John chegou com uma sacola naquele domingo de manhã. Nela tinha dois copos de chá, biscoitos e pães para a primeira refeição do dia após passarem a noite com Mycroft no hospital.

Sherlock o observava atentamente arrumar as coisas em cima da mesa.

– Demorei? Com muita fome? –perguntou.

– Não.

– A Molly me ligou e disse que no próximo final de semana vai ter uma festa para o Mycroft...e nos convidou...

– Festa?

– É, de boas vindas...

– Boas vindas? Mas por quê? Ele não estava viajando...só foi idiota o suficiente para ser envenenado e assustar todo mundo.

– Que bom que você se preocupa com seu irmão. Vem, tá pronto! – o loiro disse enquanto se sentava na cadeira, na frente do notebook.

– John, espere. Antes, tenho uma surpresa para você. – Holmes disse levantando-se enquanto segurava seu violino agora.

– Oh, surpresa? Hum...essa eu quero ver...- este se virou de frente para Sherlock.

Ajeitando-se na frente de Watson, o encarou de maneira muito séria, antes dizer:

– Pronto?

– Sim!

– Certo...

Sherlock então começou a tocar de maneira magistral a uma música que logo John reconheceu.

– “Eleanor Rigby”! Dos Beatles! – sorriu batendo palmas e começou a cantar:

“…All the lonely people, where do they all come from?

All the lonely people, where do they all belong?

All the lonely people, where do they all come from?

All the lonely people, where do they all belong?”

Assim que terminou, Holmes deu um meio sorriso fazendo Watson sorrir ainda mais.

– Gostou? – perguntou orgulhoso.

– Se eu gostei? Eu amei! Foi perfeito, Sherlock...obrigado. Uau, mas espere...

– O quê?

– Por que você escolheu essa música especificamente?

– Porque é a que mais valoriza o violino. E eu não tive paciência de procurar por mais músicas nos 500 álbuns dos Beatles.

O loiro então riu e depois ficou muito sério, fazendo Sherlock encará-lo.

– Bem, é que a letra é meio...pesada. Você prestou atenção? Fala sobre solidão...sobre duas pessoas extremamente solitárias: Padre McKenzie e a própria Eleanor. Não sei se essa música é a mais adequada para nós!

– Isso é culpa do McCartney e do Lennon, não minha. Mas como eu sei que você é insuportável quando o assunto é Beatles, eu aprendi outra...- Holmes deu um meio sorriso.

– Oh, é mesmo? Qual é? - sorriu.

– Pronto?

– Prontíssimo!

Sherlock então respirou fundo e começou a tocar enquanto o rodeava lentamente, John prestando atenção em cada detalhe à sua frente.

– Oh, claro! “Stand By Me”! – sorriu e Sherlock piscou de volta.

” When the night has come

And the land is dark

And the moon is the only light we'll see

No I won't be afraid, no I won't be afraid

Just as long as you stand, stand by me…”

No fim John sorriu e se levantou puxando Sherlock em um beijo carinhoso.

– Gostou mais desta então? – o moreno perguntou enquanto os dois se encaravam bem de perto.

– Sim! Apesar que esta música não é dos Beatles...e sim da carreira solo John Lennon...- respondeu sentando-se na cadeira de novo.

– Beatles...John Lennon em carreira solo, tudo a mesma coisa!

– Hum. Na verdade não, Sherlock. Inclusive essa música nem é dele, é uma regravação... – o loiro completou vendo que Holmes ficava cada vez mais sério enquanto sentava-se na poltrona guardando o violino cuidadosamente - Você demorou muito para aprendê-las?

– Enquanto você foi ao Café. Cerca de 30 minutos. Por quê? – respondeu muito sério, fazendo John se segurar para não rir.

– Uau. 30 minutos? Só?

– É, John. Mas pelo jeito não acertei. Uma é triste demais e a outra nem dos Beatles é. Odeio surpresas, até mesmo quando eu as faço.

O loiro então riu e se aproximando, se sentou no braço da poltrona, bem perto de Sherlock.

– Pois eu amei. E você sabe por quê? – perguntou.

– Por quê? – Sherlock disse de maneira mal humorada.

– Porque foi você...qualquer música que você tocar, será como o Beatles para mim. E você aprendeu em 30 minutos! Uau...sem falar que eu pude te admirar na minha frente sem você perceber ou ligar...o que foi ótimo! E sabe que eu constatei, Holmes? Que você é o gênio mais lindo e gostoso que eu já conheci...- John disse tais palavras no ouvido de Sherlock que o encarou com os olhos muito abertos.

– Eu não sei como responder a isso. – disse fazendo John gargalhar e o puxar pelo pescoço beijando-o com vontade.

Sherlock então sorriu sem graça e o puxou em um abraço enquanto John intensificava o beijo, suas mãos apertando com força o pescoço do mais novo.

– Eu estava brincando...eu sou um chato quando o assunto é o quarteto de Liverpool, mas não chego a ser igual....sabe, igual a você. – provocou indo para a mesa, mas Sherlock jogou a almofada em sua cabeça e isso fez o loiro voltar e puxá-lo para a cama.

– Retire essas palavras agora mesmo, John! – dizia enquanto os dois rolavam na cama, John rindo quase sem ar.

– Me obrigue! – este dizia entre uma risada e outra.

Sherlock então segurou seus braços contra a cama com força, beijando-o intensamente, surpreendendo-o.

Assim que se separaram os dois se encaravam muito sérios e ofegantes. Nos olhos de Sherlock havia dúvida e nos de John desejo.

Em um movimento rápido, John ficou em cima de Sherlock enquanto seus lábios se encontravam com urgência.

Suas mãos quentes entraram por debaixo do pijama de Sherlock e isso o fez arrepiar inteiro. Indo até a cintura, ele segurava com força, enquanto as mãos do moreno agiam por vontade própria, segurando gentilmente as coxas dele.

– Você me enlouquece...sabia? – o loiro sussurrou enquanto descia beijando e mordendo o pescoço de Sherlock.

John começou a descer, abrindo os botões e Sherlock por um momento perdeu todo seu raciocínio. Só sentia a boca quente do loiro beijá-lo de maneira carinhosa enquanto o peso do seu corpo tirava completamente seu ar.

Puxou John e o beijou mais uma vez. De repente, voltou à realidade e tudo aquilo o assustou muito.

– John...John...espere!

– Hmm...- disse enquanto beijava agora mais intensamente seu queixo.

– Espere...para...para! – pediu se levantando, fazendo John cair ao seu lado.

– O que eu fiz de errado? – este perguntou completamente sem ar e todo atrapalhado.

– Nada. Você nunca faz nada de errado e esse é o problema. Você faz tudo muito certo. – respondeu se encolhendo na parede da cama.

Watson então bagunçou seus cabelos e sorriu ao ver que Sherlock estava completamente corado, sem ar, de mau humor e muito pensativo.

– Ei, está tudo bem! – disse encostando a mão no ombro do moreno que tremeu com o leve toque.

– Não...não faça isso. – pediu se encolhendo ainda mais e isso fez Watson gargalhar – Não tem graça. E a Sra. Hudson não permite tal comportamento aqui na República, então...não tente continuar.

– É, eu sei...desculpe. Sinto muito, ok? Ei, não precisa ficar assim! Estamos bem?

Os dois se olharam e Sherlock por fim consentiu.

– Fique ali na mesa agora. – o moreno pediu.

– Sério? Não podemos ficar perto?

– É, por favor.

– Ok, mas você anda precisando relaxar...Holmes. Chá? - John provocou fazendo Sherlock pensar que não conseguiria controlar seus desejos por muito mais tempo.