The Devil's Daughter escrita por Ninsa Stringfield


Capítulo 16
Capítulo 16


Notas iniciais do capítulo

hey gente! Então, como vocês viram, eu mudei a capa, eu não gostei muito dela, não tenho muita certeza sei lá, o que vocês acharam? To pensando em mudar mas não sei ainda... Enfim! Desculpem pela demora (mês de provas hehe), aqui está:



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Quando Katherine e Niah foram parar novamente no centro da cidade de Katherine, ela começou a ficar horrorizada com a ideia de sair na rua ao lado de alguém como a irmã, mas felizmente (dependendo do ponto de vista), elas foram parar em uma rua que se dizia em obra a séculos. Ninguém nunca parou para se perguntar porque aquela obra estava demorando tanto para ser finalizada, nem ela própria, mas ao passar pela faixa que mantinha as pessoas longe, Katherine teve certeza do porque.

As duas foram magicamente transportadas para o meio de uma praça assim que pisaram no outro lado da faixa, e Katherine encolheu os ombros ao perceber que a rua era movimentada, mas não com os movimentos comuns de uma cidade qualquer, a rua estava repleta de monstros.

A possibilidade de irem parar num lugar como aquele já tinha passado na mente de Katherine, já que sair ao lado de sua irmã sinistramente gêmea que espera te levar para ir as compras não deveria ser algo normal. Niah tinha feito com que Katherine trocasse de roupa. No início, ela não queria se trocar, ela se sentia bem vestida com aquela camiseta, mesmo ficando com um pouco de frio nas pernas, mas quando Niah explicou que a camiseta na verdade era de Finn e que ele tinha emprestado sua camiseta favorita para ela, Katherine decidiu se trocar. Ela se sentia desconfortável com aqueles jeans apertando suas coxas, que estava coberta de hematomas assim como a maior parte de seu corpo.

Várias outras criaturas que Katherine não reconhecia atravessavam a rua. A praça era basicamente uma rua circular, com um canteiro no centro onde algumas crianças (ou pelo o que ela pode perceber, filhotes) brincavam na terra úmida e se atacavam com as garras e dentes afiados como se aquilo fosse completamente normal. Ao redor do canteiro havia a rua asfaltada, que era assim mesmo sem nenhum automóvel passando sobre elas. O que Katherine percebeu serem lojas, cobriam o contorno do círculo.

Aquele lugar poderia ser considerado um centro de cidade das trevas, onde criaturas bizarras iam para comprar as coisas no supermercado ou para escolher roupas novas. Um enorme morro parecia ser a única coisa fora do círculo, e no topo, havia uma pequena capela, que estavam com as luzes acessas.

– Bem-vinda - anunciou Niah com os braços abertos - Ao Jardim das Sombras, mais conhecido popularmente como Beco Claro, o que não faz muito sentido se você quer saber minha opinião.

Ela fez uma careta como se estivesse pensando no assunto e depois deu de ombros e começou a atravessar a rua. Katherine olhou para trás pensando ver a rua que estavam a pouco, mas o que viu foi um grande paredão de tijolos. Ela se virou e teve que correr para acompanhar os passos largos de Niah.

Sua irmã entrou na quinta loja da rua, ou pelo menos assim achava, já que uma grande placa exibindo o número cinco se encontrava na calçada a sua frente. Ela tinha uma fachada que estava desbotada, mas Katherine conseguia enxergar algumas letras e pensou ter lido "Canteiro das Rosas Escuras S.A" com uma pequena plaquinha embaixo: "Vestindo os melhores monstros desde Sansy".

A loja parecia ser escura quando se observava as vitrines, mas ao atravessar a porta, Katherine se surpreendeu com a claridade do local e teve que piscar muitas vezes antes que seus olhos pudessem se acostumar. Tirando o nome do local e alguns espelhos bizarros que pareciam conversar com quem se encontrava a sua frente, a loja se parecia com uma típica loja de roupas. As arraras cobrindo todas as paredes, um balcão onde uma moça com a pele laranja se apoiava parecendo entediada, e algumas cortinas improvisadas fazendo o papel de provadores.

Niah comprimentou uma moça que ajudava uma mulher a escolher uma roupa na frente do espelho com uma aceno da cabeça, a mulher retribuiu o gesto mas logo voltou a falar com sua cliente, ignorando completamente a entrada das duas. Niah se dirigiu a uma das araras e começou a tirar vários cabides, jogando as peças de roupa em cima de Katherine, esta teve que se equilibrar para não cair e depois do que se pareceram horas, Niah finalmente se virou para ela sorrindo.

– O que está esperando? - perguntou - Vá logo experimentar essas coisas, não temos o dia todo.

Katherine encarou o monte de roupas em seus braços horrorizada, depois olhou para a irmã com uma das sobrancelhas levantadas.

– Você está brincando, não?

– E eu tenho cara de quem brinca?

– Eu não vou vestir essas coisas - gritou ela, atraindo a atenção da vendedora, que encarou as duas com nojo - Me desculpe - disse ela rapidamente para a mulher, que voltou a ignorá-las - Eu não vou vestir isso - tornou ela a dizer, só que agora mais baixo.

– E o que pretende vestir enquanto estiver no Forte?

– Na onde?

– No Forte - repetiu ela devagar - O lugar onde ficamos, chama Forte.

– Pensei que não tinha nome.

– Não tem - Niah disse por fim - E você não respondeu minha pergunta.

– Eu visto qualquer coisa, tem um monte de roupas naquele guarda-roupa.

– Não acho que você queira mesmo dormir com uma jaqueta de couro - disse ela - Confie em mim, é horrível!

– Então eu vou na min... na casa de Paim e pego algumas peças de roupas - decidiu ela. Katherine estava pensando nisso desde que tinha saído da casa. Paim podia não ser sua mãe, mas isso não quer dizer que tudo o que ela tenha dado a Katherine não seja teoricamente dela - Afinal aquelas são minhas roupas.

Niah a encarou por um longo tempo. Seu olhar parecia cansado, como se por dentro de toda aquela pose de durona e garota perfeita ela fosse apenas uma garota normal, ou pelo jeito que seus olhos brilhavam, a garota normal que ela desejava ser. Ela então apenas deu de ombros, como se não se importasse com o que pudesse acontecer e saiu da loja, deixando Katherine para trás com a pilha de roupas ainda nos braços.

– Pode deixar no chão - disse a mulher de pele laranja. Katherine olhou agradecida para ela e jogou tudo no chão de qualquer jeito, depois saiu correndo de dentro da loja gritando um "obrigado" ao passar pela entrada.

Niah a esperava parada de frente ao paredão, Katherine caminhou até ela.

– Como se chega ao outro lado?

– A verdadeira pergunta é - disse uma voz atrás das duas - Como chegaram aqui?

As duas se viraram para encarar a figura de uma mulher loira e alta, os olhos violetas, assustadoramente belos, encarando as duas como se estivessem sorrindo, um sorriso frio e calculado que parecia testá-las. Ela usava um vestido longo que se arrastava pelo chão, uma capa cinza cobria suas costas e o capuz sua cabeça.

– Leda Bloon - cumprimentou Niah - Ao que devo a honra?

– Eu te pergunto o mesmo.

– Pelo que eu saiba - disse Niah - O Beco é um jardim livre, posso andar aqui quando eu quiser.

– Gente da sua laia - a tal de Leda se aproximou de Niah, tão próxima da outra que ela teve apenas que murmurar: - Não põe os pés aqui, a não ser é claro, que você deseje que eu queime a sua pele.

– Se isso foi um convite - Niah disse se divertindo - Aceito com o maior prazer.

Leda começou a levantar uma de suas mãos, mas foi impedida por uma outra forma que surgiu ao seu lado. O capuz da outra cobria a maior parte de seu rosto, mas Katherine conseguia ver seus lábios contraídos, em um sinal de aviso.

– Aqui não - disse a mulher, surpreendendo Katherine que mesmo sem conseguir ver o rosto, parecia estranhamente reconhecer a voz - Temos que...

Ela se interrompeu quando sua cabeça se direcionou na direção de Katherine, a mulher pairou a cabeça ali antes de começar a intercalar (o que parecia ser seu olhar) sobre as duas.

– O que isso...

– Longa história - Niah disse em um suspiro - Mas tenho certeza que isso não é nenhuma novidade para as duas.

Sua voz era tão fria, que se Katherine não soubesse que não significasse nada, diria que a irmã estava com raiva.

A mulher que cobria o rosto virou a cabeça novamente na direção de Niah.

– O que você está insinuando?

– Que vocês sabem o que tudo isso significa - Niah deu um sorriso e pôs um dedo no ar, interrompendo seja lá o que a mulher iria falar - E que eu vou descobrir nem que seja a última coisa que eu faça.

Depois Niah agarrou o pulso de Katherine e recuou, Katherine olhou para trás instintivamente, sabendo que havia um paredão gigantes atrás delas e que se não fossem devagar acabariam batendo nele, mas ao virar sua cabeça Katherine só conseguia ver o céu cheio de nuvens da cidade. Ela virou a cabeça para a frente novamente e se deparou com a visão das faixas e mais faixas que mantinham os mortais longe daquele lugar.

– Quem eram aquelas? - perguntou Katherine ainda encarando a rua bloqueada.

– Bruxas - Niah disse dando de ombros - As mais importantes delas.

– Você acabou de brigar com duas das bruxas mais poderosas do mundo?

– Elas ainda me devem muito - Niah agora também olhava para a rua, o olhar distante, como se ela tivesse deixado algo para trás e soubesse que nunca mais conseguiria alcançá-lo - Então - ela disse se voltando para Katherine - Vamos?

*********************************************************

Niah insistiu que elas pegassem um táxi, alegando que não aguentava mais andar (o que não fazia muito sentido a Katherine, considerando que ela era uma Filha do Diabo e eles deveriam ser perfeitos), mas Katherine não fazia ideia como iriam pagar um táxi. Na noite em que foi sequestrada, ela tinha saído de casa sem nada, como a maioria dos dias, já que ela se esquecia de pegar sua carteira em sua cômoda, e ela nunca se importou muito com isso, já que sempre andava a pé e raramente ia às compras.

Elas pegaram o táxi a um quarteirão de distância da rua bloqueada, e um alívio repentino atingiu o peito dela quando ela se sentou no banco de couro podre. Por dois segundos ela conseguiu se imaginar normal de novo, sendo obrigada a andar de táxi com Ivy, que sempre reclamava de dores no pé e não via problema algum em gastar a boa mesada que seus pais lhe davam pegando táxis.

Ela sorriu ao se lembrar de Ivy e de suas jubas ruivas. Ela sempre invejara o cabelo da amiga, odiava ter um tão normal e monótono. Ela odiava na verdade ser tão normal e monótona, mas sempre teve muita preguiça para se importar em mudar a si mesma, e para ela, ter Ivy como amiga já era o suficiente.

O táxi parou na entrada da antiga casa de Katherine e ela pulou do carro, Niah demorou mais um tempo para conseguir encontrar umas notas de dinheiro no bolso de sua saia (como aquilo conseguia ter um bolso?, se indignava Katherine) antes de pular do carro também. Katherine poderia jurar que o motorista não estava com pressa para ir embora, a presença de Niah deixaria qualquer um sem fôlego.

Katherine se deteve antes de tocar a campainha, se agachou e enfiou a mão no vaso de planta ao lado da porta, pegando a chave reserva da casa e abrindo a porta em silêncio. A última coisa que queria era ver Paim, ou ver Niah matando-a por esta não ter permitido que Katherine levasse suas coisas.

Ela conseguia ser muito silenciosa quando queria, mas Niah não, seus saltos faziam um clap clap irritante no piso, Katherine fez um sinal para que ela fizesse silêncio e obrigou a irmã, com alguns gestos, a esperar no lado de fora. Niah foi sem fazer mais protestos e esperou emburrada, com os braços cruzados na entrada. Katherine fechou a porta e andou até seu quarto.

Ela poderia fazer aquele caminho de olhos fechados se quisesse, era tão familiar que toda vez que ela adentrava a casa, seus pés já sabiam exatamente para onde levá-la. Katherine parou com o pé ainda no ar quando viu pelo canto do olho algo se mexendo ao passar pela sala de estar e virou a cabeça a tempo de ver Paim se levantando assustada do sofá.

Se antes a imagem da mãe a tranquilizava, agora a deixava apavorada. Ela correu para o quarto e fechou a porta com tranca atrás de si, sua respiração começando a se descontrolar e suas pernas começarem a tremer fizeram com que ela se jogasse em sua cama. Os braços ao redor da cabeça, tentando impedir o som da voz de Paim a chamando desesperadamente, quando os gritos finalmente pararam, ela enfiou a mão debaixo da cama e pegou sua mala de viagem, abrindo-a e apoiando-a em cima de sua cama. Ela começou a tirar várias roupas de seu guarda-roupa, das roupas que ela mais gostava às que ela necessitava. Depois de praticamente encher a mala, ela tirou seu antigo blusão de moletom do fundo do armário, onde sempre ficou, e o vestiu, jogando sua jaqueta dentro da mala.

Ao sentir o toque suave do moletom nos braços, ela se sentiu acalmar e começou a andar pelo quarto. Os vários desenhos de quando ela era criança ainda eram visíveis na parede, ela se lembrava do dia que sua mãe tinha ido viajar e ela e seu pai resolveram pintar o quarto dela, tinha sido um dos dias mais perfeitos de sua vida, mas uma semana depois, ele foi embora, e ela por raiva resolveu pintar o quarto todo de laranja, mas ela tinha esquecido de passar a segunda demão e as pinturas de árvores mal feitas e de flores coloridas (também mal feitas) ficaram ainda visíveis.

Ela balançou a cabeça, tentando espantar as lembranças e foi até sua estante de livros. Ela olhou para cada um de seus livros demoradamente, ela sabia que provavelmente nunca mais chegaria a vê-los. Ela pegou sua exemplar de Anjo Mecânico de Cassandra Clare e o abraçou, sentindo uma pontada no peito. Quando leu histórias sobre Anjos, Anjos Caídos, Demônios nada parecia real, é claro que ela adorava tudo aquilo, mas querer que tudo se tornasse verdade de uma vez só era demais, até mesmo para ela.

Ela botou o livro de volta na estante e andou até a mesa que ocupava uma das lateria inteiras de seu quarto, cheio de cadernos, livros abertos, roupas e até mesmo pedaços de comida não terminados, ela olhou para seus cadernos e depois para sua mala, ainda cabia mais alguma coisa. Ela pegou o primeiro caderno que estava aberto na mesa e o enfiou na mala, pegou alguns lápis e algumas canetas e os enfiou num bolso menor, depois, sem quase não notar, pegou sua pulseira na cômoda ao lado da cama.

Tinha sido um presente de seu pai aquela pulseira. A última notícia dele em cinco anos. Foi no aniversário dela que o envelope chegou, o envelope tinha apenas aquela pulseira, com pequenas pedrinhas violetas por toda a sua extensão, e uma frase dentro: "Não tenha medo do escuro, ele pode ter medo de você".

Era isso que ele sempre falava para ela quando ela gritava seu nome ao ter um pesadelo. Naquela época ela ainda não sonhava com Rox, e bem lá no fundo ela desejava que o fizesse, assim ele poderia tê-la confortado. Ela teve que se esforçar novamente para voltar a real razão de estar ali. Fechou sua mala, que não estava nem um pouco pesada e abriu a grande janela que tinha ao lado de sua cama. Ela se lembrava de todas as vezes que tinha escapado para brincar com Ivy por ali, ou das vezes em que se apoiava na beirada da janela para ler, ela deu um impulso e aterrissou sobre a grama bem cuidada do jardim, correndo até Niah, que ainda estava parada na entrada. Ela viu a irmã chegando correndo carregando uma mala e levantou uma sobrancelha.

– Pensei que tinha ouvido ela gritar seu nome.

– É - Katherine olhou mais um vez para a casa antes de se virar e andar para a rua, ao lado de Niah - Tive alguns problemas técnicos.

Niah riu.

– Acho que também ouvi alguém chorando - ela olhou para o rosto de Katherine, tirando o sorriso do rosto - Pensei que tinha sido você, mas pelo jeito...

Ela se interrompeu e Katherine gelou.

– Eu não estava chorando.

– Ótimo - Niah sorriu de novo, passando um pouco de confiança com o olhar e apoiou um dos cotovelos no ombro de Katherine - Isso quer dizer que você até que está aprendendo algo comigo.

– E o que seria isso?

– Ser forte - respondeu ela com o olhar distante novamente - Ser forte sem se importar com a situação.

– Ser forte sem se importar com a situação - Katherine olhou para o mesmo ponto distante que Niah, com um sorriso - É, gostei disso.


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