Psico escrita por hwon keith


Capítulo 4
Ausentando


Notas iniciais do capítulo

Estou postando esse capítulo rapidamente, então ainda não respondi os reviews. Pretendo responder sem muito tardar :) Boa leitura!



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Kougami deixou cair o trago da boca. Assustado, olhou para a porta, imaginando por um momento que a ouvira tocar. Porém, imediatamente após ter esse pensamento, ela retomou o som.

Levantou-se num pulo. Pegou um revólver, tomou uma postura defensiva e aproximou-se lentamente na soleira, preparando-se. Como um tigre espreitando sua caça.

Abriu-a sem demora. Imediatamente apontou sua arma para o visitante.

Akane exclamou. Surpreso, Kougami abaixou a arma e afastou-se, deixando a mulher entrar, que teve o bom senso de se afastar alguns centímetros a mais do homem.

– O que faz aqui? - indagou o outro, confuso, recolocando a arma em seu local de origem, a mesa de centro da sala, e rapidamente olhando-a - É cedo ainda.

– Eu sei - retrucou a mulher, calmamente (não tentando denunciar seu nervosismo crescente, por vê-lo apenas de calça, deixando a mostra seu peito desnudo) - Mas eu precisava encontrá-lo.

Kougami indicou o sofá atrás da mulher para ela sentar. Assim que ela o fez, o homem sentou-se defronte, não encarando seus olhos.

– Então, já que me encontrou, diga o que veio fazer.

E, sem demora, Akane levantou-se, percorreu a mesa e parou na frente do homem, onde abaixou seu rosto e olhou-o. Tentou memorizar todos os detalhes de sua face, seus cabelos rebeldes, seus olhos claros, sua pele branca, sua expressão de choque. Riu com o último, e constatou o que viera buscar naquela visita.

Antes que pudesse se afastar, porém, seu braço foi pego.

Kougami a encarava de tal modo que o rosto da mulher corou furiosamente. Não conseguindo manter contato visual, ela desviou o olhar e tentou pregá-lo numa parede sem graça do local. Sua pele parecia estar cozinhando, e sua língua, que de todo modo tentava produzir algum som que soasse normal, não conseguia se mexer.

Kougami a puxou mais para perto, mas Akane ainda não o olhou. Entretanto, ele pegou seu rosto entre as mãos e o virou em sua direção, e ela não pode mais relutar.

Kougami a beijou.

Puxando-a ainda mais, com os lábios colados nos seus, ele passou um braço por seu pescoço, outro por sua cintura e a abraçou fortemente. Com as pernas bambas, Akane quase caiu de joelhos, mas Kougami a levantou em um momento e ela acabou sentando em seu colo. Sem poder interromper aquele contato, e estando em dúvidas se o queria mesmo, Akane retribuiu o beijo, não na mesma intensidade em demasia que o outro a beijava, mas com emoção o suficiente, passando um braço por seu ombro e uma mão por sua nuca.

Por vários segundos eles se beijaram. Então, num momento, Kougami se afastou. Encarou os olhos castanho claro da outra, e seus próprios olhos estavam num azul tão quente que Akane sentiu seu corpo queimar.

Ergueu os olhos para o teto. Começou a formar um sorriso em seus rosto quando foi bruscamente empurrada.

Em pé e com as mãos na cabeça, Kougami afastou-se dela e virou de costas.

– Vá embora.

Akane, sentada no chão, abriu a boca.

– VÁ EMBORA!

– M-mas... Mas... - gaguejou, levantando-se e olhando para as costas de Kougami.

Kougami girou nos calcanhares. Seu rosto agora exposto estava vermelho e inchado de ódio.

– VÁ EMBORA, INSPETORA TSUNEMORI! - urrou.

Lágrimas desceram em seus olhos quando Akane saiu correndo pela porta, soluçando, desaparecendo de vista.

Quando ela se foi, metros de distância, Kougami caiu no sofá, sentando-se com o rosto apoiado nas mãos e encarou seus pés. O gosto dos lábios de Akane ainda estava em seu paladar, mas ele tentava esquecê-lo de todo modo, assim como seu rosto magoado e coberto de lágrimas.

Pegou o cigarro esquecido e apagado no chão e o esmagou com os pés. Tirou outro, colocou-o na boca e acendeu-o, tragando lentamente e soltando a fumaça com mais lerdeza ainda.

Não iria permitir nutrir algum sentimento pela Inspetora. Ela era livre, de um caminho sem empecilhos e ele não possuía direito de interferi-lo. Era apenas um homem sujo, resignado em sua pobreza de espíritos e seu Psycho-Pass sujo e sempre decaindo. Por que haveria de estragar a vida da pobre moça? Não seria egoísta.

O gosto dos lábios dela ainda permanecia. Kougami tacou o cigarro fora, ainda na metade, e buscou alguma bebida forte para poder tirar aquele gosto. Procurou tomar um banho para retirar todo o perfume daquela pele.

E foi nu, com a água correndo por suas costas e aliviando seus sentimentos que ele sentiu um líquido quente, diferente da temperatura gélida do banho descendo por sua pele.

Chorava porque não queria ser egoísta. Não queria estragar a vida da moça, mas queria estar nela. Não queria ter um Psycho-Pass sujo e não queria ser um homem ainda mais podre. Não queria estar sozinho, como estava agora, e não queria jamais vê-la chorar e desejava sempre ter seu gosto em seu corpo.

Pela primeira vez em anos, esqueceu por um bom tempo de Makishima.

Yayoi caminhava com tranquilidade por sua casa, tentando localizar uma revista de instrumentos musicais muito antiga, mas que por um certo motivo, a adorava. O certo objeto desaparecera completamente de vista, e ela realmente não fazia ideia do último local que o vira.

Sentindo-se a cada segundo mais frustada, foi com um pulo que deixou escapar sua surpresa quando sua campainha tocou. Pensando por um momento que poderia ser apenas um vizinho incomodo, ela suspirou.

A porta foi arremessada completamente dos trincos, e com um estrondo de estourar os tímpanos sua casa foi invadida. Em curtos momentos apenas, o local explodiu, e o cheiro de algo tóxico e a fumaça impregnaram todo o ar, e os gritos da Yayoi se perderam quando algo metálico acertou com força vertiginosa sua cabeça.

Filetes rasos, mas em quantidade assombrosa de sangue correram por seu rosto, e o pavor em seu belo rosto feminino acentuou-se quando ela caiu para trás, numa mesa de centro de vidro, e em pedaços ela se desfez, cravando seus pequenos pedaços gelados e cruéis profundamente em carne.

Um bastão comprido de metal com tachas pontiagudas em seu redor ergueu-se acima da mulher. Ela arregalou os olhos, mas nada muito pode ver pois um deles foi perfurado, assim como parte de seu rosto pelas esferas cortantes do bastão. O sangue jorrou para qualquer lado, sujando a mulher, o chão, o vidro, o bastão e seu manuseador e o berro horrendo de agonia e desespero gerou um sorriso no rosto daquele que divertia-se imensamente com qualquer demonstração de dor humana.

A revista de instrumentos musicais, aberta em uma página qualquer, foi inundada com o líquido viscoso que agora saía profusamente. Seu desaparecimento não importava mais para Yayoi, já que ela, agora, restava caída com a boca aberta num grito surdo de horror e seus antigos dois olhos claros e belos estavam amassados e desfigurados.


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