Blessed With A Curse escrita por Mari Bonaldo, WaalPomps


Capítulo 20
Capítulo 20


Notas iniciais do capítulo

Descuuuuulpa a demora, mas eu estava viajando. A Mari está feliz com os reviews, isso eu garanto.
Então, aqui está, um capítulo novinho para vocês.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/340133/chapter/20

Rachel empurrou com rapidez as portas de vidro do Hospital de Elba, com o rosto totalmente desfigurado. No momento em que o cheiro de éter invadiu suas narinas, ela sentiu seu estomago se revirando. Odiava hospitais. Ela nunca havia tido a sorte de estar em um para comemorar algo. E pelo visto não seria naquele dia em que sua sorte mudaria.

Ela olhou apressada para os lados, parada em meio ao saguão, procurando por Santana e Brittany. Avistou a latina em uma sala após o pequeno corredor, sentada em uma cadeira preta com a cabeça entre as mãos. Rachel imediatamente se pôs a correr em sua direção, e o corredor parecia não ter fim, tamanha era sua ansiedade. Precisava de noticias.

- Sant. – ela disse, ofegante, quando se aproximou da amiga. Santana levantou o rosto molhado por lágrimas e logo seus braços estavam em torno do corpo de Rachel. – Como ele está? – ela perguntou, se afastando da latina e a olhando assustada. Santana balançou a cabeça para os lados.

- Ninguém me disse nada até agora.

Rachel deixou que o corpo desmoronasse na cadeira ao lado da dela. A morena estava totalmente apática. Que merda se passava pela cabeça de Finn? Dirigindo em alta velocidade nas estradas cobertas de gelo de Elba, sem proteção alguma.

Ela e Finn haviam passado quatro semanas maravilhosas somente conhecendo um ao outro. Compartilharam memórias felizes e tristes e também sonhos bobos e improváveis, deitados nus na cama de Finn, um nos braços do outro, após as transas maravilhosas que aconteciam todos os dias. Salvo todas as vezes que Finn tocava no assunto “Ally”, tudo ia às mil maravilhas.

Mas na última semana, Finn estava distante. O sexo entre os dois – que sempre fora maravilhoso – passou a ser frio e até mesmo grosseiro. Ele não a beijava. Não a tomava nos braços e trocavam caricias e confidencias depois. Só satisfazia seu prazer de forma rude, e depois se deitava quieto ao seu lado. Como se ela fosse um objeto.

Além disso, ele nunca lhe dizia o que estava acontecendo, quando ela perguntava, e passou a evitá-la. Santana tentou convencê-la de que era algo de sua cabeça e que nada estava acontecendo. Rachel até enganou a si mesma, acreditando na latina e engolindo sapo atrás de sapo. Mas na noite anterior, Finn havia saído sem nenhuma explicação com a moto alugada. Voltara ás duas da manhã, bêbado, e caíra no sono na cama de Rachel, sem nem ao menos dar-lhe alguma oportunidade para questioná-lo sobre a situação. Na manhã seguinte, quando o fez, Finn foi extremamente grosso, dizendo que não devia explicações à ela, como se o que os dois houveram compartilhado durante semanas não fosse nada. Como se Rachel não fosse nada. Rachel respondeu à ele gritando, e a última vez que o viu foi quando ele saiu batendo a porta e subiu apressado na moto.

Quarenta minutos depois, ela recebeu uma ligação desesperada de Santana, dizendo que Finn havia se acidentado e que estava no Hospital Público de Elba. Depois, tudo de que se lembrava era de ligar apressadamente para um táxi, enquanto vestia seus tênis e um casaco grosso.

Não importava o quanto odioso ele pudesse ser, Rachel o amava. E se importava com ele. Ela sentiu o coração se apertando mais e mais a cada minuto que passava sem noticias de Finn. Então um jovem doutor usando um jaleco branco andou em direção à Santana. Rachel imediatamente levantou-se, alerta, prendendo a respiração.

- O veredicto é um pulso fraturado, duas costelas quebradas e alguns hematomas pelo corpo. Ele vai sentir muita dor, mas conseguimos parar a hemorragia torácica que era o grande problema. Ele vai ficar bem, mais creio que não poderá sair do hospital agora. – o médico disse seriamente, olhando para as duas mulheres parecendo tão desoladas a sua frente.

Rachel sentiu a respiração voltar aos poucos quando ouviu que Finn ficaria bem. Ela agradeceu mentalmente ao anjo da guarda dele. Pelo que soube do acidente, um carro batera na traseira da moto de Finn que derrapou com violência pela estrada coberta com gelo. Fora um sério acidente. Ela sentiu sua garganta apertada ao pensar nisso. Tudo o que queria agora era vê-lo com seus próprios olhos e toca-lo, só assim se convenceria que ele estava totalmente a salvo.

- Podemos vê-lo? – ela perguntou, quando conseguiu sair de seus pensamentos.

- Ele está dormindo agora. Poderão vê-lo daqui há 3 horas. – Santana agradeceu o médico, que saiu de perto das duas.

Rachel sentou-se novamente, muito mais calma agora.

- Onde está Brittany? – ela perguntou, só agora dando por falta da loira.

- Na ala infantil. Ela faz visitas freqüentes à hospitais infantis em Nova Iorque, e não conseguiu resistir a tentação de ir ver as crianças daqui também. – Santana sorriu orgulhosa e apaixonada. – Ela é ótima, Berry. É a única pra mim.

Rachel sorriu tristemente. Ficava feliz por Santana e Brittany terem encontrado uma a outra e por se completarem tão absurdamente bem. Mas aquela felicidade lhe parecia tão distante agora...

- Eu vou buscar um café. – ela se levantou. Precisava fazer alguma coisa nas próximas 3 horas. Qualquer coisa que não fosse pensar em Finn e no relacionamento (?) dos dois.

- Me traz um descafeinado com chantilly, por favor. – disse Santana. Rachel assentiu e começou a andar até a lanchonete do hospital.

Ela passou por vários corredores brancos com pinturas coloridas e modernas. Rachel sempre odiara a decoração dos hospitais. Os quadros pendurados tentavam transmitir uma falsa alegria e as paredes brancas tranqüilidade. Mas tudo aquilo sempre pareceu uma total besteira a ela. Como se quadros coloridos com formas estranhas espalhados pudessem trazer felicidade a alguém que tinha uma pessoa querida deitada na cama de um hospital. Ela sentiu o corpo estremecer, pensando que Finn era uma dessas pessoas. Passou os braços ao redor do próprio corpo e prometeu-se que não pensaria mais nisso.

------------------------------------

As três horas seguintes haviam passado absurdamente devagar. Rachel tomara dois cafés e um capuccino; Brittany voltara da ala infantil presenteada com diversos desenhos tipicamente infantis, com várias cores e traços bagunçados; e as três amigas conversaram bastante. Mas sempre com um pouco de tensão no ar. Se Finn estava realmente bem, por que não poderia voltar para casa?

Então, quando Rachel pensou que aquelas horas nunca terminariam, elas terminaram. E agora que ela andava em direção ao quarto de Finn, sentia seu coração batendo descontroladamente e suas pernas trêmulas como gelatina. Ela não tinha certeza se estava pronta para encará-lo. Mas a necessidade de vê-lo era muito mais forte do que sua insegurança e egoísmo, portanto ela não correu hospital afora quando chegou na porta do quarto de Finn, como sua racionalidade mandava. Tudo o que ela fez foi respirar fundo e abrir a porta do quarto devagar, seguindo os instintos protetores de seu coração.

Quando ela abriu a porta sua respiração foi tomada de si novamente. Finn estava deitado na cama, com um grande tubo de soro preso ao seu braço arroxeado. Ele tinha o outro braço imobilizado, preso ao seu corpo por uma bandana que circulava seu pescoço. Conforme ela ia se aproximando, lembrava-se das palavras do médico. “Duas costelas quebradas”. Ela viu que Finn parecia totalmente dopado, com os lábios secos e rachados e o rosto pálido. “Muita dor”. Ele tinha os olhos semi-cerrados e as sobrancelhas franzidas, como se lutasse contra ela. “Hematomas”. Seus braços estavam arroxeados e seu rosto perfeito todo ralado, com um corte feio no supercílio. E ainda havia o pior. “Hemorragia torácica”. Naquele momento, Rachel já podia sentir seus olhos molhados pelas lágrimas, mas não ligava. Aquele era Finn Hudson, deitado vulnerável em uma cama de hospital. Ela o amava. E ele poderia ter morrido.

Rachel deixou um soluço seco escapar de seus lábios, e Finn a olhou, parecendo notar sua presença.

- Eu to legal... – ele disse, com a voz rouca e fraca pelos medicamentos. A próxima coisa que sentiu, foram os braços de Rachel o acolhendo com delicadeza de forma protetora. Logo as lágrimas da morena molhavam sua fina camisola de hospital. – Rachel, pare agora. – Finn disse, parecendo indiferente.

Ela levantou o rosto molhado de lágrimas e se afastou dele, um pouco confusa.

- Eu fiquei tão preocupada, Finn! – ela grunhiu de um jeito agudo. – Por favor, nunca mais faz isso comigo. Você poderia ter morrido...

- Isso seria uma coisa boa. – ele interrompeu Rachel, dando um sorriso duro para ela logo depois.

Ele viu a boca de Rachel se abrindo e suas sobrancelhas se franzindo, formando uma expressão surpresa e indignada.

- Você está se ouvindo? – ela perguntou, enxugando algumas lágrimas retardatárias que ainda caiam por seu rosto.

- Perfeitamente. O acidente não afetou minha audição. – A resposta dele foi rude, e por mais que lhe doesse ver o estado de Rachel, Finn sabia que tinha que acabar com aquilo o mais rápido possível.

Rachel ficou em silêncio por alguns minutos e depois se sentou na beirada da cama dele.

- Finn... Você tem tantas coisas pra viver. Como você pode pensar em morrer? – Rachel perguntou com a voz enraivecida.

- Minha vida não é completa Rachel. Ela já foi um dia. Mas nunca mais será.

Rachel sentiu uma pontada no peito. Era de Ally que Finn falava. Ela saiu do lado dele, se dirigindo para a janela do amplo quarto de hospital.

- Então, porque mantê-la? – ele completou, e Rachel sentiu a garganta se apertando de raiva.

- Talvez pela sua mãe, que já teve que superar um marido violento e agora teria, além de tudo, que superar a morte de um filho suicida. – ela começou, grasnindo. – Ou pela Santana, que te ama demais Finn. Ou por mim. – a voz de Rachel não era mais do que um sussurro triste agora. – Talvez se você não fosse um filho da puta egoísta, acharia razões pra viver. – ela olhou fundo nos olhos dele, que logo desviou a cabeça para o outro lado, evitando que a dor presente naqueles olhos castanhos o atingisse com força total.

- Eu não amo você, Rachel. – ele soltou, momentos depois. – Nós dois somos como água e vinho, entende? Nunca iria funcionar. Eu não sei de onde você tirou a ideia de que nós dois tivéssemos algo, mas ela é extremamente estúpida. Óbvio que nós dois temos uma ótima sintonia sexual, mas era só isso. Ótimo sexo e um pouco de curtição.

Rachel sentiu seu peito doer como se alguém houvesse enfiado uma faca ali dentro. Ela segurou as lágrimas teimosas que insistiam em tentar cair e se aproximou da cama dele, com o rosto abalado.

- E todas as vezes que você segurou as minhas mãos? Todas as vezes em que me beijou com ternura, e não desejo? Ou quando nós simplesmente nos deitamos e vimos um filme? – A voz de Rachel saiu embargada enquanto ela enfrentava o homem orgulhoso deitado na cama branca. – O que foi tudo isso, Finn?

- Não foi amor, Rachel. Eu garanto pra você. – ele voltou a cabeça na direção dela e soltou as palavras mais dolorosas da noite, olhando no fundo em seus olhos. – Você nunca vai ser a Ally.

Rachel ficou parada alguns minutos, com o rosto contorcido em uma careta estranha. Sentia-se uma completa idiota. Ela se levantou com a cabeça erguida, tentando transparecer orgulho e não mostrando o quão dilacerada ela estava por dentro.

Ela caminhou até a porta, mas antes de sair virou-se para ele com o rosto frio.

- Eu nunca vou ser a Ally, Finn. Você está certo. Mas eu estou viva. E eu estava aqui, disposta a te amar acima de todos os seus defeitos imperdoáveis. – a voz dela era tão fria quanto suas feições. – Muito obrigada por ter me feito perceber o completo idiota que você é antes de me apaixonar por ti. Boa sorte amando o seu fantasma.

Quando terminou de soltar as palavras frias, Rachel fechou a porta e escorregou por ela, finalmente permitindo-se chorar sem importar-se com os médicos e pacientes que passavam por ela, a observando curiosos. O amor era uma merda.

---------------------------------------

A morena de olhos inchados fechou o sobretudo sob o corpo pequeno. O frio havia voltado com força total, mas ela não se importava. Dentro de si estava bem pior. Dilacerada e humilhada. Era assim que se sentia. Mas havia tomado a decisão de esquecer Finn. Podia levar dias, semanas ou até mesmo anos: Não importava. Ela não desistiria e voltaria atrás de sua decisão.

Pequenos flocos de neve começaram a cair do céu, enquanto Rachel acenava para um táxi. Ela olhou para o hospital uma última vez antes de adentrar o interior do táxi, quente e acolhedor. Rachel deixou que uma última lágrima ferida caísse por seu rosto em razão de Finn Hudson.

Ela era Rachel Berry e a única coisa que precisava para ficar bem era de sua própria força.

E alguns chocolates Godiva, claro.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Casal de fic não tem paz e essa é a realidade.
E agora, o que acontecerá? Não percam os próximos capítulos.
Beijos da titia Waal.