treinadora. Yuku veio para cima de mim e eu dei um passo ligeiro para trás e me abaixei, sacudi minha espada e ela passou com força na cintura de Yuku. Yuku ficou paralisada e me encarou.

— Ponto de Charlie.

Fiquei em posição novamente e esperei Yuku ficar pronta. Quando ela ficou, eu parti para cima, bati nela com força e rapidez. 

— Mais um da Charlie.

Percebi que Yuku estava nervosa, encarei ela e respirei fundo. Ela não me atacou, para minha surpresa, fui para cima dela e ela defendeu todos os golpes com dificuldade.

— Mais rápido — Falei. Acelerei meus movimentos e Yuku acompanhou, depois de um minuto ela estava mais lenta. — Mais rápido!

Sacudi minha espada contra ela, ela colocou a espada na frente, nossas espadas se encontraram fazendo um grande barulho. Girei e movimentei a espada contra a sua costa, ela virou rapidamente e defendeu. Senti um sorriso surgir no meu rosto.

— Mais forte — Pedi. Yuku veio para cima de mim e eu defendi todos os seus movimentos. Me abaixei e girei, levantei minha espada e bati contra ela com força, Yuku Cambaleou e caiu no chão.

— Charlie vence — Disse a treinadora, me aproximei de Yuku e estendi minha mão para ela.

— Em posição — Falei. Yuku me encarou assustada, mas obedeceu, levantou sua espada e partiu para cima de mim. Desviei do seu golpe, dei um passo para o lado e minha espada se quebrou contra a proteção da sua cintura, fazendo-a cair no chão.

— Yuku, você está bem? — Disse a treinadora se abaixando e tocando Yuku.

— Estou bem sim — Respondeu se sentando com dificuldade. Olhou para mim e vi medo em seus olhos, olhei para a segunda espada partida em minhas mãos e suspirei. — Não precisava ter batido com tanta força.

— Yuku — Falei, ela e a treinadora olharam para mim. — Você é a capitã, treine mais duro, você sabe como são os níveis dos adversários do nacional. Eles não iram ter pena de você.

— Mas também não quebraram a espada no adversário — Disse Rei surgindo ao meu lado.

— Podem não quebrar a espada, mas bateram com força — Falei encarando Rei, vi ela tremendo. — Treinem mais, fiquem mais rápidas e com mais força, principalmente você — Olhei para Yuku. — Dei o meu lugar para você, não me decepcione.

Os olhos de Yuku dilataram e percebi que ela estava com raiva.

— Charlie! — Brigou a treinadora. — Vá para casa.

— Eu já estou indo — Dei de ombros e tirei o equipamento de mim, guardei-os rapidamente no deposito e sai dali. Entrei no vestiário, peguei minhas coisas e sai do colégio, caminhei calmamente pelas ruas, esperando o tempo passando. Quando chegou perto da hora da aula de karate começar eu apertei o meu passo, cheguei em casa 10 minutos atrasada, coloquei minhas coisas na sala de casa e fui para o dojo.

Papai tinha colocado, Yoi, James, Saya, Tony e Ichi em um circulo, os outros alunos treinavam mais afastados, eles olharam para mim.

— Charlie vai ser a primeira — Disse meu pai.

— A primeira á? — Perguntei me aproximando.

— A lutar — Respondeu ele.

— Contra?

— Mim — Respondeu ele serio. — Quero que lute serio, não hesite.

— Pode deixar que eu não vou hesitar — Respondi, percebi que minha voz tinha saído rouca e em um tom nenhum pouco agradável, meu pai me olhou um pouco surpreso. Olhei para Yoi e para os outros do dojo que pararam para ver a luta. Iria mostrar para eles como se lutava de verdade e iria descontar toda raiva ali.

Entrei no tatame e separei meus pés, fiquei de frente para o meu pai. Ele avançou contra mim e eu desviei, dei dois socos na sua costa, ele virou e me deu um na cabeça, cambaleei para o lado e senti minha raiva aumentar.  Senti minha expressão facial mudar e eu fechei minhas mãos com força, parti para cima dele, minhas mãos atingiram seu abdômen com força, passei para trás dele e o derrubei com força no tatame. Ele não pediu para eu parar, fiquei sobre ele e continuei a dar socos na sua cabeça. Ele me deu um chute na barriga e eu cai de costas no chão.

— Mas que diabos? — Escutei Saya sussurrando.

— Isso não é bom — Disse Yoi.

Joguei meus pés para baixo e fiquei de pé. Papai ficou em pé e me encarou, havia surpresa em seus olhos. Eu ainda estava com raiva, não tinha batido nele o suficiente.

— Controle sua raiva — Disse ele ficando em posição.

Fui para cima dele, minhas mãos passaram raspando pela sua barriga, ele girou e me deu uma rasteira, cai de costas no tatame, ele ficou sobre mim e eu me defendi, papai deferiu socos contra mim. Segurei um de seus braços e derrubei no chão. Me coloquei de pé rapidamente e ele fez o mesmo, eu estava furiosa. 

— O que?— Disse Tony sem palavras.

Girei sobre os meus pés e eu iria atingir o rosto do pai se ele não tivesse segurado minha perna com força. Me derrubou no chão novamente, mas não me bateu.

— Controle sua raiva Charlie! — Disse papai passando as mãos pelos cabelos.

— Ok — Respondi e fui para cima dele. Eu iria descontar a minha raiva nele, ali e agora, chega de ser boazinha, ele destruiu minha vida. Parti para cima dele, girei e acertei ele no rosto rapidamente, ele deu dois passos para o lado e eu continuei, meus punhos atingiram seu peito com força, ele defendeu, me afastei e dei um chute na suas costas, ele cambaleou para trás e me encarou com raiva.

Ele veio para cima de mim rapidamente, seu pé atingiu minha cabeça com força, cai no tatame e me forcei a me levantar novamente, eu não iria desistir. Seus punhos me atingiram duas vezes no rosto com força, senti meu lábio se partir e engoli em seco. Ele veio para cima de mim novamente com um soco direto, desviei para baixo e fiz algo que não era karate. Segurei seu ombro e bati o joelho com força contra a sua barriga, papai caiu de joelhos no tatame. Me afastei, eu iria fazer ele pagar, girei e meu pé atingiu com força o seu rosto. Papai cai com força no chão e vi sangue sair da sua boca.

Todos ficaram quietos por um minuto, senti minha raiva sumindo aos poucos e respirei fundo. Papai se colocou de pé a minha frente e me deu um tapa seguro, que eu não esperava. Cai de lado no tatame.

— Que diabos você pensa que está fazendo? Isso é só um treino! — Gritou ele.

Trinquei meu maxilar e me levantei devagar. Minha raiva tinha aumentando subitamente, fechei minhas mãos em punhos e encarei ele. Não vi ninguém ali, senão ele. E corri em sua direção, papai desviou dos meus socos e segurou minha mão.

— Se controle!!

— Me SOLTA!! — Gritei dando um chutei no seu estomago, ele soltou minha mão e eu parti para cima dele, minhas mãos atingiram seu rosto, uma, duas, três vezes. Desviei do seu chute com as pernas, e aquilo doeu. Tentei chutar seu rosto, mas ele defendia me dando um murro na barriga. Aquilo doía, mas eu não iria parar até ele parar. Olhei com ódio para ele e fui para cima, desviei do seu soco e o derrubei no chão, bati com força no seu rosto, minha mão doía a cada soco, ela já estava suja de sangue. Segurei a camisa dele e olhei dentro do seus olhos azuis.

Duas pessoas me puxaram com força para longe dele.

— Me solta!! — Gritei me sacudindo. Eu iria acabar com aquilo. Tentei me soltar, mas quem me segurava era forte, olhei para o lado para ver quem me segurava e vi, James e Tony me segurando. — Me solta idiotas!

— Charlie, controle-se!! — Gritou Yoi. Olhei para o lado e vi que ela estava ajudando o papai a ficar sentado.  Ele estava bem machucado, havia sangue escorrendo da sua testa e da boca.

— Você está bem? — Perguntou Yoi tocando levemente o ombro do papai, vi ele olhando para ela e deu um pequeno aceno com a cabeça.

— Estou sim — Disse ele, vi a expressão do rosto dele mudar. Ele não estava com raiva, estava surpreso e assustado.

— Mas que aconteceu aqui? — Perguntou Saya confusa.

— Eu também quero saber — Disse Ichi.

Puxei meus braços com força e os meninos me soltaram.

— Eu não vou fazer nada — Falei antes que eles me segurassem de novo, olhei com raiva para o homem que estava sentada no tatame.

— Mas que diabos...

— Isso — Comecei a dizer, dei um passo para perto dele. — é por ter destruído a minha vida.

Deixei-o sem reação e dei as costas, sai do dojo e entrei em casa. Peguei um pouco de gelo na cozinha e levei para o meu quarto. Tirei toda a minha roupa e entrei no banheiro, olhei no espelho e vi que meu lábio estava partido e que estava com vários hematomas tanto no rosto quanto no resto do corpo. Tomei um rápido banho e fui para o meu quarto, deitei na cama e pus o gelo em um pano sobre o meu rosto.


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Notas finais do capítulo

Diga não a violência kkkkkkkkkkkk. Eu disse que Charlie teria vingança dela. Só não sei se foi boa o suficiente. O que acharam? Pai dela devia apanhar mais?



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