A Cúmplice. escrita por Larinha


Capítulo 4
Capítulo III


Notas iniciais do capítulo

Esse capítulo foi perdido DUAS vezes hoje, a página atualizou sozinha e eu esqueci de salvar. I.I Enfim, fiquei a tarde toda fazendo e refiz agora. Espero que gostem do capítulo.
(Não tem muita fala, mas posso compensar no próximo).



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Ana estava em um sono bastante profundo, porém sem sonhos. Mas era assim que ela gostava de dormir. Era como se estivesse no nada, não vivesse; como se não existisse. E aquilo lhe trazia certa paz. Infelizmente, quando isso acontecia, era muito mais fácil para ela acordar com qualquer outro som que não fosse o de seu alarme. E assim se fez. De algum lugar, tinha um barulho zunindo. Como ainda não tinha luz no quarto, significava que ainda não era sua hora de levantar, ou que sua vista a estava enganando.

Inconformada, Ana abriu de fato os olhos. Virou-se para o celular que estava na mesinha um pouco depois de sua cama e o fuzilou com os olhos. Mesmo assim levantou-se e foi até ele. O aparelho emitia um som insuportável, aqueles bipes irritantes de enlouquecer qualquer um. Quando viu o visor, percebeu que ainda eram 5:30, e então se lembrou que seu celular estava desaparecido desde a noite anterior. Concluiu que pertencia a outra pessoa, e então olhou em direção a óbvia. Ethan, que não acordava de jeito nenhum.

A coisa mais sensata a fazer era desligar o alarme e acordá-lo. Azar o dele Ana não ter muita sensatez em seu sangue. Então a garota simplesmente botou o celular no modo soneca para que tocasse dali a cinco minutos. Caso ele não acordasse, ela assaltaria a dispensa e roubaria um balde, ninguém sentiria falta. Depois o encheria de água e jogaria nele, só porque ela acordara muito antes do necessário por sua causa.

Depois, Ana acordara com um susto. Não gostara nem um pouco do pesadelo que teve. Apesar de ainda estar zonza, seu primeiro pensamento foi olhar para o lado e ver se seu companheiro de quarto já tinha levantado. Mas ele ainda estava nos braços de Morfeu. E isso a deixou um tanto quanto... Estressada. Mesmo assim, a garota se levantou e começou a arrumar a bolsa, e como a boa pessoa que era, chamava-o pelo nome. Mas ele não levantava, de novo.

Foi em sua direção, perguntando-se como ele não babava já que estava tão adormecido.

— Pelo amor de Deus! Acorde homem. - Ela começou a sacudi-lo e então ele abriu os olhos, assustado. - Seu celular tocou duas vezes, não é possível que não tenha escutado. Já são 6:40, sabia?

— Acalme-se mulher. Parece até Jéssica. - Disse ele com o sorriso debochado que fazia toda vez que ela o dirigia a palavra. Ele tirou o cobertor de cima e se sentou na cama. - Eu ainda não estou atrasado, é só você me deixar ir tomar banho antes.

— Mas é lógico que eu faria isso com prazer... O problema é que eu também tenho que estar presente na reunião de 7:15. - Apesar do fato tê-lo pego de surpresa, ainda estava com a cara de despreocupado. Muito, mas muito diferente dos professores que você poderia conhecer por aí.

Ela fazia parte da reunião porque assim era mais fácil transmitir para os alunos as notícias matinais ou os primeiros anúncios da diretoria, era como se fosse a representante da unidade, não era uma função exclusiva da filha do diretor, pois já tentaram lhe tirar o cargo. Muitos professores sugeriram a democracia, votar pelos melhores alunos, mas seu pai disse que não seria possível. As reuniões, algumas vezes, eram bem polêmicas. E ele dizia que sua filha era a única de confiança, não tinha como contestar o diretor. Até mesmos os coordenadores o apoiaram naquela decisão.

Ana ainda estava vestida das roupas que pusera para a fogueira, e só percebera quando Ethan a olhara de cima a baixo. - Não era sua culpa, apenas tinha ficado cansada demais, dolorida demais para por algo mais leve. Melhor estar usando aquilo, do que estar apenas com uma calça de moletom. Ana não havia percebido, nem tinha olhado direito, mas uma foto dele com aquela aparência ou iria lhe custar o emprego devido o sarro dos alunos, ou muitas fãs.

Antes que a menina pudesse protestar ou impedir, Ethan acabou entrando no banheiro primeiro. Mas ela não iria se estressar atoa por causa daquilo, apenas levaria um dia tranquilo e sereno. Não seria incomodada e nem ficaria nervosa por qualquer coisa, era o primeiro dia de aula, teria seus minutos de paz antes das 8:00. Mesmo que fossem em uma sala de reunião com um bando de coordenadores e professores que achavam que ela, qualquer dia desses, resolveria fazer algo inusitado como atirar alguém da janela do oitavo andar do prédio.

Quando o banheiro finalmente foi liberado, Ana entrou com suas roupas na mão. - Uma blusa regata branca, uma calça jeans azul e um casaco preto de lã. - Ainda estava indecisa se tomaria um banho frio ou quente, mas assim que entrou no box decidiu deixar como estava. Não ia acordar com o banho frio mesmo, era melhor que ficasse aconchegante.

Quando terminou de se vestir, ouviu um barulhinho familiar de carregamento completo. Ao olhar para o armarinho onde ficava o espelho do cômodo, viu seu celular conectado ao carregador. - Ela não poderia ter sido tão estúpida no dia anterior, lembrava que tinha olhado ali.

— Ethan, ainda está aí? - Perguntou ela, esperando receber nenhuma resposta enquanto penteava o cabelo.

— Esqueceu de levar alguma coisa para o banheiro? - Disse ele rindo.

— Nossa, que engraçado. Lembre-me de lhe dar o prêmio de professor mais palhaço do ano depois. - Saiu do banheiro com o celular na mão. - Só queria saber se alguém entrou aqui. Não lembro de ter achado meu celular ontem.

— Não, não entrou ninguém. Ele estava debaixo da cama quase descarregado, tomei a liberdade de pegar seu carregador e botá-lo para carregar. - Ela não acreditava que havia esquecido de olhar de baixo da cama, tinha ficado horas lá, era óbvio que tinha caído do bolso.

— Ah... Obrigada. - Disse Ana, um pouco sem graça. - Começamos com o pé esquerdo, não é mesmo?

— Estou acostumado. Resolveremos isso na reunião, ou nas aulas, ou aqui no quarto mesmo. Só escolher. - Ela tentou não captar nenhuma malícia naquela frase, apesar do tom de voz dele indicar que havia. Ela não era de ignorar coisas do tipo, mas estava sem paciência. - Vamos antes que nós dois cheguemos atrasados.

Ana sorriu enquanto ele ia em direção a porta. Quando a abriu, gesticulou para que passasse e assim ela fez. Nos corredores, tinha um silêncio memorável, já que nenhum aluno tinha realmente levantado. A quietude permaneceu até chegarem ao outro pátio, que dava diretamente para a sala aonde estavam indo.

No corredor, já era possível ouvir as vozes, mas só quando chegaram a porta sentiram a tensão do clima que estava a sala a frente deles. A sensação fez Ethan hesitar em rodar a maçaneta, que ficou parada durante um minuto. Mas quando perceberam, ambos já tinham entrado e sentado um do lado do outro enquanto Roberta discutia com a professora de arquitetura sobre os arranjos das mesas que ficavam nas salas de aula. - Algo certamente relevante

Tinham alguns rostos conhecidos presentes, mas ela não queria associar nome ao rosto. Ainda não estava preparada psicologicamente para lembrar do que cada um tinha dito para ela no ano anterior. Ainda era muito recente. Já Ethan conhecia a todos, e os cumprimentou como um perfeito ser humano educado. Muitos ali presentes lhe perguntavam de Jéssica e ele dava a notícia do término, a maioria deles ficava, desapontados.

Alguns professores estavam atrasados por causa do trânsito. Naquela terça-feira todos os colégios, comércios e faculdades já haviam voltado aos seus horários regulares. Por tanto, deveria ter muito fluxo na cidade. Quando o último professor entrou, o pai de Ana interrompeu as conversas paralelas e a voz mais alta que dizia que vermelho combinava muito mais com o amarelo das paredes.

— Bom dia a todos. - Ele pigarreou para melhorar a voz. - Sei que muitos estão preocupados com as notícias dadas nesses últimos meses, e muitos não queriam voltar. Mas a cidade inteira está prosseguindo novamente, nós também temos. Não vamos deixar um ano letivo ir descarga abaixo. E para a maior segurança de todos, instalamos uma cerca elétrica ao redor do campus.

O assassino estava fazendo uma bagunça bem elaborada. Não somente com as vítimas, mas com todos da cidade. Sua quinta vítima feriu muitos, quase todos pararam com suas vidas quando Jenn Mathews, filha do prefeito, fora encontrada morta. E apesar de estarem ainda mais inseguros devido a morte da filha do detetive do caso, que foi a sétima vítima, acabaram seguindo em frente. Mesmo que o medo ainda esteja pairando sobre a porta.

— Enfim, neste primeiro dia de aula gostaríamos de apresentar os novos professores. - Roberta possuía aquela nítida naturalidade ao falar, era uma perfeita primeira dama. - Sra. Green, Srta. Martinez e Sr. Millers.

Os três levantaram quando seus nomes foram citados. Quando Ethan se levantou, acabou deixando cair uma folha com alguns poemas escritos de sua pasta. Como ele não havia percebido, Ana pegou. Ela ia devolver, mas de repente todos os olhares estavam a sua volta e ela não queria que os mesmo se voltassem para ela caso fizesse alguma coisa. Entregaria mais tarde, quando o visse no dormitório.

O resto da reunião fora normal, a mesma coisa de sempre. Ana se levantara e saíra primeiro que todos, como sempre fazia, e fora para o prédio onde as aulas aconteciam. Aquela hora, o fluxo de alunos era intenso, o que fazia ela se perder algumas vezes. Levava alguns empurrões, estava acostumada, mas se ficasse ali mais um minuto era capaz de ser esmagada viva. Sua sorte foi que Victoria e Lucas puxaram seu braço e a fizeram entrar na sala certa.

— Vocês são dois seres que iluminam minha vida. - Disse ela, beijando a testa de cada um.

— Olha a dramatização. - Reclamou Lucas. - Aliás, você que nos ilumina, minha vela preferida.

Os três riram. Aquilo era uma verdade a qual ela não se importava. Então foram em direção as suas cadeiras de sempre, que ficavam bem no fundo da sala e esperaram as aulas começarem. Ana não era obrigada a assistir aquela, mas era assim que ela passava o tempo. - Assistindo aulas que não estavam em seu cronograma com seus amigos.

E fora assim pelo resto do dia, exatamente como ela queria. Um primeiro dia sereno e tranquilo, como o dia qualquer outra pessoa. Nenhuma das suas aulas obrigatórias aconteciam naquele dia, o que significava que não vira Ethan ou Connor pela faculdade, a não ser de longe. O Millers mais novo estava jogando futebol americano no ginásio da escola, enquanto o mais velho recebia tratamento especial das secretárias.

Mais tarde, um pouco depois da hora do almoço, Lucas se ofereceu para levá-la até o seu apartamento para buscar algumas coisas que tinha deixado lá. Victoria tivera que ficar por causa da aula de História, que era o que ela estava cursando. No caminho, o rádio estava no volume médio enquanto o garoto tagarelava sobre como não conseguia convencer a namorada de que Jéssica era a irmã mais velha e que sabia cuidar de si mesma. - Ana fingia escutar, enquanto viajava pelas letras das músicas que ela achava mais interessantes.

Ao chegar ao bairro onde morava, ela sentiu um calafrio. Tremera de repente, sem motivo nenhum. Apesar do susto, resolveu ignorar. Apenas continuou a apontar o caminho para Lucas, e ele dava as voltas perigosas com muita habilidade no volante. - Ela chegava a ter inveja, não possuía paciência o suficiente para controlar o carro daquela maneira.

Chegaram no apartamento por volta das cinco, Lucas rira bastante da falta de organização dela, mas não ligou. Apenas foi procurando o que precisava, incluindo alguns livros de literatura que havia deixado na mesinha, mas não lembrara de pegar.

— Mais organizada que você, só Lilith. - Os dois riram.

— Ela realmente não puxou a mãe no quesito. - Concordou Ana.

Eles ficaram lá uns vinte minutos, até a garota pegar tudo o que precisava. Bem no final, ela ficou empacada com o quadro da parede da sala, onde ficava o cofre.

— Dinheiro, meu querido amigo, eu guardo dinheiro aí.

— Não? Eu realmente não sabia... Estou dizendo que não sei o que está impedindo o quadro de sair, não que não sei o que há dentro.

— Deixa, eu mesma resolvo isso. - Ana pegou uma cadeira e botou em frente ao quadro. Subira nela e começara a tentar puxar as laterais. - Tem alguma coisa aqui...

De todos os objetos que poderiam estar entre a moldura do quadro e o prego, o mais inimaginável se encontrava, agora, no tapete do chão da sala. Lucas se aproximou dele e o pegou. Começou a analisa-lo como se não acreditasse no que estava vendo. Mas ninguém acreditaria se estivesse naquela situação.

— Me diga que estou vendo muito Criminal Minds e esse aparelhinho não é o que estou pensando. - Disse a menina.

— Desculpe, mas é sim. É uma escuta.

































































































































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Notas finais do capítulo

Algum acréscimo? Alguma opinião? Alguma dúvida?
Não falei que as coisas iam começar a ficarem melhores pessoal! Ansiosos pro próximo capítulo? Eu estou... Haha.