Minha Vida Fora De Casa! escrita por Jade Potter


Capítulo 5
Capítulo 5




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De manha cedo eu levantei da cama e olhei pra janela, por incrível que pareça hoje perecia mais frio do que todos os dias que eu já tinha passado em Nova York.

Sentia-me vazia e sem ninguém pela primeira vez na minha vida.

Decide me arrumar pra ir pra faculdade, não estava nem um pouco a fim de ver o Miguel, mas eu tinha que agir normal, fingir que aquilo nunca aconteceu. Eu não me podia ver dominada por um homem que podia simplesmente me trair com outra.

Mais eu não tinha que me preocupar com isso, eu não gostava dele. Ai meu deus, estou atrasada.

Desce correndo com um vestido florido e um casaco de algodão.

O meu cabelo estava bagunçado e solto, eu tava nem aí, não queria chegar atrasada de novo.

Assim que cheguei no portão dei graças a Deus! Ainda havia gente entrando na sala.

Entrei e sentei na minha cadeira, Miguel estava sentado com uma garota conversando alguma coisa realmente muito engraçada, pois ele estava gargalhando e a garota estava muito satisfeita consigo mesma.

Eu sentei irritada na minha mesa. Fiquei a aula toda planejando matar ele, estava com raiva, com vontade de Xingá-lo todo. Depois percebe que estava com ciúme, um ciúme que havia séculos que eu não tinha sentido antes. Me senti mal, como se eu tivesse perdido uma luta, e aquela garota bonita tivesse ganhado. Mas eu estava certa, não queria me envolver, na verdade estava confusa.

Estava enjoada e por isso eu fui ate o professor e falei:

---Professor eu posso tomar um ar fresco?

---Tudo bem, não vejo nada de ruim nisso. ---falou ele, e eu saí, mas antes eu vi Miguel olhando pra mim preocupado, havia ate deixado á menina falar sozinha.

Quando já estava longe, saí correndo e fui pra fora da faculdade onde ficava ás crianças, filhas de professores, eu sentei no banco e algumas lagrima teimosas caíram da minha face. Olhei para uma criança que estava brincando no balanço, ela era igual a mim, tentava se mostrar forte mais na verdade era apenas uma criança com medo do escuro.

Ela brincava sozinha com uma caixa de areia e percebi que eu nunca tive muitos amigos, geralmente eu ficava lendo Harry Potter em um canto e não falava com ninguém, a única amiga que eu tinha era Alex e tentava no Maximo preservá-la.

Miguel sempre foi irritante, mas eu o amava e o ciúme estava me matando. Eu senti alguém tocar em mim por trás, olhei e vi ele me encarando.

---O que você quer? ---falei ressentida, tínhamos passado um jantar maravilhoso e ele tinha me falado que me amava, e agora aparecia na minha frente como se aquelas palavras não tivessem significado nada.

---Eu é que pergunto! ---falou ele parecendo com raiva, como se eu o tivesse ferido.

---Você? ---falei. ---COMO EU PUDE SER TÃO IDIOTA!

---COMO ASSIM? ---gritou tentando superar o grito das crianças.

---EU ACREDITEI QUANDO VOCÊ DISSE QUE ME AMAVA!

---E EU TE AMO!

---ENTÃO PROVE! ---falei de uma hora pra outra, ele me olhou determinado e me agarrou com ferocidade.

O beijo começou a se amansar e sua mão pousou em minha cintura, e os meus braços logo estavam em seu pescoço.

Assim que o beijo acabou ele me olhou, eu o olhei também.

Ele parecia querer saber o que eu faria agora, eu o bateria ou o beijaria, qualquer coisa que eu falasse ia quebrar o clima então em vez de falar qualquer coisa eu o puxei pra mais perto e o beijei.

***

DUAS SEMANAS DEPOIS...

Eu e Miguel estávamos deitados na minha cama, enquanto o sol iluminava o dia.

Eu sei! É meio difícil pra processar, mas essas duas semanas que se passaram foram as melhores da minha vida.

Fazia muito tempo que eu não sentia a magia do amor, quer dizer, falando em termos românticos.

Havia sim algumas brigas, mas duravam tão pouco tempo, e em menos de um segundo ele chegava e me beijava de novo.

Foi meio difícil para Alex se acostumar, pois vivíamos brigando. E isso nem eu poderia negar.

O Vitor, quando contamos falou que já sabia e que até demorou demais pra acontecer.

Hoje eu o olhei e vi que não poderia existir um garoto mais bonito, dei uma risada que pelo visto foi alto demais e ele abriu os olhos,  sorriu pra mim, e eu o beijei.

---Não existi jeito melhor de acordar. ---Falou ele com um sorriso, me beijando.

---Sério? Isso é emocionante. ---falei ironicamente brincando. Ele me olhou e falou:

---Hoje é que dia? ---falou ele com uma fingida cara de surpresa.

---Sábado. Por quê? ---falei desconfiada.

---Eu tenho uma coisa pra te mostrar. ---falou ele se levantando e vestindo uma roupa, eu fiquei estática.

---O que? ---perguntei me levantando também.

---Não vai ter graça se eu te contar. ---falou me dando um beijo rápido e depois de cinco minutos nós descemos.

De mãos dadas, nós fomos até a cozinha e fizemos o que todos os dias nós fazemos, eu faço o seu café e ele fazia o meu.

E a cada intervalo nós nos beijávamos e riamos.

Ele estava me ajudando a cortar o pão com, a sua mão em cima da minha, quando Vitor aparece e fala:

---Nossa... Vocês não trocam a rotina? ---falou ele fingindo estresse.

---Você só está com ciúmes... ---falou Alex vindo de um canto qualquer com uma garrafa de refrigerante.

---Você dormiu com isso ou é impressão minha? ---falou Miguel ainda me abraçando.

---Acho que eu virei coca-colátra. ---falou ela parecendo que fumou alguma coisa.

---Minha filha que situação a sua. ---falou Vitor entrando no banheiro.

---Eu que falo. ---falou Alex sentando no sofá. ---Alguém pode fazer um café pra mim?

Eu olhei pra Miguel e ele olhou pra mim e fizemos uma linguagem mental:

Eu não vou fazer.

Por favor...

Miguel! Faz você...

Ta eu faço. ---cedeu ele por fim.

Eu saí da cozinha, e deixei Miguel fazendo o café.

Eu sentei no sofá e olhei bem para a minha amiga.

---Você está bem? ---falei preocupada.

---Estou. É que o Estevão terminou comigo, na verdade ele terminou comigo logo depois que eu vi ele beijando a Amanda.

---sinto muito. ---falei, eu sabia o que era aquilo, e de relance eu olhei pro Miguel, ele não parecia um cara que trairia alguém, também! Com uma imagem de ele tentando fazer café não era lá uma boa imagem de um galã.

---Eu não gostava tanto assim dele...

---Então por que você quase se afogou no refrigerante?

---Eu tava com sede. ---eu ri com isso, ela não tinha jeito.

Miguel tinha terminado de fazer o café e entregou para Alex. Subimos para o ‘’nosso’’ quarto, já que ele estava dormindo todo dia comigo e já ate mudou suas coisas pra lá.

Quando estávamos nos arrumando eu cheguei mais perto dele e o beijei, ele pareceu surpreso.

---Você já pensou em me trair? ---falei, sabia que era uma pergunta idiota, ele olhou pra mim assustado.

---Mas é claro que não! ---disse indignado. ---Você acha que eu teria coragem de te magoar?

---Coragem, talvez não. Mais já pensou nisso?

---não... Eu amo você demais pra isso! ---falou. ---Minha mente nem sequer pensa direito quando você está por perto.

Eu sorri, fiquei aliviada. Eu tinha sofrido muito, antes. Mais com ele eu acho que eu sofreria dez vezes mais.

*

Assim que terminamos de nos arrumar ele me levou até uma montanha florida que eu só pude ver quando havia chegado, pois ele tampou os meus olhos até chegar lá.

Era o lugar mais lindo que já tinha visto na minha vida, e no fim da montanha tinha um rio que mais parecia um pequeno marzinho.

Eu olhei pra ele agradecida.

---Sabe o que mais você pode me fazer agora? ---falei, ele me olhou indignado como se aquilo que ele havia mostrado fosse tudo por hoje. ---Me beija...

Ele me olhou aliviado.

---Isso eu posso fazer... --- e então me beijou, foi um beijo feroz e ao mesmo tempo gentil.

Sentamos um pouco no gramado e ficamos vendo toda a paisagem por um momento.

Eu estava com a minha cabeça apoiada no seu ombro e ele beijava a cada cinco minutos a minha testa.

---Eu quero fazer uma coisa... ---falei.

---Contanto que não seja se jogar daqui de cima, eu faço. ---falou ele rindo, eu o ignorei.

---Eu quero que você me conte um segredo. ---falei. ---um que ninguém saiba.

---Eu vim aqui com a minha mãe uma vez. ---falou ele.

---Mas você não falou que a sua mãe tinha...

---Eu nunca contei isso pra ninguém. ---lembrou-me ele. ---E eu não ia te contar naquele dia, não é?

Esperei.

---enfim... A minha mãe estava morrendo e ela me trouxe aqui, antes de ser hospitalizada, eu tinha seis anos. Não sabia que naquela hora ela me trouxe para se despedir. ---falou. ---eu trouxe você aqui para...

---Se despedir? ---falei em pânico.

---Não! ---falou ele com um pequeno sorriso nos lábios. --- eu trouxe, por que, eu me sinto bem aqui, e ninguém a não ser eu sabia disso, ás vezes eu me sentia como se eu precisasse contar pra alguém. Sentia-me vazio por dentro.

Eu o olhei e senti uma vontade imensa de beijá-lo, de consolá-lo.

---Eu não tenho nenhuma historia dessas pra contar, desculpe. ---falei tentando descontrair o clima e consegui, ele riu.

---Você me ama? ---falou ele de repente.

---O que você acha? ---falei, não gostava de admitir. Não queria me entregar por inteiro. Mais eu sabia que ele sabia.

---OK. Então faz um favor pra mim? ---falou ele.

---O que quiser.

---Canta pra mim? ---falou ele, e eu me engasguei com a minha própria saliva.

---Cantar? ---falei pensando é claro que ele estivesse brincando, ou algo assim.

---Sim. ---mais ele estava sério. Eu não queria cantar, estava, provavelmente com cor de tomate.

---Não, de jeito nenhum. Eu já ouvi muitos pedidos sem sentido, mas esse ganhou um premio.

Ele não riu, e eu me senti mal.

---desculpe. ---falei. Ele me olhou e sorriu. Eu encostei mais e o beijei. ---Obrigado por me levar ate aqui.

---Eu devia te levar a um lugar melhor... Tipo o Monte Everest, ou A Torre EIFEL

---Nossa... Você vai longe. ---falei. ---Eu prefiro aqui. Nenhum desses lugares tem uma historia.

***

Voltamos e não tinha ninguém, provavelmente Vitor e Alex tinham saído.

Nós entramos no quarto e deitamos na cama, nós ficamos em silencio um pouco e Miguel falou de repente:

---Sabe por que eu te pedir pra cantar? ---disse.

---Por que você bebeu muito café hoje? ---tentei rindo, ele me olhou irritado, eu parei.

---foi por que naquele lugar eu lembrei que a minha mãe sempre cantava, ela adorava cantar, e sempre quando eu estava triste, ela chegava perto do meu ouvido e cantava um verso de uma musica.

Eu estava assimilando aquilo tudo, por que ele tinha que sofrer tanto. Eu fui tão insensível.

---Você está triste? ---perguntei.

---Um pouco, mais vai passar. ---falou ele me olhando apaixonado. Eu fiquei em cima dele, e cantei uma musica lenta em seu ouvido, e assim que terminei ele olhou pra mim como se de repente o seu amor por mim tivesse aumentado. Ele me agarrou e me beijando em todos os lugares da minha face, a noite se foi. E aquele homem ficaria nela pra sempre!

***

UMA SEMANA DEPOIS.

Me levantei de manha com uma vontade tremenda de dormir de novo eu não sei se é por que eu fiquei a noite toda acordada tentando fazer o Miguel dormir ou se foi por que eu me estressei tentando fazer ele dormir.

Na realidade ele ficou querendo que eu cantasse pra ele a noite toda, como é que alguém agüenta? Só sei que eu dei um grito e o expulsei do meu quarto, o que quer dizer que brigamos. Eu não posso fazer nada.

Eu tenho 18 anos, sou uma adulta (o Maximo possível) não tenho que ficar me sentindo mal, mas o pior era que eu estava me sentindo mal. Desce ás escadas com o meu pijama mesmo, e encontrei Alex e Vitor tomando café.

---Bom dia! ---falou Alex.

---Mal dia, pra você também. ---falei e me sentei á mesa, Vitor olhou pra mim, e deu um grito. ---o quê que deu em você?

---Eu é que pergunto! ---falou ele em uma voz horrorizada. ---Você parece que saiu do cachão depois de vinte anos de morto.

---Muito obrigado! ---falei sarcasticamente. ---Alguém não me deixou dormir a noite toda.

---Quem? O Miguel? ---perguntou Alex comendo de um jeito estranho o seu pão. ---quer dizer, o que ele fez?

---Eu já disse... Quer dizer, eu já disse? ---falei. ---enfim... Ele me pediu pra ficar cantando a noite toda, no começo eu ate não me importava, quer dizer, a mãe dele fazia isso, mas depois de umas dez vezes, com certeza qualquer uma perderia a paciência.

---Que chocriçao! ---exclamou Vitor saindo da mesa.

---Sabe? E eu ainda estou me sentindo culpada.

---Você é culpada. ---falou Alex. ---Ele só estava carente. É, parece que faz muito tempo que você não namora.

Eu olhei pra ela, estressada.

---Eu não vou nem falar nada, vou me arrumar e você me espere. ---falei de um jeito pouco convincente.

Subi ás escadas e tentei não olhar pro quarto do Miguel, isso só fazia eu querer ainda mais falar com ele.

***

Depois de meia hora, eu desce de novo ás escadas e fingindo que Miguel não estava sentado na mesa comendo alguma coisa, eu olhei ao redor pra ver se via Alex ou Vitor, e para o meu sufoco eles não estavam ali.

Ai meu deus!

Eles me deixaram AQUI?

Como eles puderam fazer isso comigo?

Miguel estava comendo um negocio lá, me olhando interrogativamente, como se quisesse saber o que eu faria agora.

Eu olhei pra ele e na mesma hora, eu não soube o que fazer, não sabia como pedir pra ele me levar, e agora eu estava ferrada. Provavelmente eu chegaria atrasada, e me sentiria mal. Ótimo!

Nós ficamos nos olhando por um tempo, cada um querendo saber o que o outro faria a seguir. Ate que eu vi ele revirando os olhos e falando:

---Quer ir comigo?

Balancei a cabeça constrangida, o problema era que fui eu que o expulsei do meu quarto e não o contrario.

Assim que chegamos na frente do carro, eu entrei, estava confortável, eu ia naquele carro todo dia, então não tinha nem vergonha de admitir que eu amava ir naquele carro.

---Obrigado. ---falei simplesmente, estávamos quase no meio do caminho da faculdade, ele olhou pra mim, como se não acreditasse que eu havia pedido obrigado pra ele. O que eu achei estranho.

---Você age como se eu fosse um idiota qualquer que resolveu te dar uma carona. ---falou ele irritado, e por alguma razão eu também fiquei.

---E você é um idiota qualquer que resolveu me dar uma carona. ---falei. ---Se não fosse por você eu não estaria falando daquele jeito.

---E então o quê que eu fiz? ---falou ele parando o carro, no meio da estrada.

---Não me deixou dormir a noite toda, pedindo pra eu cantar. Você ás vezes perde a noção da realidade. ---falei quase gritando.

---Você não tem nem um pouco de sensibilidade! ---falou ele. ---Eu pensei que você não se importaria se cantasse...

---Ah com certeza eu não ia me importar, ficar cantando a noite toda, é ótimo! ---falei.

---Já que pensa assim, nunca mais eu peço pra cantar pra mim, NUNCA MAIS! ---berrou ele e virou a cara.

---Ótimo por que nem eu gostaria de perder mais uma noite, tendo que cantar pra um bebezinho! ---falei e eu pude notar que tinha lagrimas nos meus olhos que desceram e caíram no meu colo, eu saí do carro e deixei ele lá. Andei o mais rápido possível, mas era meio complicado no meio da rua.

---BELLA! BELLA! ---gritou ele correndo atrás de mim, eu me virei revoltada e vi os olhos mais lindos do mundo. Ele me olhou preocupado, como se fosse me perder se deixasse eu ir. ---Desculpe.

Eu não falei nada.

---Eu amo você! ---falou e eu limpei uma lagrima. ---Eu fui um idiota.

--- E eu fui insensível. ---falei de repente, ele não merecia toda culpa. E antes de eu terminar ele me agarrou pelo braço e me beijou. Eu queria tanto ele pra mim, que aquelas palavras que eu havia falado pra ele não faziam sentido agora, eu o queria.


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Notas finais do capítulo

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