Blessed With A Curse escrita por Mari Bonaldo, WaalPomps


Capítulo 6
Capítulo 6




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Rachel estava curvada sobre a mesa, apoiando a cabeça nas mãos. Ela olhou para a grande mesa do escritório, repleta de documentos e fotos. Não sabia por onde começar. Aparentemente, a vida de Giorgio Triolli era muito agitada. Ela decidiu começar pelo básico: A biografia de Giorgio.

Nascido em 1965, na Sicília, Giorgio é filho de Lianne Cipriolo e Mattia Triolli, ambos italianos. A mãe faleceu quando Giorgio tinha 11 anos, vítima do vírus HIV. Desse fato é que veio o interesse de Giorgio na doença. Aos 24 anos formou-se em Engenharia e Ciências Aplicadas na Universidade da Califórnia. Depois, formou-se em Biomedicina na Universidade de São Paulo, no Brasil. Tem seu próprio laboratório de analises clinicas, onde também fez seus experimentos. Ganhador do Prêmio Nobel de Ciências por suas descobertas no tratamento da AIDS no ano de 2005. No ano seguinte foi processado pelo médico e cientista Antonio Armano, acusado de roubar informações do laboratório de Armano sobre o tratamento da AIDS. Basicamente, Giorgio havia ficado com todo o crédito e Armano tivera todo o trabalho. Fora preso por 5 anos. Perdera a credibilidade e boa parte de sua fortuna, mas não a inteligência. Mudar-se para Elba, uma cidade litorânea tão tranqüila, realmente fora uma ação inteligente. Não levantaria suspeita sob futuros planos e o deixaria livre de toda a imprensa.

Rachel pegou um punhado de fotos de Giorgio. Giorgio saindo de um mercado, Giorgio entrando em um shopping, Giorgio na praia... Nada muito extraordinário. Se não fosse por uma coisa, ou melhor, uma pessoa. Um mesmo homem, sempre por perto. O homem não parecia ter mais de trinta anos. Tinha cabelos um pouco compridos, na altura da testa, levemente ondulados, olhos esverdeados e um porte não muito atlético. Rachel procurou qualquer documento que mencionasse um amigo ou familiar de Giorgio, mas não encontrou nenhum. Giorgio não tinha irmãos, nem filhos e seus grandes amigos pareciam ter sumido quando ele fora preso. Ela arqueou as sobrancelhas. Quem era aquele homem?

Ela tomou nas mãos as fotos em que o misterioso homem aparecia e desceu as escadas. Precisava achar Finn, talvez ele soubesse de alguma coisa.

- Hudson? – ela chamou, enquanto descia apressada as escadas. Estava ansiosa e animada. Sempre ficava, quando fazia uma nova descoberta.

Ninguém a respondeu. Ela tentou de novo, e novamente só silêncio. Então decidiu procura-lo.

Após andar praticamente por toda a casa e não acha-lo ela se cansa. Quando passa por uma janela, o vê no jardim. Ele está com uma bermuda e uma regata, treinando golpes de boxe em um saco de pancadas vermelho, com uma Pêra ao lado. (N/A: Aparelho utilizado nos treinamentos para boxe profissional. Serve pra trabalhar a resistência das mãos e dos braços).

Ele está suado e seu rosto é a imagem do esforço. Rachel fica olhando Finn treinar por alguns segundos. Era inegável: Finn Hudson era um dos homens mais lindos que ela já havia visto. Além disso, toda a situação entre eles, todo aquele ódio sem razão tornava a situação tão excitante quanto irritante. Finn passava a imagem de força e segurança, além de ser muito bonito. Biologicamente, Finn gritava: “Sou lindo e saudável, se tivermos filhos eles serão lindos e saudáveis também. Sou forte, se você precisar de proteção, irei protegê-la.” O desejo entre eles fazia parte de um instinto primitivo. Não havia nada a fazer. Só assumir o controle da situação.

Ela saiu da janela e dirigiu-se ao jardim. Quando lá chegou, Finn não parecia ter notado sua presença. Ela pigarreou.

- Fala. – ele disse, parando de dar socos no saco de pancadas e pegando sua garrafa de água que se encontrava no chão.

- Sabe quem é ele? – Rachel mostrou as fotografias para Finn, que olhou intrigado.

- Não. – ele tomou um gole de sua água e depois a encarou fixamente.

- Que foi? – ela perguntou, sentindo uma ponta de irritação. Ele riu.

- Nada, Berry. Só estava aqui pensando... Sobre os nossos jogos. Levando em conta o tempo que você passou me olhando da janela, a vitória já é minha. – ele sorriu convencido, e ela corou. Como ele poderia ter visto?

- Foram só alguns segundos. E além do mais, eu gosto muito de lutas. Achei seus golpes interessantes, nada mais. – ela mentiu, sustentando o olhar que ele lançava a ela.

Ele se aproximou dela, apertando sua cintura com força. Depois passou a boca por sua orelha, causando deliciosos arrepios nela.

- Diz que não me quer, Rach. Fala pra mim que não imaginou o que teria acontecido se seu orgulho não tivesse falado mais alto ontem a noite.

Ela se segurou pra não corar. Ela afastou as mãos de Finn com força. Olhando em seus olhos cor de mel, ela disse com a voz controlada:

- Eu não quero você. Ontem a noite não teria acontecido nada, porque eu não me entregaria a um idiota que dá em cima de todas as mulheres que passam na sua frente só porque se não fizesse isso se sentiria menos homem. – ela sorriu com crueldade. – Você precisa se auto-proclamar o macho alfa em toda oportunidade que tem. Isso é tão infantil. – terminando de dizer isso, ela virou-se e entrou na casa.

Finn manteve-se parado, no mesmo lugar. As palavras de Rachel diziam uma coisa totalmente diferente do que seu corpo dizia. Ele a viu se arrepiando com o seu toque. Finn sorri, convencido. Rachel podia dizer o que fosse, mas ele sabia que o corpo dela o queria tanto quanto o seu queria ela.

Com esses pensamentos em mente, ele volta a treinar.

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- Agente Fabray, preciso de assistência. – diz Rachel rapidamente no telefone celular, antes de desligá-lo.

Rachel senta-se na confortável poltrona na sala de estar, abrindo as janelas de vidro. Ela carrega uma xícara com Mocachinno e o notebook pessoal no colo. Ela se conecta no Skype, esperando até que Quinny conecte-se também.

Rachel e Quinn eram amigas há anos. Ambas fizeram o treinamento da SIE juntas e começaram a trabalhar lá na mesma época. Rachel sempre trabalhara nas missões atuando como agente secreta dentro do campo. Já Quinn era o cérebro das operações: Ela era uma ótima hacker, e por isso ficava nos bastidores das missões. Nem por isso era menos importante.

As duas viviam juntas, ouvindo rock e bebendo cervejas importadas. Quinn era provavelmente a única amiga verdadeira de Rachel, talvez porque não fosse fresca e toda delicada como as outras garotas. As duas eram fortes, lutadoras, e decididas.

- Agente Berry. – disse a voz de Quinn, séria, através dos fones de ouvido que Rachel usava. Pelo vídeo, Rachel pôde ver Sue passando atrás da cadeira de Quinn. Quando ela estava longe o suficiente – pelo menos pelos cálculos de Rachel – Quinn gritou. – Me diz como é que é Elba? To sentindo uma invejinha de você, B!

Rachel sorriu ao ouvir o apelido. Quinn e Rachel se chamavam pelas inicias de seus nomes. Mas Quinn achava estranho chamar Rachel de R, por isso usava a inicial de seu sobrenome como apelido carinhoso.

- Elba é... perfeita. Perfeita é a palavra certa pra descrever. Além do mais, eu estou na casa mais linda que já vi, Q!

Quinn bufou, enrolando uma mecha do lindo cabelo loiro nos dedos.

- Aqui está um saco. A CIA está no nosso escritório!

- Sério? – Rachel estava surpresa. Não imaginava que a união das duas entidades secretas iria ser tão séria.

- Sim. Eu estou dividindo minha sala com um verdadeiro time de hackers da CIA! – Quinn fez uma careta. – E ainda tem um cara.

- Um cara é? – Rachel parecia desconfiada. Os namorados de Quinn eram, na sua maioria, anos mais velhos.

- Aham. O nome dele é Noah Puckerman, e ele não consegue manter suas mãos longe de mim. Mesmo após eu ter acertado o seu nariz com um belo soco. – Quinn sorria agora, e Rachel riu.

- Você é má, Q!

- Não. Ele é que é um idiota! – ela revirou os olhos. – Enfim, você disse que precisava de assistência.

- É, preciso. – Rachel tomou um gole de seu Mocaccino, e alcançou as fotos de Giorgio e do misterioso homem que estavam paradas em cima da mesa de centro. – Quem é ele?

- Giorgio Triolli. – Quinn disse, como se Rachel estivesse com algum problema mental.

- Não, Quinn! – Rachel aproximou mais a foto da webcam. – Esse homem.

- Eu não sei. Me mande as fotos por scanner, eu vou fazer minha mágica e depois te mando a biografia completa do individuo. – ela sorriu.

- Valeu, Quinn! Te amo.

- Te amo também. – Rachel saiu do Skype, e após scannear as fotos, as enviou por e-mail para Quinn.

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Quinn analisava as fotos com cuidado. O homem sempre aparecia á uma distância segura de Giorgio, mas obviamente eles tinham algum contato. Um contato que provavelmente não significava boa coisa.

Ela pegou a foto de Giorgio entrando no shopping, e a observou com atenção. Ragazzo Shopping. Um grande shopping com certeza teria um circuito de câmeras interno. Quinn precisava entrar em contato com a gerencia do shopping. A forma mais fácil de descobrir se o homem misterioso realmente tinha alguma ligação com Triolli seria através de vídeo. E então ela poderia descobrir a identidade do homem.

Ela sorriu, sentindo a familiar sensação de trabalho a fazer.

- Princesa. – disse Puck, aparecendo atrás de Quinn como um fantasma.

- Vai para o diabo, Puckerman. – ela disse, tranquilamente, e continuou analisando as fotos que Rachel enviara.

- Vai comigo? – ele sorriu sedutor. Ela revirou os olhos.

- Prefiro ficar sozinha a ter a sua companhia. Você é tão... jovem.

- Você também é! – Puck parecia confuso.

- Não mentalmente. Não fico com garotos, Puckerman. Entenda. – ela sorriu sem simpatia.

Puck revirou os olhos e saiu da sala de Quinn. Ela não ficava com garotos? Então ele seria um homem para ela. Se alguém pudesse ler seus pensamentos não acreditaria: Noah Puckerman estava pensando em mudar por alguém que nem ao menos lhe dava atenção. Ninguém entenderia. Nem ele, ao menos, entendia. Tinha se apaixonado pela garota a primeira vista. E ela sentira imediata antipatia por ele. Não fazia sentido, mas ele respeitava o que estava sentindo. Afinal, não tinha outra escolha.

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Finn encostou-se no balcão da cozinha, tomando uma cerveja. Rachel cozinhava, distraída. Ele odiava admitir, mas o cheiro era maravilhoso: O lembrava de sua infância, da época feliz de sua vida.

Finn nem sempre havia sido frio. Ele fora feliz. Tivera sonhos. Acreditara neles por mais tempo do que deveria. Mas a vida era mesmo muito engraçada. Às vezes podia ser uma verdadeira vadia. A de Finn pelo menos, fora dessa forma.

- Saco! – Rachel disse, o despertando de seus pensamentos.

- Que foi?

- Me sujei de molho! – ela se virou, a blusa branca de botões agora com uma mancha avermelhada. – Tenho que tirar isso! – ela ia subir para se trocar, mas então teve uma idéia. Ela tinha um jogo pra vencer.

Rachel havia sumido, aparentemente pra trocar de roupa, e depois aparecido novamente com a mesma blusa suja. Quando Finn ia perguntar porque ela não havia tirado a blusa, ela colocou o dedo em sua boca, o calando. Então ela havia começado a desabotoar a blusa. Botão por botão e o corpo maravilhoso de Rachel se revelava. Finn engasgou-se com a cerveja.

Quando ela havia tirado a blusa completamente, se aproximou dele. O peso dela fez com que ele ficasse prensado contra o balcão. Então ela grudou seu corpo no dele, que sentia os seios dela pressionados em seu peito. Rachel ficou na ponta dos pés, segurando Finn pela nuca.

- Diz que não me quer, Finn. – ela sussurrou, imitando o que ele fizera mais cedo. – Diz que não imaginou o que teria acontecido ontem a noite, se você tivesse sido homem o suficiente pra mostrar o que queria.

Finn sentia suas calças ficando apertadas. Ele queria dizer não, mas seu corpo gritava sim. Ele estava prestes a admitir que seu auto controle não era tão bom quanto o dela, quando seu celular tocou.

- Eu preciso atender. – ele disse rápido, tirando o corpo de Rachel de sua frente e sumindo para a sala de estar. Ela bufou, frustrada. Estivera tão perto de vencer!

Rachel subiu as escadas. Precisava se trocar, o celular havia tirado suas chances de vencer o jogo, e agora não fazia sentido ficar semi-nua na frente dele. Ela estava terminando de vestir uma camisa xadrez quando ele entrou em seu quarto. O olhar de Finn era, como na maioria das vezes, sarcástico.

- Charlotte, amor, coloque seu melhor vestido. Temos uma festa para ir.


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Notas finais do capítulo

Pronto meninas! Reviews?