E é aí que a vejo.
 

Ela está toda embolada com os livros. Parece que estão pendendo da bolsa, o zíper está quebrado. Bati na mão de Nico, 'num comprimento informal, e no mesmo momento um barulho de coisas caíndo no chão me faz virar.

– Ah, merda! - ela reclama e se põe a pegar os livros. Uma menina do grupo que babava Nico começou a rir, mas as outras permanecem neutras. Meu primo vai até lá, e mesmo sendo todo tímido, a ajuda e ainda sorri pra ela. Annabeth - será que é esse mesmo seu nome? - o agradeceu e saiu correndo, afirmando estar atrasada. Olho o relógio. Falta pouco pra começar a aula.

Levo Nico para sua classe e entro na minha junto com o professor.

A aula passa interessante para alguns, entediante para outros. O sinal toca e saio da sala com o restante da turma de engenharia. Minha intenção é ir para casa, almoçar e passar a tarde fazendo um trabalho pra semana que vem.

Mas sempre tem alguém que quer atrapalhar nossos planos, certo?

Tipo quando os heróis dos desenhos animados são atrapalhados pelos vilões.

No meu caso é a vilã. O pesadelo punk. Se você pensou em Thalia Grace, acertou. Se não pensou também, tanto faz.

É, eu sei, ela foi boazinha me dando carona hoje de manhã. Mas como eu sempre digo "são águas passadas". Foi-se, já era. Já esqueci que ela foi legal comigo.

– Pecy! - grita minha prima logo às minhas costas. Tento me fazer de surdo, mas ela vem até mim e me puxa pelo ombro. Posso ver seu sorriso e fico um pouco assustado. Ela está com cara de quem está tendo uma grande ideia.

Isso não é nada bom. Oh, não mesmo.

– O que é? - pergunto sem paciência. Lá vem merda.

– Credo, seu mal-humorado! Cabeça de alga de TPM! - grita e começa a rir, como se isso fosse muito engraçado. Quase a enforco por isso, mas a minha curiosidade é maior. Ok, ela deve estar querendo algo que exija muito de mim, mas ela vai fazer questão de lembrar que eu estou lhe devendo uma já que meu deu carona hoje pela manhã. - São só uns amigos. - diz, me puxando pelo corredor. Da última vez que quiseram me apresentar alguém me dei muito mal. Mas se tratando de Thalia acho que posso ficar um pouco mais relaxado.

– É bom que seja só isso mesmo, pois eu estou com fome. - Thalia revira os olhos e continua me guiando para uma parte da faculdade que todos chamam de "jardinzinho". É bem agradável ficar aqui. - Por isso vou ficar só 10 minutos.

– Ah, deixa de ser chato, Percy. - Ela fala sorridente - Fique mais um pouco e eu te dou uma carona pra casa.

Ok, agora ela pegou pesado.

Annabeth POV

Thalia e suas ideias. Eu até queria ficar mais um pouco com o pessoal, conhecer o tal primo que ela quer me apresentar, mas hoje não dá. Estou em um táxi em direção ao hospital. Não, não estou doente. Vou visitar meu tio Apolo, que caiu da moto e se quebrou todinho. O motivo? Estava se exibindo pra umas mulheres (lê-se piriguetes) e caiu de sua moto. Meu tio é o maior mulherengo da face da terra, ou o maior mulherengo que eu conheço. Minha mãe pediu que eu fosse lhe visitar, porque hoje ela não terá tempo, algo com ir em um encontro.

De novo.

Ela não quer me contar quem é o namorado misterioso, mas fala bastante sobre ele.

– E aí tio. - o comprimento, assim que entro no quarto de hospital. Ele sorri largamente, mas logo o sorriso é substituído por uma careta de dor. Reprimo uma gargalhada.

– Oi sobrinha. Como foram as aulas hoje? - bocejo, sentando-me ao seu lado.

– Boas, como sempre. - fico mexendo com a ponta do lençol que o cobre, enquanto ele folheia uma revista qualquer

– E sua mãe? Não vem me ver hoje? - Pergunta com um sorrisinho torto nos lábios. Acho que é o máximo que ele consegue fazer. Rio de meus pensamentos.

– Não, ela vai ver o tal namorado misterioso hoje de novo. - apoio meu rosto sobre minas mãos, emburrada - preciso saber quem é esse cara.

– Também estou curioso pra saber por quem ela está me trocando - faz um bico. Uma enfermeira bate na porta trazendo uma bandeja de comidas com aparência estranha. Meu estômago ronca.

A tal enfermeira pisca pro meu tio e sai desfilando da sala. Eu o olho e ele cora.

– Ela é maluca, estou sendo assediado. - apenas aceno com a cabeça, muito descrente, e olho pra comida estranha de novo. - Vai me acompanhar no almoço, sobrinha? - pergunta arqueando uma sobrancelha, me desafiando a comer aquela gororoba.

– Prefiro minha comida á isso. Fique tranquilo que depois trago uns lanches e outras besteiras pra você, tá? - dou um beijo em seu rosto - mas agora vou embora. Bom apetite. - olho para a comida, em seguida para seu rosto e gargalho. Fecho a porta, e tomando todo cuidado me dirijo para outra parte do hospital.

Percy POV

Depois de enrolar muito Thalia resolveu que era hora de me trazer em casa. O silêncio no carro é um pouco incômodo, mas é o que tem pra agora. Reencontrei Leo Valdez, um cara legal que faz piada com tudo e com todos; Travis e Connor, os irmãos de Luke, que parecem ser gêmeos, mas não são. Conheci uma tal de Clarisse (um pouco estranha, confesso), que é bem bonita, mas tem um jeito agressivo que me deu um certo medo.

Thalia ainda disse que faltavam outras pessoas que estavam ocupadas nesse momento. Nem liguei, só queria chegar em casa e comer.

E meu desejo finalmente se realiza. Feliz, saio do carro e dou tchau pra Thalia, que sai cantando pneus. Abro a porta de casa e logo de cara noto algo estranho. Um pequeno papel, como um bilhete, jogado no chão. O pego e logo de cara reconheço a letra.

Luke.