Depois de muitas buzinas e gente xingando pra tudo que é lugar, nós resolvemos parar de nos beijar, e deixar o transito livre.

Estávamos agora na sala de aula, depois de ter que ir pra diretoria, por causa de um atraso, eles estava do outro lado e eu do outro.

É claro que na aula de biologia nós tínhamos os nossos pares, por que no começo do ano, ele ficava com a patrícia que sempre foi apaixonada por ele, e eu ficava com o Marcelo que tinha me paquerado no primeiro dia.

E como hoje era aula de biologia lá estávamos nós, com pessoas do nosso lado que não eram nossas, como nós éramos. Eu fui tirada dos meus pensamentos quando Marcelo falou comigo:

---oi minha flor! ---disse. Eu virei pra ele de sobrancelhas erguidas.

---Oi!

---Então... Você está namorando o Senhor Perfeição, não é? ---falou ele. Eu não sabia que ele era conhecido assim por aqui.

---Se o Senhor Perfeição for o Miguel. Sim.

---É... Eu também não acho que ele seja tudo isso. ---falou ele de repente, eu o olhei com ódio, quem esse cara pensava que era?

---O que você quer Marcelo? ---falei estressada.

---Quero dizer que eu sou bem melhor que ele. ---falou ele, e eu levei um susto, quer dizer, o cara vem pra cá e diz isso? Eu revirei os olhos.

----Olha, eu não gosto de você desse jeito, Eu gosto do Miguel! ---falei devagar pra que ele entendesse.

---Por que está falando assim? Eu não sou debimental. ---falou ele parecendo ofendido, e ele achava que não era debimental, eu tenho certeza.

---Se você gosta tanto assim de mim, prove. ---falei de brincadeira. Eu sou tão má.

Eu pensei que ele não fosse fazer nada, que é o que geralmente ás pessoas fazem. Mais ele olhou pra mim de um jeito significativo e se levantou, todos da classe o olharam, especialmente o meu namorado, que ergueu a sobrancelha.

---Pessoal, eu quero declarar... Que EU AMO A BELLA! ---todos da sala fizeram um coro de uuuuhhhhhh e eu fiquei em choque, Miguel voou pra cima dele, e o professor saiu correndo, eu em!

Miguel estava em cima de Marcelo que tentava sem esforço tirá-lo. Eu me levantei assustada querendo que meu namorado largasse o menino, já que ele poderia sair machucado. Eu tentando tirar Miguel de cima, quando sem ver, o Marcelo dá um murro na cara dele. A sala estava fazendo um coro, uma coisa que só criança faz: ‘’BRIGA’’ ‘’BRIGA’’ ás vezes Marcelo olhava pra mim e falava:

---ISSO É POR VOCÊ. ---como se estivesse em uma guerra civil. Miguel estava praticamente matando o menino. Eu tinha que fazer alguma coisa.

Saí correndo da sala e fui até a diretoria onde eu encontrei uma gorducha que cheirava a cigarro, que horror! Enfim...

---Com licença, senhora. É que ta rolando uma briga lá na sala, então...

---Aqui? Isso é impossível. Nessa faculdade nunca aconteceu nenhum tipo de briga. ----falou ela orgulhosa. É minha filha, mais agora aconteceu!

---Serio? Pois então, ainda ta rolando uma briga La dentro... ---falei tentando apressar, ela veio comigo, e quando viu a sala em uma roda, cercando dois meninos só faltou ter treco, olhou pra mim como se fosse desmaia, e gritou:

---CALEM A BOCA! ---Berrou e todos os alunos pararam de gritar e Miguel e Marcelo olharam para a professora e pra mim. ---quem começou a briga?

Eu não podia dedurar o Miguel. E alem do mais fui eu que comecei não devia ter falado pra Marcelo provar.

---Fui eu! ---falei e todos olharam pra mim com profunda admiração, principalmente Miguel, mas aí tudo deu errado por que ele também se levantou.

---Eu também armei briga. ---disse todo arregaçado.

---Os dois estão nesse momento expulsos da faculdade. ---falou a diretora em um tom severo.

Todos na sala fizeram mulvuca.

---Eu também! ---gritou alguém do fundo.

---Eu também! ---gritou mais alguém.

---Eu!

---Aqui também! ---falou outra.

E em menos de dois minutos todos da sala estavam com ás mãos levantadas.

---O quê que ta acontecendo nessa sala? ---disse a diretora. ---Eu não posso expulsar todos, então...  Ninguém será expulso, mas na próxima vez que houver uma briga, todos serão se for preciso. Com licença.

E então só restou a turma, e até o Marcelo estava com um sorriso no rosto.

---Por que fizeram isso? ---falei. ---poderiam ter arruinado a vida de vocês.

---Quê isso! Foi um prazer. ---falou alguém no fundo.

---fizemos isso, por que vocês foram ás únicas pessoas que trouxeram alegria pra essa sala. ---falou uma menina. ---nunca houve uma briga dessas aqui.

---No colégio têm muitas. ---falei sorrindo.

---Bom... Demos um show pra vocês e também eu to todo quebrado. ---falou Miguel, eu o ajudei a ficar de pé, e depois fomos á enfermaria.

*

Nós estávamos na enfermaria esperando a enfermeira chegar, enquanto isso eu estava passando álcool yodado em suas feridas. Ele me olhava com admiração.

---Eu te amo. ---falou ele, eu ri.

---Eu sei! ---falei, ele pareceu decepcionado como se o que eu disse não fosse o que ele queria ouvir.

Eu limpei mais um ferida e olhei pra ele.

---Por que fez aquilo na sala?

---Dei um ataque de ciúmes. ---falou ele rindo. ---ele praticamente se declarou pra você.

---Eu sei! Mais não precisava cair na mão com ele.

---Você ficou preocupada, não é? ---falou com um sorriso sexy, que não funcionou, por causa das suas feridas.

---É claro! Você podia ter morrido naquela mulvuca, e se tivesse aconte... ---não pude terminar por que ele me agarrou e me deu um beijo feroz. Quando nos separamos ele olhou pra mim e sorriu.

---Você fica linda Preocupada. ---falou ele.

---E você não fica lindo cheio de feridas. ---falei brincando, ele me deu outro beijo.

 ---Eu posso conviver com isso.

***

 UM MÊS DEPOIS.

Um mês tinha se passado, e ao todo dois meses. Tudo estava tão diferente, mas de algum jeito eu me sentia como se sempre tivesse sido assim.

Ás vezes eu me lembro das brigas que tivemos, mas quando menos eu espero elas somem da minha memória.

Hoje eu tinha dormido no sofá, pois ele tinha saído de noite, e pelo jeito ainda não tinha voltado. Eu fiquei sentada no sofá esperando ele voltar e acabei dormindo. Me levanto bruscamente quando ouço alguém abrir a porta. Graças a deus. É ele.

---ONDE ESTEVE A NOITE TODA? ---gritei já em pé, encarando ele. Ele me olhou assustado, mas eu pude ver divertimento no seu rosto. ---Não brinque comigo. Você não sabe como eu fiquei preocupada com você. Podia ter sido morto. Onde estava?

Agora eu estava irritada. Ele me olhava com um sorriso no rosto, como se fosse incrível o fato de eu estar zangada.

---Não me olhe assim! Você acha engraçado o fato de que eu estava morrendo de preocupação á dez minutos atrás? ---falei. ---E se você estivesse morto, como eu me sentiria nesse momento? Eu acho que você não sabe. Eu podia te matar agora mesmo, por me fazer quase morrer de preocupação...

---Amor? Você quer calar a boca pra eu poder me explicar? ---falou ele e de repente me olhando preocupado.

---Talvez...

---Eu não pretendia sumir a noite toda, é que procurar uma casa não é fácil. ---falou ele. Eu o olhei sem entender. Uma casa?

---Como assim?

---Eu não quero mais morar aqui, e a noite passada, eu comprei uma casa com ás minhas economias, e com o dinheiro que você me deu de aniversário.

---Não vai mais morar aqui? ---falei meio que ressentida, ele ia me deixar?

---É. Aqui é muito pequeno, sabe? ---agora ele estava com um sorriso. E eu estava irritada.

---Então você não vai mais morar comigo? ---falei meio apreensiva.

---Quem disse que você não vai comigo? ---falou ele vindo mais pra perto de mim, eu sorri, quase tinha pensado besteira.

---É que...

---Você pensa demais. ---falou ele e me beijou.

Alex entrou na sala e deu um grito.

---AAAAHHHH. ---gritou vindo em direção ao Miguel. ---Onde você tava?

---Calma. ---falou ele rindo. ---Todos sentiram a minha falta?

Eu bati nele, nós estávamos realmente preocupadas.

De repente um sapato o atingiu na cabeça. Miguel caiu no chão e todos olharam pra frente.

---Vitor! ---falei. ---Por que você fez isso?

Fui até Miguel, que estava caído no chão igual á um morto.

---Pra ele aprender á não deixar todo mundo preocupado.

---Seu filho da mãe! ---gritou Miguel levantando.

---Agora tomou na cara! ---falou Vitor e saiu da sala.

---Ai meu de Deus! Que cara maníaco. ---falou Miguel com mão no galo que o sapato fez.

---Explique! ---falou Alex com os braços cruzados.

---Acalme-se e não jogue nada em mim, por favor. ---falou ele. ---eu estava procurando uma casa. E achei. Eu e a Bella, vamos nos mudar amanha.

---Nossa! Isso é muita coisa pra eu absorver. ---falou Alex. ---Primeira pergunta: Por que vocês vão se mudar? Aqui não é bom o bastante pra vocês? Essa já é a segunda pergunta.

---Não é isso... ---tentei dizer, mas Miguel falou:

---Olha Alex. Eu sempre fiquei aqui, nessa apertação. ---falou. ---Eu tenho vinte anos, tenho que ter a minha própria casa. Eu gosto de ficar aqui, mas agora eu tenho a Bella. E... Nós precisamos de privacidade.

---Aqui vocês não têm? ---falou Alex com cara de choro.

---Mais ou menos. Queremos o nosso próprio canto, entendeu?

---E como vocês vão manter isso?

---Eu vou arranjar um estagio. ---falou ele.

---e eu tenho economias. ---falei pra ajudar, ele me olhou grato.

---Enfim... Já que querem tanto isso, fazer o que!

---Obrigado por me hospedar aqui. ---falei, mas ela chegou pra trás e se virou pra Miguel.

---Eu vou subir. Agente se vê. Melhor já ir arrumando ás coisas. ---falou ela, e se virou, subindo ás escadas, deixando eu e Miguel parados.

---O quê que eu fiz? ---falei pra ele, ele me olhou confuso.

---Pra mim você não fez nada, amor.

---Pra Alex que eu to dizendo. ---falei. ---Ela está sendo muito egoísta... Eu vou lá falar com ela.

---Tem certeza que...

Eu o olhei, ele se calou. Depois eu saí correndo e entrei no quarto dela, pronta pra esclarecer algumas coisas.

---Não sabe bater na porta? ---falou ela.

---Sei! Mais não to com vontade de fazer.

---Olha! Se quiser tanto assim ir. Vai.

---Qual é o seu problema? ---falei irritada.

---O meu problema é que eu sempre te ajudo, e você vai embora como se tudo o que eu fizesse não tivesse sido bom.

---Quê isso! Eu amei o que você fez por mim, Eu sou grata a você. Mas isso é muito egoísmo.

---Não é não. Eu só acho que... Você não tem motivo pra ir. ---falou ela olhando pro chão.

---Como assim eu não tenho?

---Eu sou sua amiga, o que vai fazer lá?

---Ter minha vida com o Miguel. ---falei, estava bastante irritada com Alex. Ela pensava que eu teria que viver a minha vida toda na casa dela?

---Eu quero dormir, por favor, você pode sair? ---falou ela.

---Sim. ---falei e sai do quarto, não ia agüentar ficar lá nem mais um minuto.

Assim que eu desci, encontrei Miguel sentado olhando pra mim, eu me juntei a ele e falei:
---Ela está sendo muito infantil.

---Logo vai passar, do jeito que a Alex é...

---Eu acho que é melhor eu ficar aqui.

---O quê? ---falou Miguel abismado. ---A Alex é muito persuasiva, mas eu não sabia que ela podia persuadir você.

---É que... Eu acho que eu não estou sendo uma boa amiga.

---Nem venha com essa. ---falou. ---Alex só ta com ciúmes. Logo ela vai entender.

Eu o olhei.

---Mais o pior mesmo, é que se você não for não vai poder ficar comigo. ---disse ele.

Eu sorri, era muito difícil ficar triste perto do Miguel.

---Eu posso conviver com isso. ---falei e o beijei. ---Talvez.