O Corvo escrita por Jhiovan


Capítulo 8
Capítulo 7 - Piedade


Notas iniciais do capítulo

Poucos e fiéis leitores, me desculpem a demora. Os estudos têm ocupado a minha mente de forma que ficou bem difícil de pensar em minha fanfiction. Ficou um pouco longo, mas eu sei que vcs não são preguisos! Enfim, perdi bastante tempo da minha vida escrevendo esse capítulo (que exagero), então espero que gostem!



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Gubner estava inquieto. Ele andava de um lado ao outro em sua sala de estar, tomando cuidado para destraidamente não tropeçar ou chutar alguns de seus móveis caros. O motivo era que não parava de pensar nesse tal de “Corvo”. Deveria preucupar-se com ele? Ou era apenas um rebelde rapidamente descartável? Representaria algum perigo para o seu governo? Essas questões não saiam de sua mente. Ele precisava pensar em algo para atraí-lo, para então executá-lo. Pois a última coisa que queria – depois do momento em que conseguiu realizar seu sonho e que estava tudo bem – era um impedimento. E se acabasse em uma rebelião? Era preciso abafar todo e qualquer sinal disso.

Philip, o homem-da-lei que ele havia escolhido para ser seu informante, apenas trazia más notícias. Ele lhe dizia que as pessoas estavam começando a se manifestar logo depois que Corvo apareceu. Uma senhora recusou-se a pagar os impostos e foi mandada à morte em lugar público. Porém a população assistindo, revoltou-se e agrediram homens-da-lei, que reagiram com tiros. Poucas pessoas se feriram. A idosa não foi mais encontrada pelos homens. Esse e outros indícios de levantes começavam a aparecer. O Gubner não podia mais ficar despreocupado.

– Esse Corvo me pagará... – falou solitário em sua poltrona vermelha.

Gubner pensou que deveria entender com quem estava lidando. A conclusão que chegou foi:

– Um homem, devido à sua força física e psicológica. Ele provavelmente deve ter vivido no Antigo Mundo e conhecido seus benefícios, ou seja, tem uma idade avançada. Além de um ótimo intelecto, para executar seus planos. Provavelmente um soldado da Grande Guerra. É frio e calculista, porém deve ter alguma relação com sua parceira, seja de amizade ou amor. O mais importante de tudo é o seu senso de justiça. É isso que posso usar contra ele.

Então Gubner elaborou seu plano usando este critério. Ele pretendia atrair o Corvo fingindo ou até mesmo matando pessoas inocentes da população, tudo dependeria da situação.


O palco estava pronto: Gubner em pessoa estava no meio da população agitada no mesmo local da “Colheita” em cima da elevação de concreto. Homens-da-leis vigiavam-no no segundo andar sustentado por colunas. Desta vez com a participação dos homens-da-elite. Eles verificavam qualquer suspeito. As pessoas eram revistadas logo na entrada. Nenhuma delas portava armas, mesmo assim, qualquer uma poderia ser o Corvo ou Amanda. Philip também estava vigiando no alto. Junto ao Gubner, havia três pessoas usando máscaras de gases exatamente iguais à de Corvo. Três forcas haviam sido preparadas para cada uma. O comum seria um carrasco, mas nesse caso o próprio Gubner resolveu mostras as cartas.


– Habitantes do Vilarejo! – ele gritou a todos. – Aqui estão três pessoas que potencialmente são o Corvo. Uma mulher, e dois homens. Vocês devem estar se perguntando por que eu gostaria de matá-lo. Apenas por que ele roubaria o meu governo?! É óbvio que não. Imaginem-se sem um governador, sem um representante. Cada um fazendo o que bem entender. Seria um caos! A base da organização humana está em uma escala de funções. E a minha é governar.

Gubner precisava ganhar tempo. Ele queria que Corvo se manifestasse.

– Essas pessoas se encaixam no perfil do Corvo, além de portarem essas máscaras em suas residências.

Uma das três pessoas tentou gritar, entretanto a máscara não a deixava. Pelo que se entendia, disse: “Não é minha, eu juro!”. Mas está claro que Gubner não a queria deixar falar isso.

– Por isso, como eles se negaram a confessar quem é, os três devem morrer.

Após dizer isso, Gubner puxou a alavanca que descia o piso onde a vítima pisava. Era a mulher. Não é preciso descrever que a corda apertou seu pescoço, asfixiando-a e que ela se debateu com as mãos e pernas amarradas pouco podendo fazer para salvar-se.

Uma lâmina corta o ar na direção da corda, consequentemente cortando-a também. A mulher mascarada cai no chão em baixo ao palco, viva. As pessoas da “platéia” afastam-se do atirador da lâmina. Corvo.

– Sou eu quem você quer Gubner. Venha me pegar – disse com sua voz metálica, provocando-o.

Gubner rangeu os dentes e respondeu:

– Se entregue e ninguém mais sairá ferido.

– Somente após eu conseguir atingir meu objetivo.

Falando isso, atirou uma faca na direção do rosto do Gubner, que pôs a mão na frente atingindo-a. Ele girtou de dor e reitrou-a, fazendo o sangue escorrer rapidamente. Logo, girtou um “atirem” para os homens-da-lei/elite e começaram. Corvo rapidamente camuflou-se em meio à população confusa. Ou seja: muitos acabaram se ferindo ou morrendo.

Em meio a toda confusão, Amanda salvou as possíveis vítimas de enforcamento e a que quase havia morrido – cortou as cordas e retirou as máscaras – libertando-as.

Enquanto cortava a corda nos pulsos da garota – que tinha por volta de 16 anos – ela lhe pergunta:

– É verdade o que dizem?

– O que? – pergunta Amanda de volta.

– Que ele é um fantasma?

– Minha cara, eu não sei. – respondeu com uma mínima risada.

Corvo chegou e puxou Amanda pelo braço, arrastando-a e escondendo-a na multidão, enquanto a garota ficava boquiaberta como se tivesse acabado de ver um fantasma.


Os dois conseguiram escapar da multidão, que procurava vorazmente o Gubner provavelmente para descontar a raiva de toda a opressão. Entretanto, os homens-da-lei e da elite respondiam com tiros neles ou para o alto. Corvo sentiu uma leve boa sensação de dever comprido. Afinal, conseguira salvar a vida daquelas pessoas e percebia que a população começava a se rebelar.


Eles sairam por uma passagem que haviam construido – a mesma que usaram para entrar: um pequeno túnel que levava ao lado de fora. Corvo subiu em um dos cavalos dos homens-da-lei que estava amarrado ali a uma corda. Amanda cortou-a e eles fugiram.

– Corvo – ela chamou – me diga uma coisa.

– O que você achar justo – respondeu.

– Como você sabia que ia acontecer?

– Você não acreditaria...

– Sim, eu acredito em você.

– Eles me disseram – ele disse apontando para o deserto. Amanda não viu nenhuma pessoa ali. Apenas um grupo de corvos comendo algo.

– Eles quem?

– Os corvos.

Amanda espantou-se. Até pensou que ele poderia estar brincando. Mas o Corvo nunca brinca, e ela nunca poderia saber por ele usar a máscara respiratória. Aquela ideia deixou de ser importante quando ela percebeu um fato:

– Não olhe para trás... Estamos sendo seguidos.

De fato, havia cinco homens-da-lei e dois homens-da-elite seguindo-os à cavalo. Eles estavam muito atrás, de modo que se Amanda não tivesse se virado não seria possivel ouví-los. Os da lei carregavam as usuais pistolas e armas de longo alcançe enquanto, os dois homens-da-elite – era um casal na realidade, um homem e outra mulher – estavam armados de lança-chamas.

– Eles querem chegar ao nosso lar. Vamos despistá-los – ao dizer isto, Corvo golpeou levemente o cavalo negro com suas botas fazendo-o andar mais rápido.

Ele foi em direção ao Vilarejo. Atrás deles, os homens (e a mulher também) cavalgaram velozmente. Provavelmente haviam percebido que ele soube da presença deles e começaram a atirar. Por sorte os tiros não alcançavam ou acertavam o cavalo.

– Amanda, por favor, atire as facas.

– Não... Eu não posso.

Corvo suspirou profundamente. Amanda não soube destinguir se era por raiva ou por descontentamento.

– Assuma minha posição.

E assim ela fez. Controlou as rédeas do cavalo enquanto ele atirou as facas. Eles estavam se aproximando, o que facilitou. Conseguiu apenas acertar o cavalo de um. Corvo não gostava de ferir animais, mas aconteceu. Caiu junto com seu guia, que nenhum deles parou para socorrer. Eles continuaram montados. O homem-da-elite ordenou que eles se afastassem mais do Corvo para impedir um novo ataque. Correram por varios metros até chegar ao Vilarejo. Chegando lá, houve mais tiros sem sucesso pelos homens. Corvo rapidamente pensou em uma estratégia. Desceu do cavalo e armou-se com as facas.

– Amanda, fuja. Ganhe tempo. Corra o mais rápido que puder no cavalo. Veremos-nos em nosso esconderijo.

Uma dor apertou o coração dela e seus olhos umideceram.

– Você promete?

– Prometo que tentarei.

Os tiros voltaram. Corvo escondeu-se atrás de uma casa.

– Agora vá!

Amanda fez o que ele ordenou: correu o mais de pressa que pôde. Apenas um homem-da-lei foi atrás dela.

Os três homens-da-lei seguiam atirando em cima de suas montarias e os dois da elite esperavam pacientemente o momento de ultilizar seus lança-chamas. As pessoas residentes do local haviam se escondido em suas casas esperando o tiroteio acabar. Corvo vez ou outra, enquanto eles recarregavam atirava facas. Mais uma vez conseguiu atingir somente um deles. Três dos sobreviventes decidiram proteger-se atrás dos cavalos. Corvo saiu de trás da moradia sacando seu chicote da cintura. Poucos tiros o atingiram, porém não afetaram seu estado. Ele aproximou-se de um dos em cima de sua montaria e lançou o chicote sobre as patas do animal fazendo o caveleiro cair. E caiu na frente do seu assassino, que o matou apenas virando com as mãos a arma de fogo que segurava. O corpo caiu na areia. De cima do cavalo, o homem com o lança chamas ativa-o na direção do Corvo, que desvia, porém queima um pedaço de sua roupa. Ele pega um pouco de areia e consegue apagar o pequeno fogo. Usando essa mesma areia, ele a enfia dentro do lançador, que quando ativo simplesmente explode, junto com seu portador.

Faltavam apenas três pessoas. Uma delas, um homem-da-lei que se escondia atrás do cavalo, Corvo o puxou e sem delongas cortou sua carganta. O sangue manchou a roupa dele e lhe xingou mentalmente – “Desgraçado, não precisava ter me sujado”. A mulher de lança chamas aparece atrás dele. Ela o surpreende, queimando-o. O fogo começava a consumir sua roupa antes dele jogar-se na areia para se salvar. Movia-se desesperadamente jogando areia em cima de seu corpo. A mulher ia investir novamente, porém ele jogou areia em seus olhos cegando-a temporariamente. Apenas havia restado um homem-da-lei vivo. “Philip” estava bordado em sua farda – ou seja, no terno surrado.

Por um estranho motivo, ver aquele homem-da-lei tão jovem juntamente com a dama – que era loira e adulta – causou-lhe dó. Seria desprezivel matá-los ali. Uma voz apareceu em sua mente: “Já chega de mortes por hoje”, foi o que Amanda dissera no assalto ao caminhão.

Corvo investiu contra o rapaz com seu chicote. Ele atingiu na pistola que carregava, mandando-a longe e pegou o lançador apontando para eles. Logo, deixou-o no chão.

– Vou poupar vocês dessa vez. Retornem aos seus lares. Contem ao Gubner o que aconteceu. Aproveitem suas vidas longe da minha e de minha revolução.

Philip olhava-o nos olhos. Ele estava chocado. Pensou que aquele seria o seu fim. Mas Corvo deu-lhe uma chance.

– Você ganhou o meu respeito, Corvo. Mas isto não nos impedirá de sermos inimigos.

Corvo não respondeu. Assentiu calado e montou num dos cavalos. A mulher loira ainda coçava seus olhos tentando enchergar e espantar a areia. Os moradores sairam de suas casas para aplaudir a atitude do Corvo.

Ele partiu no pôr-do-sol em direção a seu lar.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Pois saibam: preciso de uma recomendação para postar o próximo. Combinado?! Valendo... Prometo que vai acontecer algo notório! Até!