The Devil's Daughter escrita por Ninsa Stringfield


Capítulo 15
Capítulo 15




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A maior biblioteca que Katherine tinha visto pertencia aquele desenho animado "A Bela e a Fera", e desde que a tinha visto, sempre sonhara com ela. Mas ela nunca acreditou que um dia chegaria a entrar em uma tão grande quanto aquela. E ali estava ela, ao lado de Finn, parada na entrada da maior biblioteca que ela jamais viu.

Ela não se mexeu quando Finn adentrou na sala e se virou para ela com um sorriso. Katherine observava as prateleiras infinitamente altas que cobriam as paredes da sala circular. Ela temia conseguir enxergar o fim daquelas prateleiras cobertas por livros, mas mesmo assim olhou para cima, para o teto circular da sala coberto por desenho de anjos sofrendo, anjos caídos, as assas sendo arrancadas das criaturas. Ela olhou para baixo novamente.

– Você não vai entrar? - perguntou Finn se sentando na ponta de uma mesa e examinando um livro que estava lá.

Ela deu um passo para dentro da sala e olhou para as prateleiras que estavam ao seu alcance. Todos os lados possuíam uma daquelas escadas de correr, que se intercalavam com outras em pontos mais altos do salão, onde se encontravam corredores para que as pessoas pudessem visualizar os livros nos pontos mais baixos das prateleiras. Katherine estendeu a mão para os livros que estavam próximos dela e deslizou-a pelas lombadas, passando os dedos nas letras douradas que cobriam aqueles montes de livros empoeirados.

– Eles não estão em nossa língua? - perguntou ela pegando um livro grosso de capa dura, cuja capa possuía símbolos que ela desconhecia.

– Alguns estão - replicou ele. - Outros não. Aqui tem livros de todos os lugares, línguas diferentes, assuntos diferentes, mundos diferentes...

– Todos os livros que existem estão aqui?

– É claro que não - ele disse como se fosse óbvio - Seria preciso um novo mundo para isso, um mundo composto completamente por livros... Aqui tem apenas os assuntos que eu procuro.

– A biblioteca é sua por acaso? - perguntou ela se virando para ele.

– Mais ou menos - ele virou a cabeça para o lado - Eu meio que criei esse lugar.

– Você meio que criou uma biblioteca?

– Essa sala serve para isso - explicou ele - Ela se transforma no que você precisa. Toda vez que eu entro aqui ela é uma biblioteca.

Katherine olhou para as milhares de prateleiras a sua volta novamente, maravilhada. Se tivesse uma pequena lanchonete ou qualquer outro tipo de máquina de chá por ali, ela nunca sairia.

– É maravilhoso - suspirou ela por fim, se sentando ao lado dele na mesa.

Ele sorriu de lado ainda examinando o livro em suas mãos. Katherine não conseguia ler o título, este também estava em outra língua.

– Você sabe ler todos os idiomas?

– Privilégio da sala - disse ele - Depois que eu comecei a passar muito tempo aqui a sala começou a traduzir as outras línguas em minha cabeça. Sei milhares de idiomas sem nem ao menos ter precisado aprender.

– Isso sim é que é ter uma vida fácil...

Ele riu.

– Essa vida não é fácil, Kath, é um caminho mais fácil para quem foge do difícil.

– E isso é ruim?

Ele deu de ombros.

– Depende do seu ponto de vista... - eles ficaram um bom tempo em silêncio até que ele resolveu pousar o livro em cima da mesa novamente e olhou em volta, estendendo os braços - E você - disse ele. - O que deseja ler?

Ela mordeu o lábio tentando pensar no livro que precisava ler com mais urgência.

– Será que aqui tem a coleção completa de Em Busca do Tempo Perdido de Marcel Proust? - perguntou ela com os olhos brilhando. - Ou algo mais atual como Queda de Gigantes de Ken Follett?

– Vocês está no inferno e me pede livros de história?

Ela corou quando ele começou a rir. Katherine sempre adorou a história, principalmente os períodos de guerra, e adorava principalmente como os autores retratavam os personagens na época, como mostravam a vida de pessoas com diferentes posições sociais e como essa diferença podia custar-lhes a vida. Principalmente naquele momento, ela precisava de um pouco de realidade, nem que fosse a mais cruel delas.

– Então me arranje A Sombra do Vento de uma vez - exigiu ela irritada.

– Do Carlos Ruiz Zafón?– ele perguntou se levantando da mesa e indo até uma prateleira.

– Não o trate como se você o conhecesse.

– É possível que eu conheça - murmurou ele tirando um livro da prateleira e entregando a ela. - Aqui está, se precisar de mais alguma coisa é só falar comigo.

– Você fala como um verdadeiro bibliotecário.

Os olhos escarlate dele brilharam.

– Talvez eu seja - disse ele se sentando novamente - Sou o único que realmente se importa com esse lugar.

– Bom - exclamou ela - Foi você que criou esse lugar.

Ele sorriu para o livro.

– É verdade - Katherine passou a mão pela capa dura do livro e ficou feliz ao perceber que entendia o que estava escrito nela.

– Tem certeza que aqui não tem No caminho de Swann? - ela perguntou melancólica, se lembrando do título do primeiro livro da série Em busca do Tempo Perdido.

É claro que tem - respondeu ele - Mas não está em sua língua, pelo menos o que eu li estava na língua oficial, em francês, vou procurar um em português para você. Se eu encontrar, eu te aviso.

Ela sorriu agradecida para ele e se levantou, colando o livro em seu corpo e andando até a porta novamente, mas antes de sair se virou e perguntou:

– O que era aquela sombra? A que vimos no corredor, quero dizer.

O rosto dele estava sombrio quando ele levantou os olhos para ela.

– Nada com que se preocupar - garantiu ele engolindo em seco - Você não se interessaria.

– Tente.

Ele riu e voltou o olhar para sua leitura.

– Até mais, Katherine.

Ela se virou sem se despedir e voltou para seu quarto. Ela deteve seu olhar quando passou pelo corredor e olhou para o pouco de terra que ainda o cobria. Katherine se agachou e pegou um grão, ele não tinha nada demais, era apenas um grão normal de terra, então ela limpou as mãos e se levantou, andando até seu quarto. Ela sorriu ao fechar a porta e olhar para o livro em suas mãos, mas logo voltou a sua cara séria quando viu Niah mexendo em seu guarda-roupa.

– O que ainda faz aqui? - perguntou Katherine se jogando na cama.

– Você precisa de roupas novas - decidiu Niah com uma cara de nojo - Urgentemente.

– E onde você espera que eu encontre dinheiro ou quem sabe um lugar no inferno para comprar roupas novas?

A outra sorriu, aquele seu sorriso malicioso e sedutor de sempre.

– Tenho o lugar perfeito.

Katherine jogou a cabeça nos travesseiros novamente. Pelo jeito, seu dia seria longo.


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