Psico escrita por hwon keith


Capítulo 9
Hesitando


Notas iniciais do capítulo

Voltando a postar aqui também.



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Na auto pena deprimente que sentia, Akane lentamente deixou escorrer água do banho pelo rosto, este inclinado para cima. A sensação tão conhecida e agradável poderia minimamente diminuir o mal estar que sentia, caso fizesse um esforço. Não o faria. Sentia necessária das náuseas de remorso por despachar Ginoza tão cedo, mesmo que bem internamente sabia que não teria como mudar isso.

Perdendo a força das pernas, deixou-se cair contra a cerâmica morna da banheira.

Sangue pingando das juntas dos dedos, Kougami permitiu-se desistir de socar a parede. Era em vão. O que os golpes fariam para amenizar a dor que Gino sentia dos seus ferimentos? O que aqueles gestos mudariam a situação do amigo, agora preso numa cama por um tempo indeterminado, já que sua coluna fora fraturada quando bateu violentamente contra a parede do beco?

Nada. Absoluta e irremediavelmente nada.

Péssimo, Shinya sentou no seu sofá preto e seus olhos desfocados nada viam. Enjoado demais para fumar, apenas permaneceu parado no redemoinho escuro e pegajoso de sua tristeza.

– Novidades, Nobuchika – comentou Mazaoka, tentando em vão animar o filho que jazia na cama e parecia extremamente delicado – Não ficará com sequelas sérias. Houve só um problema na sua perna direita por causa do ferimento na sua medula, mas isso foi corretamente arrumado pelo médico. Ele disse que sem fisioterapia talvez você tenha um arrastar leve, porém com com não vai ter mais nada.

Ginoza permaneceu de expressão inalterada. Não parecia contente e nem o oposto.

– Entendo – foi tudo o que respondeu.

Suprimindo uma vontade de abraçar o filho, porque sabia que este não o gostaria, Mazaoka apenas estampou um sorriso.

Após alguns dias de tédio nauseantes, Ginoza saiu da cama devidamente curado. Apenas seu nariz estava um pouco inchado. Ignorando aquilo, porque levando em consideração que não gostava mesmo de seu rosto, e uma coisinha há mais não faria diferença, ele apenas colocou um curativo e foi trabalhar.

O clima na Divisão 1 estava horrível. Mazaoka parecia muito abalado, encarando a tela do seu computador com um cansaço evidente. Kagari permanecia com as mesmas olheiras desde o dia após da morte de Yayoi, e estas cresciam num ritmo constante. Kougami parecia controlar algo dentro de si, pois seu rosto estava rijo de concentração. Já Akane tinha uma resolução sombria nos olhos, estes marcados por uma ausência do seu brilho característico.

– Então – começou audivelmente, para atrair a atenção para si, já que ninguém o percebera entrar – O que temos de novo?

Com todos os rostos virados para ele, uns parecendo aliviados e outros cansados, tudo o que recebeu em troca foi um silêncio que explicava tudo.

Nenhuma pista. Dos dois casos.

No final do turno, não aguentando mais aquele clima, Akane arrumou-se rapidamente e desejosa partiu em direção à sua casa. Como perdida em pensamentos, não percebeu que batera de frente em Kougami, este devidamente sabendo da presença dela.

Afastando um pouco pelo choque de vê-lo, Akane ficou de boca aberta, mas não falou nada.

– Oi – puxou assunto o homem, já que ela visivelmente não o faria – Você já está indo para casa?

Ela concordou um aceno de cabeça. Seus olhos castanhos estavam fixos nos dele e Kougami começou a se sentir estranho.

– O clima lá não estava muito bom – continuou ele, desviando as vezes o olhar do rosto dela. Ela o encarava de maneira tão intensa que já estava deixando-o nervoso – Eu queria saber se você antes de ir não gostaria de tomar um café. Não para conversamos sobre o caso, bem, porque já sabemos que não temos nada de concreto para discutir. Mas apenas para conversarmos como colegas.

Colegas. Akane sentiu um bolo subir pela garganta. Apenas.

Akane soltou um riso desagradável, o que fez os olhos de Kougami arregalarem. Ela desviou os olhos para o chão, abaixando a cabeça.

Enquanto passava por ele, ela perdeu o controle.

– Eu não quero que você seja apenas meu colega.

Percebendo o que dissera, e visualizando algo crescendo nos olhos azulados do outro, e com horror demais de aquilo fosse repulsa, ela saiu correndo pelas portas da Segurança Pública.

Porque ela sabia que ele não poderia segui-la. E agradeceu por isso.

Horas depois, deitada na cama desarrumada e engolida pelo medo de encarar o colega no dia seguinte, Akane sorriu num esgar.

– Vou pedir demissão.

E começou a chorar.


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Notas finais do capítulo

Eu esqueci qual é a vértebra certa para problema nos membros inferiores (não sei se é uma sacrococcígea ou outra). Eu realmente já esqueci meus aprendizados em anatomia. Se eu estiver falando muita bobagem, por favor me corrija!



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