A Cúmplice. escrita por Larinha


Capítulo 9
Capítulo VIII


Notas iniciais do capítulo

Mais um capítulo gatíssimo para vocês. Eu vou tentar postar o próximo essa semana por causa do tempo que demorei para postar o último. Só que esse próximo é especial, haha, então terá, talvez, menos palavras do que o ideal.
Bom, aproveitem o capítulo.



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— Pense como quiser. – Ana disse ao abrir a porta do apartamento.

— Sua face de curiosidade falar por você. Não preciso ser um gênio para perceber isso. – Ele deu uma pequena risada quando Ana errou a chave pela terceira vez. – Está complicado aí ou você está tentando ficar mais tempo comigo no apartamento?

— Vai se... – Respirou profundamente, pela trigésima quinta vez em uma hora. Ela errou a chave de novo, então ele pegou da mão dela e abriu a porta. – ferrar.

Qualquer um que estivesse na situação onde Ana se encontrava ficaria completamente desesperado de preocupação por sua vida, mas isso era a última coisa que passava pela mente dela. E por mais estranho que isso soasse, depois de uns dez minutos, ela passou a gostar da ideia. Seus pensamentos estavam voltados para apenas um propósito: Agir normalmente. Não que ela não pudesse, era uma ótima atriz, mas ela tinha que controlar sua ansiedade de alguma forma. E, de acordo com o que haviam combinado, seria escrevendo.

...

Roberta pegou-se pensando em sua juventude e no fato dela ter somente vinte e dois anos quando teve sua única filha, Lilith. Apesar de ainda haver algumas marcas da gravidez são minúsculas e quase imperceptíveis. Por tanto, seu corpo ainda era igual quando era apenas uma jovem, o que gerava inveja na maioria das garotas na cidade. Ruiva e de olhos negros – Mesmo que originalmente seus cabelos fossem morenos – ela era uma linda mulher, que estava em seu segundo casamento. O primeiro fora com John Wilson, pai de Lilith, que perdeu sua esposa para um acidente quando o filho deles, Lucas, tinha sete anos. Roberta e John se casaram três anos depois, uma rápida superação que deixou o menino abalado, mas ele nunca realmente comentou.

Mesmo com a diferença de idade, Roberta sempre achou que John fosse um bom marido, até porque sempre deu preferência a homens mais velhos. – O que lhe dava certa má fama, mesmo que não se importasse. – Eles ficaram casados por treze anos, quando ela conheceu Elliot Smith e sua profunda tristeza e melancolia. Foi amor a primeira vista. E como ela sempre fora uma mulher de caráter, explicou tudo para seu marido, que quase morreu de ódio depois. Eles se divorciaram e Roberta casou-se novamente. Ele tinha uma filha, Ana. A garota era um pouco sombria, porém Roberta sabia o motivo. Ambos eram atormentados com a morte de Elizabeth Smith, que fora muito dramática, se pudermos expor desta maneira.

Poderia até ser um romance trágico ou algo do tipo. Era isso que ela ria consigo mesma quando tinha tempo para parar e pensar em sua vida. E, por mais estranho que pareça, era somente quando ela estava levando sua filha para escola. Algo sobre por um cinto de segurança e ficar parada no sinal lhe davam certos pensamentos filosóficos. Enquanto Roberta manobrava, ela recebia mensagens de seu marido, completamente aflito, perguntando se uma das duas sabia onde poderia estar Ana.

Nenhuma das duas sabia.

— Elliot, meu querido, nem faço ideia. Não falei com ela ontem e nem hoje. Vou passar o celular para Lilith, o sinal abriu e tem pessoas buzinando. – Roberta estendeu o braço em direção a filha com uma careta no rosto, a morena pegou e, apesar de ter hesitado em por no ouvido, respondeu a pergunta.

— Meus lindos olhos castanhos não a vêem desde o ano passado, Elliot. – Disse a adolescente de treze anos enquanto procurava a carteira escolar dentro da mochila. – Mas eu tenho uma teoria. Talvez ela só esteja cansada, desgastada. Talvez só quisesse se afastar, todos os anos você praticamente morria neste dia, era com o que ela estava acostumada.

Roberta arregalou os olhos, ela freou tão forte que o carro acabou dando um baque e parou em frente à escola de Lilith. O prédio era simples, mas de tamanho regular. Era na cor verde escuro e o portão ficava preso a umas grades do muro de pedra que contornava a escola. Já eram nove horas, e o portão já estava quase fechando, porém o porteiro viu que se tratava da queridinha e esperou o tempo necessário.

“Você deve estar certa, querida. – O homem suspirou do outro lado da linha. – Ela passou muito tempo odiando este dia, eu nem deveria estar procurando por ela tão cedo. Bem, vou desligar. Lamentar-me não irá trazê-la para a universidade. Até. Mande um beijo para sua mãe.” – A linha estava, agora, desocupada.

— Sinceramente? Ela está mais que certa. Imagine! Passar anos com alguém praticamente melancólico, triste, rabugento e praticamente se rasgando no dia do seu aniversário? Deveria ser deprimente. Aliás, ainda é. Mesmo que ele mude de humor e supere, ela nunca irá. Pobre Ana.

— Eu entendo o lado dele... – Roberta acenou para o homem ao lado do portão que já estava cansado de esperar.

— Pois é. Você sempre entende. Você entende o lado de todo mundo, é o seu ponto fraco. – A garota tirou o cinto e saiu do carro sem se despedir.

Roberta observou enquanto ela se distanciava e entrava na escola. Às vezes a menina conseguia ser mais racional e mais emotiva que ela. - Ao mesmo tempo.

— Roberta L. Young Smith, qual o seu problema? – A ruiva bufou e deu a ré, voltando ao caminho que levava à sua loja.

...

Assim que Ana ligara o celular, levara um susto.

— Dez ligações e seis mensagens. Droga.

— Tem alguém realmente preocupado com você? Por essa eu não esperava. Afinal, quanto tempo ficou fora? Duas horas? Três? Você ainda tem dezesseis anos?

— Você faz de propósito ou é apenas irritante mesmo? – Disse ela enquanto retornava a ligação. – Alô? Pai?

Foram uns dez minutos no telefone apenas ouvindo perguntas sem sentido como: “E se você fosse raptada?” o único lado bom foi que ela pode inventar uma desculpa plausível e dar uma de desentendida dizendo que não fazia ideia de que a universidade funcionaria, e fora dramática o suficiente em sua atuação ao dizer que aquele dia deveria ser feriado municipal. Porém, o mais estranho não fora o bom humor de seu pai ao telefone – mesmo que estivesse preocupado, era notório que ele não estava querendo morrer -, e sim ter pegado carona com Ethan, pois seu carro estava estacionado um pouco longe dali. Apesar das informações que ela agora possuía sobre ele, ambos estavam comportando-se como perfeitos conhecidos indiferentes.

Mesmo que tenham sido vinte minutos de assimilação da situação, outros cinco foram acertando algumas outras coisas do acordo como se fosse a coisa mais normal da face da Terra. Nenhuma das condições dele assustaram-na, pois foram bem simples. A cada capítulo que ela escrevesse, tinha direito a obter uma peça do quebra-cabeça da morte de sua mãe. O plano não era a prova de falhas, mas caso o número de capítulos não correspondessem ao número de informações, ele responderia tudo com estivesse terminado. Além disso, ele daria o título a cada capítulo para que ela focasse em somente um assunto em cada parte do enredo. Felizmente, ela poderia escrever do jeito que quisesse. O que gerou algumas idéias em sua cabeça.

Enquanto estava no carro, Ana percebera que ele nem chegara a realmente ameaçá-la, poderia chegar à polícia e contar tudo, entre tanto não acreditariam nela, pois não possuía nenhuma prova de que Ethan era o tal assassino da região. E mesmo que ela conseguisse provas, sairia perdendo. E ela estava disposta a desvendar aquele mistério de qualquer forma que fosse não importavam as consequências, não perderia aquela chance. Era a única, não a teria de novo. Era só ter um pouco de paciência, equilíbrio psicológico e muita criatividade e tudo seria resolvido.

Era nove e trinta quando eles chegaram à universidade, Ana havia perdido a primeira aula de literatura, mas o professor estava ao seu lado e não havia nada que o monitor e o stand-by poderiam ensinar a ela. Nunca fora o melhor exemplo de pessoa ou de caráter, mas suas notas eram as melhores, o que a tornava um exemplo como aluna. Muito acreditavam que o principal motivo era ter o pai diretor, contudo a morena era compromissada e realmente focada com o assunto era estudo. Prometera a si mesma que seria alguém importante um dia, e Ana Smith não era de quebrar promessas.

Na aula de artes-cênicas - que já estava acontecendo mesmo sem a presença do profissional – os alunos já haviam discutido sobre os teatros e suas formas que Ethan havia dado nas semanas anteriores e agora discutiam sobre a peça que tanto ansiavam fazer. Haviam convencido o professor depois de algumas aulas, já que tinham provado serem bons atores. Infelizmente, muitas opiniões surgiam e nenhuma era escolhida.

— O diretor permitiu! – Resmungou Nina do outro lado da sala enquanto Ethan e Ana adentravam e os olhares se voltavam para eles. – Por favor, professor!

— Permitiu o quê? – Ele perguntou enquanto sentava em um banco.

— Fazermos o fantasma da ópera, é uma das minhas peças favoritas, mas todos nós sabemos que ninguém aqui é cantor. Somos apenas atores e somente isso.

— Nem atores profissionais são! – Jéssica riu. – Se fossem, saberiam que mesmo que consigam um elenco adequado, a peça requer, se bem feita, recursos avantajados.

— Nisto eu tenho que concordar. Porém, vamos ver! Tentemos primeiro o elenco, vamos fazer uma audição aqui e agora. Quem acha que tem voz para algum papel, vá à frente e tente. – A maioria dos presentes riu, achando que fosse algum tipo de brincadeira, mas como o sorriso dele desaparecera e seu rosto fechara, dando um ar de juiz rabugento, muitos começaram a pensar na possibilidade de realmente fazerem algo bom ali na frente.

A primeira alma corajosa foi Jenny, uma garota que deveria ter uns vinte e um anos e tinha acabado de entrar para a faculdade. Por tanto não deveria saber da “maldição” que rondava aqueles que se voluntariavam primeiro que todos naquela universidade. Era como se eles sempre fracassassem em algum ponto dos seus objetivos. Mas não foi assim com ela.

— Sabe alguma música da peça? – Jenny assentiu um pouco tímida. Ela tinha algumas luzes no cabelo e seus olhos eram um mel que se destacava devido à claridade do cabelo. Quando começou a cantar quase todos ficaram boquiabertos, não esperavam uma voz tão doce. Não que não combinasse com a menina, combinava, mas sim porque ninguém achava que alguém cantasse alguma coisa ali. Se Ana pudesse sugerir um papel para ela, seria o da Meg Giry. A melhor amiga da personagem principal, que dança no balé.

Em meio algumas apresentações femininas alguns deram a ideia de fazer a pequena sereia e por a Jenny como Ariel, mas Ethan disse que se fosse para fazer um musical seria aquele. Se não, fariam alguma peça conhecida de Shakespeare como sempre.

— Mas Ana daria uma ótima Úrsula! – Brincou Victória.

— Concordo. – Disse a aniversariante, rindo.

— Eu acho que você tem mais cara de Christine mesmo... - Comentou o professor enquanto um aluno tentava atingir a nota de The Music Of The Night*.

Quando o menino moreno que Ana não recordava o nome sentou-se, Nate e Pablo levantaram ao mesmo tempo, o que gerou alguns risinhos na sala. Após se encararem por um tempo, Nate finalmente cedeu e deixou Pablo ir primeiro. A voz do rapaz era boa, porém ele saía um pouco do tom. – Nada que umas aulas de canto não resolvam. Pelo menos fora isso que Ethan dissera. – Victória fora a última na visão de Ana.

— Não vai tentar? – Disse ela ao sentar perto da amiga. – Sua voz dá pro gasto.

— “Dá pro gasto” – Ecoou a morena, levantando relutantemente. Quando o homem à sua frente abriu a boca para falar, ela o conteve. – Sei todas as canções deste musical.

Ela cantara uma das músicas mais curtas da peça, porém uma das mais conhecidas. “Angel Of Music” ficara muito bom em sua voz. Poucos alunos pensavam que Ana conseguia cantar, nunca imaginariam uma cena daquelas. Ela de fato tinha certo talento.

— Quer mesmo ser escritora? – Perguntou Connor. – Se você for cantora compro todos os seus CDs.

— Felizmente cantar profissionalmente não está incluído na minha lista de “O que eu farei para viver.” – Ela se voltou a quem estava realmente julgando alguma coisa ali. – Você já decidiu os papéis, não é?

— De fato, senhorita observadora. Os três principais. E não, eu não vou participar caso seja esta peça. Como cantor, sou um ótimo professor.

— Eu realmente queria que vocês fizessem um Romeu e Julieta 2.0 ou qualquer outra coisa. – Resmungou Jéssica ao sair pela porta no momento em que o sinal bateu.

Ana fora a segunda a sair de sala, seguindo Victória até a sua aula de cálculo I. Nunca fora fã de matemática, mas era melhor assistir uma aula que não fazia parte do seu horário do que ficar no quarto ouvindo sobre a infância de um sociopata. – Ou talvez não. Quem não gostaria de ouvir uma história peculiar algum dia, não é? Mais uma vez a curiosidade de Ana a fez ir até o seu quarto esperar que ele fizesse alguma coisa, mas ele já estava lá, mexendo em uma de suas gavetas.

— Qual o seu problema? – Ela sussurrou enquanto fechava a porta. Aumentou o tom de voz quando trancou. – Pare de mexer nas minhas coisas seu maluco.

— Eu estava procurando isso aqui. – Ele estendeu uma folha de caderno cheia de anotações, Ana tinha uma vaga lembrança de onde havia conseguido ela. – Deixei cair e você pegou, mas nunca me devolveu. Eu preciso disso, sabia?

— Desculpe, não tive tempo para isso. Tem um sociopata pedindo para que eu escreva um livro sobre a história dele, sabe? – Ele riu. – Só que para começar eu preciso saber de informações, e se for em ordem cronológica, a fonte tem que ser verdadeira.

— Sério? Vai mesmo fazer isso? Ótimo. O título do primeiro capítulo é: Conspirações. Como você vai escrever?

— Será uma narradora pessoal, eu estarei contando sua história e dando minhas opiniões. Se não gostar, eu ponho o seu ponto de vista.

— É uma ideia interessante. – Ele levou a mão ao queixo. – Enfim, vamos começar.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Não gostaram? Ficou simples? É, talvez, mas acho que o próximo irá compensar.

PS: Eu sei que a sinopse está diferente, mas esperem pra ver, esperem. d:
Até, beijos.



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