Psico escrita por hwon keith


Capítulo 5
Lamentando


Notas iniciais do capítulo

Desculpem pela demora, mas meu computador estragou e só ontem veio D:



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Frieza estampava o rosto do homem recém acordado por um bipe. Imediatamente atendeu a ligação.


– Venha para a casa de Kunizuka imediatamente - respondeu a voz gélida há muito conhecida - Você sabe onde é. - e desligou.

Kougami levantou-se.

Kagari bateu sua cabeça violentamente na parede, e o sangue que correu por sua testa, indo em direção ao seu nariz agora vermelho, confundiu-se com suas lágrimas.

Ginoza tinha uma mão sobre o rosto, e parecia pensativo. Mazaoka analisava o corpo no chão tristemente, Akane olhava fixamente para Kougami, e este último, encostado do lado de Kagari, olhando o amigo com o rosto totalmente impassível, não a encarou por nenhum instante.

– Só raiva pode justificar isso - começou o senhor do grupo, lentamente. Cuidadoso - A agressão foi demorada e visivelmente bruta.

Kagari deixou-se cair de joelhos e vomitou. Ginoza repreendeu o mais velho com um olhar.

– Cuidado com o que fala, velho - disse Kougami.

Mazaoka desculpou-se, e Ginoza pediu para Akane levar Kagari para fora, enquanto eles analisavam a cena. Foi o que ela fez, e na saída, mais uma vez tentou buscar o olhar de Shinya. Fracassou.

Kougami sentiu o olhar sobre seu rosto. Ignorou. Não faria de nenhum motivo contato com ela.

Ginoza já procurava imagens das câmeras de segurança com Shion.

– Só há câmeras nos corredores - dizia ela, na tela de chamada. Sua voz estava fraca e quebrada - Estou pegando elas agora. Ah - gemeu - Foram alteradas. Só há ruído e imagem distorcida. Sinto muito, pessoal.

Kougami bufou. Friccionou as têmporas.

– Nossos pequenos robóides já estão procurando pistas - riu-se Mazaoka, sentido - Kunizuka, uma bela menina - pousou-se do seu cadáver lastimoso - Não consigo acreditar que puderam fazer isso com você.

Enquanto um silêncio perturbador rompeu no local, com Ginoza fitando a ex Coator com infelicidade, Akane retornou a sala. Ninguém lhe virou o rosto, pois seus passos femininos já eram bem conhecidos. Agora estavam furtivos, pois ela se sentia muito triste e não queria que ninguém a encarasse. E Kougami sentiu um aperto no peito e uma sensação de abafamento na garganta.

Um ruído peculiar alertou a todos que os roboides haviam encontrado algo de útil. O que acharam, na verdade, era perturbador: Um pedaço de metal, comprido e fino dentro da garganta de Yayoi, delicadamente retirado.

Uma observação mais detalha revelou a todos que as marcas compridas e estreitas, pequenas e profundas no rosto da mulher eram fruto daquilo. Não só de um, mas provavelmente de vários: O objeto fora quebrado daquilo de que viera. Talvez uma arma branca afiada e mortal, para se fazer um belo estrago e rápido, mas sujo.

Todos desviaram os olhos. Quando não havia mais o que se fazer na cena, já que os roboides agora só categorizavam e tiravam fotos, enviando-as para a central de segurança e para os próprios detetives e coatores, eles deixaram o local, o corpo morto da amiga e cada qual um pedaço de si, irreparável.

Todos, com exceção de Kagari, que estava no hospital do prédio, pois se sentia terrivelmente mal e estarrecido, voltaram para a Segurança Pública e acomodaram-se em suas cadeiras. Kougami não se sentia confortável o suficiente para trabalhar, mas como além de ser um coator era um prisioneiro, sabia que uma folga era uma ideia ridícula. Contentou-se então a apenas encarar a tela de seu computador e ser levado por pensamentos que lhe fugiam do controle.

Lembrou-se de Sasayama. Seu riso e divertimento com o colega detetive, tão certinho e preso aos ideais de que todos possuem uma segunda chance.

Visualizou seu rosto morto e deformado. Kougami cravou as unhas no couro cabeludo.

Viu-se de cara com Yayoi, do lado de fora da sala onde ela permanecia irredutível com a negação de ser uma coatora. Então lembrou de seu rosto esperançoso e chocado quando ele lhe ofereceu cordas de guitarra.

Novamente olhou para seu corpo ensanguentado e de olhos furados.

Com os olhos fortemente fechados, tentando controlar aquelas lembranças terríveis, Kougami lembrou de Akane. Da primeira vez que a havia visto.

Ela era bonita. Bonita e vulnerável. Vulnerável e inocente. Descuidada.

Sentiu-se preso por ela. No dia seguinte percebeu que talvez seu antigo posto de detetive podia ser recuperado na guarda daquela mulher. Ele estava feliz. Ela parecia forte por dentro, e mesmo as vezes sendo mais infantil do que deveria ser, ele podia confiar nela.

Kougami não queria que ela tivesse o mesmo fim que Sasayama e Yayoi. Não queria olhar para seu rosto sem vida, seus olhos congelados ou destruídos. Não queria sentir dor ou pesar.

Ele estava cansado disso. Por essa causa, decidiu então finalmente se afastar dela.

Não havia futuro mesmo para os dois. Talvez nem como colegas, mas ele tentaria realizar esse último.

Apenas o último.

Ele, então, desistia de Akane.

Akane fugira do clima tenso de sua sala e distraidamente mexia num copo de café fervente. Não desejando relembrar a cena que fora obrigada a presenciar momentos antes, começou a refletir (um assunto que lhe deixava tão desconfortável quanto o outro) sobre Kougami.

Afinal, o que tinha de errado com ele?

Um rubor percorreu todo o pescoço da jovem e alastrou-se nas suas bochechas. Ela quase sentia novamente o toque do homem em seu corpo e lábios.

Seu coração começou a palpitar freneticamente e seu estomago revirou. Suas entranhas pareciam agir por conta própria e Akane começava a perder o folego.

Decididamente Kougami era um homem e tanto. Não apenas beleza, personalidade e etc. Seu calor, toque e respiração eram o suficiente para Akane, agora totalmente vermelha e morrendo de vergonha, ter um ataque cardíaco.

Foi então que percebeu, e sua surpresa fez o copo escapar de suas mãos e espatifar no chão, assim como parte de sua sanidade.

Ela estava apaixonada por ele. Totalmente apaixonada.

A percepção deixou-a mais acabada do que ver Yayoi morta, e Akane quase gritou quando exatamente Kougami, não a percebendo ali, acabara de colocar-se ao seu lado.

Quando a percebeu, os olhos do homem arregalaram-se e o rosto avermelhado de Akane tornou-se branco. Ela não sabia mais como agir com o homem, e todo o convívio que aprendera a ter com ele, sendo parceiros, se extinguira.

Agora ela via-o como um homem, uma promessa amorosa. Talvez ele apenas a visse como uma chefe, ou talvez uma irmã, e esse pensamento próprio de sua mente cortou seu coração. Ela jamais sentira nada parecido com o que sentia agora, e não conseguia imaginar mais nada do que uma repulsa dele. Ela era tão fraca, tão presa a ideias de que todos tem uma segunda chance que jamais seria capaz de atrair a atenção ou amor de um homem como ele...

Akane abaixou os olhos e o corpo, e começou a limpar os cacos de vidro com um pano que tirou de seu bolso das vestes. O líquido quente e escuro derramado não incomodava sua pele, e mesmo que o fizesse, ela não se importaria. Estava com uma dor muito mais forte e real dentro de si, e outra dor física parecia minúscula perto dessa.

Jogou os cacos, o líquido fino e o pano sujo no lixo. Abaixou a cabeça e deixou a sala.

Deixou um Kougami perplexo também.

Mas mesmo que tivesse percebido o rosto de completa confusão, tristeza e amor na face masculina ela não teria se sentido feliz. Talvez apenas sua visão estivesse enganada.

Ela jamais teria o amor de Kougami. Era patético imaginar que conseguiria.

Então, desistiu.


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