A Vida Como Ela É escrita por LauC


Capítulo 17
Capítulo 17


Notas iniciais do capítulo

Aehhhh voltei. Sorry people pelo atraso da fic.Chegando em casa cansada todos os dias e tals. Mas tá ai, escrevendo de pouquinho em pouqinho ao longo da semana para ver se ao menos posto no fim de semana. Nao queria ter terminado aki o cap, mas prometo que o proximo vai ser emocionante. Bjus =*



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/345997/chapter/17

Acordei com Amanda em cima de mim, seu rosto estava manchado das lágrimas, senti meu coração partindo ao meio e beijei sua testa devagar. Olhei para o lado e vi Fugi olhando para o teto. Cutuquei seu ombro e ela olhou para mim, seus olhos estavam tristes.

— Você está bem? — Sussurrei.

— Sim — Disse, então olhou para Amanda dormindo. — Ela chorou a noite toda.

— Humm — Olhei para Amanda e engoli em seco.

— Você e Yoi apagaram a noite inteira.

Afastei Amanda de mim lentamente e me levantei, sentei perto de Fugi e a puxei para os meus braços. Ela ficou sem reação por um momento e depois me envolveu com seus braços. Não disse nada para ela por um tempo e ela começou a chorar no meu ombro, afaguei sua cabeça calmamente.

— Vai ficar tudo bem Fugi, todas vamos ficar bem — Apertei ela contra mim e me segurei para não chorar. Depois de muitos minutos ela tinha parada de chorar e eu a afastei de mim. Apesar de seu rosto está um pouco vermelho e manchado de lagrimas seu olhar estava mais alegre, calmo e incrivelmente verde. Dei um sorriso de canto para ela e ela me retribuiu com um sorriso alegre. — Viu chorar as vezes ajuda.

— Isso quando não te deixa com dor de cabeça.

— Isso é verdade também — Falei rindo, afaguei sua cabeça, vi ela fechando os olhos quando fiz isso e ela me pareceu muito com uma criança que recebeu elogio do pai. Vi as horas no relógio de Yoi e me levantei. — Bem, deixe me ver se fizeram algo para comer lá fora.

— Bom dia — Disse Amanda se espreguiçando na cama, olhou para mim com um olhar misturado de sentimentos e depois para Fugi. — Eita, fui a ultima a acordar.

— Há, foi sim — Disse eu com um sorriso para ela, ficar triste não ajudaria em nada. — Bem, vou da uma olhada lá fora.

Elas duas acenaram com a cabeça para mim e eu sai do quarto. Andei pelo corredor e entrei na cozinha, Yoi estava preparando o almoço, acenei com a mão para ela e me aproximei.

—Bom dia.

— Bom dia Charlie — Disse me dando um sorriso e pegando um tomate para cortar.

— Quer ajuda?

— Sim — Falou, fui ate o armário e peguei uma faca. — Almoço hoje vai ser bife.

— E você sabe fazer bife? — Perguntei surpresa.

— Eu aprendi — Sorriu sem graça. — Queria aprender a cozinhar alguma coisa americana para você.

— Fiquei lisonjeada agora — Falei sem graça, Yoi me deu um murro e voltou a cortar as verduras. —Bem, eu vou fazer o resto da comida então, quero ver se aprendeu mesmo a fazer o bife.

— Tá — Disse ela. Olhei para a sala e vi que Rieko e Sato não estavam lá. — Rieko e Sato estão conversando na varanda.

— Amanda e Fugi provavelmente estão também — Falei.

— Bem, elas ficaram muito assustadas com ontem. É bom que elas conversem entre si e que não fiquem absorvendo tudo para si.

— Isso é verdade — Digo dando de ombros.

— Charlie.

— Humm.

— Você está bem?

— Estou sim e você? — Perguntei olhando para ela.

— Mais ou menos — Disse Yoi dando um suspiro. — Minha maior preocupação é com elas.

— A minha também, mas tenho certeza que vão ficar bem — Falei dando um suspiro igual ao seu.

Depois de um tempo, as meninas se reuniram na sala e começaram a assistir um filme de comedia. Yoi ficou um pouco atrapalhada quando foi preparar a carne, ri muito quando isso aconteceu, a ajudei a preparar e esperamos a carne assar. Quando finalmente ficou pronta fomos para a mesa e almoçamos.

— Ficou muito bom — Disse Fugi depois de mastigar.

— Yoi que fez — Falei dando um sorriso para ela e comendo logo em seguida, tinha ficado muito bom mesmo. Depois disso fomos para a praia. Os meninos e os irmãos Akihiro e Akinori estavam lá também, não liguei muito que as meninas inclusive Amanda conversassem e jogassem com eles. Passaram a tarde conversando e contando piadas. Quando chegou a noite, os meninos fizeram uma fogueira e um deles apareceu com um violão. As meninas estavam sentadas com eles em volta da fogueira, sentei na cadeira de sol da varanda e olhei para o céu estrelado, senti a brisa do mar me envolver e fechei os olhos.

Era reconfortante saber que estavam todos se divertindo. Respirei fundo e senti minha garganta começar a fechar, não consegui mais segurar e comecei a chorar, coloquei minhas duas mãos no rosto e chorei em silencio. É difícil fingir que está bem e tentar ser forte para ajudar os outros. Revivi as imagens de quando estava fora de mim e não conseguia acreditar que tinha batido daquela maneira naqueles homens.

— Charlie — Senti uma mão tocando meu ombro. Tirei as mãos do rosto e olhei para cima, Amanda estava me encarando. — Você está bem?

Neguei com a cabeça e abaixei o olhar para as minhas mãos que estavam enfaixadas, tirei o esparadrapo e comecei a tirar a atadura, haviam cortes na parte de cima das minhas mãos. Respirei fundo e lagrimas escorreram pelo meu rosto. Amanda envolveu suas mãos nas minhas e sentou ao meu lado na cadeira.

— Olha, vai ficar tudo bem. Como você mesmo disse vamos ficar bem — Olhei para seus olhos azuis que estavam implorando para eu acreditar nas palavras delas. — Sei o que você fez foi difícil, mas sabe Deus o que poderia ter acontecido se você e Yoi não estivessem lá? O que teria acontecido comigo se você não tivesse me protegido? Você fez o que achou certo e o que sabia fazer muito bem, defendeu e lutou pelos seus amigos. Então não se preocupe, ok?

Engoli em seco e acenei com a cabeça, passou sua mão na minha bochecha enxugando as ultimas lagrimas que tinham caído e deu um sorriso para mim. Encostou sua testa na minha e nos entreolhamos, nossos lábios se entrelaçaram em um beijo suave e carinhoso.

— Charlie.

— Sim — sussurrei colocando minha cabeça no seu ombro.

— Nunca mais chore na minha frente — Disse ela.

— Eu digo o mesmo — Falei.

— Vem, vamos nos juntar aos outros — Puxou-me pela mão e andamos pela areia ate chegar a fogueira, os meninos deram um oi para mim e se afastaram para eu me sentar com eles. O loirinho, Akinori, olhou para a minha mão e a de Amanda juntas e depois olhou para mim meio confuso, dei apenas um sorriso meio triste para ele e ele me olhou confuso, sabia que ele sabia que tinha acontecido alguma coisa entre nós.

Começamos a cantar algumas musicas populares e pop, Sato tirou muitas fotos nossas, rimos e contamos historias de terror. Quando foi umas 2 da manhã os meninos se despediram da gente e foram embora e nos fomos para casa.

Apesar de todos dizerem que tudo iria ficar bem, aquilo era apenas uma ilusão. Nada iria ficar bem por um bom tempo.

Os outros dias que se passaram ficamos indo para a praia e depois para uma loja de conveniência que tinha na cidade. No domingo a tarde, o pai de Yoi chegou com a van para nos levar para casa, colocamos nossas bagagens no carro e minutos depois partimos, deixando a praia para trás. Chegamos a noite em casa, entrei no meu quarto e me larguei na cama, estava morta de cansaço. Amanda iria viajar hoje de madrugada para a Alemanha, dormi o Maximo que pude e quando chegou perto do horário vesti uma calça jeans, allstar,uma camisa de manga azul escura e uma jaqueta preta, e sai de casa de mansinho.

Peguei o trem para o aeroporto e encontrei Anne e Amanda esperando sentadas em um banco.

— Hey! — Falei me aproximando delas duas, Amanda me deu um sorriso enorme e me abraçou. — Boa noite.

— Charlie — Disse Amanda me abraçando com força.

— Eu... vou ficar...sem ar desse jeito — Bati no seu braço para mostrar que ela estava me abraçando muito forte. Anne começou a sorrir de mim, me afastei de Amanda e me curvei rapidamente para Anne. — Boa noite Sra. Schmidt.

— Você não perde esse hábito mesmo né? — Disse ela, foi então que percebi que eu tinha falado Sra. Schmidt em vez de Anne. Ela disse que já éramos da mesma família e que não precisava ser formal, mas uma ora ou outra eu a chamava desse jeito.

— Desculpa — Falei dando um balançar de ombros. Foi então que a mulher que anunciava os voos anunciou a chegada do avião delas. — Bem, acho que esse é o de vocês.

— Aham — Disse Anne. — Bem, eu vou na frente, para dar tempo de vocês duas se despedirem.

Observamos Anne dobrando o corredor e nos abraçamos. Beijei seus lábios rapidamente e sorri.

— Vou sentir sua falta — Falei

— Eu também, mas se lembre vou estar de volta na semana das eliminatórias — Me deu um sorriso meio desanimado e me beijou novamente. — Se cuide até lá, ok?

— Eu digo o mesmo — falei e dei um beijo na sua testa. — Agora vá antes que você decida ficar comigo.

— Acho que não, hein — Disse sorrindo e pegando sua bolsa de mão do banco. — Te amo.

— Também te amo — Falei de volta e observei-a sumindo de vista. Caminhei pelo aeroporto e comprei um café nas maquinas de bebidas. A noite estava fria, apertei o passo e não demorei muito para chegar a estação de trem, minutos depois destranquei a porta de casa e fui ate o meu quarto nas pontas dos pés. Amanhã começaria o treinamento com meu pai, joguei-me na cama e esperei o sono chegar.

Acordei com minha mãe batendo na minha porta, sentei devagar na beira da cama e me espreguicei.

— Já acordei — Respondo as batidas.

— Se arrume e venha tomar café. Seu pai está te esperando — Disse minha mãe.

Fiquei de pé e fui ate o guarda roupa, peguei o meu kimono e entrei no banheiro. Tomei um banho rápido e me vesti, prendi os cabelos em um rabo de cavalo e fui tomar café. Encontrei torradas e um pouco de arroz em cima da mesa, coloquei café em um copo e comecei a comer. Quando terminei lavei a louça e fui para o dojo, encontrei meu pai em uma das salas e entrei.

— Bom dia.

— Bom dia — Disse meu pai me dando um pequeno sorriso. — Se alongue para começarmos.

— Tá — Sentei no chão e estiquei minhas pernas, toquei cada pé com as mãos e depois alonguei o pescoço.

— Vem, vamos começar — Fiquei de pé e me aproximei dele.

Treinamos a manhã inteira karate e a tarde Kendu, a noite eu estava morta. Comi três pratos de comida cheios e dormi em menos de 10 minutos. Os outros dias foram os mesmos. Yoi e as meninas viajaram, ficando somente eu e Rieko. Posso dizer que vi Rieko apenas dois dias, porque nos encontramos no supermercado.

Nessas três semanas treinei mais do que em 6 meses na minha opinião, estava exausta. Sentei nas pedras da beira do lago de casa e olhei para o céu noturno. Não havia estrelas e nem lua, era apenas uma noite escura. Hoje era sábado, segunda começava as eliminatórias, eu tinha que descansar amanha o dia inteiro. Sentia falta das meninas, parecia que se tinham passado mais do que 3 semanas. Respirei fundo e senti o vento frio da noite me envolver.

— Bem, pelo menos eu estou pronta para as competições — Falei para mim e para o lago a minha frente.

— Eu também acho que está — Ouvi meu pai atrás de mim e me virei. — Está mais do que pronta.

— Também, se não tivesse com o tanto que treinei — Digo me colocando de pé.

— Vem vamos jantar.

Acompanhei meu pai para dentro de casa e fui ate a cozinha, lavei minhas mãos na pia e sentei-me a mesa, preciso nem dizer que comi mais do que um prato. Ajudei minha avó a lavar a louça e fiquei jogando videogame no meu quarto. Deitei na cama e fiquei pensando em Amanda. Meu celular vibrou em cima da mesa e me estiquei para pegar, liguei a tela e vi que era uma mensagem de Fugi.

“ Charlie, acabei de chegar na cidade, como você está? Estou morrendo de saudades.”

Digitei de volta “ Ah eu estou bem, só com muita saudades de vocês”

Não demorou muito ela me mandou de volta uma mensagem.

“ Fazendo o que agora?”

“Estava indo dormir, porque? Pai me fez treinar muito essas semanas, ai tenho que descansar hoje e amanhã”.

“ Entendi, as meninas já chegaram de viagem?”

“ Ainda não”.

“Humm, então tá, vou deixar você dormir, bjus”.

“Bjus, boa noite”.

Coloquei o celular na mesa novamente e virei de lado na cama. Coloquei um pouco do lençol ao lado da minha cabeça, fechei os olhos e permiti meu corpo descansar. Não sei quanto tempo custou para eu finalmente pegar no sono, só sei que acordei com o celular tocando. Peguei ele da mesa e atendi sem olhar quem era.

— Charlieeeeee! — Gritou Yoi do outro lado. — Bom dia!

— Quer me deixar surda? — Briguei e abaixei o volume do celular. — Bom dia.

— Sentiu minha falta?

— Não.

— Sei que está mentindo.

— Como foi a viagem? — Perguntei esfregando os olhos.

— Foi ótima, comprei uma lembrancinha para você — Disse ela animada.

— Fiquei feliz agora — Falei sorrindo.

— Mas olha!

— Olha o que?

— Idiota — Disse rindo também. — Treinou muito?

— E como treinei — Sentei na cama e me estiquei. Era 9 da manhã de domingo.

— Tomou café?

— Você que me acordou, coisa chata — Fiquei de pé e esfreguei as costas.

— Que bom que te acordei. Agora vai tomar café e passa aqui em casa depois.

— Não.

— Não quer ganhar seu presente?

— Eu quero, mas tenho que passar ai agora, de manha? — abri a porta do quarto e entrei no corredor.

— Tem, agora vai se arrumar, vou te esperar.

— Ok, to indo tomar café, ate mais tarde.

— Até — Disse e então o celular ficou mudo. Andei ate a cozinha e sentei na cadeira, coloquei o celular na mesa e me servi um copo de café. Comi pão de cocô com ovos fritos e depois fui me arrumar. Vesti uma bermuda bege e uma camisa branca e azul listrada, calcei um sapato preto e sai de casa. Encontrei meu pai sentado no banco da frente do dojo.

—Bom dia. Estou indo na casa de Yoi — Falei me curvando.

— Ela já chegou de viagem? — Perguntou.

— Aham, ela me ligou para ir matar a saudade — Falei brincando, papai sorriu com aquilo e comecei a descer as escadas de casa. Caminhei pela calçada e dobrei na rua da casa dela, parei na frente de uma casa com telhado pontudo, de cor verde claro com uma pequena cerca de madeira na frente. Um dia eu perguntei a Yoi porque seus pais moravam em uma casa pequena se eles eram ricos, ela disse que por serem somente eles três em casa, era melhor morar em uma casa pequena e que não ligavam em morar em casa pequena, sem dizer que não tinham paciência para se mudar para outro lugar.

Entrei no pequeno jardim da frente e toquei a campainha. Escutei passos se aproximando e me afastei da porta. Quem abriu foi a Mãe de Yoi.

— Charlie-chan — Disse ela com um sorriso enorme, estava vestindo uma calça jeans, uma camisa de manga comprida rosa e os cabelos presos, as mangas da camisa estavam dobradas ate o cotovelo.

— Bom dia, Sra. Matsumoto — Falei sorrindo. — Estou atrapalhando alguma coisa?

— Não, imagina — Disse, abriu a porta para eu entrar, entrei e tirei meus sapatos. Vi que tinham sacolas e malas espalhadas pela sala. — Só estávamos guardando as coisas da viagem.

— Ah sim.

— Yoi está no quarto, você pode ir lá — Disse pegando algumas das muitas sacolas do chão.

— Com licença — Falei e atravessei a sala devagar, bati na porta do quarto de Yoi e abri a porta. Ela estava sentada no chão com a sua mala aberta ao seu lado, o seu quarto não estava muito diferente da sala. Olhou para mim e deu um pulo do chão, em menos de um segundo ela estava me abraçando.

— Ai que saudade que estava de você — Disse me abraçando com força, retribui o abraço e sorri.

— Também estava, coisa chata — Falei me afastando.

— Vem cá — Disse me puxando para perto da mala, se sentou no chão e fiz o mesmo. Pegou um presente embrulhado e me entregou — Esse é o seu.

— Obrigada — Falei sem graça, abri a embalagem devagar e vi o que era o presente. Era uma estatua de alumínio de duas garotas com uniforme escolar rindo. Virei a estatua nas minhas mãos, ela era um pouco pesada, olhei para Yoi que estava sorrindo para mim. — Você não achou isso em Tóquio.

— Achei sim, estava em antiquário, agora não me pergunte como algo assim estava por lá — Disse.

— Poxa, eu gostei muito oh. Obrigada — Me aproximei dela e a abracei.

— Ficou feliz que tenha gostado — Yoi ficou de pé e colocou os braços na cintura. — Agora que tal me ajudar a guardar essas coisas?

— Só vou ajudar por causa do presente — Respondi ficando de pé.

Ajudei Yoi a guardar as coisas, ela tinha presentes para as meninas também, depois de meia hora tudo estava no devido lugar. Yoi foi tomar banho e eu fui para a sala assistir televisão, estava sentada no sofá quando meu celular tocou, o tirei do bolso da minha bermuda e vi quem era.

—Oi Sato — falei — Chegou de viagem também?

— Charlie Oi! — Disse ela animada. — As meninas também já chegaram?

— Só não a Amanda — Digo — Mas então, como foram as férias?

— Foram ótimas. Apesar de meus primos terem me tirado a paciência.

— Vixe. Pois é eu estou aqui na casa de Yoi ajudando a desfazer as malas.

— Essa Yoi — Sato riu do outro lado. — Falando em malas, tenho que cuidar da minha. Bjus mais tarde a gente se fala.

— Ta bom. Bjus — Desliguei a ligação.

— Falando com ? — Disse Yoi entrando na sala, estava com um vestido cinza.

— Sato, acabou de chegar de viagem também.

— Humm, acho que todos estão voltando essa semana, ouvi dizer que algumas alunas da escola irão fazer uma torcida.

— Legal, vai ajudar muito.

— Né, principalmente as novatas — Yoi sentou ao meu lado no sofá. — Então o que fazemos agora?

— Não sei, eu estava querendo assistir o filme que vai passar agora — Respondi. — Que tal fazer pipoca?

— Seria uma boa ideia, mas perderíamos a fome e não almoçaríamos.

— Acho que não, ultimamente eu estou com mais fome que o normal — Falei dando de ombros. — Vocês vão almoçar fora?

— Não sei, mas acho que sim porque não tem nada comestível aqui — Yoi cruzou as pernas e respirou fundo.

— Então eu acho que não vai ter pipoca.

— Vai ter sim, tem uma no armário Yoi — Disse Sra. Matsumoto de repente entrando na sala.

—Ah, então eu vou fazer — Yoi se levantou e entrou na cozinha, um minuto depois escuto o barulho do micro ondas ligando.

Pouco tempo depois Yoi voltou com uma vasilha de pipoca e refrigerante, assistimos o filme e colocamos a conversa em dia .

Antes de chegar a hora do almoço eu fui embora para casa, passei o resto do dia jogando videogame e tentando não ficar nervosa.

Levantei cedo, muito antes do meu despertador se quer tocar, vesti um short e uma camiseta, sai do quarto de mansinho, calcei meu tênis e sai para dar uma volta. Corri por todo o quarteirão, passei pelo parque e sentei na arvore de cerejeira. Estava escuro ainda, entretanto não havia estrelas e muito menos a lua. Não tinha a mínima ideia de quando Amanda chegaria, e isso me deixava um pouco aflita. Fiquei sentada por alguns minutos e me pus a caminhar novamente, agora percorrendo caminho de volta.

Subi as escadas correndo e andei em direção ao lago, não sei porque mas o lago me fazia ficar calma, alem do que era bonito. Tirei meus tênis e coloquei meus pés na água, um arrepio me percorreu por causa do frio mas logo desapareceu. Não demorei muito e logo entrei em casa, deitei na cama novamente e tirei um cochilo ate meu pai vim me acordar.

Levantei da cama com um pulo e peguei a toalha e entrei no banheiro, tomei um banho gelado para despertar de uma vez e me enxuguei, entrei no quarto e peguei o kimono do guarda roupa, vesti-o e respirei fundo.

— É, vamos nessa — Falei para o meu reflexo no espelho.

Sai do quarto e fui direto para a cozinha, mamãe e vovô tinham feito um café da manhã reforçado, pão de coco, ovos, arroz, bacon, suco de laranja e torrada, comi devagar, pois ainda tínhamos tempo de sobra, e fui escovar meus dentes. Peguei o meu celular e a maleta que tinha algumas coisas dentro e saímos de casa. Pegamos um taxi, no carro estava, eu , meus pais e minha avo, o dojo iria ficar fechado durante toda essa semana.

O estádio onde aconteceria as eliminatórias esteve em reforma por um ano, de forma que eu não sabia como ele era. As ruas estavam lotadas apesar de ainda ser cedo, vi um prédio prateado em formato estranho, o taxi parou na frente da calçada que passava na frente do prédio.

— Chegamos? — Perguntei.

— Você nunca veio aqui? — Perguntou meu pai sem me responder, neguei com a cabeça e ele soltou um suspiro. — Bem, então seja bem vinda a o maior estádio de Okinawa.

Desci do carro e foi então que pude ver melhor a área do estádio, e era imenso, havia o prédio principal que eu apostava que lá que tinha o campo de futebol e onde aconteceria as eliminatórias de Kyudo. Mas ao lado havia outro prédio no mesmo formato estranho só que era um pouco menor que o principal, para chegar em qualquer um dos prédios você tinha que caminhar alguns metros pela calçada, havia uma pista de carros que era onde os carros da policia e ambulância circulavam. Olhei pro lado e vi que minha mãe e vovó estavam tão surpresas quanto eu.

— Boa sorte! — Disse o taxista para mim, dei um sorriso e um xau com a mão enquanto ele se afastava.

— Vamos encontrar os outros — Disse meu pai tomando a frente.

Seguimos ele pela calçada até que chegamos no 2º prédio, encontramos Yoi, James, Saya, Tony e Ichi parados na frente da entrada, vi que haviam algumas pessoas perto deles e percebi que eram seus parentes.

— Bom dia — Disse minha mãe para eles.

— Bom dia Sra. Tanaka — disseram juntos com um sorriso.

— Bom dia Charlie — Disse Yoi me puxando para um abraço.

— Bom dia Yoi — Falei.

— Bem pessoal, vamos entrar agora, para ver como ficou as coisas — Meu pai acenou para seguirmos ele e entramos no prédio, era bem grande, havia telões enormes que estavam com os horários de cada esporte e equipes. Olhei em volta rapidamente e percebi que tinha muita, mas muita gente mesmo. — Deixe-me ver.

Procuramos no telão o nome da nossa equipe, que no caso era DT – Dojo Tanaka, foi então que vimos os horários e os times que iríamos ter. Observamos também se não iria coincidir os horários de kendo/kyodo da nossa escola, Shinseki, com o de Karatê. As partidas individuais tinham ficado para os dois últimos dias da semana, sexta e sábado.

Quando terminamos de anotar as equipes, começamos a procurar o local do qual nos reuniríamos sempre, que no caso seria uma sala, do qual cada time tinha uma. No meio do caminho encontramos alguns repórteres e tanto Yoi quanto eu tentamos nos esconder atrás de quem estivesse perto, porem foi em vão.

— Tanaka-san, Matsumoto –san, vocês podem dar uma pequena entrevista para a gente? — A repórter tinha cabelos castanhos cumpridos, usava um óculos de armação prateada e uma camisa social branca, uma saia preta e se chamava Shana.

Olhei para Yoi que estava me olhando também e depois para meu pai que deu de ombros.

— A nossa sala é a 5º a esquerda — Disse papai andando e deixando Yoi e eu para trás.

— Bem — Disse Yoi me puxando para perto dela. — Vamos acabar com isso logo.

— Prometo que não vai demorar muito meninas — Shana ajeitou o cabelo e o óculos, se colocou ao nosso lado, nos verificamos se os cabelos estavam em ordem e começamos a entrevista. — Estamos aqui com as duas atuais campeãs do campeonato nacional. Matsumoto Yoi, que ganhou no ano passado o 1º lugar pelo clube de Kyudô na modalidade individual e em grupo da escola Shinseki. E Tanaka Charlie que ganhou 1º lugar no clube de kendo tanto na modalidade individual quanto em grupo, também pela escola Shinseki — Yoi e eu acenamos para a câmera e sorrimos. — As duas também são atuais campeãs de karate pelo Dojo Tanaka. Então meninas, como se sentem em relação a essa nova competição?

— Bem, Shana, estamos ansiosas para a competição desse ano, pois esse ano há mais times do que o ano passado e que alem disso estamos ansiosas para competir nesse estádio magnífico! — Yoi disse alegremente, as vezes me surpreendo como Yoi sabia falar bem em publico.

— Isso é verdade, esse ano há mais times escritos de forma que as eliminatórias vão ser bem acirradas — Shana virou para mim e eu engoli em seco. — Agora me diga, Tanaka-san o que você espera das eliminatórias? E quanto a escola Dijang de karatê? Você acha que eles estão mais fortes esse ano?

— Respondendo uma pergunta de cada vez, Shana — Parei por um momentinho e continuei. — Eu espero que minha equipe possa se classificar para as nacionais, porem acho que como teve um aumento de equipes esse ano, acredito que possa ter muitos rostos novos que possam se destacar.

— Então você acha que tem algum time forte por aqui, que tenha capacidade de vencer sua equipe?

— Pode ate ter, mas eles podem vim tentar — Falei dando de ombros e soando como se fosse um desafio.

— Vamos ver se a equipe dela esta com tudo isso esse ano — Ouvi um garoto falando um pouco longe. Shana e Yoi perceberam também e fingiram não ouvir.

— E a respeito da escola Dijang? — Perguntou Shana. Dijang, de Toquio, era a nossa arqui-inimiga nas competições, eles com certeza passariam pelas eliminatórias facilmente. Olhei para Yoi para ver se ela respondia a essa pergunta e ela acenou com a cabeça.

— Essa pergunta é um pouco comprometedora Shana — Yoi deu um sorriso sem graça e continuou. — Nos temos quase certeza que eles passaram facilmente pelas eliminatórias, entretanto quando se chega nas nacionais o nível de dificuldade aumenta, de forma que o treinamento anterior as competições tem que ser muito mais elevado, então sim, acreditamos que não é bom subestimar o inimigo.

— Terminamos por aqui meninas a nossa entrevista, obrigada por terem concedido um tempinho para nos.

— Estamos ao seu dispor — Disse Yoi falsamente, me segurei para não dar uma cotovelada nela.

— Boa sorte nas competições e até mais — Shana disse e então vimos ela dando um aceno com a cabeça, o cameraman abaixou a câmera e sorriu.

— Vamos nessa — Disse Yoi me empurrando rapidamente, sumimos da vista da repórter e entramos na sala. Olhamos para o pessoal e sorrimos.

— Vocês viram? — Perguntei quando eu vi que tinha uma televisão ligada na sala.

— “Eles podem vim tentar” é? — Disse James com um sorriso e com os braços cruzados.

— To em duvida se agradeço ou não — Saya se sentou no sofá e sorriu.

— Em uma coisa eu concordo — Disse Tony se encostando na parede do lado do sofá. — Vamos ter carne fresca esse ano.

Olhei para Tony por um momento e comecei a rir, os outros logo começaram a rir junto. Papai pegou um papel entre um bolo e colocou em cima da mesa do centro, que ficava no meio dos sofás.

— Fico feliz em saber que estão ansiosos para lutar contra as “carnes frescas” , porem acho melhor nos concentrarmos na nossa primeira luta — Nos aproximamos da mesinha do centro e olhamos o papel que estava cheio de anotações. — O primeiro a lutar será o Ichi,logo em seguida Tony, Saya, James, Yoi e Charlie.

— Nossos adversários serão o pessoal da academia Junko — Disse Yoi.

— Sim, na equipe deles tem 3 meninos e 3 meninas, igual ao nosso — Papai sentou no sofá e respirou fundo.

— O senhor sabe se eles são bons? — Perguntou Tony.

— Não, na verdade nem tentei saber. Prefiro que vocês lutem e vençam com suas próprias forças e pensamentos do que eu ficar dando dicas.

— Mas e se perdemos? — Perguntou Saya olhando para papai com uma cara meio tensa.

— Bem eu espero que vocês ganhem e passem para o nacional, mas se por acaso vocês perderem, vou levar vocês para um lugar muito especial como punição.

— Um lugar muito especial como punição? — Engoli em seco e olhei para James que sabia muito bem onde era o lugar especial. — Você quer dizer o campo de trigo?

— Ah é você conhece o campo de trigo né? — Papai olhou para James com um brilho ardente nos olhos e sorriu. — Lugar adorável, não é mesmo?

James, Yoi e eu negamos com a cabeça. Papai uma vez levou a gente lá. Primeiramente pensávamos que ajudaríamos na colheita e etc. Só que não esperávamos que fossemos correr em volta de toda plantação sem parar ao menos para comer e depois disso fazer a colheita. Ficamos cerca de um dia inteiro correndo em volta da plantação, só paramos quando desmaiamos no chão.

Bati no ombro de Saya e ela olhou para mim sem entender.

— Nos temos que ganhar, vai por mim.

— Verdade, perder não consta no meu vocabulário — James apontou para si com o polegar.

— Ah sim que eu gosto de ver — Disse meu pai ficando em pé e colocando as mãos na cintura. — Vamos para a abertura.

Saímos da sala e caminhamos para a área do prédio que seriam as lutas, apesar de o prédio não ser o principal, ele não deixava de ser enorme por dentro. Havia arquibancadas em todos os lados, que estavam cheios de gente, as equipes de karate, kendo, kyudo, Mahjong, Xadrez e Natação, se encontraram na quadra. Olhei em volta e vi, Rieko, Fugi e Yuku na fila que representava a nossa escola, dei um aceno para elas e elas me cumprimentaram. Cantamos o hino japonês e depois fizeram um breve discurso sobre as equipes e os dias de competições.

Depois disso anunciaram a primeira luta de karatê, que seria DT VS Junko e Chin VS Tong. Enquanto arrumavam o tatame fui falar com as meninas que estavam em um canto da quadra.

— Hey — Falei quando me aproximei delas. — Como estão?

— Animadas — Disse Rieko, olhei para Fugi que estava com um sorriso também.

— Isso é bom — Digo sorrindo, olhei para Yuku e bati no ombro dela — E você como está capitã?

— Estou bem — Disse Yuku dando de ombros, deu uma piscada para mim. — Quem da sua equipe vai lutar agora?

— Ichi, vocês não conhecem ele, entrou esse ano no time — Respondi.

— Amanda ainda não chegou de viagem? — Perguntou Rieko para mim.

— Não, não sei na verdade. Ela disse que me ligaria quando chegasse só que não posso andar com o celular todo o tempo.

— Não se preocupe, ela vai aparecer para ver você lutando — Disse Yuku, senti meu rosto corar e desviei o olhar. Ela começou a rir alto da minha reação e dei um murro no braço dela. — Sem violência.

— Chata — Falei, vi que Fugi ficou meio sem jeito com aquilo e fingi não ver. — Bem, eu vou indo nessa. Mas tarde eu falo com vocês.

— Tá bom, Boa sorte Charlie — Disse Rieko.

— Boa sorte — Yuku e Fugi disseram juntas.

— Valeu meninas — Dei um rápido abraço nelas e me juntei ao meu time, Yoi deu um sorriso para mim.

— Amanda acabou de ligar dizendo que tava no aeroporto.

— Serio? — Perguntei, Yoi me deu um sorriso e confirmou com a cabeça, a vi abrindo a boca para dizer algo esperto — Não diga nada.

— Ok, ok — Disse rindo.

Ajeitaram dois tatames afastados, Ichi se alongou e colocou a fita vermelha no kimono. A outra equipe usaria a fita azul. O juiz chamou os competidores para a luta.

— Faça o que você sabe fazer de melhor — Disse meu pai para Ichi. Ichi confirmou com a cabeça e se aproximou da pequena escada para subir no tatame. Toquei seu braço e ele se virou para mim.

— Faça o que souber de melhor, mas faça principalmente o que puder, nós somos uma equipe — Falei para ele e dei uma rápida olhada para trás, onde os outros estavam o observando com um sorriso de confiança. — apoiaremos uns ao outros independente da vitoria ou derrota. Mas preferimos a vitoria, então vá lá — Empurrei ele degrau acima, ele se virou e deu um sorriso para mim. — e abra o placar para nós.

— Pode deixar capitã — Disse então entrou no tatame.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então, comentem queridos(as), adoro os seus comentarios hsauhsa.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A Vida Como Ela É" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.