Blessed With A Curse escrita por Mari Bonaldo, WaalPomps


Capítulo 35
Capítulo 35


Notas iniciais do capítulo

:)



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Ele sabia que não deveria estar fora de casa. Finn Hudson realmente sabia. Afinal, ele era um fugitivo inocente da policia e aquela atitude definitivamente não era a mais sábia a se tomar. Mas, depois da discussão com Rachel, ele precisava. Então deu as costas ao pequeno e sufocante quarto de motel, ignorando os gritos de súplica dela, enquanto vestia seu casaco quente a caminho da caminhonete preta.

Finn subiu no carro alugado, deixando a dor de Rachel para trás e dirigindo sem rumo, por aproximadamente meia hora. O tempo todo, os seus olhos estavam focados na estrada, mas por dentro um fogo desagradável deixava o seu peito em brasas. Quando sentiu que não podia mais agüentar, ele parou o carro.

Sentia-se um idiota. Porque diabos ele havia pensado que os dois pudessem dar certo? Eles nunca poderiam e as palavras dela naquela tarde foram a prova disso.

Ao lembrar-se delas, Finn deu um soco violento no volante do carro, sem importar-se com a dor física. Talvez ela mascarasse a dor interior, afinal.

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Rachel deixou que o corpo se esparramasse na cama onde ela e Finn estiveram minutos atrás. O cheiro dele ainda impregnava o travesseiro, e ela sentiu uma vontade incontrolável de chorar quando o aroma amadeirado invadiu suas narinas. Ela tinha certeza que havia jogado todas as coisas boas dos últimos dias no lixo. Todos os abraços, os risos, as caricias e a intimidade haviam sido destruídos por simples palavras impensadas.

Ela arrependeu-se delas no momento em que as palavras pairaram no ar e Rachel pôde refletir sobre o que havia dito. Quando o rosto de Finn transformou-se em uma carranca dura, ela soube que o muro dentro dele se erguera novamente.

A risada de Rachel ecoou pelo quarto quando a boca de Finn passeou por sua orelha, antes do barulho leve da câmera instantânea que se encontrava nas mãos de Finn, soar. Ele soltou os ombros dela, pegando a foto que era impulsionada para fora da câmera, grande para os padrões atuais. Finn havia encontrado a polaroid dentro de uma das gavetas do banheiro, quando procurava por seu aparelho de barbear, que Santana e Brittany haviam trazido mais cedo, naquele mesmo dia. Imediatamente aquela tarde chuvosa e fria foi transformada em uma divertida – e falha – sessão fotográfica.

- Outra foto que deu errado. – disse Finn, rindo da fotografia embaçada em suas mãos.

As únicas fotos que haviam dado certo foram a da barriga de Rachel, com os dizeres: “Baby Hudson” gravados em protetor solar; a de Finn com a cabeça deitada no topo da cabeça dela; e uma em que Rachel estava sentada no colo dele, com suas mãos entrelaçadas no pescoço grosso de Finn e um sorriso brilhante nos lábios.

- A culpa não é minha se a minha orelha é sensível! – ela resmungou falsamente. Finn riu de novo.

- Vamos tentar novamente, ok?

Ela assentiu com a cabeça, puxando a câmera da mão de Finn.

- Mas eu tiro a foto dessa vez.

Finn levantou os braços, como se estivesse se rendendo,sentindo as mãos de Rachel grudarem em sua camiseta de malha branca e o puxarem para a cama. Logo a câmera estava acima deles, e ela dava um daqueles seus sorrisos brilhantes que tiravam o fôlego de Finn. Ele não pôde resistir, e momentos antes do clique, jogou-se contra ela, tomando os seus lábios em um beijo firme, porém delicado.

- Você tem que parar de me desconcentrar nas fotos. – Rachel disse, com os olhos ainda fechados, quando os lábios de Finn separaram-se dos dela. Ele limitou-se a dar um sorriso, exibindo as covinhas nas bochechas levemente sardentas, e o coração de Rachel parecia dar pulos em seu peito.

- E você tem que parar de se mover, senão nenhuma foto vai ficar focada, amor.

O sorriso no rosto de Finn pereceu no momento em que ele percebeu do que a havia chamado. Uma gota de suor frio descia por sua testa, enquanto ele tentava reunir coragem suficiente para olhá-la. Quando ele finalmente conseguiu deparou-se com a morena mordendo os próprios lábios, enquanto afastava-se de seu abraço.

- Rachel... –

- T-tá tudo bem. Eu entendo. Foi só um lapso, esquece. – ela forçou um sorriso, porque Deus, como ela desejava que aquele não houvesse sido um lapso.

- Mas –

- Eu sei que você não quis dizer isso, e te desculpo.  – Rachel cortou-o novamente.

Finn respirou fundo, entrelaçando os próprios dedos, abaixando a cabeça. O seu coração batia forte, e ele tinha plena consciência de que poderia mudar tudo, tudo entre eles naquele exato momento.

- E se eu quisesse dizer isso, Rachel? – perguntou, finalmente levantando a cabeça e olhando-a nos olhos.

- Você não quis. – ela respondeu com a mesma voz suave de alguns minutos atrás, mas sem o sorriso forçado.

- Eu quis.

Rachel o fitou em silêncio, e Finn sentia que poderia explodir a qualquer momento se ela não dissesse alguma coisa. Ele viu quando os seus olhos começaram a brilhar mais, e merda, ele achava que Rachel iria chorar. Quando ela se levantou da cama e caminhou até a janela do quarto, de costas para ele, ele teve certeza de que ela estava chorando.

- Você não pode fazer isso comigo novamente, Finn.

Ele se levantou também, caminhando até ela, e colocando as suas mãos nos ombros magros, com certa relutância.

- Eu não posso fazer o que? Te amar? Desculpa, mas eu acho que é tarde demais para isso.

Rachel se virou para ele, com os olhos marejados e uma expressão furiosa.

- Você não acha que já me quebrou o suficiente? Retira o que você disse, Finn. Então nós podemos voltar para a cama e fingir que isso não aconteceu.

Finn deu uma risada debochada, o velho escárnio que ela não viu a tanto tempo voltando para ele.

- Eu digo que te amo, e você propõe que nós dois esqueçamos isso. – ele se afastou da morena, com as mãos tremendo de nervoso.

- Eu não vou esquecer, Rachel. – Finn continuou, com a voz um pouco transtornada. – Chega de fingir que não tem nada acontecendo entre nós dois, porque isso é besteira e eu to cansado!

Rachel o olhou, parecendo um pouco assustada com a sua reação, encolhendo um pouco o corpo contra a janela.

- Finn –

- Não! Eu amo você, eu realmente amo. Eu quero estar do seu lado, cuidar de você, massagear os seus pés no fim do dia e te trazer paz. – a voz de Finn era cada vez mais alta, e Rachel rodeava os braços ao redor de seu próprio corpo. – Você sabe o quanto é difícil te beijar e não poder dizer que você é minha? Isso é tão confuso-

Foi a vez de Rachel dar uma risada escrachada, interrompendo Finn.

- Sério, Finn? Você realmente quer falar sobre relacionamentos confusos?

Finn calou-se por alguns momentos, percebendo a falha que havia cometido. Sim, Rachel sabia mais do que ninguém como ele estava se sentindo. Porque ele havia feito aquelas mesmas coisa com ela, um tempo atrás.

Os papéis eram ironicamente reversos agora. Na opinião de Finn, o carma era uma vadia.

- Me desculpa se eu fiz você se sentir dessa forma. Mas eu mudei, Rach. Quer dizer, eu ainda sou a mesma pessoa, mas os meus sentimentos são diferentes agora. – ele respondeu, com a voz bem mais suave – Eu sou essa pessoa meio morfema zero, entende? Suscetível a mudanças.

- Então como é que eu vou saber quando os seus sentimentos vão mudar de novo, Finn?

Finn podia perceber o tom de medo e decepção na voz dela, e imediatamente se arrependeu da forma como havia explicado o que sentia. Refletiu alguns segundos.

- Eles não vão mudar novamente. Eu nunca mais vou ser o cara que te empurra para fora da minha vida. Porque hoje, o meu maior desejo, é ter você oficialmente dentro dela. – As mãos de Finn suavam, e ele enxugo-as em seus jeans surrados. – Se arrisca comigo, por favor?

- Não dá Finn. Não é mais sobre nós dois. Nós somos responsáveis por outra pessoa agora. Eu agüento outra decepção, mas eu não quero que o nosso filho sofra conseqüências pelos nossos atos impensados. – disse Rachel, impulsiva. O olhar de Finn se estreitou, e ela imediatamente soube que havia dito uma besteira.

- Você realmente acha que eu seria capaz de magoar o meu próprio filho?

- Finn, não foi o que eu quis dizer.

Ele torceu a boca, fazendo uma careta de nojo.

- Foi sim. Eu posso ser um idiota, mas eu nunca iria decepcionar essa criança. NUNCA, TÁ ENTENDENDO?

Rachel assentiu, as lágrimas rolando por suas bochechas. Ela sabia que a paternidade era um ponto fraco de Finn, devido as suas experiências com o próprio pai. Várias vezes, enquanto eles conversavam na cama, Finn dizia que nunca queria igualar-se á Christopher, enquanto acariciava a barriga dela. E agora, ali estava ela, insinuando – mesmo que não intencionalmente – que Finn seria um pai ruim.

- Me desculpa. – ela pediu com a voz baixa, mas Finn já alcançava sua jaqueta e saia pela porta do quarto. Rachel correu até lá. – Finn, volta! Me desculpa! – ela gritou, mas ele simplesmente continuou andando e entrou na caminhonete, nem ao menos olhando para trás.

Quanto mais Rachel pensava sobre a briga, mais sentia-se idiota e culpada. Ela tentou expulsar os pensamentos de sua cabeça, pegando a pesquisa que Finn havia produzido, sobre Antonio Amaro, e lendo-a atentamente. O trabalho era a melhor forma de distração.

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Finn saiu da cabine do telefone público, sentindo-se pior do que quando havia entrado. No começo, a ligação para Puck havia lhe parecido uma ótima ideia. Mas depois de Finn contar detalhadamente a discussão com Rachel, a síndrome de Hitch que Noah possuía começara a fluir.

E, em meio a filosofias que poderiam estar em One Tree Hill, Grey’s Anatomy ou qualquer boteco de esquina, Puck havia convencido Finn de que ele fora um idiota. Porque, segundo ele, você não dizia que amava uma mulher daquela forma. Não quando você tinha mais do que dezesseis anos. Em segundo lugar, ele exagerara na reação às palavras dela. E em terceiro lugar, se Finn realmente queria Rachel, ele teria que fazer algo grande, provando o seu amor. Porque ela era uma mulher. E mulheres eram inseguras, ainda mais quando alguém havia dado motivos para isso, assim como Finn fizera.

Com esses pensamentos em mente, ele dirigiu-se à uma joalheria que havia visto no centro de Elba, buscando o anel perfeito. Finn deveria fazer algo grande, certo? Então porque não pedir Rachel em casamento?

Ele sabia que aquela era uma decisão difícil – já havia passado por isso uma vez. Mas tudo o que Finn queria era dormir e acordar ao lado dela, compartilhar todos os momentos de tristeza e os de alegria também, simplesmente passar o resto de sua vida amando aquela mulher. Porque ele sabia que amaria, de uma forma ou de outra, então porque não fazer isso do jeito certo?

O seu celular tocou, enquanto ele dirigia até o motel novamente, com o anel de noivado pesando em seu bolso. Ele era perfeito, a cara de Rachel e tudo o que Finn podia imaginar era como aquela jóia ficaria enfeitando o dedo fino da morena. Ele apertou a botão de viva-voz, atendendo o aparelho com a voz animada.

- Onde é que você está? A Rachel está super preocupada, já me ligou duas vezes. – disse a voz nervosa de Santana Lopez.

- Eu estou a caminho. – limitou-se a responder Finn, antes de desligar o celular. Ele não podia perder o seu tempo conversando com Santana, apesar de ama-la. Tinha que treinar o pedido de casamento, enquanto tentava, simultaneamente, parar de suar como um porco.

Rachel Berry-Hudson.

Aquele nome soava maravilhosamente bem; pelo menos era o que Finn achava. Quando parou em frente ao motel, demorou alguns segundos para descer da caminhonete. Talvez, em alguns pouco minutos, a sua vida inteira mudaria. Ele esperava que sim.

Quando Finn abriu a porta, guardando o anel em segurança dentro do bolso de sua calça, sentiu um golpe em sua nuca. Como estava despreparado, Finn sentiu o corpo se esborrachar em direção ao chão, enquanto uma dor latejante passava por toda a sua cabeça. O que diabos estava acontecendo ali?

Com certa dificuldade ele virou o corpo, de modo que pudesse enxergar – ainda que muito mal – dois homens segurando uma barra de ferro, a sua frente.

Antes que Finn pudesse reagir de alguma forma, sentiu outra pancada em sua cabeça, e então tudo ficou escuro.

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Os olhos cor de whisky de Finn se abriram lentamente. Ele sentia uma dor latejante em sua cabeça, enquanto um odor estranho – uma mistura de carne podre e sangue – o deixava nauseado. Onde ele estava? Tudo o que podia ver eram paredes brancas e uma mesa em frente à ele.

Finn tentou se mover, mas as suas pernas e braços estavam amarrados no que só podia ser uma cadeira. Ele imediatamente sentiu o pânico tomar conta de si. Quem eram aqueles homens? Como eles sabiam onde Finn iria? Será que eles sabiam que Rachel estava lá também? Esse pensamento fez com que todos os músculos de Finn se paralisassem.

Ele moveu-se da forma como conseguiu na cadeira, sentindo o peso de seu celular em seu bolso. Sejam quem eram aqueles homens, eram realmente muito estúpidos. Com as mãos amarradas em uma corda, ele alcançou o celular. Obviamente, a tarefa de realizar uma ligação não era tão simples quando o aparelho não estava a sua frente. Mas Finn apertou o botão da discagem rápida, em seguida apertando o que realizaria a ligação. Quando uma voz feminina, muito conhecida, sôo atrás dele e alguns passos e vozes foram ouvidos do outro lado da porta, Finn sentiu-se entrando em pânico.

- Fogo. – foi tudo o que ele teve tempo de dizer, torcendo para que Rachel houvesse entendido o seu código, antes de finalizar a chamada e enterrar o celular em seu bolso novamente. 


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Notas finais do capítulo

Yep, fodeu.
Té mais galerinha ;@