Mulheres de Vênus escrita por Lara Campos


Capítulo 5
Capítulo 5 - De volta ao lar




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Que apartamento maravilhoso, pensei.

Levamos cerca de quarenta minutos até que, finalmente, chegamos ao seu cantinho. O condomínio se localizava num bairro um pouco afastado, na parte mais alta da cidade, que era contemplada com uma diversidade enorme de ipês amarelos que davam gosto de observar. Para completar, o local era meio isolado, o que dava um ar de mistério, serenidade e quietude. Paz.

_Tenho que trabalhar amanhã, sabia?

_Não é um privilégio só seu, meu anjo – disse-me e sorriu -.

Julia esterçou o volante e encaixou seu carro numa das garagens, que continha o número 33 gravado nela. Desligou o carro e ficou, por algum tempo, mexendo no chaveiro pendurado na ignição. Olhei para ela na tentativa de descobrir o que ela pensava naquele profundo silêncio.

_Tudo bem? – perguntei-lhe pousando minha mão direita sobre seu joelho -.


JULIA PDV

Sua voz meio de menina, meio de mulher cortou meu silêncio mental, de repente.

_Tudo bem? - disse ela e parou uma das mãos em meu joelho direito -.

Respirei fundo mentalmente, até para não parecer que estava nervosa pela sua presença. O mais impressionante de tudo era que ali, naquela situação, eu parecia ter o controle de tudo, mas não. Eu estava levando Lara para o meu apartamento, uma mulher linda em todo o seu um metro e setenta e poucos centímentros. E eu faria dela minha, obviamente era a minha intenção.

Podem bem dizer que eu estava apressando as coisas, mas isso é balela. Em todos os momentos deixei bem claro para ela que não tínhamos nada, porém que poderíamos vir a ter. Nem eu, para ser sincera, imaginava encontrar e me encantar com alguém tão rápido, ao me mudar para aquela cidade. Tudo o que eu procurava, de fato, era poder me estabilizar novamente após sair de um casamento conturbado. E sim, um casamento heterossexual.

_Sim, sim. Só estava pensando em algumas coisas – respondi e virei-me para encontrar meus olhos com os dela -.

_Um real pelos seus pensamentos – disse-me e abriu um sorriso delicado -.

Percebi a sinceridade em seus olhos, como quem dizia que também estava adorando estar ali comigo e fiquei contente. Extremamente contente. Tanto que um sorriso meio bobo me escapou pelos lábios.

_Você é realmente linda, sabia?

_Sabia – zombou do meu comentário e levou sua mão que anteriormente pousava em meu joelho, até meu rosto -.

Aproximei-me lentamente, ainda com os olhos abertos, e pude vislumbrar os seus se fechando automaticamente pelo avanço. Lara entreabriu os lábios e chegou mais perto, tocando-os nos meus sem se mexer. Fechei os meus olhos, pois, e deixei que ela começasse o beijo.

Apressadinha, disse a mim mesma mentalmente.

Antes que eu pudesse aproveitar o exterior de sua boca por completo, ela já havia inserido nossas línguas ao beijo. Não reclamei, porém. Aquele parecia um novo primeiro beijo, um em que finalmente estávamos a sós, sem observadores, sem intrusos e sem ciúmes. Logo, um toque muito mais íntimo e completo, mais calmo, porém mais quente.

Lara voltou sua mão à minha perna, dessa vez apertando-a com os dedos suavemente. Encaixei meus dedos em seus cabelos e envolvi-a. Enquanto ela apertava minha coxa e me beijava, cada vez com mais autoridade e comando, meus pensamentos vagaram por onde não deveriam estar.

Tenho certeza que o fim disso tudo foi culpa sua e dessa sua petulância! Aposto que se engraçou com alguma lésbica, alguma dessas que te prometeram mais prazer, mais sexo e a atenção que só uma mulher saberia dar.

As palavras que pairavam pela minha cabeça haviam sido proferidas pela minha mãe. Sim, uma mulher nos seus cinquenta e poucos anos que ainda não aceitava que eu não conseguiria ser feliz com um homem. Ela bem sabia disso desde sempre, mas teve de arranjar um bom partido e fazer com que eu me casasse com ele a todo custo.

Danilo era um bom homem. Um daqueles amigos que se leva para a vida toda. Mas a verdade é que me casei apenas para calar os anseios de minha mãe que, desde a minha adolescência clamava para Deus que botasse o juízo e a heterossexualidade dentro de mim. Sem sucesso.

_Julia – ouvi meu nome baixinho, o que fez com que meus pensamentos sumissem -.

Lara não me chamava, apenas olhava em meus olhos e mostrava estar ciente que eles vagavam. O beijo fora interrompido, sua mão já não me apertava mais, mas as minhas ainda a seguravam na altura do pescoço.

_Vamos para dentro? – completou e me deu um selinho rápido -.

_Vamos sim.

LARA PDV

A mulher ruiva e delicada dos meus sonhos parecia um vulcão. Seus olhos exalavam todo o tipo de sentimentos num só. O aparente vazio com que penetrava meu olhar era intenso, sugestivo e, de certa forma, ameaçador.

Julia conduziu-me até a porta de seu apartamento, que ficava no primeiro piso, e pediu que eu entrasse afirmando um Primeiro as damas.

Sorri involuntariamente. Aquele gesto colocava-me em uma posição estranha. Era ela a pequenina, a que ficava em meu abraço durante os beijos e a que se encostava à parede para que eu pudesse pressionar seu corpo. Por que eu, a dama?

Devaneios a parte, apenas adentrei a porta e notei que seu lugarzinho era pequeno. Uma sala com vários pequenos quadros, uma vitrola e uma poltrona mostarda reclinável. Uma mesa de centro sobre um tapete tomate e uma raque preta. A mistura de cores era interessante, mas muito bem pensada.

_Fique a vontade – disse-me projetando sua mão para que eu a acompanhasse num tour pelos cômodos -.

_Aqui é meu escritório. Ainda estou montando aos poucos tudo por aqui. Aqui é meu quarto – onde se encontrava uma enorme cama de casal bem convidativa – e aqui é um cômodo vazio.

Julia sorriu diante da obviedade contida na última frase e eu a acompanhei.

_O que você pretende fazer com esse vazio aqui? – perguntei-lhe -.

Ela demorou um pouco para responder, pareceu relutante, mas ainda sorria. Abaixou a cabeça como quem estava confessando um pouco de vergonha e voltou a me olhar.

_Então...

_Então? – incitei-a -.

_Penso em ter filhos.

Aquilo era absolutamente normal. Fiquei feliz pelo que ouvi. Já me imaginei dando a elas filhos e filhos, logo me reprimi.

Muito cedo, Lara, muito muito cedo.

_Eu também penso em ter filhos.

Julia pareceu gostar, também, do que ouvira.

Envolveu seus braços, pois, em meu pescoço, como sempre fazia, e juntou nossos corpos.

_Vamos começar a providenciar essa prole então – brincou apertando os olhos e entortando a boca e eu sorri diante daquela expressão engraçada -.

_Às suas ordens, madame – respondi -.


JULIA PDV

Lara me pressionou na parede do corredor sem muita delicadeza e grudou sua boca na minha. Ela segurava meu quadril, se apossando do meu corpo com uma voracidade deliciosa. Que delícia era aquela mulher, meu Senhor.

Sem que eu percebesse, suas mãos deslizaram até meu traseiro e me levantaram, fazendo com que eu ficasse a mercê e sem meus pés fixos no chão. Era ela quem mantinha meu corpo preso à parede e minhas pernas envolvendo seu quadril, que balançavam suaves num ritmo de me tirar o fôlego.

Ora sua boca me beijava, ora descia até meu pescoço nu, que já não possuía uma parte sequer em que sua língua não tocara e me fizera gemer silenciosamente. Lara afastou seu rosto e esperou que eu abrisse meus olhos. Eu sentia seu olhar em mim, mesmo sem enxergá-lo.

_Posso te colocar na cama? Ou você prefere em algum outro lugar da casa?

Um arrepio desceu meu corpo todo diante daquela última pergunta, e chegou até meu sexo que latejava de puro tesão por aquela mulher nem um pouco sutil.

_Me faz sua como quiser – respondi e tomei sua boca para mim mordendo-a antes de explorar sua língua e me deixar excitar ainda mais por aquilo -.

Lara apertou mais meu corpo contra a parede, estocando com força seu corpo sobre mim. Ela pousou sua cabeça em meu ombro e empurrou-me de uma só vez, como um verdadeiro homem que dava a última investida antes de gozar.

Aquele movimento causou um desencadear de contrações em meu sexo que fizeram com que meu gemido mais íntimo escapasse aos sete ventos. E Lara sorriu como uma criança satisfeita, quando o fiz. Perguntei a mim mesma quem era aquela mulher que estava sendo dominada tão por completo por uma outra que jamais havia lhe tocado de forma tão íntima? Quem era aquela nova mulher dentro de mim?

_Você é uma...

_Sou o que? – perguntou-me interrompendo minha fala -.

_Esquece – voltei a lhe beijar -.


LARA PDV

Que cama, que nada! Andei com Julia até a poltrona reclinável que ela possuía na sala e soltei-a, deixando que ela colocasse os pés no chão por um instante. Ajeitei a poltrona de modo que ela ficasse toda deitada e enquanto isso olhava para minha ruiva estonteante com os cabelos desgrenhados e a regata azul levemente deslocada na altura dos seios. Logo após, com os detalhes prontos, fui até ela, que me olhava suspirando forte, e puxei-a para um novo beijo intercalado e sem muito da nossa língua. Ela, por ser menor do que eu, aproveitou para dar uma mordida brincalhona em meu queixo e sorrir.

_Ele é lindo – disse ela e mordeu mais uma vez -.

Em retribuição, virei-nos e empurrei-a na poltrona, deitada e engatinhei até nivelar minha boca em seus seios.

_Ele são lindos.

E abaixei sua blusa, puxando-a. Beijei aquele volume mais do que apalpável de leve e com os dentes, abri seu sutiã, que tinha o feixe localizado na parte da frente. Julia emaranhou seus dedos em meus cabelos e os prendeu em um punho. Com a outra mão, levantou meu rosto e fez com que eu a ouvisse.

_Faz devagar – pediu-me e, com certeza, eu atenderia àquela suplica tão delicada -.

Minha língua passou a rodear sua auréola e vez ou outra ela desenhava a linha entres seus seios. Brinquei bastante ali, chupei, mordi, apalpei e fiz tudo o que pude. Porém já não aguentávamos mais permanecer vestidas. Estava frio, mas nada disso influenciava, de fato. O contato da pele macia dela com a minha, dos seios dela com os meus, das pernas dela com meu ventre desprovido de qualquer proteção, seriam o suficiente para emanar o calor entre nós.


JULIA PDV

Durante toda a noite fizemos o melhor sexo do mundo. Lara era quente na cama, era carinhosa e forte quando precisava ser. Seu corpo parecia ter sido feito como um encaixe para o meu. Tanto porque nosso 69 foi de uma maestria tal que me causou orgasmos múltiplos, tanto porque estávamos naquele momento ali, deitadas em minha cama, ela com todo aquele corpo encaixado no meu e sua cabeça escondida entre meus cabelos.

Já passava do anoitecer. Eram cinco da manhã para ser mais exata e eu não conseguia mais dormir. Pensava, pensava, minha cabeça parecia um turbilhão de imagens, de sensações, de fortes lembranças de como as mãos da mulher que dormia comigo entraram em meu sexo, abusaram do meu controle e me fizeram perder o juízo e gritar seu nome para que todos os vizinhos ouvissem.

Era difícil classificar o que tínhamos, a partir dali. Há tempos eu não experimentava o corpo feminino de forma tão íntima, não tinha o prazer de desfrutar de cada curva sinuosa e de cada delicadeza que lhe fora concedida. Eu estava encontrando meu lar, de certa forma. Meu prazer, meu desprazer, minha razão de estar ali, separada, livre e feliz, mais uma vez.

Lara era minha felicidade. Ou ao menos o início da minha busca por ela.


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