O asfalto permanecia quente e os pingos gélidos desapareciam ao tocá-lo. O cheiro de umidade e chuva despertava um deja vu em poucas pessoas, as relembrando de lembranças passadas, boas ou más. Em última caso, as donas dessas viravam o rosto e continuavam seu trajeto, agora mais tristes.

Parado entre essas pessoas, mas não desta vez as observando com interesse, um homem com calma admirável, considerando que hora ou outra alguém o esbarrava, olhava para os prédios brilhantes mais adiante. Seus olhos refletiam a luz multicolor e seus cabelos balançavam com a leve brisa que os humanos caminhantes ao seu lado produziam ao passar.

Por um momento, permaneceu quieto nessa função. Depois, virou seu rosto e focou numa pequena briga num beco, muito próximo de si. Foi até ela.

Dois morenos se engalfinhavam. Nenhum parecia perder. Bufavam de raiva e pareciam descontrolados, embora seus Psycho-Pass pareciam intactos, pois os scanners os não pareciam se importar para com eles.

O homem da direita soltou um chute certeiro no nariz do outro. Sangue jorrou e o acertado despencou no chão, fora da luta. O vencedor pareceu murmurar algo descontente e logo virou-se para ir embora.

Seus olhos passaram por Makishima, e ele não pareceu estar interessado. Seu belo rosto quase sempre simpático estava carrancudo e mancando e resmungando ele seguiu para longe.

Aproximando-se do beco, Makishima visualizou o perdedor. Os cabelos pretos caiam sobre uma feição toda inchada e óculos quebrados restavam pateticamente em mil pedaços ao seu lado. Suas vestes estavam encharcadas, mas mesmo nesse estado deplorável Shougo foi capaz de reconhecê-lo.

Ligou para Gu-Sung. Permaneceu perto do desmaiado por pares de minutos, e depois, saiu.

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Quando Kougami chegou, tremia de frio e de ódio. Sua Dominator quase lhe escapava dos dedos e seus dentes estavam trincados.

Akane parecia com medo, Kagari estava estranhamente sem expressão e Masaoka estava aflito. Aproximara-se do filho logo após chegar e não deixara-o por nenhum momento. Foram chamados pela Segurança Pública e encontraram  a cena  minutos depois de Kougami.

- Shion - chamou Kagari - Já arranjou algo?

Um momento de silêncio.

- Sim. Estou mandando já para vocês.

Todos abriram o arquivos. Cada um demonstrou uma reação diferente. Olhando o homem encorpado aparecer por de trás de Ginoza e o acertar na nuca, uns soltaram uma exclamação e outros permaneceram quietos. Akane, na verdade, foi a única a exclamar. Lágrimas formavam em seus olhos e sentia-se culpada por deixar a vítima ficar tão pouco tempo com ela.

Poderia ter evitado aquilo mantendo-o perto de si por mais tempo...

Então o agressor foi empurrado com um chute na barriga. Mas, logo após, arrastou o Inspetor para o beco, e a visão da cena estava mais escura. Entretanto, podia ouvir o horrível som de carne esmagada e Ginoza apareceu por um momento, tentando dar um soco, mas esse sendo desviado e levando outro de volta. Pareceu ter perdido os sentidos e o agressor deixou-o ali, mas parou no caminho e olhou para algo fora de cena, ignorando-a depois e indo embora. 

- O que ele olhou? - indagou Kougami para Shion, tentando controlar o tom.

- Não sei - respondeu a mulher - Estou tentando localizar outras câmeras, mas nenhuma delas parece estar de frente para o beco.

Masaoka afagou os escuros cabelos de seu filho e Akane caiu no choro. Kagari não sabia o que fazer e Kougami reprimiu a vontade de tentar acalmar a mulher. 

- Primeiro Kunizuka, e agora o Ginoza... - lacrimejou ela, ofegando - O que está acontecendo, afinal?

Um garoto passou do lado de Akane, e ela tremeu.