—Ai, que preguiça! — Disse Sato se alongando. Estávamos viajando de carro por 2 horas rumo a casa de praia da família de Yoi. O pai de Yoi desceu do carro e abriu a porta para gente.

— Bem, chegamos! — Disse com um sorriso na cara e acenando para a casa de madeira ao fundo, que por sinal era grande.

— Nossa — Sussurrou Rieko descendo do carro.

A casa era grande de madeira, havia uns coqueiros na frente, uma varanda com algumas cadeiras de sol. Mais a frente estava à praia, uma brisa nos envolveu e eu sorri.

— Que bonito — Falei.

— Né — Disse Yoi com um sorriso enorme. — Bem, vamos tirar as malas do carro e entrar.

Yoi, Amanda, Sato, Rieko, Fugi e eu iríamos passar uma semana aqui, pegamos as malas do porta mala e fomos para a varanda. O Sr. Matsumoto que veio dirigindo o carro, destrancou a porta e entramos.

Entramos pela sala, que havia uma televisão de 42 polegadas na parede, um sofá grande preto, uma mesinha de centro, mais a frente havia a cozinha de aço inox, com um balcão de granito, mais ao lado havia uma mesa redonda grande de vidro. Pai de Yoi nos guiou ate os quartos. Haviam quatro quartos, cada um com 2 cama de solteiros e um guarda roupa. Havia 3 banheiros, um perto da sala, um no corredor dos quartos e um que ficava do lado de fora, na varanda.

Coloquei minha mala em um quarto junto com o de Fugi, porque as meninas decidiram que era melhor eu não dormir com Amanda. Eu entendi perfeitamente o ponto delas, que era que estavam com medo de rolar “outra coisa” entre a gente, o que na verdade já tinha acontecido. Voltamos para a cozinha e vi o Sr. Matsumoto abrindo a geladeira e os armários de comida.

— Está tudo em ordem — Disse ele esticando os braços — Tem comida ai para uma semana, se precisarem comprar alguma coisa vocês podem ir na cidade comprar, tem um mercantil lá, Yoi sabe o caminho.

— Humm — Olhei para Yoi com as sobrancelhas levantadas e ela me deu um tapa no braço.

— Bem, eu vou indo meninas, tenho que assinar uma papelada — Deu um abraço em cada uma de nós e bagunçou o cabelo de Yoi.

Vimos ele dando partida na van e saindo da garagem. Nos entreolhamos e sorrimos.

— E agora o que fazemos? — Perguntou Amanda.

— Não é obvio? Vamos nadar! — Rieko passou por mim e saiu pela porta da sala tirando a camisa.

Sato, Amanda e Fugi foram as próximas, Yoi e eu ficamos as vendo entrar no mar.

— Iai, quer entrar agora? — Perguntou Yoi para mim.

— Nem, eu to é com fome — Falei, olhei no celular as horas e vi que era 11 horas da manhã. — 11 horas. Que tal fazermos o almoço e depois irmos tomar banho?

— Para mim tá ótimo — Disse. Tiramos os ingredientes do armário e da geladeira, e começamos a preparar o almoço. Uma hora e meia depois o almoço estava pronto, era sushi com arroz e frango. — Vou chamar as meninas.

— Ok — Fui no banheiro e lavei meu rosto e as mãos, amarrei meu cabelo em um rabo de cavalo e fui para a cozinha. Sentei a mesa e esperei as outras chegarem. Elas entraram com uma toalha enrolada na cintura e vestindo uma camisa. Olhei para elas quês estavam com o cabelo molhado e sorri — Vocês vão sujar a cozinha inteira.

— Limpamos depois — Disse Rieko dando de ombros e pegando um prato.

— Eu to com uma fome — Disse Amanda se servindo.

— Nossa isto está bom — Fugi colocou um pedaço do frango na boca e mastigou.

— Eu só acho que vou engordar — Sato comentou enquanto comia, Yoi e eu sorrimos e começamos a comer também.

— Aqui é muito bonito.

— Verdade, eu nunca tinha vindo aqui antes — Falei. Tirando Yoi as outras me olharam em duvida. — Bem, os pais de Yoi compraram essa aqui faz pouco tempo, mas eu conheço as outras.

— Ah sim — Disse Amanda pegando seu copo de suco de uva.

Rieko e Sato foram lavar a louça, enquanto Fuji e Amanda limpavam o chão da sala e da cozinha. Yoi se sentou no sofá e ligou a televisão, sentei ao lado dela e ficamos assistindo um filme de ação, no meio dele eu adormeci.

Quando eu acordei não havia ninguém em casa, me sentei e esfreguei os olhos. Escutei a voz de Fugi vindo de fora e me espreguicei. Era 14:40. Levantei do sofá e fui até a varanda, olhei as meninas de longe no mar, elas tinham colocado um guarda sol e duas cadeiras de sol perto da praia. Fui até o quarto e tirei minhas roupas, passei protetor solar por toda a parte e me vesti novamente. Fui até a sala calcei minhas sandálias, coloquei um boné e fechei a porta de casa. Fugi acenou com a mão para mim e eu retribui enquanto sentava na cadeira.

Eu estava vestindo um biquíni preto por baixo do short bege e a regata branca. Fugi estava com um biquíni verde escuro, Sato com um vermelho, Rieko com um amarelo, Yoi com um branco e rosa e Amanda com um azul escuro. Fugi saiu da água e veio até onde eu estava, Olhei para ela de cima a baixo, força do hábito, e ela ficou com o rosto corado. Sentou na outra cadeira e cruzou os braços, sorri com aquele ato e ela me deu um empurrão.

— Então, como está a água? — Perguntei olhando para o mar, onde as meninas estavam, Yoi estava rindo de Rieko que tinha jogado o cabelo para trás e estava com o cabelo todo bagunçado, Amanda olhou para mim e deu um sorriso.

— Está gelada — Respondeu Fugi.

— Vixe — Olhei para Fugi novamente e prestei atenção para a parte de cima do biquíni dela, ela percebeu e cruzou os braços novamente. — Besta não é isso.

— Então para de olhar — Cortou ela, dei de ombros e fechei os olhos.

— Eu ia te perguntar se por acaso você passou protetor solar.

Escutei ela xingando e comecei a rir alto. Ela já tinha ganhando marcas de biquíni nessas poucas horas que ela ficou no sol. Olhei para ela que estava se secando com a toalha agora.

— Não se esqueça de passar o protetor sempre Fugi, por que se não daqui a uma semana você vai estar preta.

— Certo — Disse pegando um protetor que estava em cima da mesa e passando no braço.

Amanda começou a andar em nossa direção e eu engoli em seco, senti uma gota de suor descer pela minha nuca. Ela estava linda de biquíni, com o seu corpo perfeito, olhei para sua barriga lisinha e depois para o seu rosto, seus olhos estavam azuis, ela me deu um sorriso e mordeu os lábios, senti o olhar de Fugi em mim, tirei o meu boné da cabeça e fingi ler a etiqueta.

— E você? Vai tomar banho não? — Perguntou, olhei para ela que estava com os braços cruzados e com o rosto meio corado. Engoli em seco novamente e olhei para baixo.

— Isso é verdade — Disse Fugi para o meu espanto do meu lado, olhei para ela que agora estava quase toda branca de protetor.

— Muito protetor Fugi — Disse Amanda sorrindo. — E você não vai escapar.

— Ok — Falei quando ela apontou para mim, pegou o meu boné e colocou em cima da mesa. Fugi e Amanda olharam para mim, senti meu rosto ficando vermelho. — Hã vocês podem...

Elas viraram o rosto para o outro lado, tirei minha camisa e o short e coloquei em cima da mesa. Levantei o olhar e percebi que elas estavam olhando para mim, fiquei toda desconcertada e sai correndo para o mar. Yoi começou a rir alto quando me viu fugindo delas duas e entrei na água com tudo. De fato a água estava gelada.

— G-Gelada — Falei quando coloquei a cabeça para fora da água.

— Daqui a pouco se acostuma — Disse Yoi ainda sorrindo.

— Para de rir! — Joguei água nela, fazendo a rir ainda mais.

— Você é ótima Charlie — Disse sacudindo a cabeça e passando a mão no rosto.

Amanda e Fugi entraram na água logo depois rindo também, fechei a cara e comecei a nadar por debaixo d’água. Aos poucos perdi a vergonha e comecei a conversar com elas normalmente.

— Perdeu a vergonha? — Perguntou Rieko sorrindo.

— Charlie sempre fica assim quando vai em banho — Disse Yoi cruzando os braços — Me lembro que toda vez que íamos para um banho ela morri de vergonha de usar biquíni.

— Humm — Disse Fugi me dando um balançar de ombros e um sorriso de canto.

— Mudando do assunto Eu — Falei — Vocês passaram protetor?

— Claro — Confirmou Sato. — E você?

— Eu sim — Respondi, olhei para Fugi que se encolheu e eu sorri.

— Está começando a escurecer — Fugi disse mudando de assunto e olhando para o céu que estava realmente escurecendo, tinha cara de ser umas 5 horas.

— Verdade, sem dizer que eu estou com fome — Disse Rieko sorrindo.

— Bom de vocês irem fazer a comida dessa vez — Falei.

— Ah não — Resmungaram.

— Cuidem logo, eu não vou cozinhar sempre para vocês não — Fiz cara de brava e cruzei os braços.

— Ok — Disseram Rieko, Fugi e Sato ao menos tempo, saíram da água. Observei elas saindo da água, elas eram bem bonitas, deram um olhar para trás e viram que eu estava olhando, bem na hora alguém jogou água na minha cara.

— Ei! — Falei tirando a água da minha cara. Olhei para o lado e vi Amanda com a cara brava e Yoi com a cara seria. — OK, OK.

Me virei para o lado e comecei a nadar, parei por um momento e tentei ver algo debaixo d’água, mas só fiz meus olhos arderem e submergi. Amanda estava sentada na beira da praia fazendo um castelo de areia e Yoi estava só olhando.

— Quero só ver nó que vai dar isso — Falei para Yoi ao meu lado.

— Provavelmente Rieko não vai fazer nada — Disse Yoi dando de ombros. Olhou para mim e jogou água na minha cara.

— Mas você gostou de tacar água em mim, hein! — Joguei água nela e ficamos nessa até que cansamos. Yoi me abraçou por trás e ficamos olhando o horizonte quietas.

— Charlie, você tem que ter cuidado com Amanda — Sussurrou ela no meu ouvido.

— Eu sei disso — Suspirei.

— Bem, já que você sabe, vou ver como está indo lá na cozinha — Disse me soltando e dando um beijo na minha bochecha.

— Yoi.

— Hum? — Se virou para mim com as sobrancelhas levantadas.

— Se eu não te conhece diria que é lesbica.

— Nem morta — Disse e jogou água em mim.

Vi ela saindo da água e pegando suas coisas na mesa. Caminhei até onde Amanda estava, ela me olhou de cima abaixo e eu sorri. Sentei ao lado dela e vi o que ela estava fazendo.

— Castelo?

— Uma tentativa — Disse ainda me encarando. — Não sei porque tem vergonha, você é linda.

— Obrigada — Falei timidamente. Peguei um pouco de areia e ajudei ela a fazer o castelo. Quando eu vi que não ia dar certo, juntei um pouco de areia e taquei nela. Ela olhou para mim com uma cara brava e encheu a mão de areia. — Não...

Fechei os olhos bem a tempo de uma bola de areia atingir minha cara. Passei a mão no rosto e tirei a areia, me coloquei em pé, joguei areia nela e sai correndo, ela veio atrás de mim, vi uma bola de areia passando pelo meu lado e ela pulou em cima de mim. Cai de cara na areia. Amanda me virou para ela e sorriu.

— Perdeu.

— Aham — Concordei tirando a areia dos olhos. Amanda me ajudou a tirar um pouco e quando terminou pressionou seus lábios contra os meus. Dei um riso e correspondi ao seu beijo, viramos na areia, fiquei sobre ela. Seus lábios eram macios e doces, ela envolveu os braços na minha nuca e me beijou profundamente, depois de uns segundos eu me afastei para respirar.

Amanda respirou fundo e eu olhei nos olhos dela, ela estava feliz mas eu vi algo alem disso, algo... triste. Pensei porque ela estaria triste e voltei para quando vi que ela tinha ficado com cara de brava quando observei as meninas saindo.

— Amanda — Ela me encarou seria. — Eu sei que está com ciúme.

— Eu não estou — Falou cruzando os braços me fazendo sentar sobre as pernas dela.

— Está sim — Discordei, respirei fundo e a encarei de volta. — Olha, não precisa ficar com ciúmes, eu só tenho olhos para você.

— Então porque olhou para elas diferente?

— Vai me dizer que nunca olhou para ninguém que estava de roupa de banho, vai me dizer que não olhou para Fugi?

Amanda mordeu o lábio inferior e vi que eu estava certa.

— Amanda, meu coração é só seu, você é a única que eu amo e a única que me faz feliz. E alem disso eu não trocaria você por nada nem ninguém nesse mundo — Fiquei de pé e levantei a mão para ela. Amanda me encarou sem o que dizer, descruzou os braços e segurou minha mão. Coloquei-a de pé e sorri. — Agora vamos tirar essa areia da gente e entrar, porque esta começando a ficar frio.

Entramos no mar, Amanda envolveu os braços na minha cintura e colocou o rosto ao lado do meu. Ficamos naquela posição sem dizer nada, vimos o sol se por e finalmente Amanda disse algo.

— Me desculpe — Olhei para ela de lado. — Por mais cedo.

— Tudo bem — Falei dando de ombros, beijei sua bochecha. — Minhas mãos estão engelhadas.

— Acho melhor então sairmos — Disse e então sorriu. — Só espero que não tenho destruído a cozinha.

— Eu também — Concordei, saímos do mar, pegamos nossas roupas e caminhamos pela areia, entramos na varanda e abrimos o chuveiro do banheiro que tinha ali, lavamos nossos pés e entramos na sala. Rieko estava sentada no sofá, tinha trocado de roupa, agora estava com uma bermuda preta e uma camisa branca de manga. Ela olhou para nos duas e eu olhei para ela.

— Fui expulsa da cozinha — Disse dando de ombros.

— Nem imagino porque — Amanda disse sorrindo.

— Precisam de ajuda ai? — Perguntei para as meninas que estavam na cozinha, elas olharam para mim, desde os pés a cabeça, eu estava com a toalha enrolada na cintura, meu cabelo estava molhado e havia um pouco de água escorrendo pela minha barriga.

— Hã... não — Disse Fugi sem jeito. Sorri com a reação dela e Amanda também.

— Certo, nós vamos trocar de roupa então — Falei dando um aceno para elas e saindo da cozinha, Amanda me acompanhou, ela entrou no quarto dela e eu no meu, peguei roupas limpas e fui para o banheiro perto da sala. As meninas olharam para mim novamente. — Depois reclamam do jeito que eu olho para vocês.

Elas desviaram o olhar e eu entrei no banheiro morrendo de rir. Tirei o biquíni e abri o chuveiro. Deixei a água me envolver, passei sabonete no corpo e me molhei. Tomei um banho rápido só para tirar o sal e a areia do corpo, passei creme nos cabelos e me vesti. Coloquei uma camisa azul clara folgada e uma bermuda preta, me olhei no espelho e vi que meu rosto estava queimado do sol.

— Parece que o protetor solar não adiantou muito — Falei para o espelho. Abri a porta do banheiro e sai, fui ate a varanda onde estavam estendidas as roupas e coloquei lá o meu biquíni. Entrei em casa novamente e senti um cheiro bom vindo da cozinha. — Que cheiro bom.

— Né — Disse Amanda surgindo do meu lado. Ela estava vestindo uma camisa branca e um short bege.

— Se eu tivesse lá o cheiro seria bem diferente — Comentou Rieko da sala, sorrimos disso e nos sentamos no sofá com ela.

— A janta está pronta — Disse Sato entrando na sala, olhamos para ela e nos levantamos. Eu estava faminta.

Nos sentamos a mesa e nos servimos, coloquei a comida na boca e mastiguei, estava muito boa. Vi as outras terem a mesma reação, comemos em silencio, não sobrou nada, pelo jeito não era só eu que estava morrendo de fome. Eu e Amanda lavamos a louça e quando terminamos nos juntamos as outras na sala que estavam assistindo um filme.

— Tá terminando?

— Não, acabou de começar — Respondeu-me Rieko.

— Qual o nome do filme mesmo? — Perguntou Sato.

— Velozes e Furiosos 5.

— Humm, não assisti esse ainda.

— Nem eu — Disse Fugi.

Assistimos o filme, no meio dele fizemos pipoca. Quando terminou todas nos fomos para cama, escovei os dentes antes e me joguei na cama. Fugi fez a mesma coisa na cama ao lado.

— Boa noite Fugi.

— Boa noite Charlie.

Desliguei a luz do quarto e abracei o meu travesseiro, não demorei muito para dormir, estava exausta. Escutei alguns risinhos baixos que eram muito familiares, mas ignorei eles e continuei a dormir, senti meu rosto coçando e fui matar aquela agonia, na hora que minha mão encostou no meu rosto, minha cara ficou melada e eu senti o cheiro de chantili. Me sentei devagar na cama enquanto as meninas morriam de rir. Para melhorar eu tentei tirar o chantili com a outra mão que por acaso estava com ainda mais chantili, do jeito que minha cara estava toda branca.

— Muito engraçado — Falei ficando de pé, passei os dois dedos em cima dos olhos e vi as meninas agachadas morrendo de rir. Sorri um pouco daquilo e fui para o banheiro lavar o rosto. Voltei pro quarto elas ainda estavam lá. — Vai ter troco.

O resto do dia passamos assistindo filmes, comendo, nadando e jogando vôlei. Na partida de vôlei foi legal. Em um time estava Eu, Sato e Fugi e no outro Yoi, Amanda e Rieko.

— Sabe levantar? — Perguntei para Fugi.

— Sim.

— Ótimo — Falei, me virei para Sato.

— Eu sei defender — Disse antes de eu perguntar.

— Beleza, então vamos ganhar essa.

—Ha, vai nada — Disse Amanda para mim, dei um sorriso para ela.

E começamos o set. Sato começava sacando, Rieko defendeu, Amanda levantou e Yoi passou a bola com calma, ela me deu um piscar de olhos, Sato pegou de manchete, Fugi levantou e eu passei devagar para o outro lado. O jogo ficou balanceado até quando Yoi cortou, pegando Sato desprevenida, saindo na frente.

Olhei para Yoi que me olhou em desafio.

— Agora é serio — Falei.

Rieko sacou, a bola passou pela rede e Sato defendeu, Fugi levantou a bola e eu pulei, minha mão pegou de jeito, cortei a bola em direção Yoi. Ela tentou pegar com manchete mas a bola bateu no braço dela e foi para longe. Amanda e Rieko olharam para mim surpresa, olhei para Yoi e fiz cara de “cai dentro”.

Depois daí era só corte e defesa, algumas pessoas, jovens inclusive, estavam nos assistindo de perto. Na pausa pedi para as meninas colocarem uma camisa porque estavam de biquíni e elas entenderam o motivo. Eu coloquei a minha camisa regata branca e o boné, por que tinha começado a ficar muito quente.

— Podemos jogar com vocês? — Perguntaram um grupo de garotos, que pareciam ter a mesma idade que a gente. Olhei para as meninas que deram de ombros.

— Pode sim, vocês jogam quando acabar a partida — Disse Yoi.

— Ok — Respondeu um garoto de cabelos pretos dando um sorriso para Yoi.

Voltamos a jogar. Eu fui no saque, saquei em cima de Yoi, ela pegou a bola e passou para Amanda, que levantou e Rieko cortou, Sato defendeu e Fugi levantou eu passei para o outro lado devagar. Peguei Amanda desprevenida e fizemos ponto. Saquei novamente em Yoi, que defendeu, a bola subiu e Amanda pegou, Yoi cortou em Sato, a bola foi para longe.

— Quem fizer esse ganha — Disse Fugi alto para todos ouvirem.

— Foi mal — Disse Sato.

— De boa — Falei.

Rieko sacou em Fugi, ela levantou e eu levantei para Sato, ela cortou bem em cima de Yoi, que defendeu, Amanda levantou e vi que Yoi que iria cortar, fui para a rede e pulei, a bola bateu na minha mão e voltou para o campo de Yoi, Rieko se jogou no chão e pegou a bola, Amanda levantou e Yoi passou devagar. Peguei a bola e passei para Fugi, ela levantou e eu pulei, bati em cheio e a bola foi em direção a Yoi, a bola bateu no seu braço e subiu. Amanda correu atrás da bola e passou para Rieko, que só tocou a bola para gente.

— Essa loira é boa — Escutei um dos meninos falarem.

— Sato você corta — Falei trocando de lugar e passando a bola para Fugi. Ela levantou a bola e Sato pulou, ela deu um corte bonito em cima de Rieko, que conseguiu defender. Amanda levantou e Yoi pulou, a bola atingiu com força nos meus braços, Fugi correu e pegou a bola e Sato cortou de volta.

Rieko pegou a bola, Amanda levantou e Yoi cortou, dessa vez ela não cortou em mim, cortou em Fugi, que defendeu, mas só que a bola foi rápido demais para ser pega.

— Bem — Falei dando de ombros.

— Quem foi que disse que ganhava mesmo? — Disse Yoi para mim. Balancei minha mão para ela e sai do campo.

— Foi mal — Disse Fugi para mim. Coloquei minha mão na sua cabeça e dei um sorriso.

— Dá próxima nos ganhamos.

— Então, vamos jogar de três pessoas? — Perguntou um garoto loiro de olhos verdes.

— Vocês que sabem — Disse Rieko.

— Bem então é melhor de 6 pessoas.

— Aguenta mais uma partida? — Perguntou Yoi para mim, confirmei com a cabeça. Olhei para o garoto de cabelos loiros e olhos verdes que estava observando Amanda.

— Qual é o seu nome? — Escutei o menino de cabelos loiros perguntando de Amanda.

— Amanda — Disse ela.

— Bonito nome — Disse o garoto para Amanda, engoli em seco e fui para o campo. Yoi percebeu a minha reação e me seguiu, Amanda caminhou para rede.

— Charlie — Yoi me puxou e sussurrou no meu ouvido. — Calma.

— Eu to calma — Menti, ela me deu um olhar e foi para a sua posição. O campo ficou assim, Rieko e Sato na defesa, no ataque Yoi e eu, Fugi no meio e Amanda na rede. O garoto de cabelos pretos ficou na mesma posição que Yoi e o de cabelos loiros ficou na defesa.

A bola começou com eles, Sato defendeu, Amanda levantou e Yoi passou. Eles fizeram o mesmo, não cortaram, até que eu olhei para Yoi que me deu uma confirmada com a cabeça. Rieko sacou no menino de cabelos loiros que defendeu bem, levantaram a bola e o de cabelos pretos cortou, Fugi pegou a bola, quando vimos que Amanda ia pegar Yoi gritou.

— Pra mim! — Amanda levantou para ela, vi Yoi pulando e batendo na bola com força, marcando um ponto.

— Que corte — Disse o levantador deles surpreso. Yoi deu um sorriso e pegou a bola.

— Rieko saca — Disse Yoi jogando a bola para ela.

Rieko sacou no menino de cabelos castanhos que estava no meio, ele defendeu bem e passou a bola para o levantador, o outro atacante cortou com força em cima de Fugi. A bola bateu no braço dela com força e caiu perto da praia, uns dos meninos foi buscar. Me aproximei de Fugi.

— Você tá bem — Sussurrei.

— Aham — Disse, olhei para o seu braço que estava vermelho e engoli em seco. Levantei o olhar e vi que o menino loiro estava olhando para Amanda. Fui até ela e sussurrei.

— Tá tudo bem?

— Sim — Disse de volta, deu uma olhada rápida para trás e se virou pra mim. — Me sentiria melhor se o loirinho ali parasse de me engolir com os olhos.

— Humm — Falei, acenei para as outras se aproximarem da gente.

— Que foi? — Perguntou Sato.

— Acham que eles estão cortando com muita força? — Perguntei olhando para Rieko, Fugi e Sato que era as que mais recebiam os cortes.

— Dá para aguentar — Disse Sato.

— Se tiverem muito fortes avisem eles — Disse Yoi.

— Sato fica no meu lugar um pouco? — Perguntei.

— Ta bom, mas só um pouco — Disse indo para a minha posição.

— Hum, vão mudar de posições? — Perguntou o de cabelo loiro.

— É só por um momento — Disse Sato dando um sorriso.

Eles começaram a sacar, Rieko defendeu, Amanda levantou e Sato cortou. Um menino defendeu, outro levantou e o loirinho para minha surpresa saiu da sua posição e cortou. A bola veio em minha direção, defendi com manchete e Amanda pegou, vi Yoi cortando. O corte dele era forte, entretanto não doeu meu braço. Dessa vez quem cortou em mim foi o de cabelos pretos, também não doeu. Depois de uns minutos percebi que eles não estavam cortando em ninguém alem de mim, Yoi percebeu também, mas eu estava bem.

Foi então que vi o de cabelos pretos acenando para o levantador, este deu um balançar de ombros. O que era levantador olhou para mim e mexeu os lábios.

“ Essa vai ser forte” consegui ler o que ele tava dizendo. Acenei com a cabeça e me preparei.

Yoi cortou e o loirinho defendeu, o levantador pegou e a próxima coisa que eu vi foi o de cabelo loiro pulando, ele bateu na bola com gosto, a bola bateu com tudo no meu braço e eu senti uma dor. Fugi correu e pegou a bola e Amanda passou.

— Bate mais devagar — Falei.

— Pode deixar!

Levantaram a bola de novo e quem cortou foi o de cabelos pretos, vi Yoi pulando para defender, mas a bola passou muito rápido em direção a Rieko que desviou da bola e com razão. Se ela defendesse machucaria o braço. Vi os meninos comemorarem o ponto e me aproximei de Rieko.

— Você está bem?

— Sim, mas não estaria se pegasse a bola — Disse para mim.

— Ei vocês diminuam a força — Pediu Yoi, eles deram um ok com as mãos.

Eu sabia que eles não iriam diminuir a força e aquele loirinho idiota não parava de olhar para Amanda. Fechei minha mão direita e respirei fundo. Acenei para as meninas e elas fizeram um circulo.

— Eles não vão diminuir a força, então vamos força contra força — Falei, nenhuma delas discutiram. — Sato vamos trocar de lugares. Amanda levante alto para mim e quando eles cortarem, nos três — Apontei para ela e Yoi. — Vamos bloqueiar. Sato, Fugi e Rieko se a bola passar tentem defender, mas se vier muito forte podem deixar, melhor perder do que se machucar.

— Ok —Concordaram e voltaram as posições.

Encarei o loirinho e o de cabelos pretos. Eu ia fazer os dois sofrerem. Sacaram, Rieko defendeu, Amanda levantou a bola para mim, dei os meus passo necessários e bati com gosto na bola, ela foi em direção ao loirinho que tentou defender, mas a bola tocou no chão ao lado dele. Ele olhou para mim e engoli em seco. Yoi foi sacar.

Ela sacou com força no menino do meio que não conseguiu pegar a bola. Depois sacou no menino loiro que defendeu, outro levantou e nos três fomos para a rede quando vimos que o menino de cabelos pretos ia cortar, a bola bateu na nossas mãos e voltou para o campo deles, caindo em cima da linha. Ganhamos o primeiro set, quando foi no segundo eles começaram a ficar nervosos e eu estava adorando isso. Faltando 3 pontos para acabar a partida eles passaram a jogar forte.

Yoi, Amanda e eu tentamos no Maximo bloquear os cortes e os que passavam as meninas pegavam. Eles também passaram a defender melhor, na verdade o campo de vôlei já tinha deixado de ser vôlei há um tempo. Ficamos empatados no ultimo ponto.

— Quem marcar ganha — Disse o levantador deles.

Olhei para Yoi e fiz um dois com os dedos, ela ficou em duvida por um momento e entendeu. Me inclinei para Amanda e sussurrei.

— Finja que vai levantar pra mim quando eu dizer “agora” — Ela deu uma confirmada com a cabeça e eu voltei para o meu lugar.

Sato sacou, o loirinho defendeu, um levantou e o de cabelos pretos cortou, Yoi e Amanda bloquearam a bola, que voltou para o campo deles, o do meio defendeu, levantaram a bola e o loirinho cortou, Rieko defendeu a bola. Amanda levantou para mim e eu cortei no garoto do meio, que defendeu a bola, o loirinho levantou e o de cabelos pretos cortou, Sato defendeu com dificuldade e passou para Amanda.

— Agora! — Gritei e fui para a rede, Amanda jogou a bola para trás e Yoi cortou com força, a bola atingiu em cheio o canto do campo, marcando o ponto da vitoria. Olhei para os garotos que estavam sem ação e sorri. Abracei Yoi e as outras.

— Foi uma bela jogada — Disse o de cabelos pretos para Yoi.

— Valeu — Disse ela sem jeito.

— Nos nem nos apresentamos — Disse o menino que era levantador para nos.

— Verdade — Disse Yoi. — Bem, eu sou Yoi, essa é Rieko, Fugi, Sato, Charlie e Amanda.

— Prazer meninas, eu sou Akihiro — Disse o menino de cabelos pretos e apontou para o loirinho — Esse é o meu irmão Akinori — Olhei para o loirinho e depois para o outro, eles tinham traços semelhantes mesmo, mas para mim ainda continuava não gostando deles.

Eles puxaram conversa conosco por um tempo até que foram embora. Nesse dia eu não falei muito e no outro eles apareceram também. O loirinho percebeu que eu não ia com a cara dele e parou de tentar conversar comigo.

Era quinta feira a tarde quando percebi que precisaríamos fazer compras na cidade.

— Estamos sem comida não é? — Perguntou Sato quando me viu fechando o armário da cozinha.

— Aham, acho bom irmos na cidade comprar algumas coisas — Falei dando um suspiro. — Yoi está na praia?

— Não, tá tirando um cochilo no quarto.

— Hum, eu vou acordar ela, você pode ir chamar as outras?

— Tá.

Caminhei em direção ao quarto de Yoi e entrei, ela estava sentada esfregando os olhos.

— Acordou bem na hora — Falei.

— Foi é?

— Sim, precisamos ir comprar comida.

— Hum que horas são? — Disse se alongando, olhei no relógio do celular.

— 15:30.

— Certo, demora uns 20 minutos para chegar lá a pé, vamos agora compramos e voltamos. Não é uma boa ideia vim depois das 17:30 a pé.

— Bandidos?

— Aham.Ouvi de alguns pessoas que passavam na praia.

— Então antes das 17:30 voltamos.

Esperamos as meninas trocarem de roupas, eu fui com a que tava, uma bermuda preta, uma regata branca com um desenho de uma bailarina e um allstar preto, Yoi também foi de bermuda, só que bege e uma camisa vermelha regata. Amanda e Fugi colocaram um vestido simples que ficou bonito nelas, Sato e Rieko foram de shorts e camisa regata. Caminhamos pela estrada por 20 minutos até que chegamos na cidade que tinha ali. Compramos as coisas que viemos comprar e fomos dar uma volta já que tínhamos tempo de sobra.

O problema foi que esquecemos a hora depois que fomos tomar sorvete e quando nos demos conta já era 18 horas.

— Ótimo — Yoi disse preocupada.

— Não tem nenhuma taxi ou algo assim para nos levar lá? — Perguntou Fugi.

— Não vi nenhum por ai — Falei, respirando fundo.

— Vamos ter que voltar de qualquer jeito — Disse Yoi suspirando e começando a andar. — Quanto mais rápido fomos melhor. Se algo acontecer corremos ou batemos.

Percebi exatamente para quem ela tava falando a parte do batemos. Rieko só sabia atirar com arco e flecha, Fugi só com uma espada e Amanda e Sato nada. Caminhamos pela avenida rapidamente e atentas por uns minutos, até que tínhamos que entrar em uma rua curta. Que dava em outra avenida mais movimentada. Nos entramos nessa rua e demos de cara com 3 caras mal encarados. Acenei para elas voltarem, mas ai ela não se moveram, havia dói homens impedindo a saída. Engoli em seco. Ferrou.

— Ora ora, o que temos aqui — Disse um homem careca e com barba rala se aproximando da gente.

— Ei me solta! — Ouvi a voz de Fugi e me virei para ver o que era, um dos homens tinha segurado ela.

— Solte ela — Yoi disse.

— Acho melhor você não se mover — Olhei para frente e vi que o homem careca estava com a mão na boca de Amanda e uma faca pressionada no pescoço dela. — Larguem as coisas no chão que talvez soltemos elas.

Colocamos as sacolas de compras no chão e olhei para o careca.

— Agora nos deixem ir — Falei, o careca deu um sorriso de canto para mim.

— Vocês podem ir, mas essa daqui fica comigo — Disse ele, então tocou Amanda no seio — Pensando em fazer dela a minha namoradinha.

Fechei minhas mãos em punhos, senti uma raiva tão grande me preencher, dei um olhar rápido para Yoi, que percebeu na hora o que estava preste a acontecer.

— Solte ela — Falei, minha voz soou fria e encarei o careca.

— E você vai fazer o que? Me dissecar com esse seu olhar? — Zombou ele. Trinquei o meu maxilar e fui para cima dele. Pisei com força em cima do seu pé e puxei Amanda para trás de mim. Olhei para trás e vi que Yoi tinha soltado Fugi.

— Fiquem juntas — Falei para Amanda e as outras, enquanto encarava o careca. — Yoi você cuida desses dois que eu cuido desses.

— Pode deixar — Disse ela.

— Cuida da gente é? — Disse o careca, ele estava com a faca na mão, olhei rapidamente para os outros que não pareciam ter uma arma de fogo.

— Cai dentro — Falei e o careca veio para cima.

Eu girei e meu pé atingiu ele em cheio na cara, ele caiu no chão junto com a faca e a chutei para longe, os outros dois não reagiram por cerca de um segundo e vieram para cima de mim. Chutei um no joelho e joguei em cima de umas latas de lixo, o outro veio por trás, recebi um murro nas costas e cambaleei, vi o careca começando a se levantar. Olhei para o que tinha me batido e chutei sua perna e depois o seu rosto, ele bateu a cabeça em uma das latas de lixo.

O careca e o outro começaram a vir em minha direção, chutei o careca na perna e ele bateu na parede, desviei da faca do outro e dei dois murros nas suas costelas, segurei sua cabeça e a trouxe em direção ao meu joelho, escutei um barulho vindo do maxilar dele. Ele caiu no chão, olhei para o careca que estava com um olhar furioso.

— Eu vou fazer você pagar por isso — Disse ele. — E quando fizer você pagar por isso vou pegar aquela garota para mim.

Senti minha raiva aumentando ainda mais quando ele disse isso e eu não passei a enxergar mais nada alem dele. Fechei minhas mãos em punhos, ele veio para cima de mim, desviei do murro dele e soquei suas costelas, ele gemeu e tentou me bater, mas o que conseguiu foi só me jogar contra a parede. Vi o punho dele vindo em direção ao meu rosto e me abaixei, chutei bem entre as suas pernas, ele soltou um grito e caiu no chão.

— Quem vai fazer você pagar sou eu, de forma que você vai ter preferido nem ter nascido — Falei, minha voz estava irreconhecível. Minha mão atingiu o rosto dele uma vez e então outra e mais outra. Ele conseguiu me empurrar para longe, o vi se levantando aos poucos, me aproximei dele, ele tentou desviar dos meus golpes, mas ele não tinha chances contra alguém que há anos praticava karate. Meus punhos bateram contra o seu peito e ele cambaleou para trás, puxei sua cabeça e levantei o joelho com força, escutei um estralo vindo da sua cabeça.

— Charlie! — Escutei a voz de alguém, mas não reconhecia.

Olhei para o careca que ainda estava de pé, afastei meus pés e girei, meu pé direito acerto em cheio o seu rosto, ele caiu no chão imóvel. Me aproximei dele.

— Charlie!

Escutei a voz de Yoi atrás de mim e pisquei voltando a realidade. Olhei para frente e vi o homem que supostamente era o careca, seu nariz e maxilar estavam quebrados, seu rosto estava sujo de sangue, olhei para o lado e vi os outros dois homens desmaiados. Abaixei o olhar para minhas mãos e vi que estavam sujas de sangue. Engoli em seco e respirei fundo.

— Ei, ei, olha para mim — Disse Yoi segurando meus ombros e me fazendo olhar para ela. — Está tudo bem.

Olhei para os seus olhos castanhos que estavam com uma expressão super preocupada, me fazendo ficar tensa, olhei para trás para ver se estavam todas bem, elas estavam olhando para mim meio assustadas, mas estavam todas bem.

— Humm — Consegui dizer. Olhei para o careca novamente e engoli em seco. Eu tinha feito aquilo? Yoi segurou meu rosto e me fez olhar para ela.

— Está tudo bem, nós vamos chamar uma ambulância e eles vão ficar bem — Disse ela, Yoi acenou para uma das meninas. — Liga para a ambulância do orelhão e dá o endereço daqui.

Vi Sato sumindo de vista e engoli em seco. Fechei meus olhos e respirei fundo, controlei a raiva que ainda estava sentindo e relaxei meu corpo. Abri os olhos e encontrei o olhar de Yoi.

— Eu estou bem.

— Tem certeza? — Perguntou preocupada.

— Aham — Ela tirou as mãos dos meus ombros e eu fui até onde estavam Amanda, Fugi e Rieko, olhei para cada uma delas. — Vocês estão bem?

Confirmaram com a cabeça e eu senti um alivio, me virei e olhei para Yoi.

— Eu estou bem.

Olhei para os homens inconscientes no chão e tentei ver se respiravam. Tirando o careca que estava respirando devagar os outros estavam normais. Sato entrou na rua e nos encarou.

— A ambulância está vindo — Disse.

— Certo, acho melhor irmos então — Disse Yoi.

Amanda e as outras pegaram as sacolas de compras e caminhamos para a avenida principal. Vimos uma van que fazia frete e pedimos para o cara nos deixar em casa. Ele olhou para mim e perguntou se estava tudo bem. As meninas disseram que sim, chegamos em casa 5 minutos depois. Largaram as coisas no chão e se sentaram no sofá, percebi que ainda estavam em choque tanto quanto eu fingia não estar.

— Eu vou tomar um banho, Yoi será que você podia ir lá no quarto quando eu terminar?

— Claro — Disse ela.

Entrei no quarto e sentei na cama, olhei para o sangue seco nas minhas mãos e depois para o meu allstar que estava sujo de sangue também. Engoli em seco e tirei meus sapatos e todas as roupas, entrei no banheiro com roupas limpas e liguei o chuveiro. Deixei a água morna percorrer meu corpo e as lagrimas desceram involuntariamente. A imagem do careca ensanguentado no chão não saia da minha mente, lembrei-me de como bati em cada um deles e percebi que eles provavelmente estariam com a perna, costelas, maxilar e nariz fraturados.

Olhei para minha mão direita que estava cortada e chiei quando a água tocou os cortes. Me enxuguei devagar e vesti calcinha e sutiã, abri a porta e chamei Yoi que entrou no banheiro rapidamente.

— Você pode ver se eu me machuquei em algum outro lugar? — Perguntei. Ela acenou com a cabeça e olhou todo o meu corpo.

— Nada superficialmente — Disse, então colocou suas mãos nas minhas costelas e apertou. — Se doer fala.

Ela apertou todas as minhas costelas e nenhuma delas doeu, fiz o mesmo com ela e ela também estava bem, só a sua mão que estava ferida como a minha. Pegou o kit de primeiro socorros e fez um curativo nas nossas mãos.

— Charlie você está bem mesmo?

— Estou — Falei. — Só estou um pouco em choque da maneira de como eu bati neles.

— Entendo. Mas tudo terminou e estamos bem, isso que importa — Disse, então me deu um beijo na testa e saiu do banheiro. Vesti uma camisa folgada branca e um short cinza. Fui para a sala e ajudei Rieko a guardar as coisas nos armários, Yoi levou água para as meninas na sala.

— Rieko você está bem?

— Na verdade não, mas amanhã vou estar melhor — Disse. Dei um abraço nela e fui para a sala, sentei do lado de Amanda. Yoi sentou do lado de Fugi que estava chorando e a abraçou. Sato estava apenas olhando para o nada quieta. Segurei a mão de Amanda e ela olhou para mim, seus olhos estavam um mistura de emoções e então ela começou a chorar. Senti meu peito doendo e lagrimas começaram a correr pelas minhas bochechas, a deixei chorar no meu peito enquanto tentava em vão parar de chorar.

Depois de muito tempo nós nos acalmamos e fomos dormir. Yoi e Rieko decidiram que era melhor todas dormirem juntas, então colocamos as camas no quarto maior e nos deitamos. Fugi estava abraçando Yoi, que afagava sua cabeça calmamente até que Fugi adormeceu nos seus braços, Yoi me deu um olhar e pediu para eu ir dormir ou tentar. Envolvi Amanda nos meus braços e tentamos dormir.